Prosimetron
sábado, 29 de maio de 2010
PENSAMENTO(S) - 127
José Van Dam
ONDE ME APETECIA ESTAR - 31
Apetecia-me estar por estes dias nas margens do Loire, a assistir aos concertos do 37º Festival de Sully et du Loiret,de 21 de Maio até 6 de Junho, um dos mais reputados festivais clássicos franceses de Primavera. Os compositores que irão ser ouvidos são ecléticos: Chopin, Schumann, Scarlatti até Villa-Lobos e Piazzola. O palco principal do festival é o belo château de Sully-sur-Loire, e os intérpretes são de eleição, a começar pelo François Chaplin que toca aqui um Nocturno do génio polaco:
Bernardo Soares!
xO cansaço de todas as hipóteses..."
Bernardo Soares, O Livro do Desassossego, Lisboa: Assírio & Alvim, 1998, p.340
Panteão de Roma
Homenagem a Dante!
Os três reinos apresentados na pintura representam: ao centro o Purgatório, à esquerda o Inferno e à direita a Cidade Celestial.
Dominico foi aluno de Fra Angelico e o seu estilo é similar ao de Filippo Lippi e Pesellino.
CANTO XXXIII
(...) Qual geómetra todo se corrige
um circulo a medir, e não comprova,
pensando, esse princípio que se exige,
tal era eu naquela vista nova:
ver desejava como se conveio
ao círculo a imagem e onde encova;
nas minhas penas eram curto meio:
que então a mente me era percutida
por um fulgor em que seu querer veio.
Foi a alta fantasia aqui tolhida;
mas ânsia e vontade era a movê-las,
já como roda por igual movida,
o amor que move o sol e as mais estrelas.
A DIVINA COMÉDIA DE DANTE ALIGHIERI, Lisboa, Bertrand Editora, 2006, (trad. de Vasco Graça Moura, edição bilingue, desenhos Júlio Pomar), p.493.
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Amarilli Nizza / Thais
Para a M.R. e o JAD que vão ter uma noite operática.
Ao final da tarde...
http://www.mollicone.it/wp-content/uploads/2009/08/2d7ca992-0106-472a-aebf-72f405eb8948_il-costanzi.jpg
... no Teatro da Ópera de Roma
Hoje é dia de Madame Butterfly, talvez a minha ópera preferida.
(Eu sei que a história é uma chacha, mas a música é divina.)
Rótulos de duas caixas de charutos.
Blogues - 5
Giovanni Paolo Panini (1691-1765)
Roma antiga
Óleo sobre tela, 1757
Nova Iorque, The Metropolitan Museum of Art
Roma moderna
Óleo sobre tela, 1757
Nova Iorque, The Metropolitan Museum of Art
Noutros lugares temos de procurar os objectos mais significativos, aqui somos esmagados e afogados por eles. Qualquer que seja o ponto em que estamos, oferecem-se-nos perspectivas de toda a espécie, palácios e ruínas, jardins e parques, espaços abertos e apertados, casinhas, estábulos, arcos de triunfo e colunas, muitas vezes tudo tão junto que podia ser representado numa folha. Seria necessário escrever com mil lápis: para que nos serviria aqui uma pena? E depois chegamos à noite cansados e esfalfados de tanto ver e admirar.
Goethe
In: Viagem a Itália. Lisboa: Círculo de Leitores, 1992, p. 161
Ele não tinha a pretensão de conhecer Roma em três semanas! Eram precisos seis meses, um ano, dez anos! A primeira impressão era sempre desastrosa; e, para alguma coisa se saber, exigia-se uma demorada permanência.
Émile Zola
In: Roma. Lisboa: Guimarães, 1932-1933, vol. 1, p. 63
Há cidades que nos voltam as costas, sem chegarem sequer a olhar para nós. Há outras que nos sacodem a mão, cordialmente, num sóbrio shake-hand de boas-vindas, e que depois lá seguem para os seus afazeres, os seus divertimentos, os seus labirintos em que nunca haveremos de penetrar. Há também as que discutem connosco, mas que por isso mesmo se nos tornam indispensáveis. E as que nos provocam; as que nos irritam; as que se divertem à nossa custa. Há ainda as que sabem de cor os mais secretos dialectos do desejo - para nos deixarem enrodilhados, insatisfeitos e melancólicos, na madrugada de frios arrabaldes. Há todavia, pelo contrário, as que nos vestem de música e de luz; que nos fazem lembrar, a cada passo, as irmãs mais velhas que não tivemos; que nos escutam com atenção – quando ficamos em silêncio – nas esplanadas do crepúsculo.
David Mourão-Ferreira
As primeiras cerejas
x
Cultura e Civilização!
Uma mesa cheia de feijões.
O gesto de os juntar num montão único. E o gesto de os separar, um por um, do dito montão.
O primeiro gesto é bem mais simples e pede menos tempo que o segundo.
Se em vez da mesa fosse um território, em lugar de feijões estariam pessoas. Juntar todas as pessoas num montão único é trabalho menos complicado do que o de personalizar cada uma delas.
O primeiro gesto, o de reunir, aunar, tornar uno, todas as pessoas de um mesmo território é o processo da CIVILIZAÇÃO.
O segundo gesto, o de personalizar cada ser que pertence a uma civilização é o processo da CULTURA.
É mais difícil a passagem da civilização para a cultura do que a formação de civilização.
A civilização é um fenómeno colectivo.
A cultura é um fenómeno individual.
Não há cultura sem civilização, nem civilização que perdure sem cultura.
Almada Negreiros, in "Ensaios"
A retrete quinhentista - 3
Hendrick Avercamp, 1585-1634
IJsvermaak [= No Gelo] (c.1610)
E cá está mais uma retrete que pelo seu estado de conservação ainda é quinhentista. E no mesmo dia o tema ficou esgotado pela minha parte. Desculpem, mas o gostar-se de "vida quotidiana" tem destas coisas. E não há nada mais quotidiano do que... "obrar".
Post dedicada a C.A. pelas razões expostas.
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Lisboa: Bar Procópio
Abriu em Lisboa em 1972, no Alto de S. Francisco, 21, junto à Praça das Amoreiras. José Cardoso Pires e Raul Solnado foram dois dos seus mais assíduos frequentadores.
A retrete quinhentista - 2
Lembrei-me do quadro do outro Pieter Brueghel, o novo, que é ilustrativo de dezenas de provérbios flamentos.
Existe um dito acerca daqueles que andam sempre, sempre, juntos, qualquer coisa como são "tão inseparáveis que até defecam pelo mesmo ânus". E isso foi ilustrado num famoso quadro de Pieter Brueghel, o velho: dois corpos unidos pela cintura fazendo as "necessidades" por um ânus comum. E lá está o WC numa versão mais exposta (não acredito que fosse bem assim... Julgo que o buraco era lateral, mas com uma espécie de rampa escorregadia ligada a um acento com um buraco, o que impedia que se espreitasse quer por baixo, quer pelo lado...). Aqui fica a visão dessa retrete... E tudo é arte!
Paris: Antigo café Procope
«Fréquenté d'abord par les comédiens et les auteurs dramatiques, le Procope devint au XVIIIe siècle le rendez-vous littéraire par excellence. On y vit la plupart des grands auteurs du siècle: Voltaire, Diderot, Rousseau, Marmontel, Beaumarchais, et même Fréron, un auteur dramatique mineur qui soupirait après l'Académie française!
«Le même Fréron, dont on dit que c'est au Procope que Voltaire, voulant se venger, écrivit son célèbre quatrain sur un coin de table:
xxxxL'autre jour, au fond d'un vallon,
xxxxUn serpent mordit Jean Fréron
xxxxQue pensez-vous qu'il arriva?
xxxxCe fut les serpent qui creva!»
Patrice Gélinet
In: 2000 ans d’histoire gourmande. Paris: Perrin, 2008, p. 137
Fundado em 1686, este antigo café, o mais antigo de Paris, é hoje um restaurante.
E que tal acabarmos hoje a noite no nosso Procópio?
ONDE ME APETECIA VOLTAR
Peniche e a memória
É curioso ver um dos melhores arquitectos do mundo, ainda recentemente convidado para uma prestigiada academia norte-americana, afastado de um projecto. Mas foi o que aconteceu relativamente à transformação do Forte de Peniche em pousada. Tudo porque Siza Vieira estava contra o elevamento do edifício em mais dois pisos e também contra o apagamento da memória histórica do Forte como prisão política.
Citações - 90 : Um paradoxo
Vai um pastelinho?
150 anos de Manuel Teixeira Gomes
Veremos o que vai dar esta iniciativa da Câmara de Portimão,
que me parece boa para comemorar M.T.G.
Está na hora de... - 4
Hoje é um almoço leve, já que em plena Segunda Guerra Mundial não havia tempo nem recursos para grandes almoços. Este Rosie de Norman Rockwell é uma homenagem ao papel que as mulheres foram chamadas a desempenhar na sociedade e na economia quando milhões de homens foram incorporados nas forças armadas. Foi comprado pelo museu em 2009 a um coleccionador particular.
Frutas - 5
Pêra e maçãs verdes
Óleo sobre tela, 1873
Paris, Musée de l'Orangerie
«A pêra de Cézanne está na cor
é o sumo o cheiro a arte de ser a
pêra que vem da árvore e do pintor.
E por isso é mais pêra do que a pêra.»
Manuel Alegre - «Soneto dos três pintores» (extracto)*
Natureza- morta com sopeira
Óleo sobre tela, ca 1877
Paris, Musée d'Orsay
Mesa de cozinha
Óleo sobre tela, 1888-1890
Paris, Musée d'Orsay
Natureza-morta
Óleo sobre tela, 1892-94
Merion (Pensilvânia), The Barnes Foundation
* Não sei se estes quatro versos de Manuel Alegre se referem a algumas destas pêras de Cézanne. Arrisquei...
Aquisições recentes - 14
Um incrível roteiro alternativo.
A retrete quinhentista
Esta pequena estrutura de madeira armada sobre a margem do rio só pode ser uma retrete. A "fossa" descarregava directamente sobre o rio. E por isso houve o cuidado de "cortar" o gelo junto da mesma (representado pela mudança de cor na água do rio) para que as "necessidades" não ficassem "a boiar" sobre o gelo.
Este devia de ser o WC público da cidade!
Pieter Brueghel (c. 1564-1637/8)
Roménia, Sibiu/Hermannstadt, Muzeul National Brukenthal.
Números - 15
Dos Olivais para Oslo...
Este festival idealizado pelo Fernando Alvim até me parece mais animado que o Festival RTP da Canção...
Soares/Alegre
O PS, como se tem visto nas reuniões dos últimos dias (federações, autarcas e grupo parlamentar), continua dividido.