Vai ser certamente um dos sucessos de bilheteira do próximo Verão, este On Stranger Tides, o quarto filme da franchise Piratas das Caraíbas onde brilha Johnny Depp.
A nossa vinheta é dedicada à última semana do advento. A semana em que a coroa já tem as suas quatro velas, uma para cada uma das quatro semanas (e quatro domingos) que antecedem o dia de Natal. Advento evoca a vinda da Luz. Jesus é, para os crentes, um "Sol de graça" que ilumina a sua vida. Mas na mesma época comemora-se em todo o hemisfério norte (aquele que numa perspectiva Eurocêntrica ditou as regras da nossa cultura) o solstício de Inverno. Festa da vinda da Luz ... (e lembre-se que aquando da introdução do calendário Gregoriano, em 1582, o ciclo astral não correspondia já aos ciclos marcados com o calendário Juliano e que a noite de Natal (24 para 25 de Dezembro) se situava antes do equinócio de Inverno, que no ano 1 a.c. correspondeu à noite que hoje chamamos de S. João Evangelista, 27/28 de Dezembro) . E também não é por acaso que a janela do Vaticano, onde o Papa reza a Oração de Angelus, é a janela colocada sobre a fonte onde ao meio-dia do Equinócio de Inverno bate a sombra do grande obelisco colocado no centro da Praça. Sendo assim, como o próprio Papa recordou no Ano Mundial da Astronomia (2009), a Praça de S. Pedro, do Vaticano, uma meridiana. A cor litúrgica do Advento é o roxo (excepto no terceiro domingo que é o branco ou o rosa). Tradicionalmente, são essas as cores das quatro velas da coroa do advento. Velas que se vão acendendo, sucessivamente, uma em cada semana, sendo esta semana, a última, a época em que todas quadro se encontram iluminadas. Esta última semana é também denominada a semana das "Antífonas de Ó". Em cada dia se canta (ou reza) uma Antífona, diferente, todas começadas por O. A de hoje, dia 17 é a antífona da Sabedoria
Merecem certamente um lugar nesta triste lista os responsáveis pelo asilo para deficientes mentais situado na província chinesa de Xinjiang, que venderam para trabalho escravo 11 (os que já foram encontrados) dos doentes internados. E era mesmo trabalho escravo: sem salário, sem roupas adequadas, sem condições de higiene e a comida era a dos cães que guardavam as fábricas...
É o número de jovens portugueses, entre os 15 e os 30 anos, que estão desocupados: não estudam nem trabalham. Os parques, jardins, as ruas (e não obrigatoriamente de bairros problemáticos), ou mais ainda os centros comerciais das grandes cidades fornecem uma ideia de muita juventude à deriva, mas ainda assim este número do INE surpreendeu-me pela negativa.
Farinha - 200 g Açúcar - 500 g Gemas de ovos - 17 Claras de ovos - 9
Mistura-se o açúcar às gemas batidas com as claras e mexe-se tudo com uma colher de pau até ficar esbranquiçado. Mistura-se depois a farinha sem bater. Vaza-se a massa em formas ou formas redondas sem buraco, untadas e forradas com papel. Só se enchem as formas até ao meio. Cobrem-se com papel e cozem-se em forno não muito quente. Este pão-de-ló deve ficar fofo mas não muito enxuto, apresentando mesmo ao de cima como que um creme de gemas ao qual se chama «o ló».
http://www.paodelodemargaride.com/pt/index.htm
Pão-de-ló de Margaride
Açúcar - 500 g Ovos - 20 Farinha - 300 g
Batem-se durante meia hora os ovos com o açúcar. Junta-se a farinha e bate-se mais meia hora. Coze-se em forma aberta ao meio e forrada de papel.
(M.A.M. - Cozinha do mundo português. Porto: Livr. Tavares Martins, 1962, p. 568-570)
Blake Edwards, realizador e argumentista, faleceu no passado dia 15 de Dezembro aos 88 anos. A ele, devemos obras-primas como "The Pink Panther" e, claro, Breakfast at Tiffany's ...
Erica Lord, I tan to look more native, 2006, fotografia.
Sou fascinado pela Body Art, que é ( em termos simplistas, para info mais detalhada basta googlar o termo ) a arte expressa no próprio corpo do artista. Trata-se de um movimento artístico que impressiona espíritos mais sensíveis, pois que alguns artistas chegam a manipular os seus corpos recorrendo a cirurgias, embora muitos se fiquem pelas tatuagens, piercing radical ou branding. Não é o caso da norte-americana Erica Lord, que através do tan ( bronzeamento ) inscreve esta frase que remete para as suas origens familiares de mestiça ( índios norte-americanos). Não sei se concordam comigo na qualificação como auto-retrato, mas na verdade o que eu queria mesmo era ir bronzear para algum lado, de preferência no hemisfério sul.
O Bairro Alto fez ontem 497 anos. Para assinalar a data, foi realizado o primeiro passeio por aquela zona da capital dando a conhecer algumas das suas histórias. Tudo começou no dia 15 de Dezembro daquele ano quando uma família rica galega, os Andrade, obteve autorização para um loteamento privado que viria a dar origem ao primeiro bairro concebido fora da muralha da cidade. A primeira rua aberta no BA foi a Rua do Norte. A Rua das Gáveas foi assim chamada por ser ali que habitavam os gáveas - homens que subiam aos mastros dos navios para fazer a vigia. Mais a norte, na Travessa da Queimada, seria o ponto de encontro de todos os homens do mar e onde estes faziam fogueiras ou queimadas para se aquecerem. Existe também a teoria de que ali viveria uma fidalga: a dona Ana Queimada. Outra referência às lides marítimas volta a aparecer na Rua das Salgadeiras. O local seria, no séc. XVI, a zona onde se salgava o peixe para depois ser vendido. Mas o nome desta rua também pode estar ligado a uma espécie de erva, a salgadeira, cujas raízes faziam com que o terreno nãs se desfizesse com tanta facilidade. A Rua do Diário de Notícias foi em tempos a Rua dos Calafates, os homens que vedavam os navios para que pudessem ir para o mar, sendo os marinheiros mais bem pagos, com direito a um criado. Na Travessa da Água-Flor, terá vivido um afamado fabricante ou vendedor daquele perfume e foi onde teve lugar o episódio que deu origem ao "conto do vigário". Ali vivia o padre Manuel Vicente (séc. XIX), que depois de ter sido embebedado foi convencido a vender a sua casa por 7500 réis. A história correu os jornais da época, que utilizaram como manchete a frase "O conto do vigário". Com longa tradição noctívaga, o BA teve na Travessa da Espera o local preferido dos boémios para se encontrarem. Mas o bairro foi também uma zona desejada por ter "bom ar", o que ajudava os moradores a fugirem à peste (a Grande Peste de Lisboa dizimou no séc. XVI um terço da população da capital).
Um dos momentos mediáticos de ontem foi sem dúvida o ataque ao sr.Hatzidakis, ex-ministro grego dos Transportes e ex-comissário europeu, por concidadãos seus em Atenas. Não me surpreenderei se alguns antigos governantes decidirem sair de Atenas nos próximos tempos...
A Muji chegou a Portugal. Mais que uma loja é um conceito que representa uma "não marca" e já conquistou uma legião de seguidores por todo o mundo. Quem conhece esta "IKEA japonesa" lá fora (476 lojas, em 21 países) tornou-se fã dos seus produtos que vão desde material de papelaria e escritório, utensílios de cozinha, arts & crafts, peças de decoração e design e produtos têxteis. Abriu portas no passado fim-de-semana, na Rua o Carmo, em Lisboa. A Muji pode ser uma boa alternativa para as compras de Natal.
Vem, assim, a propósito falar deste novo livro de Ivo Alves, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra. Este Pequeno Atlas do Sistema Solar é uma obra de cariz pedagógico, não reservada aos especialistas.
Como se pode ver logo no cartaz, e me surpreendeu agradavelmente, a respeitada e respeitável Bibliothèque Nationale de France não teve qualquer problema em ser um dos principais parceiros desta exposição patente na Cité des sciences et de l'industrie de Paris e dedicada às relações entre a ficção científica e a ciência. É agradável, pois, ver uma grande biblioteca não ter receio de se associar a um género literário dito "menor".
Passando à exposição propriamente dita, são 1600m2 com muito para ver, desde livros e revistas provenientes dos fundos da BNF até manifestações gráficas mais contemporâneas, passando pelo cinema, colóquios e vários outros eventos.
A verdade é que, e muita gente não o sabe, as relações entre a ficção científica e a ciência foram sempre estreitas e com cruzamentos vários: vários autores foram/são também cientistas ( desde logo um dos gigantes fundadores, Isaac Asimov, que era professor de bioquímica ), ou acabaram por ser consultores de projectos científicos dado o seu engenho, sendo o caso mais conhecido o de outro nome grande do género: Arthur C.Clarke. São estes cruzamentos o leitmotiv desta exposição, que não me importava nada de visitar, ou não tivesse a velha colecção Argonauta ( ainda existe?) feito parte das primeiras décadas da minha vida...
Science et science-fiction, aventures croisées, 21 de Outubro- 3 de Julho de 2011. O catálogo é de La Martinière. Mais info aqui: http://www.cite-sciences.fr/
Andreya Triana é uma voz da new soul que me tem acompanhado ultimamente. Este vídeo é de uma actuação ao vivo no Festival de Glastonbury do ano passado.
Em Dezembro de 1953, Audrey Hepburn é fotografada com um Santa Claus em Nova Iorque, por ocasião de uma festa de beneficência a favor da New York Heart Association. Poucos dias antes, fora distinguida com o título "Top movie star 1953" pela Film Daily, após o enorme sucesso de Roman Holiday.
Michael Mathias Prechtl (1926-2003) - Tenham Dürer no coração Litografia a quatro cores, 1970
Voilà pourquoi, quando on vous loue, ne le croyez surtout pas! Dürer(numa carta a Pirkheimer, Veneza, Out. 1506)
A citação está em francês porque foi retirada de um catálogo em francês. E não postei nenhum auto-retrato de Dürer porque há que tempos que estou à espera que o nosso especialista coloque os vários auto-retratos deste grande artista. Escolhi esta ilustração de Michael Mathias Precht, desenhador alemão, que se considerava herdeiro de Dürer.
Foi neste restaurante que ontem jantei com umas amigas. Todas escolhemos o bife à argentina - tínhamos lá ido para isso. Bom, mas não como me tinha dito um amigo: «- O melhor bife de Lisboa!» Um espaço, ambiente e serviço simpáticos. Marcámos e é necessário fazê-lo. Quando chegámos todas as mesas estavam reservadas.
Já devem ter conhecimento, mas ainda assim aqui ficam assinalados os 497 anos do Bairro Alto, data que se comemora hoje com passeios guiados e outros eventos. Zona de Lisboa que está estreitamente ligada ao meu coming of age, com as primeiras saídas à noite, descobrindo o Frágil, o 3 Pastorinhos e outros espaços da movida lisboeta. E ainda me lembro, nesses finais dos anos 80, de ver os jornais serem carregados para as carrinhas de distribuição, bem como das senhoras de má nota em ruas mais esconsas... E em dias mais especiais, e abonados, ia-se ao Pap'Açorda...
( Não consegui descobrir a autoria da imagem, que já era omissa no blogue onde a encontrei )
Permitem-me que repita que a biblioteca do meu pai foi o facto capital da minha vida? A verdade é que nunca cheguei a sair dela.
- Jorge Luis Borges
No que me diz respeito, a biblioteca paterna também marcou: desde logo, o gosto comum pelas biografias, gosto que me acompanhou o resto da vida, mas também a história militar, em particular a Segunda Guerra Mundial, com a abundância de livros e revistas sobre esse negro período. Felizmente, o entusiasmo por Rommel, os Panzers e os Stukas foram equilibrados com Patton, Ike e os erros (felizes...) de Estalinegrado...
Eduardo Gageiro (1935-), António de Spínola, 1974.
O retrato fotográfico como arte do momento, e foi a arte de Gageiro que levou à atribuição de um prémio de retrato pela World Press Photoà foto supra em 1974.
Este é um dos 30 retratos ( juntamente com Salazar, Orson Welles, Sophia, Amália, Grace Kelly e outros) que estão na Retratos com Histórias, exposição patente na Kgaleria.
( Kgaleria, Rua da Vinha, 43A, ao Bairro Alto, Lisboa. )
O imperativo da transparência leva hoje a que, em grande medida, se assimile imprudentemente a democracia com um regime em que tudo pode ser informação, e em que toda a informação pode ser pública.
Começaram ontem os debates televisivos entre os candidatos, com Fernando Nobre a falar das crianças que viu morrer com fome e Francisco Lopes a dizer que também viu pobreza quando estava a crescer.
Entretanto, também ontem à noite mas no Bolhão, Manuel Alegre evocava o seu passado "antifascista".
Tudo coisas respeitáveis, mas absolutamente inúteis para os tempos presentes e para o desafio em causa.
O suplemento Life do DN, edição de 9 de Dezembro, tráz um interessante roteiro gourmet sobre algumas iguarias de Natal. Por achar interessante a história do pão-de-ló (porque a do bolo-rei é mais conhecida) passo a transcrevê-la (mais ou menos):
Uma das teorias ligadas à origem dos doces conventuais tem a ver com a elevada utilização da clara de ovo com que as freiras engomavam os seus hábitos. Havia, depois, que aproveitar as gemas e assim surgiu a mais diversa doçaria. O pão-de-ló é uma delas e pensa-se ter vindo de Castela, no séc. XV. Durante o período das descobertas, religiosos e missionários portugueses levaram-no para o Japão onde ainda hoje é uma sobremesa muito apreciada a que chamam "kusutera" (que poderá dizer Castela). Entre nós são muitas a variedades e formatos de pão-de-ló, sendo o mais conhecido o de Alfeizerão. Além dos de Ovar e Arouca, o mais famoso mesmo é o de Margaride. A casa mais antiga que mantém a tradição, quer na sua receita quer na confecção, é a Fábrica de Pão-de-Ló de Margaride, no seu formato mais tradicional, redondo com um buraco ao meio, cozido em formas de barro, forradas a papel. Existe desde 1730, tendo sido nomeada em 1888, por carta assinada pelo conde de São Mamede, formecedora da Casa Real e Ducal Casa de Bragança, podendo mesmo usar as armas ducais no seu papel timbrado. Mais tarde, em 1893, o estabelecimento de Leonor Rosa da Silva, proprietária da fábrica, foi nomeado fornecedor da Casa Real por alvará de el-rei D. Carlos, podendo mesmo colocar as armas reais na frontaria do estabelecimento, o que acontece até aos nossos dias.
Também fiquei saber que pão-de-ló e um bom queijo amanteigado é a combinação perfeita que realça ainda mais a qualidade daquele bolo.
Um dos temas do Advento que admiro é a Anunciação. Escolhi a pintura de Lorenzo Lotto, um pintor da escola veneziana. O olhar, o movimento e o "sobressalto" da Virgem que Rainer Maria Rilke descreveu tão bem no livro "A Vida de Maria" motivaram esta escolha. Houve um outro pormenor que pesou: o ar assustado do gato perante a presença do Anjo.
Hendrik Avercamp(1585-1634), Cena de Inverno, 1620, óleo sobre tela, Museu de Évora, Portugal.
Já se nota a descida das temperaturas que, segundo os meteorologistas, provém de "uma massa de ar frio oriunda das Ilhas Britânicas". Os próximos dias serão frescos, embora nada comparáveis à Holanda de Avercamp, o pintor do Inverno como é conhecido: um surdo-mudo que foi um dos mais reputados paisagistas do seu tempo, discípulo de um antigo aluno de Brueghel O Velho.
Foi o número de votos que permitiu a Sílvio Berlusconi manter-se no poder, depois da votação de duas moções de censura ontem no câmara baixa do Parlamento italiano, com acusações inclusive de pagamentos por tais votos. Mantendo-se primeiro-ministro, mantém-se a imunidade contra todos os processos judiciais que contra ele correm... Mas muitos italianos vieram para a rua, com 90 feridos em Roma.
Stephen Fry e Hugh Laurie, sendo este agora mundialmente famoso como Dr.House, foram uma das mais fantásticas duplas humorísticas britânicas das últimas décadas.
Segundo a Wikileaks, os diplomatas americanos acham que "Sócrates é teimoso, mas carismático e telegénico, e está a melhorar o inglês", Cavaco, por seu lado, "é vingativo", e o rival deste, Manuel Alegre, " é um dinossauro esquerdista". Sinceramente, nada de novo ou surpreeendente. Agora, a revelação de que Carlos Santos Ferreira, ex-presidente da CGD e actual presidente do BCP, se terá oferecido aos americanos para espiar em Teerão em troca dos Estados Unidos não se oporem a negócios do BCP naquela República Islâmica, é digna de Le Carré. O pior é que a realidade muitas vezes ultrapassa a ficção...
Je ne suis prisonnier que de moi-même. Revejo-me nesta frase do poeta belga Louis Scutenaire(1905-1987). As prisões chamam-se inseguranças, preconceitos e até simples temores que impedem certos voos, novas direcções.
De facto os autores nórdicos do suspense não me têm largado. Muitos e bons, acabei de ler o brilhante Mons Kallentoft com o seu "Sangue Vermelho em Campo de Neve". Há muito na prateleira a aguardar vez, já avançou "O Hipnotista", de Lars Kepler" um livro que promete pela sua trama bem montada, cheia de surpresas, capaz de prender o leitor mais exigente de policiais. E para equilibrar, nada como o bom humor nacional, por exemplo. Aproveitei a recentíssima saída de duas edições da Livros D'Hoje: "Paga o que deves!", que nos remete para o programa de Nilton, "5 Para a Meia-Noite", na RTP2 e "Tubo de Ensaio - Parte II", de outros dois humoristas, Bruno Nogueira e João Quadros. Este trata-se de uma colectânea dos melhores textos do programa "Tubo de Ensaio", que foram ouvidos de segunda a sexta-feira, na TSF.