Prosimetron
sábado, 17 de novembro de 2012
Um quadro por dia
Johann Heinrich Schmelzer (ca.1620 - 1680)
O programa Musica Aeterna da Antena 2, um dos meus preferidos, proporciona aos ouvintes uma belíssima viagem musical, habitualmente destinada à música antiga. Pela primeira vez (perdoem-me a ignorância), registei o nome de um compositor austríaco, Johann Heinrich Schmelzer (cerca 1620 - 80). Da obra de Schmelzer, pouco sobreviveu ao longo dos séculos: uma sonata para violino solo que compôs em 1678, "provavelmente o exemplo mais antigo de uma sonata para violino sem acompanhamento" segundo Torsten Johann, perdeu-se.
Johann Heinrich Schmelzer exerceu o cargo de Kapellmeister (o primeiro não-italiano a deter esta função) na corte de Viena durante um ano apenas, antes de sucumbir à terrível peste negra que assolou a cidade em 1680.
Segue um registo de um CD da autoria de Hélène Schmitt (violino) que, juntamente com Jan Krigovsky (violoncelo), Stephan Rath (chitarrone) e Jörg-Andreas Bötticher (claviórgão), interpreta esta magnífica Ciaccona em lá maior.
Em geminação com o Arpose: «Castanhas assadas»
http://sm1.imgs.sapo.pt/mb/x/J/5/O/NH8sRc4vzrEu,hJcT7EsnzM_.jpg
Castanhas assadas
O velho vendedor desta tarde, ali à esquina da rua, lembrou-me outro, lá longe, no passado de uma cidade diferente, esse diluído não só em tempo ou em bruma mas também num fumo aromático que não aquecia, fumo frio, talvez, e que atravessava ossos porosos que existiam, que estavam ali dentro de mim, um pouco arrepiados também. Eu passava todos os dias pelo homem, que usava boina e samarra, talvez fosse espanhol, já não me lembro, e detinha-me sempre para comprar o eterno cartucho de castanhas, que logo metia, em partes iguais, nos bolsos já largueirões do casaco, deixando ficar as mãos naquele leve, apesar disso reconfortante calor. Cá fora havia nevoeiro, ou então um espesso teto de nuvens baças separava-nos da estrela da vida, que desaparecera do nosso convívio há muito tempo. E eu, mesmo sem querer, mesmo pensando que isso era impossível, não a imaginava lá em cima mas muito longe, para o sul, aquecendo e iluminando a minha terra. Fazia o resto do percurso devagar, ia aproveitando aquela sensação tão doce. Quando chegava ao hotel tinha as mãos enfarruscadas e as castanhas estavam quase frias, mas paciência, comia-as mesmo assim.
Hoje, aqui, não comprei castanhas ao velho vendedor. Hoje, aqui, não quero sujar as mãos e, de resto, o casaco não tem bolsos. Hoje, aqui, ainda não faz frio e o Sol é sedentário e amigo, mora lá em cima, nunca anda muito tempo a viajar. Ou brilha ou brilhou ou vai brilhar um dia destes, talvez amanhã. O fumo também nunca chega a ser névoa e as castanhas têm outro sabor. Nem melhor nem pior. Um sabor diferente.
Maria Judite de Carvalho
Lisboa: Caminho, 1991
Publicidade... abusiva
A publicidade do site de encontros Ashley Madison que tirou a Rainha Sofia de Espanha do sério e a fez instaurar uma queixa judicial, com advogado pago pelos seus fundos privados, por violação dos seus direitos à honra, intimidade e imagem. E não é caso para menos...
Novidades
Uma novidade filosófica neste Dia Mundial da Filosofia, uma história da filosofia ideal para quem não tem nenhuma, mas suficientemente diferente para interessar também os que têm várias. Escrita por Paulo Tunhas e Alexandra Abranches e publicada pela D.Quixote.
Pensamento (s)
L'acte politique fondamental, c'est la manifestation du pouvoir de ceux qui n'ont aucun titre à exercer le pouvoir.
- Escreveu Jacques Rancière há uns meses no Le Nouvel Observateur. Afirmação controversa, mas que vem a propósito do sucedido há uns dias em frente à Assembleia da República.
17 de Novembro de 1917
Rodin morria em Paris a 17 de Novembro de 1917. Embora a sua obra prima seja "o Pensador" eu gosto muito desta porta do inferno, que se encontra em Zurique, no Kunsthaus (Museu de Arte Moderna).
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
«Lá no centro do mar»
Não sabia que hoje era dia da tolerância mas sabia que era dia do mar e que Saramago faria 90 anos. Depois de MR o recordar fica aqui o meu registo.
Árvore onde jaz José Saramago
Lá no centro do mar
Lá no centro do mar, lá nos confins
Onde nascem os ventos, onde o sol
Sobre as águas doiradas se demora;
Lá no espaço das fontes e verduras,
Dos brandos animais , da terra virgem,
Onde cantam as aves naturais:
Meu amor, minha ilha descoberta,
É de longe, da vida naufragada,
Que descanso nas praias do teu ventre,
enquanto lentamente as mãos do vento,
Ao passar sobre o peito e as colinas,
Erguem ondas de fogo em movimento.
José Saramago, Provavelmente Alegria. Lisboa:Caminho, 1998 (4ª edição), p.87.
Alheiras
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLcRCU3olF3LFB_ZDKTALP4zG-eO3YDbzzaM7zwppZbCQIDa0yjjI46p9sG76PGIC3-Al0cKOqhdoYgL6j1uSbjHL6duWrNQIagn4UYp9DJlDcJv5S7GijPgIZXXWn-Yf-SbZbnKs_J4CW/s400/adelaide-de-sousa-99c2.jpg
Hoje é dia de alheiras com grelos e batatinhas. Com um vinho tinto do Douro - ainda não sei qual.
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLcRCU3olF3LFB_ZDKTALP4zG-eO3YDbzzaM7zwppZbCQIDa0yjjI46p9sG76PGIC3-Al0cKOqhdoYgL6j1uSbjHL6duWrNQIagn4UYp9DJlDcJv5S7GijPgIZXXWn-Yf-SbZbnKs_J4CW/s400/adelaide-de-sousa-99c2.jpg
Publicidade... negativa
Não sou muito adepto de fazer publicidade negativa, mas a ZON merece... Causou-me, pela prepotência e ligeireza, perda de tempo, incómodos vários e ainda nem sei calcular bem os prejuízos já que tinha o endereço electrónico dela associado às coisas básicas da vida social ( família e amigos, mas também bancos, seguros, etc ). O tempo dirá.
O meu novo endereço electrónico principal já é conhecido de várias pessoas e penso que está disponível consultando o perfil aqui do blogue. Não é assim que se conservam clientes...
Numa manif em Itália
http://sphotos-a.ak.fbcdn.net/hphotos-ak-prn1/155735_1657915244365_6427392_n.jpg
No Dia Internacional da Tolerância
Voltaire
La Petite Veste Noire
Numerosas celebridades vestiram este clássico Chanel, revisitado por Karl Lagerfeld e Carine Roitfeld.
Em exposição no Grand Palais (Paris) até 25 de novembro.
No Dia Nacional do Mar
Katsushika Hokusai - A grande vaga
(Gravura em madeira da série de Trinta e seis vistas do Monte Fuji, 1830-1832)
Uma após uma as nuvens apressadas
Enrolam o seu verde movimento
E chiam a alva 'spuma
No moreno das praias.
Uma após uma as nuvens vagarosas
Rasgam o seu redondo movimento
E o sol aquece o 'spaço
Do ar entre as nuvens 'scassas.
Indiferente a mim e eu a ela,
A natureza deste dia calmo
Furta pouco ao meu senso
De se esvair o tempo.
Só uma vaga pena inconsequente
Pára um momento à porta da minha alma
E após fitar-me um pouco
Passa, a sorrir de nada.
Ricardo Reis
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Jorge Silva Melo lê O Retrato
Amanhã, 6.ª feira, dia 16, às 19h00, integrado no Lisbon and Estoril Film Festival, no Anfiteatro do Museu de História Natural, leitura do texto O Retrato, de Nikolai Gógol, por
Jorge Silva Melo.
Entrada livre.
Marcadores de livros - 73
Frente e verso de quatro marcadores da Agência Abreu.
Obrigada a quem mos ofereceu. :)
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Amadeo de Souza -Cardoso, um desenho
Amadeo de Souza-Cardoso, LE TIGRE (Desenho original para o album XX DESSINS,1912), 1912
.jpeg)
Desenho Tinta-da-china e Guache sobre Papel,
Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian (donde a imagem foi retirada)
Para acabar com as letrinhas
A partir de amanhã e até 31 de Dezembro vai estar em www.contraletrinhas.pt a Petição Contra o Uso de Letrinhas. A iniciativa foi de um conhecido grupo óptico que pretende que a AR altere a proposta de lei para que todos os contratos passem a ser redigidos com o tamanho de letra 11 e espaçamento entre linhas de 1.15
Um Mozart na sombra
Johann Georg Leopold Mozart, nasceu em 14 de Novembro de 1719, em Augsburg. Pai, professor e mentor de Wolfgang, que foi um génio da música, foi também compositor. Mas é um a sombra do filho.
Exemplo a seguir
O mayor de Thessaloniki, a segunda maior cidade grega está a aplicar uma receita que parece estar a funcionar para acertas com as suas cotas públicas. Ao contrário do resto da Grécia, a cidade, que conta com cerca de um milhão de habitantes, está a reduzir a dívida pública, a baixar os impostos sobre as empresas para incentivar os empresários e a pagar aos funcionários públicos e empreiteiros a tempo e horas. Como? Poupando dinheiro na selecção das propostas mais competitivas dos fornecedores de papel, sacos de plástico e e leite que contrata, o que corresponde a um corte com a tradição, que ditava a dependência em relação a alguns fornecedores previamente escolhidos, que podiam não oferecer os melhores preços.
"Havia uma inércia inaceitável, mesmo incompetência. Nem consigo acreditar", afirma Yannis Boutaris, de 70 anos e um passado marcado pela dependência do álcool e visual pouco respeitável para a função que ocupa - brinco de diamante na orelha e um lagarto tatuado no punho direito - parecia um candidato improvável para pôr em ordem as contas da cidade.
Contudo, este político está a aplicar novas políticas e a conseguir mudar mentalidades, apesar de admitir que não é fácil. "Mudar mentalidades na Grécia é quase tão difícil como deixar o álcool", afirmou Boutaris.
Agora, as autoridades da cidade pagam os lanches e os cafés que bebem e os residentes levam os seus próprios envelopes e borrachas quando apresentam pedidos e solicitações em repartições públicas. Com este conjunto de medidas, Boutaris pensa fechar o ano com um excedente e está a incentivar novos projectos de construção. Um exemplo a seguir, a começar pelo resto do país.
"Havia uma inércia inaceitável, mesmo incompetência. Nem consigo acreditar", afirma Yannis Boutaris, de 70 anos e um passado marcado pela dependência do álcool e visual pouco respeitável para a função que ocupa - brinco de diamante na orelha e um lagarto tatuado no punho direito - parecia um candidato improvável para pôr em ordem as contas da cidade.
Contudo, este político está a aplicar novas políticas e a conseguir mudar mentalidades, apesar de admitir que não é fácil. "Mudar mentalidades na Grécia é quase tão difícil como deixar o álcool", afirmou Boutaris.
Agora, as autoridades da cidade pagam os lanches e os cafés que bebem e os residentes levam os seus próprios envelopes e borrachas quando apresentam pedidos e solicitações em repartições públicas. Com este conjunto de medidas, Boutaris pensa fechar o ano com um excedente e está a incentivar novos projectos de construção. Um exemplo a seguir, a começar pelo resto do país.
Um quadro por dia
Andy Warhol, Statue of Liberty 3D, 1962.
Vendido hoje na Christie's de Nova Iorque, com uma base de 27 milhões de euros...
Insólito
A visita ao Museu de Arte de Filadélfia transformou-se num momento insólito para um visitante quando descobriu um quadro com o retrato de um homem igual a si!
Nova tendência?
Greves multinacionais ou como se foi gerando uma " Internacional dos Intervencionados " ( ou em risco de )
James Blond – Casino Portucalle
Na Casa da Comédia, às sextas-feiras, 21h30 até 16 nov.
Reservas: 210994617
Auto-retrato(s) - 167
Retrato de artista, ca 1880
Museu de Arte de Filadélfia
Auto-retrato
Auto-retrato, 1942
Milão, Museo Nazionale della Scienza e della Tecnologia Leonardo da Vinci
Alguns auto-retratos de Antonio Mancini que nasceu em Roma há 160 anos.
terça-feira, 13 de novembro de 2012
Boa noite!
Uma polaca que hoje apresentou em Lisboa o seu novo álbum, Sobremesa, no qual participam Camané, Sara Tavares e outros.
Que vestido...
Tantos a procuram...
Cinenovidades
Um thriller francês, realizado por Jérôme Cornuau, sobre o desaparecimento de Lola, uma menina de 8 anos, durante umas férias na Escócia. Lola reaparece dois anos mais tarde...
A nossa vinheta
Comemora- se em 15 de Novembro o nascimento de D. Manuel II, último rei de Portugal. A Biblioteca Nacional acolhe hoje, por iniciativa da Real Associação de Lisboa, uma conferência sobre a sua actividade como bibliógrafo, durante o exílio em Londres, faceta que revela o homem de cultura que foi, mas também o patriota que nem só um segundo deixou de pensar e agir a favor de Portugal. Chamaram-lhe o Rei Saudade. E é dessa saudade que fala o belo poema que transcrevo.
El-Rei
Longe da luz, a que sonhou, na infância,
em vez de predomínio ou de conquista,
sonhos de amor, entre visões de artista,
morreu de desconsolo e de distância...
Caminho aberto à morte por essa ânsia
que mais se exalta quanto mais contrista,
de quem recorda o lar que nunca avista
e se consome em lúcida constância
Porque - acima do Trono e da Realeza,
havia o céu azul, a claridade
da sua amada Terra Portuguesa
- Havia a Pátria!...
- e dizem, (que impiedade!...)
dizem que não se morre de tristeza!...
Dizem que não se morre de saudade!...
Um quadro por dia
Um dos " papas que gritam ", que esteve na mesma colecção particular desde a sua compra em 1954 e é hoje vendido na Sotheby's de Nova Iorque com uma avaliação entre 14 e 19,4 milhões de euros.
As cores do Outono
Castelo Branco, 10 nov. 2012
Outono. Como restam
ainda nesta árvore
as verdes ilusões?
António Salvado
In: Otoño = Outono = 秋. Salamanca: Trilce, 2009, p. 17
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
Alguém se lembra dele?
Morreu no Brasil, onde vivia há 30 anos, o músico que, nos anos 60, lançou o rock português. Chamava-se artisticamente Zeça do Rock (José das Dores) e nascera em Lisboa em 1943. Não me lembro dele nem das suas músicas. Mas aqui fica para quem, dos nossos leitores, possa ter alguma recordação.
Uf! Desta vez safei-me
Ela está a chegar
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