Prosimetron
sábado, 31 de março de 2018
Japonismos impressionistas
A abertura comercial e diplomática do Japão em 1868 revelou aos artistas ocidentais uma estética radicalmente diferente daquela que lhes fora ensinada durante séculos.
A arte japonesa proporcionou um novo vocabulário plástico, que logo inspirou a criação artística na Europa e nos Estados Unidos.
A estética do Ukiyo-e baseava-se em códigos radicalmente diferentes dos que eram ensinados aos alunos da Escola de Belas Artes. A eficácia as suas imagens deveu-se à vivacidade das cores, à ausência de qualquer modelagem ou volume das formas tratadas em cores sólidas, bem como à originalidade das composições baseadas na assimetria. Além disso, como os impressionistas, os mestres da gravura só pretendiam celebrar a natureza e a vida contemporânea. Os pintores mais inovadores foram sensíveis ao refinamento de uma arte que respondia às suas aspirações, abrindo caminho para uma verdadeira revolução estética.
Desde a década de 1980, o japonismo tem sido tema de inúmeras exposições e o fenómeno tem-se mostrado tão vasto que pareceu ao Musée des Impressionismes de Giverny relevante evocar essas manifestações no plural, dado que preferem falar de impressionismos.
Esta exposição centra-se no impacto no trabalho da arte japonesa em pintores da geração impressionista e pós-impressionista, desde a década de 1870 até o início do século XX. Claude Monet, que foi um dos primeiros artistas franceses a interessar-se pela gravura japonesa, está no centro da exposição.
Bem gostava de ver esta exposição, visitar os jardins de Giverny e almoçar em Les Nymphéas. Seria uma bela véspera de Páscoa.
sexta-feira, 30 de março de 2018
Calços de Macedo de Cavaleiros
O período da Páscoa acontece, habitualmente, quando a primavera se está a instalar, os primeiros dias completos com Sol, frutas e legumes novos e a Quaresma a terminar. O domingo de Páscoa é também uma primavera! Termina o tempo do jejum e abstinência, cada vez menos praticado, e ao Sol junta-se a alegria de um tempo novo. Por isso, as mesas da Páscoa estão cheias de ovos no receituário especial. Antigamente havia doces que apenas se fariam nesta época. Felizmente hoje em dia é fácil encontrar esse património que não se perdeu. Perdeu-se, possivelmente, a expectativa de os encontrar quando se ia à terra! E em cada festa!
O “calço” é um doce que habitualmente se fazia no período pascal. Também se faz para a festa de Santa Bárbara. Agora encontramos durante todo o ano e Macedo de Cavaleiros, local onde a tradição nos diz que terá nascido, tem vários estabelecimentos que o vende. Para mim é mais um exemplo da imaginação popular de na Páscoa se fazerem pães doces com base numa massa de pão que é enriquecida com ovos e açúcar. Nesta linha de produtos nascidos com o mesmo propósito de celebrar a Páscoa podemos citar os “dormidos” de Bragança, a “bola doce mirandesa”, a “bola doce” de Carrazeda de Ansiães, o “bolo-podre de Santa Maria” de Valpaços e muitos mais. Se quisermos atravessar o Atlântico também encontramos um pão especial do Ceará para o período da Páscoa que é o “pão de coco”, neste caso enriquecido com um produto local que é o coco.
Não se sabe há quantos anos existe esta tradição. Não era hábito registar o que poderemos chamar de doçaria popular. Só tardiamente, finais do século XIX, encontramos relatos nos quais se confirma a presença desta doçaria. As receitas são ainda mais difíceis. Até hoje, muitos pensar que divulgar os segredos poderá significar uma perca! Quais são os ingredientes dos calços? Naturalmente farinha, ovos, azeite, fermento padeiro, ou massa mãe, e raspa ou sumo de laranja. Era possível também usar partes de mel em vez de açúcar, por vezes já se usa infusão de laranja e já vi introduzir água de cheiro – água de flor de laranjeira. Também se pode juntar água ou leite para garantir a consistência pretendida para a massa. Cada casa, ou cada família, tem no tempero o seu especial segredo. Há ainda quem junto um pouco de banha de porco, ou manteiga, reduzindo a quantidade de azeite. Depois de tudo bem amassado, vem o descanso da massa, para levedar, que poderá ser por toda a noite ou pelo menos sete a oito horas. Depois é tempo de sentir como a massa está macia e moldável. Com a prática retira-se um pouco de massa, não se pesa pois não é para calibrar, e molda-se em forma de ferradura. E é essa forma que lhe dá o nome de calço por lembrar as ferraduras que se colocam aos animais de casco e de carga. Por fim pincela-se com ovo batido e coloca-se açúcar polvilhando, e canela.
Fatias de calço torradas
O calço que veem nas fotos foi adquirido em Lisboa, Praça da Figueira, durante a feira do Folar Transmontano organizado pela Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa. Atacado gulosamente depois de chegar a casa deixei metade resguardado para comer mais tarde e permitir que começasse a secar. Tinha um objetivo: fazer torradas e cobrir com doce de fruta. Este meu pecado é também cumprido com bolo-rei, pão-de-ló, e outros bolos sem cremes ou coberturas. E sabe tão bem no inverno!!!
Fatias de calço torradas e com doce de fruta
Como se de pão se tratasse, continua o hábito de bênção direta da doceira que reza:
S. Vivente te acrescente / S. Mamede te levede / S. João te faça Pão
ou
S. Mamede que levede / Nossa Senhora da Conceição que te faça bom pão / Cresça o pão no forno, haja paz no mundo todo e na casa do dono. Cada um tem a sua fórmula de pedir o sucesso para os seus calços.
© Virgílio Nogueiro Gomes
http://www.virgiliogomes.com/index.php/cronicas/892-calcos
quinta-feira, 29 de março de 2018
quarta-feira, 28 de março de 2018
Boa noite!
Desconhecia que esta canção era yiddish. A primeira vez que a ouvi foi na voz de Joan Baez:
terça-feira, 27 de março de 2018
Boa noite!
Morreu Stéphane Audran a atriz fétiche de Claude Chabrol. Na foto de cima no filme Juste avant la Nuit.
Com Michel Bouquet em La femme infidèle (1969) de Claude Chabrol.
O último papel de relevo de Stéphane Audran foi o de cozinheira francesa exilada em A Festa de Babette (1987) do dinamarquês Gabriel Axel.
Paris: Cherche midi, 2009
Em 2009 Stéphane Audran publicou um livro que foi um sucesso. Nele explica como se interessou pelas medicinas alternativas, praticando uma vida mais ecológica.
«Voici comment et pourquoi, à un moment donné de ma vie, je me suis passionnée pour un domaine éloigné de mon métier d'actrice : les cultures traditionnelles. J'ignorais alors que je m'engageais sur un itinéraire qui aboutirait à ce livre. En ces temps de grands désordres, où s'effondrent toutes nos certitudes, j'ai ressenti le besoin de transmettre ce que j'avais appris.»
Manuel Reis (1946-2018)
A última vinheta de março é uma homenagem ao olhar diferente de Manuel Reis que deu um novo brilho às noites de Lisboa, tornando ainda a capital num laboratórios de arte, na moda, no design ou na produção de espetáculos. Trabalhador incansável até ao fim, deixou a sua assinatura no Frágil, Lux-Frágil, Bica do Sapato, Loja da Atalaia e mais recentemente, na discoteca Rive-Rouge. Todos os elogios que têm sido feitos a este homem que carregou consigo um mundo imenso... são poucos. Obrigado, Manuel!
Vai uma tajine, um couscous ou uma bastila?
Tajine de vitela com ameixas
Couscous
Bastila de frango
Há uns dias fui jantar ao restaurante Marrakesh, um marroquino que abriu na Rua Conde Valbom (Lisboa). Estava tudo bastante bom. Nunca tinha experimentado a bastila - e todas as convivas aprovaram.
O chá de menta que bebemos no final também se recomenda, bem como um doce de amêndoa e laranja que partilhámos.
https://outrascomidas.blogspot.pt/2012/03/cha-de-menta.html
Dick Haskins
António Andrade Albuquerque faleceu no passado dia 21 de março em Lisboa, com 88 anos. É mais conhecido pelo pseudónimo de Dick Haskins, sob o qual publicou mais de 20 livros.
Foi o autor de literatura policial português com maior notoriedade desde o início da década de 60 do século XX. Em 2000, após uma prolongada pausa, voltou a publicar, com o pseudónimo Dick Haskins, o romance A embaixadora. Já em 2007 publicou o seu verdadeiro nome (Andrade Albuquerque) os livros O Papa que nunca existiu e O expresso de Berlim.
Estreou-se em 1958 com o livro O sono da morte, na coleção policial da Empresa Nacional de Publicidade. Na mesma época criou na Ática a coleção policial Enigma, onde sairiam os seus 20 romances.
Andrade Albuquerque divulgou grandes contos da literatura policial numa antologia que tinha o seu nome como organizador. Foi ainda autor de várias capas da coleção Enigma.
segunda-feira, 26 de março de 2018
Pacotes de açúcar - 169
Verso e reverso de um pacote de açúcar alusivo à meia maratona de Lisboa, que teve lugar há 15 dias.
domingo, 25 de março de 2018
O chá das cinco - 110
Alfragide: Oficina do Livro, 2018
Pensei que este livro tivesse receitas feitas com chá e outras que pudessem acompanhar um chá. Mas tem algumas receitas estranhas, como Esparguete com molho de pesto de matcha. Leva manjericão. E depois? Às vezes também acompanho certas comidas com chá - de jasmim, chá frio,
Acho o conteúdo deste livro um bocado forçado.
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