Prosimetron
sábado, 28 de fevereiro de 2015
JEANS NÃO SE LAVAM
Se tiverem algum cheiro metem-se no frigo
Quando no ano passado li que o presidente da Levi Strauss tinha dito numa entrevista que só lava os jeans uma vez por ano e quando o faz é no duche com eles vestidos pensei que se tratava de uma manobra de publicidade. E foi um poucochito. Aliás, Tommy Hilfiger também já tinha vindo afirmar publicamente que os jeans não são para lavar. Pois aqui, neste momento, em que estou sentado com o meu par de “calças de ganga” especiais que nunca viram água na vida, e que uso ininterruptamente há dois meses, posso dizer que não é só uma tese em abstrato. É verdade. Estão quentinhos e confortáveis. Não tem truque. Faz sentido. E o convívio com outros humanos ainda é possível. Se bem que raro. Mas é uma opção.
Para quem esteja já enojado é bom que se saiba que estamos a falar da conjugação de dois produtos: ganga crua (o raw denim, a peça única tingida e nunca lavada) e um dono que toma banho todos os dias. Fica-se já a saber que as calças são bastante pesadas (mínimo 260 g) e, de facto — tanto quanto é possível perceber —, não transmitem doenças. Lá iremos.
Há que ter em conta uma primeira questão. O presidente da Levi’s não é um bandalho. Aliás, tem um arzinho de não ter usado um par jeans até aos 22 (ou 42). Apresenta um corte de cabelo todo pipi e a camisa para dentro (de ganga) impecavelmente passada. A mensagem que ousa transmitir com isto de só lavar os jeans (este tipo de denim) uma vez por ano (ou no máximo duas) visa enaltecer a durabilidade do seu produto, e justificar o preço (corresponde a 10 pares das baratuchas de marca rasca), e ainda passa uma mensagem de sustentabilidade do planeta que, cá para nós, faz sentido: é absurda a quantidade de vezes que se lavam os jeans. Usa-se um dia e lava-se. Uma tarde, e máquina com eles. Os jeans, supostamente, são roupa para resistir anos e para não serem lavados por dá cá aquela palha. Aliás, dias depois de ter feito manchetes como badalhoco de serviço, com isto de usar umas calças com um ano porcas (ou não lavadas), escreveu um texto a esclarecer que a mensagem era mais que poupar água, sendo que, sim, esta ganga não acumula cheiro e bactérias (sim, confirmo, ou não arriscava este texto...).
A questão é perceber se o que se veste é de facto este denim pesadão e que vai deixando a nossa casa azul por nunca ter sido pré-lavado. São umas calças cortadas de uma peça de ganga tecida (que depois tem aquela união de tecido na dobra do reverso da perna que é a “marca de água”), feita num tear vintage e acaba por não ser elástica como as gangas “normais”. A ideia é que ao longo das semanas (meses) se vá adaptando. Devem, aliás, ser bastante apertadas para se irem moldando ao corpinho. Efetivamente, ao fim de umas semanas, começam a ter a forma de uma armadura, entra-se lá para dentro e a bunda e os joelhos encaixam diretos.
Este corte e este denim é o típico masculino e o patine deverá levar anos a ser alcançado pelo tipo que diariamente entra lá para dentro. Até se chegar ao gasto, ao azul esbranquiçado que aí vê nuns jeans de 29 euros, é suposto levar 15 anos, garante um blogue de maluquinhos disto, que querem que se lave as calças no mar com elas vestidas e com areia (esqueçam... japoneses...).
A questão que se pode colocar é: e... bicharada, bactéricas e smell? A Universidade de Alberta, no Canadá, fez um teste nuns jeans usados durante 15 meses todos os dias, e noutros uma semana, e os resultados foram idênticos. E nódoas? Use um toalhete. E se achar que mesmo assim os jeans têm cheiros de, sei lá, restaurante... o truque, dizem, é fechá-los num saco de plástico e colocá-los no frigorífico na zona de mais frio durante 24 horas, pois aniquila as bactérias todas. Ainda não tentei. Talvez quando me começarem a detetar pelo odor antes de chegar a um lugar.
Luís Pedro Nunes
(Expresso, 21 fev. 2015)
Em louvor das 501
Depois de ter lido esta crónica de Luís Pedro Nunes, tive de ver a cara de Chip Bergh, o tal que « tem um arzinho de não ter usado um par jeans até aos 22 (ou 42) [e que] Apresenta um corte de cabelo todo pipi».
Ainda sou do tempo em que não podíamos ir para o liceu de calças, mas há quase 50 anos que uso calças de ganga. Sou fanzíssima das calças 501 da Levi's. Depois de ter tentado usar outras marcas, voltei sempre às 501, e há mais de 30 que só compro destas. Mas lavo os vários pares que tenho, com frequência. E duram muito.
Não me passaria pela cabeça meter-me no chuveiro de calças para as lavar, nem meter as calças mal cheirosas no frigorífico: ficariam os alimentos com um smell e as calças com cheiro a queijo...
Esperemos que não haja seguidores desta medida 'ecológica' de Chip Bergh, senão não vamos conseguir andar no Metro.
E as de veludo cotelé que uso também são modelo 501. :)
E as de veludo cotelé que uso também são modelo 501. :)
Fernando Alvim, um grande guitarrista
Em cima, tocando com carlos Paredes; em baixo, Cristina Branco interpreta um fado com música de Fernando Alvim, que nos deixou ontem.
Livros
Imagem retirada do site da FNAC
A mais recente aquisição: um livro de Antonio G. Iturbe.
Sobre a lama negra de Auschwitz, que tudo engole, Fredy Hirsh ergueu uma escola. Num lugar onde os livros são proibidos, a jovem Dita esconde debaixo do vestido os frágeis volumes da biblioteca pública mais pequena, recôndita e clandestina que já existiu.
Antonio G Iturbe, A Bibliotecária de Auschwitz, (trad. Mário Dias Correia). Lisboa:Planeta, 2014, notas da contracapa.
Antonio Iturbe nasceu em Saragoça em 1967.
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
Charles de La Fosse em Versalhes
Charles de La Fosse - Clytie changée en tournesol, 1688
Óleo sobre tela
Versailles, châteaux de Versailles et de Trianon
Esquecido do público, Charles de La Fosse introduziu novas ideias no reinado de Luís XIV. A sua obra testemunha a evolução e a criação artística desde Charles Le Brun, de quem foi aluno, até Antoine Watteau que foi um seu amigo chegado. Com o seu mestre, Charles de La Fosse participa na decoração artística das Tulherias e do palácio de Versalhes.
Esta exposição, que abre hoje no palácio de Versalhes, onde pode ser vista até 24 de maio, é a oportunidade para mostrar o valor da sua obra, particularmente no Salão de Apolo, presentemente em processo de restauro.
A exposição apresenta ainda cerca de 40 pinturas e outros tantos desenhos, provenientes de coleções públicas e privadas, francesas ou estrangeiras.
Charles de La Fosse, gravura de Gaspard Duchange (1707), segundo desenho de Hyacinthe Rigaud.
Lá fora - 216
Foi dada carta branca a Christian Lacroix para a reabertura do renovado Musée Cognacq-Jay, cinco níveis de um palacete no coração do Marais, em Paris. E as colecções do séc.XVIII de Ernest Cognacq, o comerciante parisiense que fundou a Samaritaine em 1870, vão conviver até 19 de Abril com os figurinos de ópera desenhados pelo grande costureiro e com fotografias e obras contemporâneas.
www.museecognacqjay.paris.fr
Biografias e afins
Um romance biográfico sobre a baronesa Blixen, imortalizada por Meryl Streep há umas décadas. Uma vida que foram várias : a aventureira que recebia reis e príncipes na sua propriedade africana, a escritora mundialmente famosa, os amores contrariados com Dennis Hatton ou a última ligação com o poeta Thorkild.
E também até o famoso filme se cruza com esta narrativa.
Baronne Blixen, Dominique de Saint Pern, Stock, 430p, €20.
E também até o famoso filme se cruza com esta narrativa.
Baronne Blixen, Dominique de Saint Pern, Stock, 430p, €20.
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
Nas montras de Paris - 15
Estes livros apetecíveis estavam na montra da Livraria Maeght que tem também uma galeria, na rue du Bac, em Paris.
O Luís falou há dias do livro que a neta consagrou ao avô Aimé Maeght. Começou como litógrafo e acabou como marchand, tendo criado a livraria e a galeria.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
Lamartine: 25 fev. 1848
Paris, rue de l'Université
«Voilà ce qu’a vu le soleil d’hier, citoyens ! Et que verrait le soleil d’aujourd’hui ? Il verrait un autre peuple, d’autant plus furieux qu’il a moins d’ennemis à combattre, se défier des mêmes hommes qu’il a élevés hier au-dessus de lui, les contraindre dans leur liberté, les avilir dans leur dignité, les méconnaître dans leur autorité, qui n’est que la vôtre ; substituer une révolution de vengeances et de supplices à une révolution d’unanimité et de fraternité, et commander à son gouvernement d’arborer, en signe de concorde, l’étendard de combat à mort entre les citoyens d’une même patrie !
« Ce drapeau rouge, qu’on a pu élever quelquefois quand le sang coulait comme un épouvantail contre des ennemis, qu’on doit abattre aussitôt après le combat en signification de réconciliation et de paix. J’aimerais mieux le drapeau noir qu’on fait flotter quelquefois dans une ville assiégée, comme un linceul, pour désigner à la bombe les édifices neutres consacrés à l’humanité et dont le boulet et la bombe mêmes des ennemis doivent s’écarter. Voulez-vous donc que le drapeau de votre République soit plus menaçant et plus sinistre que celui d’une ville bombardée ? [...]»
Discurso de Lamartine (então ministro dos Negócios Estrangeiros da República), na Câmara Municipal.
A revolução de 1848 (pormenor)
Ilustrações de Carla Nazareth
Ilustrações de Carla Nazareth no Edifício Chiado, Museu Municipal de Coimbra
D. Filipa de Lencastre
Carla Nazareth nasceu em Moçambique em 1975.
A exposição é muito interessante quer pelas personagens retratadas quer pelas ilustrações.
O espaço convida-nos a uma viagem à infância.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
Números
22 587 000
O equivalente em euros pago pelo Rijksmuseum de Amsterdam por este Baco carregando o globo, um bronze do holandês Adrien De Vries. Foi na Christie's de Nova Iorque, a 11 de Dezembro, e é um novo recorde para uma escultura clássica.
O equivalente em euros pago pelo Rijksmuseum de Amsterdam por este Baco carregando o globo, um bronze do holandês Adrien De Vries. Foi na Christie's de Nova Iorque, a 11 de Dezembro, e é um novo recorde para uma escultura clássica.
A Roma do vício e da miséria
Bartolomeo Manfredi - Baco e um bebedor, ca 1621
Abre hoje, no Petit Palais em Paris, uma exposição, dedicada à Roma grosseira, dos excessos, do vício e da miséria da gente simples do século XVII. Apresenta cerca de 70 quadros pintados em Roma na primeira metade do século XVII por artistas italianos, franceses, holandeses flamengos, alemães e espanhóis.
Mais doces saloios
Tenho ideia que foi a nossa M.R. quem nos apresentou os parrameiros, e eu hoje trago os charniqueiros que até ganharam uma medalha de prata no 3º Concurso Nacional de Doçaria Tradicional Portuguesa que teve lugar em Março de 2014. Fabrico caseiro, da família das queijadas, com travo a limão e provenientes da Charneca ( Mafra ), local de nascimento da famosa Beatriz Costa.
Encontram-se em pastelarias de Mafra, Loures e Ericeira, mas também nalgumas de Lisboa ( " Mimosa da Lapa " ou " En'Graça " ).
Novo livro de Mário Cláudio
Lisboa: Dom Quixote, 2015
«Com O Fotógrafo e a Rapariga, conclui Mário Cláudio uma trilogia dedicada às relações entre pessoas de idades muito diferentes, iniciada em 2008 com Boa Noite, Senhor Soares – que recria o microcosmo do Livro do Desassossego, trazendo para a cena um aprendiz que trabalha no mesmo escritório de Bernardo Soares – e continuada em 2014 com Retrato de Rapaz – fascinante relato da vida atribulada de um discípulo no estúdio do grande Leonardo da Vinci.
No presente volume, os protagonistas são o britânico Charles Dodgson, que se celebrizou com o pseudónimo Lewis Carroll com que assinou, entre outros, o clássico Alice no País das Maravilhas, e Alice Lidell, a rapariga que o inspirou, posando provocadoramente para os seus retratos e alimentando as suas fantasias.» (Da nota de imprensa da Leya)
Humor pela manhã
Podemos perceber melhor ou pior os critérios de exclusão radiofónica na antiga URSS, mas alguns casos eram surreais ...
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
Marcadores de livros - 216
Estes dois marcadores vieram do Vietname, um país que eu adorava visitar.
Este feito em tecido; o de baixo pintado sobre palhinha.
domingo, 22 de fevereiro de 2015
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