Prosimetron

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sábado, 9 de agosto de 2008

08-08-08

Foi fabulosa esta corrida no espaço, para o futuro...

Desejamos que esse futuro seja todos os dias mais FRATERNO, mais LIVRE, mais HUMANO. Está na nossa mão! Vamos ajudar a transformar (para melhor) o mundo em que vivemos! É muito simples: basta não fazeres aos outros o que não queres que os outros te façam.

Mário Cesariny : 9 de Agosto de 1923



Mário Césariny nasceu a 9 de Agosto de 1923. Poeta, Pintor, surrealista e tudo...

de profundis amamus
Ontem
às onze
fumaste
um cigarro
encontrei-te
sentado
ficámos para perder
todos os teus eléctricos
os meus
estavam perdidos
por natureza própria
Andámos
dez quilómetros
a pé
ninguém nos viu passar
excepto
claro
os porteiros
é da natureza das coisas
ser-se visto
pelos porteiros
Olha
como só tu sabes olhar
a rua os costumes
O Público
o vinco das tuas calças
está cheio de frio
e há quatro mil pessoas interessadas
nisso
Não faz mal abracem-me
os teus olhos
de extremo a extremo azuis
vai ser assim durante muito tempo
decorrerão muitos séculos antes de nós
mas não te importes
não te importes
muito
nós só temos a ver
com o presente
perfeito
corsários de olhos de gato intransponível
maravilhados maravilhosos únicos
nem pretérito nem futuro tem
o estranho verbo nosso
Mário Cesariny



queria de ti um país de bondade e de bruma
queria de ti o mar de uma rosa de espuma

(Discurso sobre a reabilitação do real quotidiano)

Maria Keil : 9 de Agosto

Maria Keil faz hoje 94 anos. Continua jovem, continua com o seu sorriso, continua a ter a alegria de uma criança.


Ilustração para o Livro de Marianinha : lengalengas e toadilhas em prosa rimada, de Aquilino Ribeiro. [© 1967 ?]

E um poema de Maria Keil, uma faceta menos conhecida:

Habito as distâncias
vivo dentro das distâncias

as tuas mãos, o teu rosto,
a claridade, que pelos teus olhos…
o mundo, que pelos teus olhos…
povoam as minhas distâncias.
Sabias?

Não. Ninguém sabe de ninguém os mundos
que cada um habita.

Falo-te. Nunca te disse.
em longas falas digo-te coisas tão particulares
de cada um de nós
de tudo em volta.
Das pequenas misérias diárias
dos pequenos nadas
do livro que se leu.
Do que se sente
do que se pressente
do que dói.
Das coisas diárias…

Do reparar nas coisas. A beleza das coisas.
Da harmonia do silêncio. A harmonia.
Das raízes sinuosas do afecto os inexplicáveis elos.

Tudo fica entre mim.
É quasi perfeito como diálogo, o nosso.
Que me responderias?
Que me poderias responder melhor
do que aquilo que te atribuo como resposta?

Na minha distância espero-te
sabendo que não sabendo tu que te espero
nunca virás.
É isso essencialmente a distância.
Aí preparo em cada dia especiais momentos
para a tua inexplicável chegada.

(In: Árvores de domingo. Lisboa, Livros Horizonte, 1986. Uma belíssima edição!)

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Anima vagula blandula


Pequena alma terna e flutuante/hóspede e companheira de meu corpo/ vais descer aos lugares pálidos duros nus/onde deverás renunciar aos jogos de outrora.... Assim escreveu Adriano, para o seu epitáfio, nas margens do Tibre. Este o título do primeiro capítulo de “ Memórias de Adriano”, obra maior de Marguerite Yourcenar, que vai ser adptada ao cinema por John Boorman, realizador de filmes como "Excalibur" e "The tailor of Panama", depois de uma maturação de dez anos. Rospo Pallenberg, o seu argumentista favorito irá colaborar nesta difícil adaptação. Boorman ainda procura o actor que interpretará o imperador romano. As filmagens começarão em 2009 em Espanha, Marrocos e Roma.

Sassoferrato

Giovanni Battista Salvi, chamado Sassoferrato, por ter nascido na pequena localidade Sassoferrato na região das Marcas (Itália) a 29 de Agosto de 1609, permanece no desconhecimento geral do público.

Os escassos pormenores da vida deste pintor que subsistem indicam que Sassoferrato terá iniciado os seus estudos com seu pai Tarquinio, para prosseguir em Roma e Nápoles. Um dos seus mestres terá sido Domenichino que deixou a Cidade Eterna em 1630 rumo ao Vesúvio.

Sassoferrato inspirou-se nas obras dos seus mestres preferidos, entre eles, Titian, Raffael ou Guido Reni, mas também Dürer ou van Cleve.
Vários quadros de Sassoferrato representam adaptações de motivos do século XIV, transpostos para uma pintura barroca clássica: os contornos são bem definidos, as cores dos retratos, maioritariamente os de Nossa Senhora com (ou sem) o menino, são claras, contrastando com o fundo escuro em que se inserem. As linhas acentuadas dos rostos, quase arcaicas na sua representação, conferiram, até ao século XVIII, a Sassoferrato o atributo (indevido) de “sucessor directo” de Rafael.
Muitas das 300 obras de Sassoferrato encontram-se em igrejas ou museus italianos. No Reino Unido, existe uma colecção notável em Windsor Castle.

Sassoferrato morreu a 8 de Agosto de 1685, provavelmente em Florença.




imagens: autoretrato, Galleria degli Uffizi/Florença; The Virgin in prayer, National Gallery Londres; The mystic marriage of St. Catherine, Wallace Collection/Londres

Jogos Olímpicos

A chama Olímpica está em Pequim. A fraternidade universal (no ponto de vista desportivo) recomeça. Quando a mesma chama chegou a Barcelona (8 de Outubro de 1988 - para os jogos olimpicos de 1992), ficou imortalizada por uma das mais bonitas canções, composta por Freddie Mercury e interpretada por ele e por Montserrat Caballé



ou
Barcelona - Freddie Mercury with Montserrat Caballe - Ibiza Ku Klub, Spain 1987.

Os olhos mais tristes do cinema - Sylvia Sidney


Sylvia Sidney (8 de Agosto 1901 - 1 de Julho 1999) foi uma actriz norte-americana, muito em voga nos anos 30 e com uma carreira de mais de 70 anos.

Ficou particularmente conhecida pelas suas interpretações em "Fury" (1936) de Fritz Lang e com Spencer Tracy, "Sabotage" (1936), de Alfred Hitchcock, "You Only Live Once" (1937), outra vez de Fritz Lang e contracenando com Henry Fonda, "Les Misérables" (1952) onde fez de Fantine, "Summer Wishes, Winter Dreams" (1973), onde foi nomeada para o Óscar de Melhor Actriz Secundária, e pelos papéis de avózinha em "Beetlejuice" (1988) e "Mars Attacks!" (1996). A sua carreira na televisão teve vários pontos altos, com destaque para o notável papel da avó de Aidan Quinn em "An Early Frost" (1985), que lhe valeu o Globo de Ouro para Melhor Actriz Secundária.

O livro "Flicker" (1991), de Theodore Roszak, narra o desvendar de uma conspiração em torno a um filme noir de série B esotérico, para manipulação de massas, com todos os ingredientes de seitas secretas, simbolismos inexplicados, sombras furtivas e desaparecimentos misteriosos. O realizador, um misterioso Max Castle, precisava de conseguir captar em celulóide os olhos mais tristes do cinema -- escolheu finalmente os de Sylvia Sidney...

Obrigado a Dorothy, ao Feiticeiro de Oz e aos correios de Esmeralda

O sonho realizou-se... o Feiticeiro de Oz enviou-me, de Esmeralda, conforme Dorothy tinha anunciado, no dia 31 de Julho, o cd de Wicked - o musical de Stephen Schwartz, que João Soares viu em Melbourne. Confirmo o que o João escreveu: a música é magnífica e quanto à história não vou repetir o que ele escreveu.
O mais "misterioso" foi a maneira como o cd apareceu junto do guardanapo que me foi servido, pouco antes do jantar do dia 6. Obrigado a Dorothy (e aos correios de Esmeralda) por ter(em) conseguido fazer chegar o cd ao local onde eu fui jantar.
A Dorothy continua a ser uma figura maravilhosa e com muitos poderes. Ou terá sido o feiticeiro de OZ?... Na impossibilidade de agradecer convenientemente... aqui fica o agradecimento que espero e desejo chegue à cidade maravilhosa pela estrada mais famosa da actualidade
O som do musical acompanhou o jantar.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

[Em todas as ruas te procuro...]

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco


Mário Cesariny

Como está este verão, como eu canto este verão

Wild is the wind

Love me, love me; say you do.

Let me fly away with you.

For my love is like the wind

And wild is the wind.

Give me more than one caress;

Satisfy this hungriness.

Let the wind blow through your heart,

For wild is the wind.

*You touch me;

I hear the sound of mandolins.

You kiss me,

And, with your kiss,the world begins.

You're spring to me, all things to me;

You're life itself!

Like a leaf clings to a tree,

Oh my darling, cling to me,

For we're creatures of the wind,

And wild is the wind, the wind.

Wild is my love for you.

Um clássico de 1957!

Porque é Verão...

Little Richard - Tutti Frutti

um clássico de 1955

Mata Hari


Mata Hari nasceu a 7 de Agosto de 1876 em Leeuwarden, Holanda, e foi executada a 15 de Outubro de 1917, em Vincennes, França. Tão grande era a sua fama que em 1931, quando George Fitzmaurice realizou o filme supra com Greta Garbo e Ramón Novarro, foi já a terceira rendição cinematográfica (e romanceada) da vida de Mata Hari. O filme foi um dos dez maiores êxitos de bilheteira do ano.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Fritz Wunderlich : "La Dame Blanche"

Filipe Nicolau apresentou-nos o tenor Fritz Wunderlich. Aqui fica uma ária da ópera "La dame Blanche", composta por François-Adrien Boïeldieu (1775-1834).

E mais um pequeno período balnear


E vou mais uns dias a banhos. Infelizmente não para o Taiti, esse lugar mítico por excelência onde foi tirada a foto supra, mas para bem mais perto. Família oblige.
Até já e boas férias e posts para todos.

Tchaikovsky - 1812 abertura

É em dias como o de hoje que sei dar valor a pequenos (ou grandes) nadas do passado.
Obrigado por me teres ensinado a apreciar 1812.

A verdade

A verdade é uma construção do momento... que pode não corresponder à verdade!
Cada um vê a verdade que julga ver!
Detesto injustiças.

Walt Disney : Ferdinando o touro

Aproveitando e agradecendo as indicação de João Soares aqui fica um pequeno filme, com 70 anos, que hoje é menos visto. Ganhou o Oscar para filme de Animação, curta metragem (1938). A história foi escrita por Munro Leaf e publicada em 1936, ano em que teve início a Guerra Civil Espanhola (ante-câmara da II Guerra Mundial).

Narrado por Don Wilson:


e narrado em português (como apareceu nos cinemas do Brasil e de Portugal)

Walt Disney 1922


Hoje estive entretido a ver as quatro curtas-metragens de animação (sobreviventes) feitas por Walt Disney no seu início de carreira, em 1922, para as "Laugh-O-Grams Fairy Tales". Em cenários modernos - ou seja, do início dos anos 20 -, desfilaram "O Gato das Botas" (com rei, touradas e Rodolf Vaselino no cinema), "Cinderela" (com irmãs malvadas a fumar numa suburbia norte-americana tipo Wysteria Lane), "Os Quatro Músicos de Bremen", "O Capuchinho Vermelho".

Para além dos contos de fadas, vi "Tommy Tucker's Tooth", o primeiro filme educacional de Disney, sobre higiene dentária: dois amigos, Tommy e Jimmie; Tommy segue uma higiene dentária exemplar enquanto Jimmie é descuidado e sofre os males do mundo, desde dores de dentes e cavidades, que são comparados a buracos nas meias, até não conseguir arranjar emprego - trabalho infantil! - por ser desdentado (e isso revelar falta de brio). As analogias entre lavar os dentes, varrer o chão e esfregar tachos são sensacionais.

Recuperadas recentemente pelo estúdio Inkwell Images, estas curtas-metragens estão disponíveis em DVD, contendo este ainda uma entrevista áudio de 1971 com Rudy Ising, co-responsável com Disney pela animação.

Fiquei particularmente fascinado pelas onomatopeias, os relâmpagos, a reinterpretação dos contos, o ritmo -- e o humor! Além da higiene dentária, claro!

Diego Velázquez : 6 de Agosto


Diego Velázquez, o grande pintor do então novel país - Espanha - morreu, em Madrid, a 6 de Agosto de 1660

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Mestres cantores do século XX: Fritz Wunderlich

O público do pós-guerra recorda Fritz Wunderlich como um dos maiores tenores líricos de todos os tempos. Segundo Luciano Pavarotti, Wunderlich terá sido o tenor mais destacado de toda a História. Ouvir a voz de Wunderlich significa escutar uma voz clara, natural e jovial que abrangia a extensão de duas oitavas com um equilíbrio raro.
O desaparecimento precoce e trágico pôs fim a uma carreira brilhante: em 1966, aos 35 anos apenas, Wunderlich morre na sequência de uma queda da escadaria num pequeno castelo em Obererdingen (Sul da Alemanha) onde se encontrava com amigos para seguir a sua grande paixão, a caça.

Wunderlich nasce a 26 de Setembro de 1930 em Kusel (Palatinado/Alemanha). Seu pai é maestro, sua mãe violinista. Vive uma infância difícil: após a morte do seu pai em 1935, toca acordeão em festas da sua localidade para ajudar financeiramente sua mãe e sua irmã.

Estuda canto na Escola Superior de Freiburg entre 1950 e 1955. Durante esse período, surgem os primeiros convites para interpretar Bach e Mozart, os primeiros registos sonoros datam de 1953/54.

Em 1955, integra a companhia residente da Ópera Estadual de Württemberg em Estugarda. Em 1956, numa récita da Flauta Mágica, substitui, inesperadamente, o tenor previsto para o papel de Tamino. O seu talento é descoberto, e a partir dessa noite, Wunderlich inicia uma carreira imparável.

É convidado para produções das grandes casas europeias, onde interpreta Mozart, Strauss, Rossini, Donizetti, Tschaikoswky, Mahler ou Verdi, sob a direcção dos mais conceituados maestros da época (von Karajan, Böhm) ao lado dos maiores nomes do estrelato operático (Joan Sutherland, Elisabeth Schwarzkopf, Hermann Prey, Elisabeth Grümmer, Leontyne Price ou Christa Ludwig).
Bach e o seu repertório, em particular as oratórias, acordaram da sua „hibernação“ depois de 1945, graças ao trabalho notável de Karl Richter e Wunderlich. A discografia com obras de Bach, gravadas entre 1955 e 1965, bem como de outros compositores, tais como Mozart, Beethoven, Schubert, Schumann ou Strauss, deixaram felizmente um vasto registo para a posteridade.
Entre 1960 e 1962, é membro da companhia da Ópera Estadual da Baviera em Munique, para depois se transferir para a Wiener Staatsoper.

Wunderlich foi casado com Eva Jungnitsch (harpista) com quem teve três filhos.

Fritz Wunderlich vivia o auge da sua carreira quando faleceu a 17 de Setembro de 1966. A sua estreia no Met de Nova Iorque já estava agendada.

Um misterioso manuscrito

Vai ser uma das minhas próximas leituras, este THE CURSE OF THE VOYNICH- The secret history of the World's most mysterious manuscript , publicado em 2006 pela Compelling Press. O autor, Nicholas Pelling, passou anos a estudar o Manuscrito Voynich, que é um dos mais intrigantes manuscritos conhecidos- pela origem, pelo conteúdo, pelas dificuldades colocadas a tantos níveis.

Agradeço encarecidamente ao meu amigo e companheiro de blogue Filipe Vieira Nicolau, que gentilmente me trouxe o livro de Londres numa das suas últimas visitas.

A fada verde


Absinto - É uma daquelas palavras com uma ressonância quase mágica, e neste caso a palavra coincide com o objecto, a coisa, que descreve- talvez a mais perigosa, alucinante, e intrigante bebida conhecida. Ao perscrutar há dias os saldos da FNAC, não resisti a comprar o THE DEDALUS BOOK OF ABSINTHE , da autoria de Phil Baker. É um verdadeiro manual do absinto, em que nos é revelada a origem, a história, os efeitos e o impacto desta temível bebida.
Aqui fica um excerto da introdução :
" What does absinthe mean? It is one of the strongest alcoholic drinks ever made, with an additional psychotropic potential from the wormwood it contains, but the idea of absinthe has developed a mythology all of its own. "
Efectivamente, existe uma mitologia do absinto, sem dúvida devido a alguns dos seus grandes apreciadores- Baudelaire, Musset, Rimbaud, Verlaine, Strindberg, Jarry, mas também pelo facto de ser uma bebida proibida em numerosos países, ainda hoje. Se bem que a sua outrora enorme popularidade junto da boémia perdeu passo face aos derivados da papoila ou da coca...
Declaração de interesses- Os dois maiores momentos de embriaguez que já vivi foram devidos ao absinto, o primeiro ainda na faculdade, o segundo uns anos depois. Há seguramente uma dúzia de anos que não bebo absinto, mas ainda estremeço quando vejo uma garrafa com aquele lindo líquido verde.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Sobre os palácios de Londres

Aqui está uma novidade editorial para todos os apreciadores da história da capital britânica, e em especial para quem pretende visitar os seus palácios. Dizem as recensões que li que é o mais completo livro sobre o tema. São apresentados tanto os antigos palácios como Eltham, Hampton Court ou Greenwich, como os mais recentes e conhecidos: Buckingham ou Kensington. O livro tem 300 ilustrações a cores e a introdução foi escrita pelo Príncipe de Gales.
Os autores são David Souden, Lucy Worsley e Brett Dolman. A editora é a Merrell.

O meu desporto diário...


O Kitesurf é uma recente actividade desportiva no nosso país, pelo menos só dei pelo fenómeno nos últimos dois ou três anos. Como se vê pela imagem, junta a perícia acrobática do surf ao bailado do "papagaio". Esta foi uma visão que me acompanhou diariamente na passada semana. Pelos vistos, praia com vento é uma benção para alguns...

Lisboa em Agosto


Fiz uma pausa nas férias e regressei a Lisboa. Por uns dias. Gosto de Lisboa em Agosto, ver e ouvir os turistas pela Baixa, pelo Chiado, em Belém. Uma babel de línguas a invadir os meus ouvidos e, quando são línguas que conheço, apreciar ou não os respectivos comentários.
E desfruta-se melhor a cidade, aliviada que está de alguns milhares de automóveis e das hordas de utilizadores diários.
É uma sensação curiosa ajudar alguém a orientar-se num mapa, ou prestar informações sobre determinado local de interesse e dar comigo a pensar : " Há quanto tempo não vou ao Jardim Botânico, ou à Estufa Fria, ou rever o maravilhoso Tesouro da Sé. "
Aproveitei já, imitando dezenas de turistas que o faziam, para rever a deslumbrante vista que é proporcionada pelo miradouro de S.Pedro de Alcântara, finalmente devolvido à cidade.

O escritor que lutou pela liberdade

Morreu o escritor russo Alexandre Soljenitsin. Um nome que é uma referência para os que, amantes da liberdade, tiveram a coragem de, contra a corrente bem pensante dos intelectuais do Ocidente, combater o comunismo estalinista, como cambatiam as ditaduras fascistas.
Foi a voz que denunciou a abjecta repressão, as atrocidades dos campos de concentração para onde eram atirados os opositores ao regime ou, tão só, aos seus dirigentes. “O Arquipélago do Gulag” e “ Um dia na vida de Ivan Denisovich” foram os romances que, baseados na experiência dramática do escritor, contribuíram para o alertar das consciências, na URSS e na Europa, e para o início da queda do regime soviético.
Recebeu em 1970 o Nobel da Literatura e em 2007 o Prémio do Estado Russo.

Bom tempo deste lado do canal

"Oh What a Beautiful Morning" (Richard Rodgers / Oscar Hammerstein II), interpretada por Gordon MacRae, "Oklahoma!", 1955)

La Divina in cucina : III Acto


"Maria Callas com Aristotele Onassis e amigos" (p. 84)

O livro La Divina in cucina : Il ricettario segreto di Maria Callas (Milano, Trenta Editora, 2006), continua a produzir os seus frutos. Esta noite realizou-se o 3.º Acto de uma refeição com a Divina. Para fazer crescer àgua na boca, aqui fica a ementa:

- Potage aux asperges ou creme d'Argenteuil (neste caso foram espargos selvagens) (p. 113);
- I Filetti di Sogliola Imperatrice (p. 124);
- La panna cotta (p. 85);
- Le albicocche al vino (p. 127);

Estava tudo magnifico. A Divina sabe escolher o que se come...


Maria Callas: Vissi d'arte (Puccini, Tosca, 2.º acto, Covent Garden)

domingo, 3 de agosto de 2008

Ainda Roméo et Juliette

As primeiras críticas são unânimes: Roméo et Juliette é o acontecimento desta edição do festival de Salzburgo!

As orquídeas do Jardim do Gigante Adormecido


Existe em Fiji uma montanha cujas formas faz lembrar um rosto -- os locais chamam-lhe a Montanha do Gigante Adormecido, e no seu sopé encontra-se um jardim, iniciado nos anos 70 pelo actor Raymond Burr (Perry Mason? o vizinho de "Janela Indiscreta"?).

Houve dois pontos que me chamaram a atenção: o primeiro foi o nome da montanha. O meu pai fez o reparo seco de "em Santarém também havia um monte com feições humanas - o nome que os locais lhe davam era Zé Morto." Fascinante -- mesma base de partida, um ganha o nome de "Gigante Adormecido", ou o outro, "Zé Morto"; o segundo foi a beleza natural do jardim de orquídeas belíssimas, de diferentes tipos (raças?), entre as plantas tropicais do Pacífico Sul.

Esta manhã alguém mencionou orquídeas.

Jacqueline du Pré e o "Cello Concerto in E minor, Op. 85" de Elgar

A primeira vez que me recordo de ficar marcado (a ferro quente) com a interpretação de Jacqueline du Pré do concerto para violoncelo de sir Edward Elgar foi no Verão de 2000, numa varanda de Lisboa a ver o Tejo e a ponte. A pungência do concerto (que desconhecia) fez-me lembrar a desolação de um campo pejado de mortos -- responderam-me que tinha sido composto em 1919, na sequência da Grande Guerra de 1914-1918. Jacqueline du Pré terá sido porventura uma das maiores intérpretes do concerto, na gravação de 1965 com o seu então marido, o maestro Daniel Barenboim, muito antes da esclerose múltipla ter sido diagnosticada.

Deixo-vos o primeiro movimento.


Cello Concerto in E minor, Op. 85, Edward Elgar, by Jacqueline du Pré and conducted by Daniel Barenboim

Alles Gute zum Geburtstag!

Happy birthday to my dear, beautiful goddaughter Sophie who turns 10 today!

La Divina in cucina : II Acto


Cenário do 2.º acto da Traviata (Lisboa, S. Carlos, 1958) Lisboa: Museu da Electricidade, Exposição: Maria Callas : A Exposição de Lisboa / The Lisbon Exhibition

Na sequência da visita ao Museu da Electricidade (Belém, Lisboa) - Maria Callas : A Exposição de Lisboa / The Lisbon Exhibition - M. voltou ao livro La Divina in cucina : Il ricettario segreto di Maria Callas (Milano, Trenta Editora, 2006), e organizou o 2.º Acto de uma refeição com a Divina.


Para fazer abrir o apetite aqui fica a ementa: le melanzane Ripiene [Beringela recheada] acompanhada com le zucchine gratinate al formaggio [courgetes gratinadas com queijo]; como sobremesa tivemos il dolce de ricotta e fragola [doce de requeijão e morango].
Como música de fundo tivemos algumas árias na voz de Callas.



NINA SCHENK CONDESSA DE STAUFFENBERG: uma família durante o Terceiro Reich

Nascem os filhos Berthold (1934), Heimeran (1936), Franz Ludwig (1938) e Valerie (1940). A filha mais nova, Konstanze, autora da biografia sobre Nina, viria a nascer em Janeiro de 1945, já após a morte do pai.

O meu pai era doido por crianças”, assim recorda Konstanze o depoimento dos seus irmãos sobre Claus von Stauffenberg. Carinhoso e ternurento são os atributos com que Konstanze descreve o pai. Vive-se um ambiente idílico em casa dos von Stauffenberg.

E Nina?É difícil avaliar, numa perspectiva tão distante, qual o significado verdadeiro do matrimónio para o meu pai. Que amava a minha mãe, não há dúvida. No entanto, não podemos esquecer que ele era um filho da sua época, e que conceitos, tais como o de igualdade ou emancipação, estavam longe de qualquer imaginação”.

Para a minha mãe, “amor significava também renúncia”, afirma Konstanze. Nina aceita as longas ausências do seu marido que a vida de um alto militar implica. Em contrapartida, os poucos momentos em comum são partilhados no seio da família de forma intensa e bem-vivida. Outros sacrifícios que Nina suporta são as frequentes mudanças de casa e de cidade, no seguimento de vários destacamentos de Claus. Entre 1934 e 1938, mudam-se por três vezes (Hannover, Berlim e Wuppertal).


Com efeito, Nina revela um perfil e uma autonomia muito pouco vulgares à luz dos padrões da sua geração. Frequenta concertos, lê e dedica-se à pintura. Em nada corresponde ao ideal da mulher alemã segundo a doutrina do regime. “A mulher alemã não fuma e não se pinta” – apenas um dos muitos slogans, característicos do ideal feminino dos anos 30. Nina destaca-se por uma atitude precisamente oposta: “Despreocupada..., fumava por vezes três maços de cigarro por dia, ..., e nunca saía sem bâton.”

Nina é esposa, mãe e parceira. A componente de parceira é-lhe importante: com ela, Claus comenta temas políticos da actualidade, como a estratégia de guerra de Hitler; a ela, confidencia as suas reservas em relação à política racial do regime e o seu cepticismo contra o estado nazi.

Estas reservas aumentam à medida que Claus se apercebe da dimensão da maquinaria totalitária. Os graves ferimentos que sofre no Norte de África em 1943 reforçam certamente a sua convicção de que apenas a eliminação do Führer poderá salvar a Alemanha.
Com a ajuda de outros oficiais, Claus von Stauffenberg prepara o atentado de 20 de Julho de 1944.

To be continued