Prosimetron

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sábado, 6 de março de 2010

ONDE ME APETECIA ESTAR - 30

Hoje apetecia-me voltar à Ópera de Versalhes para assistir à estreia daquela que é a mais bela colaboração de Lully e Molière: Le Bourgeois gentilhomme. A encenação é de Benjamin Lazar, e a companhia é a Poème Harmonique, precisamente a mesma que podemos ver no vídeo infra.
- Le Bourgeois gentilhomme, de 6 a 14 de Março, Opéra Royal de Versailles.

A Queda...uns anos depois.

Petr Vorel, Albert Camus

Li A Queda quando tinha os meus dezoito anos. Já lá vai muito tempo. Na altura, lembro-me que havia gostado por ter achado Camus um libertino. Hoje, a ideia é bem diferente. Continuo a gostar do livro, entre os que li, um dos melhores do autor. Porém, já não o acho libertino, pelo contrário, acho-o um homem maduro que vê a realidade crua e nua, que entende bem a dimensão humana. Um homem desesperado devido à possibilidade de morte permanente, quase nihilista (percepção que tenho) ou mesmo nihilista, graças a Nietzsche por quem fora influenciado. A Queda é mesmo o que o título indica: o declínio do homem. Denoto, nesta minha segunda leitura, amargura e uma certa diletância. Nunca li os seus estudos sobre Santo Agostinho, o que lamento, talvez quando tiver tempo o faça.
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"Que me diz? Não acha? a mais bela das paisagens negativas! Veja à esquerda, aquele monte de cinzas, a que chamam aqui duna, o dique cinzento à direita, o areal lívido a nossos pés, e à nossa frente, o mar cor de lexívia muito aguada, o vasto céu onde se reflectem as águas pálidas. Um inferno mole, de verdade! Nada mais que linhas horizontais, nenhum brilho, o espaço é incolor, a vida morta. Não será a anulação universal, o nada sensível aos nossos olhos? Nenhum ser humano, sobretudo, nenhum ser humano. O senhor e eu apenas, ante o planeta enfim deserto! Vive o céu? Tem razão, caro amigo. Adensa-se, depois aprofunda-se, abre-se em escadarias de ar, fecha portas de nuvens. São as pombas. (...)"
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Albert Camus, A Queda, Lisboa: Edição Livros do Brasil, sd, p 111.
Apontamento escolhi o texto menos polémico porque este livro é duro de roer.

Coisas do Inferno ... - 9

Ora aqui está uma "coisa infernal" bem recente: o videojogo Dante's Inferno que adapta a Divina Comédia. É uma edição da Electronic Arts Games e tem blogue e tudo.

Amar é complicado...

Esta clássica Since I fell for you, escrita em 1945 por Buddy Johnson e interpretada pela irmã deste, Ella Johnson, foi objecto de várias versões ao longo das décadas seguintes, de Nina Simone a Barbra Streisand, e foi também gravada por Gladys Knight- e é a bela versão de Gladys que faz parte da banda-sonora de Amar É Complicado. Já que não foi possível obter um vídeo da versão em causa, escolhi esta interpretação por Dusty Springfield.

«A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos não é o que vemos, senão o que somos.»
Bernardo Soares

Dia 10, no Campo Pequeno

Um triplo retrato (8) um pouco diferente


Triplo retrato de Crimson
Cynthia Marke

Novidades - 120 : Dos paraísos fiscais...

Este mais recente livro de Xavier Harel, jornalista do diário económico francês La Tribune, aborda a "matéria negra" da economia globalizada: os paraísos fiscais, cerca de 70 territórios espalhados pelo mundo ( à excepção de África, creio eu ) para onde é canalizada uma cada vez maior percentagem da riqueza mundial, designadamente para evitar o pagamento de impostos nos estados onde essa riqueza foi gerada.É certo que existem há muito, mas nunca como hoje foram depositários de tanta riqueza, especialmente proveniente de fontes lícitas.
Há estados europeus cada vez mais empenhados em lutar contra este estado de coisas, é o que temos visto com a Alemanha e com a França de Sarkozy, mas um combate verdadeiramente eficaz pressuporia o esforço combinado de muitos e muitos estados...

Está quase...

Com toda a informação aqui : http://www.oscars.org/

A cigarra e a formiga?

Se o governo grego está debaixo de fogo na frente interna como todos os dias vemos e lemos, também na frente externa o panorama é difícil com uma escalada verbal por parte da Alemanha como não tenho memória de alguma vez ter visto entre dois estados aliados. Dos jornais aos políticos, os alemães têm dito da Grécia e dos gregos coisas bastante desagradáveis, recusando-se Angela Merkel a emprestar mais dinheiro alemão e pressionando a União Europeia no mesmo sentido.
E as "soluções " propostas por alguns alemães para ajudar a Grécia roçam quase o insulto: o Bild tinha há dois dias na capa esta "sugestão": Querem dinheiro? Dêem-nos Corfu. Realmente, quem não quereria receber a bela ilha grega que vemos na foto supra mas seria a mesma coisa que nos dizerem que vendessemos Porto Santo para amortizar o défice externo... E alguns deputados mais radicais até sugeriram a venda da Acrópole...

Curiosamente, a "provocação da venda das ilhas" não é inteiramente destituída de sentido já que o governo grego tem mesmo à venda algumas pequenas ilhas sendo bastante provável que sejam incluídas mais algumas das 220 ilhas desabitadas que pertencem à Grécia- o britânico Daily Mail até sugere no pequeno artigo supra algumas-, país que não tem realmente falta delas- são 6.000, embora de dimensões muito variáveis.

1958 : The Everly Brothers

Quando eu era mais novito usava-se a designação " música para receber abono de família" relativamente a certas canções e penso que não é necessário explicar o porquê. Esta All I have to do is dream que os The Everly Brothers gravaram a 6 de Março de 1958 deve ter custado a muitos países muito abono de família...
Este vídeo é de uma actuação televisiva em 1961e traz um bónus: um tema novo- Cathy's clown.


Março ou Maio?


Em recente roda de amigos abordou-se ( já é habitual quando há nativos do mês presentes...) o tópico de Março ser o mês dos burros. Nunca tinha aprofundado a questão, e mesmo agora foi só perfunctoriamente, mas ao procurar uma explicação deparei-me com um ponto prévio: em algumas regiões do país parece que Maio é que é o mês deles. Diversidade fundada em dois costumes: os burros eram tosquiados em Março, mas vendidos nas feiras em Maio.
No âmbito desta "pesquisa" encontrei foi um sítio onde tudo o que diga respeito aos ditos animais é abundantemente tratado: http://www.burricadas.org/, pertencente à Associação de Preservação do Burro.

A. S. : Escolhas Pessoais XX

Juan Ramón Jimenez


Retrato de Jimenez por Sorolla

O que talvez melhor sintetize a poesia de Juan Ramón Jimenez (1881-1958) é a sua constante evolução e aperfeiçoamento, ao longo da vida do poeta. Ou uma ascese até “Dios Deseado y Deseante”- seu último conjunto de poemas. Mas desenganemo-nos, porque Jimenez não é um poeta religioso. Das suas “…três vocações declaradas – a mulher, a obra, a morte” – como ele referiu, Deus está arredado. Ou é apenas um símbolo e um motivo irradiante. Muito mais despojado e imaterial do que o foi na poesia de S. Juan de la Cruz e Sta. Teresa de Ávila. O misticismo de Juan Ramón Jimenez é um misticismo laico ( um pouco à maneira de José Régio) e descarnado (“Raízes e asas. Mas que as asas ganhem raízes / e as raízes voem.”). De um rigor e austeridade extremos, o sentido crítico do Poeta exerce-se implacavelmente em tudo aquilo que escreveu e, incessantemente, corrigiu em sucessivas antologias que foi publicando. A sua preocupação sempre foi atingir o “essencial” ( evitando os “borradores silvestres” juvenis) ou, para usar ainda palavras dele: “Bendito el llamado defecto, que no lo es, y que nos salva de la odiosa perfección” e “Ningún dia sin romper un papel…Mi mejor obra es mi constante arrependimiento de mi Obra”. Não se pense, no entanto, que a sua obra é seca e árida: estão aí “Platero y yo” (1914) e “Diário de un Poeta Reciencasado” de 1916 para provar o contrário e mostrar a capacidade do seu humor e ironia nos comentários, bem dispostos, que faz aos Estados Unidos da América – no último dos livros referidos. Porque os seus derradeiros livros são mais complexos e interagem no seu todo, através duma longa respiração de leitura – a exemplo das obras de Saint-John Perse, ou algum Eliot – privilegiei a tradução de poemas mais curtos do início da maturidade de Juan Ramón Jimenez, onde o lirismo tem um papel preponderante.

TU

Passam todas verdes, rubras…
Tu estás mais além, branca.
Todas barulhentas, ácidas…
Tu estás mais além, plácida.
Passam manhosas, levianas…
Tu estás mais além, casta.


Quadro de Picasso

A sua musa principal identificou-se, a partir do casamento (1916), com a mulher Zenobia Camprubi (1887-1956) que, quando J. R. Jimenez recebeu a notícia do Nobel, em 1956, já se encontrava moribunda e viria a falecer poucos dias depois. O Poeta na altura disse: “…el Premio Nobel me apena profundamente. Yo cuanto a mí, no tengo nada que decir”. Seguem-se dois anos de viuvez e recolhimento em Porto Rico, onde habitava havia tempo, num estado depressivo acentuado que estava já longe da plenitude e beleza lírica que produziram, por exemplo:

LUA CHEIA

A porta está aberta;
O grilo cantando.
Andarás tu nua
Pelo campo?
Como que água eterna
Por tudo entra e sai.
Andarás tu nua
Pelo ar?
A segurelha não dorme,
A formiga trabalha.
Andarás tu nua
Pela casa?

Era a altura de acabar a obra. Ou como ele disse, e para sempre, em “O Poema”: “Não lhe toques mais / porque é assim a rosa!”.

P. S. : A JAD, pela atenção e gentileza. Com amizade.

Post de Alberto Soares

Dos almanaques - 10


http://www.visualstatistics.net/East-West/Enhanced%20Reality/Anatole%20France.jpg

«Para digerir o saber, é preciso tê-lo ingerido com apetite.»
Anatole France

O laço branco...

Ontem fui ver O Laço Branco, de Michael Heneke, já aqui falado no blogue pelo Filipe. Saí do cinema com uma sensação de vazio. Vazio no sentido em que a beleza fotográfica do filme contrasta com a maldade e perversidade de um conjunto de pessoas: crianças e adultos.
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Não conheço a realidade alemã do início do século XX com profundidade para avaliar esta narrativa. Porém, a dimensão humana, vida/morte, poder/servidão, amor/ódio são muito bem retratados pelos realizador e argumentista.

De costas voltadas estas crianças agrupam-se em torno do inexplicável. A inocência revelada pela presença do laço branco está longe da pureza idealizada, ela é uma imposição de um protestantismo puritano. O ódio, a malícia, a hipocrisia e a inveja contracenam com a generosidade de um menino/inocência.
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O filme foca a condição do ser humano com tudo o que de bom e de mau encerra. Tem uma excelente fotografia, reflecte a beleza do preto e branco e uma tranquilidade aparente.
Apesar de sair vazia da sala do cinema gostei muito desta película.
Obrigada Filipe.

Janis Joplin ...mais uma vez

Saudades do Verão e do Sol.

sexta-feira, 5 de março de 2010

PENSAMENTO DO DIA

Combien de gens sont morts dans la mémoire colective simplement parce que le dictionnaire ne les mentionnait plus?

- Jean Tulard

Todos conhecemos este fenómeno: pegue-se num dicionário enciclopédico de há uns anos e compare-se com um recente- quantos nomes foram suprimidos? A dinâmica dos dicionários vai afastando da memória dos povos os/as que foram grandes ( mais se calhar os medianos... ) nas gerações anteriores.

Citações - 67: Grafar a divindade

Respondendo a alguma celeuma sobre como falar de Deus, a Alexandra Lucas Coelho escreveu hoje na sua coluna habitual no Público um texto de que passo a citar um excerto:

(...) Ao escrever deus não estou a desrespeitar os crentes, nem a diminuir o Deus de quem acredita que Deus existe. Respeito os crentes-e naturalmente invejo-lhes a crença na vida eterna-, na exacta medida em que espero que respeitem o meu direito a não acreditar em deus, a deus ser para mim apenas um substantivo abstracto. Será próprio das sociedades laicas que a igualdade de crentes e não-crentes exista. Assim sendo, tal como o leitor não se reconhece no meu uso da minúscula para deus, e está no seu direito, eu não me reconheço na afirmação totalitária de Deus com maiúscula- como se a existência de Deus fosse, no fundo, no fundo, inquestionável, e a presença dos ateus apenas tolerada desde que não afrontem a norma dos crentes. (...)

Mais Eddy Grant

Aqui há dias foi o I don't wanna dance, hoje trago esta Electric Avenue para assinalar os 62 anos que Eddy Grant festeja neste dia.

Triplo retrato (7)

Dorothy H. Fisher
Hugh (2005)
Colecção Particular

Não consegui encontrar referências precisas sobre a jovem (?) pintora. Julgo trata-se de um quadro de começo de carreia. Mas preferi colocar o quadro a ignorá-lo.

Coralie

Não ofereço bolo de chocolate ( até porque é demasiado cedo para estar ganzado - esta é uma private joke meramente cinéfila, nada de confusões! ), mas sim a bela voz da Coralie Clément neste tema que faz parte da banda sonora de Amar É Complicado que vi ontem à noite e adorei- há muito tempo que não ria tanto.



ONDE ME APETECIA ESTAR- 29 : Pink Sand Beach

Começo a estar farto, citando o nosso João Mattos e Silva, deste "insuportável Inverno"- chuva tem que haver, mas isto começa a ser demais. Como já devem ter percebido os frequentadores deste blogue, eu gosto de ilhas em geral e com praias paradisíacas em particular- se calhar não é muito original, mas faz parte do meu imaginário. A minha "alternativa" a este excesso de invernia que vivemos seria esta Pink Sand Beach em Harbor Island, Baamas. O mar quente das Caraíbas, acompanhado por esta exótica areia cor-de-rosa que dá o nome à praia- uma curiosidade geológica que os peritos saberão explicar certamente.

E convenhamos que uma praia onde de vez em quando os cavalos vêm dar um ar da sua graça é também fora do comum, pelo menos para os lusitanos.


Os mais interessados ( e se calhar mais abonados...) poderão espreitar este sítio que fornece informações sobre a ilha Harbor ( ou Harbour, conforme as grafias sejam norte-americana ou britânica ).


A pequena ilha das praias cor de rosa fica junto da ilha Eleuthera.




Dos almanaques - 9


«Um tolo sabedor é mais tolo do que um tolo ignorante.»
Molière

Poemas Zen

Após o post de MR, com os versos de Herberto Helder, e depois de ter visto Alice no País das Maravilhas, deixo a minha escolha:

Se tirares água, pensarás que as montanhas se movem;
se levantares o véu, verás a fuga das falésias.

***

As colinas são azuis por elas mesmas;
por elas mesmas, brancas são as nuvens.

***
Os rochedos levantam-se no céu,
o fogo brilha no fundo das águas.

Herberto Helder, Poesia Toda, Lisboa: Assírio & Alvim, 1981, p.260 e 261

Quem quer uma fatia?...


http://www.salan.org.br/images/74932.jpg
Depois de ver Amar... é complicado.

"Pedras que jogam " 2.

Para finalizar a viagem aos jogos de pedra resta só focar mais dois jogos: o Ludus Latrunculorum ou Jogo do Soldado e a Tabula.

Do primeiro temos este painel da Igreja de Nossa Senhora da Graça. O Jogo do Soldado surge referido pela primeira vez por Varrão (116-27 a.C), sendo o jogo no entanto mais antigo.Ovídio(43 a.C-17/18 d.C) também o menciona, referindo que as peças poderiam ser feitas de vidro de várias cores. O jogo foi muito popular entre os soldados, daí o seu nome, foi levado a todos os pontos do Império. É um jogo de estratégia militar, o tabuleiro é o campo de batalha.
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Jogo do Soldado
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O Jogo da Tabula foi um jogo muito popular nos primeiros anos do Império Romano e terá tido origem no Duodecim Scripta ou Jogo dos Doze em Linha. Segundo se conta "o Imperador Cláudio (41 a.C-54) tinha um tabuleiro cravado na sua carruagem para poder jogar durante as suas viagens
e o Imperador Nero ( 54-68) era também um grande entusiasta deste jogo. O tabuleiro da Tabula era dividido em 24 espaços distribuídos por duas filas. Parece que o actual Gamão nasceu a partir deste jogo.
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Jogo da Tabula
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Espero não ter sido maçadora nem muito periférica!

Alice no Pais das Maravilhas!

Vi o filme de Alice... e deliciei-me. Não é totalmente fiel à história mas é fantástico. Tirava-lhe apenas um...dois apontamentos que acho desnecessários, mas enfim, é a opção do realizador. Johnny Depp foi magnífico como sempre. Mia Wasikowska, Alice, entregou-se de forma excelente ao papel. Irei vê-lo outra vez. Também me deu vontade de reler a história porque uma só leitura do absurdo e da lógica caótica não é perceptível.
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Alice No País das Maravilhas, no Harrods, Londres


quinta-feira, 4 de março de 2010

Quem olha para o umbigo, não vê o corpo inteiro!

Não sei se o "ditado" existe... mas se não existe passa a existir!
Vem isto a propósito das notícias que correm acerca da visita de Jaboc Zuma ao palácio de Buckingam, em Londres, e das condições impostas. Só levar uma das suas mulheres.
Mesmo assim houve manifestações e protesto nas ruas por causa da sua poligamia. Mas o que é que a Inglaterra tem de dar opinião ou manifestar-se acerca da vida privada do presidente da África do Sul! É crime na África do Sul? É alguma doença?
Bons velhos tempos aqueles em que a Argentina ignorou a Inglaterra porque esta não recebeu Evita!
Bons velhos tempos aqueles em que Sá Carneiro recusou visitar oficialmente a Inglaterra porque esta não aceitava a forma da sua vida, a sua forma de ser feliz!
Por cá também se tentou fazer algo semelhante com o Presidente Sampaio... mas este teve t.....s (desculpem o desabafo)!

Dado que Alice estreou hoje

PENSAMENTO DO DIA


O amor é a resposta. Mas enquanto esperamos a resposta, o sexo coloca novas questões...
- Woody Allen

Vem aí...



Entre 13 e 16 de Maio
Coliseu dos Recreios, Lisboa

Béjart Ballet Lausanne regressa a Lisboa com Ballet for Life, uma coreografia original de Maurice Béjart, de 1997, com o título "Le Presbytère n'a rien rerdu de son charme ni le jardin de son éclat". Inspirado nas vidas e mortes prematuras de Freddy Mercury e do bailarino Jorge Donn, Ballet for Life não assenta numa visão derrotista da morte, mas antes na mais vívida expressão de optimismo e esperança. Descrita pelo autor como um "hino à juventude", a obra, cujos figurinos são assinados por Gianni Versace, conta com a fusão da música dos Queen e Mozart.

Leituras no Metro - 10


Este livro estava há bastante tempo numa das pilhas que tenho para ler. Julien Green (1900-1998), um americano nascido e falecido em Paris e que toda a sua vida, salvo o período da II Guerra, viveu nessa cidade, escreveu este livro em 1991. Desde ontem, faz-me companhia no Metro.
«Como qualquer parisiense de gema, aborreço-me no campo, o que não me impede em certas ocasiões de sentir um desejo violento de me deitar na relva e de respirar os agradáveis odores da terra, estando pronto ao fim de um quarto de hora para voltar a desejar as minhas ruas e as minhas lojas.»
Julien Green
In: Paris / trad. Carlos Vaz Marques. Lisboa: Tinta-da-China, 2008, p. 26

Em Coimbra

Hoje a Universidade de Coimbra inaugura uma exposição e uma série de palestras dedicadas às Mulheres na Arquitectura.
Helena Roseta foi a primeira palestrante ao iniciar a abertura do colóquio, pelas 10:30 horas, com o tema: "As Mulheres e a Cidade"






Dos almanaques - 8

«Os que sempre trepam são os únicos que não caem nunca.»
François Guizot

Será?

Como se falou nele aqui vai mais uma ilustração do meu agrado.

Norman Rockwell, O Doutor e a Boneca, 1929


Pintura de Rockwell para o The Saturday Evening Post, publicado a
29 de Março de 1929

Biografias, autobiografias e afins - 67

Esta biografia de Norman Rockwell debruça-se bastante ( daí o título Behind the camera ) sobre o processo criativo do grande ilustrador e pintor norte-americano, mais complexo do que se possa pensar e baseado na forma artística por excelência do séc.XX: a fotografia. Aliás, a própria capa do livro mostra como Rockwell transformava o suporte fotográfico em ilustração.

- Norman Rockwell. Behind the camera, Ron Schick, Little Brown and Company, Novembro de 2009.


Ainda sobre Rockwell, aproveito para divulgar a nova secção ( ProjectNorman ) do sítio do Norman Rockwell Museum onde estão disponíveis cerca de 18.000 fotografias de que Rockwell se serviu para as suas criações:http://www.nrm.org/

Homenagem do Google a Vivaldi


1967: The Rolling Stones

Com esta Ruby Tuesday os Stones lideravam os tops a 4 de Março de 1967.

Da minha biblioteca - 5

Este volume editado na muito interessante colecção Figuras Míticas da Pergaminho há já 10 anos ( data a primeira edição, a que tenho, do ano 2000 ) reúne cinco ensaios sobre a imortal criação de Lewis Carroll que abrangem vários tópicos: a história da ilustração dos livros, a "geografia" do País das Maravilhas, a criança vitoriana e last but not least a relação de Carroll com a fotografia. É do ensaio que aborda esta última temática ( Novas madonas a inventar: Alice na câmara clara ), escrito pelo filósofo e historiador da cultura alemão Michael Wetzel, que provém o trecho que se segue, ilustrado por uma das mais fascinantes ( e perturbantes ) fotografias que Lewis Carroll tirou a Alice Lidell.




(...) Esta história dum apaixonado repelido, que tem que travar conhecimento com toda a família da jovem antes de se encontrar a sós com ela para lhe tirar a fotografia, pode ser tida como a imagem do próprio Carroll fotógrafo. Porque também ele perseguia um nome, o de Alice. Certamente que, de início, era uma menina real, Alice «Pleasence» Liddell, que lhe proporcionava, como é referido num jogo de palavras, o « prazer da vida». E isso tinha justamente começado por um contacto através da lente do aparelho fotográfico, apenas alguns meses após a estreia fotográfica de Carroll. Estamos, portanto, ante uma paixão óptica, que acaba com cartas de amor queimadas, placas fotográficas quebradas, páginas de diário rasgadas e, mesmo em 1880, por ocasião do casamento de Alice- com quem já não tinha relações há muito tempo- com o súbito e inexplicável abandono da fotografia. A censura vitoriana, proibindo a Carroll o «droit de regard», tinha acabado por contaminar o país das maravilhas fotográficas, não deixando senão a ferida aberta dum amor não-consumado e impossível- mas também os dois contos que fizeram da menina um mito.

(...)
esta paixão óptica é duma tal intensidade que os retratos que dela resultam ultrapassam de muito longe a menina real, na sua beleza piegas. Alice Liddell, que tinha quatro anos e meioquando Carroll a descobriu, em companhia das suas duas irmãs, Lorina e Edith, nos jardins do colégio, rapidamente se torna o seu modelo preferido, ainda que, ao longo da sua vida de fotógrafo, ele tivesse fotografado centenas de outras meninas. O facto é que, mais do que qualquer outra, Alice incarna esse ideal erótico do qual Carroll se fez mitógrafo; não é apenas a delicadeza dos seus retratos que marca, mas também o seu extraordinário erotismo, a sua capacidade de suscitar os fantasmas de quantos os contemplam. Brassaï, comentando o retrato de Alice como jovem mendiga, escreve:

Alice, de pé, diante duma parede sórdida, pernas e pés desnudados, olha-nos com grande tristeza. A camisa está rasgada, arrancada, em farrapos, o corpo desnudado, como se tivesse acabado de sofrer uma violação.

Escritores em Coimbra



Hoje, em Coimbra, são dois: a Luísa Ducla Soares, daqui a meia-hora na Casa Municipal da Cultura, e o António Lobo Antunes, às 17h30, na livraria Almedina Estádio. São conversas com os leitores.

Triplo retrato (6)

Maurice Denis (1870-1943)
Marta (1892)
Óleo sobre tela 37 x 45 cm.
Saint-Germain-en-Laye, Musée Départemental du Prieuré.

Dado que se falou de Herberto Hélder...

Pedem tanto a quem ama:
pedem o amor. Ainda pedem
a solidão e a loucura.


Herberto Hélder

As figuras de ontem





Por razões que para aqui não interessam, vi ontem bastante televisão, designadamente os canais noticiosos. E fiquei agradavelmente surpreendido com este trio que elegi como figuras do dia. Freitas do Amaral ,porque prestou um depoimento de alto nível na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a Fundação das Comunicações Móveis, mostrando que está em boa forma; Manuela Moura Guedes na Comissão de Ética do Parlamento armou tal sururu que o seu depoimento ( que envolveu desde a agora famosa Inspectora Alice
da P.J. de Setúbal até ao Rei de Espanha...) já deu origem a intenções de processos judiciais e o diabo a sete- espero que a dra.Manuela tenha provas que sustentem o que disse senão prevejo avultadas indemnizações...; finalmente o Dr.Balsemão, na mesma comissão, prestou um depoimento que começou logo por um cenário de 10 pontos que entupiu toda a gente. Não há de demorar que venha a estar no YouTube.

Viva Timor-Leste!


- Temporal na Madeira, foto de Gregório Cunha.


Estamos a assistir à maior bofetada de luva branca política dos últimos anos. Falo de quê? Da verba de 550.000 euros oferecida por Timor-Leste para a reconstrução da Madeira. Passo a explicar : aquando da independência de Timor, e perante o estado calamitoso em que os indonésios deixaram o território, foi desencadeada uma vaga de solidariedade internacional que canalizou, desde logo pela República Portuguesa, verbas para a reconstrução do novo país, passe a aparente contradição. Mas houve um mau "gaulês", precisamente o Dr.Alberto João Jardim que impediu que os madeirenses contribuíssem para Timor-Leste e ameaçou António Guterres, o PM de então, de que "nem pensasse em desviar um tostão dos dinheiros da Madeira para Timor". E realmente a Madeira não contribuiu para a reconstrução de Timor-Leste.
Foi pois com enorme satisfação que vi este gesto do Estado Timorense para com a Madeira. Espero que o Dr.Jardim tenha engolido em seco.

Homenagem a Vivaldi!

Após o post de João Mattos e Silva deixo também aqui a minha homenagem.

António Vivaldi neste insuportável Inverno

Neste dia nasceu em Veneza, em 1678, o grande compositor do barroco italiano


Inverno das Quatro Estações
violinista Nigel Kennedy

"Pedras que Jogam"... 1

No Centro Cultural de Ferreira do Zêzere está uma exposição organizada em parceria com: a Escola Básica e Secundária Pedro Ferreiro: Departamento de Matemática; a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa; o Museu da Cidade de Lisboa e a Câmara Municipal de Lisboa, intitulada "Pedras que Jogam".
Escolhi alguns dos painéis. A exposição cativou-me porque vi "tabuleiros" de jogos de estratégia encontrados em locais sagrados e profanos ao longo da História.
Do catálogo retirei este pensamento:
"No Manuscrito intitulado Libros de Ajedrez, Dados, y Tablas, encomendado por Afonso X no século XIII, defende-se queDeus quis que os homens fossem naturalmente alegres."
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Na Anta de Pendilhe, Sever de Vouga, foi encontrado o jogo do moinho, gravado na face superior da tampa do dólmen. O jogo é composto por três quadrados inscritos. Não há dados concludentes quanto à cronologia, no entanto alguns autores consideram que a inscrição do tabuleiro é medieval.
No Templo Romano, em Évora foi encontrado um tabuleiro com o jogo do moinho no embasamento do templo.

No Museu da Cidade de Lisboa encontra-se o jogo do alquerque dos doze, numa tampa de um sarcófago de época romana proveniente do Castelo de S. Jorge.

Fotografia do jogo alquerque dos doze



Na Sé de Lisboa foram encontrados dois jogos situados na parte superior das anteparas do claustro entre dois vãos de arcos: o jogo do moinho e o alquerque dos doze.


Fotogarfia do jogo do moinho.
Jogo do Moinho - engloba todo um conjunto de jogos de tabuleiro que se caracterizam pelo mesmo objectivo:colocar três peças em linha numa mesma fila. Conhecido desde o tempo da Grécia e dos comerciantes Fenícios, é atribuída a estes últimos a sua difusão pela zona mediterrânica.

Jogo o Alquerque - é também um dos jogos mais antigos. Os primeiros testemunhos remontam, tal como o jogo do moinho, ao antigo Egipto. Foi introduzido na Península Ibérica pelos muçulmanos, no século VIII.

Desculpem a extensão do post. As notas foram retiradas do catálogo da exposição.