Este filme passa amanhã, dia 3, às 21h30.
«Ao morrer no passado dia 11 de Janeiro, dois meses antes de completar noventa anos, Eric Rohmer deixou uma das obras mais coerentes e inteligentes de toda a história do cinema. E também muito variada, pois paralelamente às ficções que o tornaram célebre, Rohmer realizou diversos filmes educativos para a televisão. De origem alsaciana, nasceu em Tulle, no centro da França, com o nome de Maurice Schérer e diz-se que adoptou o pseudónimo de Eric Rohmer para que a mãe não soubesse que ele fazia cinema, alterando também o seu lugar de nascimento, que nas suas biografias oficiais passou a ser Nancy. Diz-se também que proibiu que fossem publicadas fotografias suas enquanto a mãe vivesse. Com Godard, Truffaut, Rivette e Chabrol, todos cerca de dez anos mais novos do que ele, Rohmer foi um dos cinco nomes que revolucionou a crítica de cinema nos anos 50, nos Cahiers du Cinéma, onde continuaria a ter um papel fundamental e discreto durante muitos anos. Com os seus companheiros, também contribuiria para revolucionar o cinema, no seio da Nouvelle Vague. Como crítico, foi o mais teórico e literário do grupo. Como realizador, surgiu em 1959, no mesmo ano que Godard e Truffaut, mas só alcançaria a consagração dez anos mais tarde, com Ma nuit chez Maud, já perto dos cinquenta anos. Em 1962, decidiu realizar uma série de seis filmes, a que chamou Seis contos morais, sobre o mesmo tema, o que mostra a que ponto a sua arte é metódica e racional: “O narrador busca uma mulher e encontra outra, que monopoliza a sua atenção, até ao momento em que volta a encontrar a primeira”. Em todos estes filmes, Rohmer utiliza luz e cenários naturais e os diálogos, sempre num francês impecável e elegante, são abundantes e fundamentais, porque “na vida real, quando alguma coisa se passa, é sempre através da palavra”. Depois dos Contos morais, Rohmer programou mais duas séries de filmes: as Comédias e Provérbios (sem número preestabelecido, mas também foram em número de seis) e Os contos das quatro estações, fazendo diversas incursões a outros tipos de cinema: Die Marquise von O, Perceval Le Gallois, A Inglesa e o Duque. Rohmer, que sempre trabalhou de modo independente dos grandes produtores, recusou-se a instalar-se numa perfeição rotineira. O seu cinema, aparentemente simples, é extremamente elaborado. Na homenagem que lhe prestamos, apresentamos a sua longa-metragem de estreia, Le Signe du Lion; a totalidade dos Seis contos morais, por terem sido concebidos como um bloco; uma das Comédias e Provérbios; obras “anómalas”, como Die Marquise von O e Perceval Le Gallois ou que não pertencem a nenhuma “série” (L’Arbre, le Maire et la Médiathèque e Quatre aventures de Reinette et Mirabelle); e algumas curtas-metragens e obras raras, feitas para a televisão. Deste modo, poderemos apreciar a coerência e a variedade da obra deste nome maior da arte cinematográfica.»
Algumas destas obras nunca foram exibidas em Portugal.
O ciclo decorre entre amanhã, dia 3 e dia 31 de Março.
Consulte a programação em: http://www.cinemateca.pt/programacao.asp
2 comentários:
É um dos realizadores emblemáticos,para mim, sobretudo pelos ambientes e diálogos. Não conhecia este filme que parece ter sido a primeira longa metragem de Rohmer. Curiosamente, nos apontamentos biográficos, há 2 datas de nascimento: 20 de Março (ainda Peixes, como a Alice Vieira)e 4 de Abril (Carneiro, quase como Copolla). Pelo que dele conheço acho que é mesmo do signo Peixes.
Obrigado.
Vi ontem o programa e talvez aproveite para ver alguns filmes dele que não vi.
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