Prosimetron
sábado, 16 de janeiro de 2010
E querem correr com este...
Assumiu-se
Música nova
Do top da melancolia...
O chá das cinco - 1
O meu serão de ontem - 5
Imperdível em Paris
Cinenovidades - 95 : Gainsbourg em filme
Citações - 57 : A memória da fome
Qui a souffert de la faim une seule fois dans sa vie s' en souvient jusqu'à son dernier jour.
- Françoise d' Aubigné
Françoise d' Aubigné, mais conhecida na História como Madame de Maintenon, último amor e segunda mulher ( ainda que mercê de um casamento secreto ) do Rei-Sol, sabia do que falava: aos 12 anos já órfã de pai ( este ex-governador de uma ilha caribenha caído em desgraça) chega a mendigar nas ruas de La Rochelle até que é colocada num convento graças ao apoio de uma tia, Madame de Neuillant. Os anos dourados de Versalhes vieram muito depois.
2010 : Ano Internacional da Biodiversidade
No que respeita a Portugal, podemos congratular-nos com o que tem sido feito relativamente ao lince ibérico: já existem 16 animais no Centro de Reprodução em Cativeiro, em Silves, e começará em breve mais uma campanha de reprodução com a participação de um centro espanhol para evitar perigosas consaguinidades.
Espero ir ver os linces de Silves em breve.
Biografias, autobiografias e afins - 59
Os meus sítios - 5
1909
Cinenovidades - 94 : Invictus
Istambul 2010
Teremos acesso à tradução portuguesa em Fevereiro, pela mão da Presença.
À volta de "Baroja".
http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/5641.pdf
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Jogos heráldicos
Satisfazendo, nos limites do ora possível, a curiosidade de MR e de Miss Tolstoi.
Almoço em Cantão
Um quadro por dia - 37
Até se pode dizer que Christophe foi modesto na titulatura, embora não tenha sido modesto na construção: mandou erigir 8 palácios e 6 castelos, com a nota curiosa de um dos palácios se chamar Sans-Souci e outro ser o Palácio das 365 Portas, o que estimula realmente a imaginação.
Agora a minha curiosidade é outra: Será que há algum prosimetronista candidato à compra do Armorial Haitiano ? ...
1971 : George Harrison
Bom dia, Miss Tolstoi!
A. S.: Escolhas Pessoais XIV
Retrato de Drummond de Andrade, por Portinari
Carlos Flávio Drummond de Andrade (1902-1987) é conhecido, sobretudo, como um dos grandes poetas brasileiros do séc. XX, mas foi também um contista notável - “Contos de Aprendiz”- e autor de crónicas memoráveis.
Homem, aparentemente, simples, mas de grande sabedoria poética (“Não faças versos sobre acontecimentos […] Penetra fundamente no reino das palavras”), autor de poemas de grande dramatismo expressivo (“A morte do Leiteiro”, “Caso do Vestido” e “Desaparecimento de Luísa Porto”) que alternam, inesperados, com versos de intenso humor negro:
A SANTA
Sem nariz e fazia milagres.
Levávamos alimentos esmolas
Deixávamos tudo na porta
Petrificados.
Por que Deus é horrendo em seu amor?
Os seus contos, de saboroso humor minimalista, articulam de uma forma analítica o espanto provinciano (Itabira, onde nasceu) perante a ”perfeição” citadina (Belo Horizonte, para onde foi estudar) – vista pelos olhos de uma criança -, por exemplo em “O Sorvete”; ou dão lugar aos sentimentos infantis, extremados, na sua pureza original (“Salvação da Alma”). Mas a seriedade do tom destas pequenas narrativas, com o seu inesperado final, faz lembrar um menino sisudo, educado e compenetrado dos seus deveres (e não esqueçamos que Drummond foi um eficiente e cumpridor funcionário público …) que, quando menos se espera faz uma malandrice… Este humor, por vezes ácido, é também uma herança do “modernismo brasileiro” que Manuel Bandeira, por exemplo, conservou até ao fim.
Carlos Drummond de Andrade foi também um tradutor exemplar de autores franceses: Laclos, Moliére, Balzac, Proust e Mauriac. E Lorca. Os seus versos que, às vezes, parecem excessivamente prosaicos, têm uma musicalidade muito própria e chegaram (algumas composições) a ser musicadas por Vila-Lobos: “Viagem de Família” e “Cantiga do Viúvo”.
A preocupação social, a solidão (“Nesta cidade do Rio, / de dois milhões de habitantes, / estou sozinho no quarto, / estou sozinho na América…”) e o amor, quer na sua fase inicial - mais optimista -, quer na final, com notas mais dramáticas (“Deus me deu um amor no tempo da madureza, / quando os frutos ou não são colhidos ou sabem a verme…”), para lá dum cristianismo discreto, mas muito presente, são temas estruturantes na sua obra. Lapidarmente, Otto Maria Carpeaux disse que a obra poética de Drummond era um “acordo raro de certa ingenuidade rústica com a mais rigorosa disciplina intelectual.”Desenho de A. Rodin
De Carlos Drummond de Andrade escolhi:
O QUARTO EM DESORDEM
Na curva perigosa dos cinquenta
Derrapei neste amor. Que dor! que pétala
Sensível e secreta me atormenta
E me provoca à síntese da flor
Que não sabe como é feita: amor,
Na quinta essência da palavra, e mudo
De natural silêncio já não cabe
em tanto gesto de colher e amar
a nuvem que de ambígua se dilui
nesse objecto mais vago do que nuvem
e mais defeso, corpo! corpo, corpo,
verdade tão final, sede tão vária,
e esse cavalo solto pela cama,
Post de Alberto Soares.
Uma boa surpresa na madrugada
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Tolerância ou intolerância?
In memoriam Petra Schürmann
A vida da estudante de Filosofia, Filologia e Geografia da Universidade de Colónia mudou radicalmente a partir desse momento: tornou-se uma das mais conhecidas e queridas locutoras da televisão alemã.
A ex-Miss World e seu marido, o médico Gerhard Freund, marcaram o jet-set de Munique durante várias décadas. O momento mais difícil de Schürmann foi a morte da sua filha, Alexandra, em Junho de 2001, vítima de um acidente de viação numa autoestrada, causado por um condutor em contramão.
Petra Schürmann nunca recuperou deste choque. Aos 74 anos, faleceu ontem após doença prolongada.
Haiti
O drama é tão grande que até tenho algum pudor em tratar do que, especialmente em comparação, é mera trivialidade.
Mas estando a atenção (agora e por ora) focada neste pobre país caribenho, coloquei acima as armas do Rei do Haiti, Henri I, que em 1811 (quatro décadas antes de Napoleão III e cento e sessenta anos, mais ou menos, antes de Bokassa) passou de Presidente da República a monarca da semi-ilha.
Na mesma altura estabeleceu armas para a Rainha e demais Família Real, bem como para a sua Corte. Nas armas reais, a influência napoleónica é gritante, não só na semelhança gráfica entre a águia de um e a fénix de outro, como na expressa utilização de simbologia secundária criada pelo Corso, no caso do Rei as estrelas do campo (usadas, em França, para decorar o chefe das armas dos duques, hipotetica alusão às armas familiares dos Bonaparte), no caso da Rainha, estas estrelas sendo substituídas pelas abelhas hipoteticamente atribuídas aos Merovíngios (e usadas no Império galo nos chefes das armas dos Princípes Grandes- Dignitários).
Os lemas são também bastante curiosos, como por exemplo o do Príncipe herdeiro: “Les jeux de l’enfance annoncent les grands hommes”.
A titulatura desta Corte, que durou menos de uma década, foi alvo de remoques, centrados nos famosos Duque “de Marmelade” e Conde “de Limonade”. Não faltou também quem notasse que, longe de corresponderem aos comes e bebes em questão, estes títulos diziam respeito a topónimos. Nem quem, em França, reconhecesse que o venerando título de Duque “de Bouillon” poderia também significar Duque do Caldo.
Um armorial contendo estes ordenamentos acabou na biblioteca do College of Arms, corporação dos oficiais de armas da coroa inglesa, tendo sido publicado há poucos anos pelo mesmo (a imagem, em rigor, é a respectiva capa).
Verifiquei agora no respectivo site que o produto da venda irá ser aplicado no socorro e no apoio à reconstrução do Haiti. Não estando em crer que a monarquia de Henri I tenha sido excessivamente benéfica para o país, sempre é alguma coisa que a heráldica pela mesma criada há duzentos anos venha, por interposto editor, a contribuir com algumas libras para melhorar a sorte dos haitianos deste século XXI.
Notas:
- Para qualquer interessado, será útil a leitura do capítulo dedicado ao Haiti em Heraldry and the Heralds, de Rodney Dennis.
- O chefe, trocado em miúdos, é o terço superior do escudo. Em francês, língua heráldica por excelência, ocorre feliz ambiguidade com cabeça.
25 anos de "Like a Virgin" como #1 de vendas (?)
Será que?
Clube Literário do Porto: 15 de Janeiro - 15:00h
:: Dia 15 Sexta-feira
Piano-bar
15h00
INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE NA CULTURA
NA GALIZA E NO NORTE DE PORTUGAL
Organizado pela Fundación do Centro de Estudos Eurorrexionias (CEER), www.fceer.org
15:00h
Apresentação do projecto Lecturas Compartidas na Eurorrexión
Intervenção do coordenador do Club de Lectura virtual Eurorrexional
15:30h Debate: Inovação e criatividade na cultura na Galiza e no Norte de Portugal.
15:50 Leitura de poemas de Uxio Novoneyra (autor homenageado nas Letras Galegas 2010).
Informação do autor: http://www.uxionovoneyra.com/
Clube Literário do Porto
Rua Nova da Alfândega, n.º 22
4050-430 Porto
T. 222 089 228
Fax. 222 089 230
Email: clubeliterario@fla.pt
URL: www.clubeliterariodoporto.co.pt
Sincronicidades...
ONDE ME APETECIA ESTAR- 28 : Tanto mar...
Étienne Daho
E festejamos Daho com esta história de amor franco-portuguesa com um título bem luso...
Poesia de Inverno II - Sophia de Mello Breyner Andresen.
Pinças assépticas
Colocam palavras envergonhadas
Na linha de papel
Na prateleira das bibliotecas
III
Quem ousaria dizer:
Seda nácar rosa
Porque ninguém teceu com as suas mãos a seda – em longos
dias em compridos fusos e com finos sedosos dedos
E ninguém colheu a margem da manhã rosa – leve e pesada
faca de doçura.
Pois o rio já não é sagrado e por isso nem sequer é rio
E o universo não brota das mãos de um deus do gesto e do
Sopro de um deus da alegria e da veemência de um deus
IV
Meu coração busca as palavras do estio
Busca o estio prometido nas palavras
Um dos meus ídolos 2.
Auto-retrato(s) - 42
Um país dois Sistemas
É mesmo uma realidade. O China Daily publicou estas duas notícias em primeira página . Quando falei no assunto com a guia dizia-me... não será uma notícia falsa. "Isso" não existe... Mas o China Daily só se arranja em alguns, poucos, hotéis....
玉 (= Jad)
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Um dos meus quadros de Inverno - 6
O Laço Branco
O Laço Branco (Das weisse Band) de Michael Haneke estreia amanhã nas nossas salas de cinema. A narrativa do filme decorre em 1913 e 1914, numa pequena aldeia em Mecklenburg, algures no Norte de Alemanha. À primeira vista, voltamos aos “bons velhos tempos”, na sua autenticidade reforçados pela opção de Haneke de realizar toda a película a preto e branco. A partir da perspectiva do jovem professor desta localidade, é retratada a vida austera dos principais protagonistas, entre eles o médico, o pastor protestante e sua família. As estruturas, “bem” definidas, transportam-nos para uma época em que a mulher se submete ao homem, e as crianças se sujeitam a uma educação de rigor e disciplina prussianos.
No entanto, a “pseudo”-nostalgia e inocência não correspondem à mensagem que Haneke costuma transmitir aos seus espectadores. E O Laço Branco não foge à regra: A aldeia pitoresca e seus habitantes estão a ser alvos de crimes misteriosos. À medida que a acção se desenvolve, confrontamo-nos com os suspeitos principais destes actos - um grupo de crianças, aparentemente inocentes…O filme orgulha-se de ter conquistado vários prémios, tais como, a Palma de Ouro de Cannes 2009 e os European Film Awards nas categorias de melhor filme, melhor realizador e melhor argumento. Os 145 minutos constituem uma obra-prima em meu entender: dificilmente ficamos indiferentes ao espelho de uma sociedade em que deliberadamente prevalecem a ordem desmesurada, a tortura e a obediência incondicional, por vezes entendidas como expressão necessária do protestantismo vivido – e, por isso, “desculpáveis”. Das weisse Band é um contributo impressionante de Haneke - por vezes difícil de digerir nalgumas passagens -, ao explicar-nos uma das razões que conduziu à ascensão do Terceiro Reich.