Mel Ferrer, Audrey Hepburn e Henry Fonda nos papéis de André, Natasha e Pierre.
Notícias Magazine, Lisboa, 20 Jul. 2008
Já reproduzi uma vez este texto no Prosimetron, mas volto a fazê-lo para ver se alguém se convence a ler a Guerra e paz, um livro cuja ação se desenrola na Rússia no período das campanhas napoleónicas.
F. Robeau - A batalha de Borodino
«Exércitos de "doze povos diferentes" da Europa se tinham lançado sobre a Rússia. As tropas e as populações russas batem em retirada, evitando o contacto com o inimigo, em direção a Smolensk e de Smolensk a Borodino. Os Franceses, animados por uma força propulsora cada vez maior, lançam-se sobre Moscovo, objetivo de todo o seu esforço. Esta força, à medida que se aproxima do fim, aumenta de volume, de acordo com as leis que regem o movimento de aceleração na queda dos corpos. Na retaguarda do exército , milhares de verstas de um país devastado e inimigo; na sua vanguarda, dezenas de verstas separando-o do seu destino. Eis o que cada soldado francês pensa , e a invasão continua por si mesma, graças à força deste impulso.
«No exército russo, quanto mais se recua mais se inflama nos corações o ódio contra o inimigo: a retirada concentra e exaspera esse ódio. Em Borodino dá-se o choque. Nenhum dos exércitos cede terreno diante doo outro, mas, após o embate, os Russos têm, fatalmente, de continuar a recuar. [...]
«Na noite de 26 de agosto, Kutuzov, bem como todo o exército russo, estavam persuadidos de que a batalha podia considerar-se ganha. O sereníssimo comunicou-o mesmo, por escrito, ao imperador. [...]
«Mas naquela mesma noite e no dia seguinte receberam-se noticias de perdas incríveis: podia considerar-se perdida quase metade do exército, e uma nova batalha era praticamente impossível.»
Tolstoi - Guerra e Paz / trad. Isabel da Nóbrega, João Gaspar Simões. Mem Martins: Europa-América, s.d., vol. 3, p. 286-287