O Contrabaixo de Patrick Süskind, publicado pela Difel, é um livro interessante, o autor retrata a partir da música os problemas da sociedade contemporânea. Süskind nasceu em Ambach, Munique, em 1949.
Goethe diz: «A música está tão acima de tudo que não há espírito racional que consiga alcançá-la e dela se desprende um efeito tal, que tudo domina e sobre o qual ninguém está em condições de se pronunciar.»
Ele tem o meu inteiro apoio. [...]
... Eu ainda era capaz de ir mais além do que Goethe. Diria que, quanto mais velho fico, mais profundamente penetro na verdadeira essência da música e cada vez se torna mais claro para mim que a música é um grande segredo, um mistério; e que quanto mais se sabe acerca dela, menos se está em condições de dizer seja o que for de válido. Goethe, apesar da grande consideração e estima de que ainda hoje disfruta, e justiça lhe seja feita, Goethe, dizia eu, não era, em rigor, um ser musical. Foi, em primeiro lugar, poeta e, enquanto tal, se assim quiserem, sentia o ritmo e a melodia da linguagem. Mas era tudo menos músico. De outro modo não se poderiam, por conseguinte, explicar as suas opiniões grotescas e erróneas sobre músicos. ...Embora percebesse muito de misticismo. Não sei se sabem que Goethe era panteísta? Sabem com certeza. E neste caso, o panteísmo está intimamente ligado à mística, ele é, de certa maneira, uma emanação da mundivivência mística, como também se pode observar no Taoismo e no Misticismo indiano, etcetera, que perpassa toda a Idade Média, o Renascimento, etc., etc., e que reaparece, mais tarde, ao longo do séc. [sic] XVIII.
Patrick Süskind, O Contrabaixo. Lisboa: Difel, 2001 (3ª edição, tradução de Anabela Mendes), p. 44-45.
3 comentários:
Não tenho ideia deste título de Süskind.
Deve ser curioso!
Um beijinho.:))
É interessante, Cláudia.
Dele li este, A Pomba, O Perfume e a Aventura do Senhor Sommer. Gostei de todos.
Beijinho. :))
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