quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Carnaval no Prosimetron 3/I

Carnaval em Veneza: Porta para S. Marcos
O Carnaval e a Arte
Pretende-se hoje, como outrora, que o Carnaval seja a loucura divina, a folia: o sopro vital, a renovação do ar que descende do escárnio ritual. O objectivo é rir, extravasar a alegria, debaixo da máscara, ser um desconhecido. Eternizaram-se algumas personagens da Comédia Dell’Arte que vão ser o ponto de partida do Carnaval em Veneza.

Palhaços em Veneza


A Commedia Dell’Arte teve a sua origem no século XVI em Itália com a interpretação improvisada de actores populares. As representações teatrais eram feitas nas ruas e nas praças, e fundaram um novo estilo e uma nova linguagem, caracterizadas pela utilização do cómico. O objectivo último era o de entreter um vasto público que lhe era fiel, provocando o riso através do recurso à música, à dança, a acrobacias e diálogos pejados de ironia e humor. As peças giravam em torno de encontros e desencontros amorosos, com um inesperado final feliz.

Pierrot, Cavalcanti 1942

Um trio em especial caiu nas graças do povo: o Pierrot, um simplório que acreditava em tudo e em todos; o Arlequim, trapalhão; e a Colombina, serviçal, sempre metida em aventuras amorosas. Com o tempo, o trio perdeu o carácter de sátira em troca de uma aura mais romântica e adequada aos folguedos de Paris onde a Commedia Dell’ Arte fazia sucesso e até influenciava os figurinos dos bailes à fantasia.
O Pierrot representa a idealização do amor é um sonhador, tradicionalmente retratado com uma lágrima. Ama a Colombina mas não é correspondido.
Pierrot em Veneza

O arlequim é uma personagem da Commedia dell 'Arte, cuja função, no início, se restringia a divertir o público durante os intervalos dos espectáculos. Ele procura pelas ruas encontrar seu par, Colombina. O Arlequim anda invisível ou bem escondido entre as pessoas nas ruas agitadas, pode ser visto de relance por uma dama quando lhe rouba um beijo, travessura que causa ciúmes a Colombina.
Picasso, Arlequim , 1923

Colombina, em geral, aparece como uma serva de uma dama e é caracterizada como uma rapariga linda e inteligente, de humor rápido e irónico, sempre envolvida em intrigas e maledicências, apaixonada por arlequim, e amada em segredo pelo romântico Pierrot.
Será uma Colombina? Anda a passear em Veneza
Embora bastante influente e de extrema importância, nenhum texto de commedia dell’arte resistiu ao passar do tempo. No entanto, não restam dúvidas de que esta arte ultrapassou as barreiras literárias, pelo que as personagens nela criadas ainda povoam o nosso imaginário. Os artistas da commedia dell’arte introduziram inovações de extrema importância que se incorporaram a todo o teatro posterior.

Bib.: Castagno, Paul C., The Early Commedia Dell’Arte (1550-1621): The Mannerist Context, Peter Lang, New York, 1994;
Green, Martin e John Swan, The Triumph of Pierrot: The Commedia Dell’Arte and Modern Imagination, MacMillan, New York, 1986

3 comentários:

  1. Porta para São Marcos e para o carnaval Veneziano, fotografia do meu amigo Pedro Chico a quem agradeço!

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  2. Não conhecia o Pierrot de Cavalcanti que é um pintor de que gosto.
    M.

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