Quando nós vamos ambos, de mãos dadas,
Colher nos vales lírios e boninas,
E galgamos de um fôlego as colinas
Do rossio da noite inda orvalhadas;
Ou vendo o mar, das ermas cumeadas,
Contemplamos as nuvens vespertinas,
Que parecem fantásticas ruínas
Ao longe no horizonte amontoadas;
Quantas vezes, de súbito, emudeces!
Não sei que luz no teu olhar flutua;
Sinto tremer-te a mão, e empalideces...
O vento e o mar murmuram orações
E a poesia das cousas se insinua
Lenta e amorosa em nossos corações.
Antero de Quental
Não posso deixar de colocar também este poema que li ontem, tal como o do japonês que pus no poema de Garrett.
ResponderEliminarSEM AMOR
Viver sem amor
É como não ter para onde ir
Em nenhum lugar
Encontrar casa ou mundo.
É contemplar o não-acontecer
O lugar onde tudo já não é
Onde tudo se transforma
No recinto
De onde tudo se mudou.
Sem amor andamos errantes
De nós mesmos desconhecidos
Descobrimos que nunca se tem ninguém
Além de nós próprios
E nem isso se tem.
Ana Hatherly
Lindas escolhas!
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