Anselmo de Andrade, economista, condiscípulo de Antero e de Eça em Coimbra, foi director dos jornais O Correio da Noite e O Dia. Foi preceptor de D. Manuel II e era o ministro da Fazenda à data da proclamação da República.
Na dedicatória à mulher do seu livro Viagem na Espanha, escreveu : «Numas poucas de viagens pela Espanha cursámos juntos todas as suas terras. Nas cidades e nos ermos, nos passeios amenos e nas jornadas penosas, nas planícies risonhas e nas agruras das serranias, nos dias aprazíveis e nas horas enfadonhas, foste tu sempre a minha inseparável companheira.»
Por mim, gosto das cidades espanholas, já não direi o mesmo do campo.
Na dedicatória à mulher do seu livro Viagem na Espanha, escreveu : «Numas poucas de viagens pela Espanha cursámos juntos todas as suas terras. Nas cidades e nos ermos, nos passeios amenos e nas jornadas penosas, nas planícies risonhas e nas agruras das serranias, nos dias aprazíveis e nas horas enfadonhas, foste tu sempre a minha inseparável companheira.»
Por mim, gosto das cidades espanholas, já não direi o mesmo do campo.
Transcrevo desse livro umas impressões sobre o Museu do Prado, inaugurado em 19 de Novembro de 1819.
Veronese - Susana e os Velhos
Madrid, Museu do Prado
«Diz o viajante [Edmundo d']Amicis, no seu excelente livro sobre a Espanha, que o dia em que pela primeira vez se entra no museu de pintura em Madrid, fica sendo uma data histórica na vida de um homem. Para um italiano, que tem na sua pátria dois mundos como o Uffizi e o palácio Pitti, poder dizer isto, é necessário que o museu espanhol assombre realmente toda a gente. A primeira impressão é com efeito a do assombro. Entra-se e fica-se atónito. Anda-se depois ao acaso por aquelas vastas galerias todas cheias de telas. […]
«Um grande número de Ticianos, de Tintoretos, de Verenesos, de Raphaeis, de Sartos, de Corregios, de Guido Renis, de Dominiquinos e de muitos outros representam a Itália. Conhecem-se logo as pátrias e as épocas. Nas telas florentinas desenham-se os tipos musculosos, erectos, nobres, elegantes, de aptidões ginásticas, activos e finos. Nas venezianas pintam-se as formas arredondadas, as carnes brancas, os cabelos louros e as fisionomias sensuais e voluptuosas, tudo em meios exuberantemente coloridos. Principalmente Veroneso é deslumbrante em efeitos luminosos. É o rei da cor. Nem o fausto, nem a decoração, nem a luz, nem o aparato, nem o espectaculoso tiveram ainda melhor pintor. Um quadro de Veroneso é uma festa. […]
Veronese - Moisés salvo das águas, 1580
Madrid, Museu do Prado
«Ticiano, põe exemplo, que é o pintor do ideal antigo, pouco se preocupa […] com a expressão. Desenha com firmeza e cores vivas todas as suas figuras, enche-as de saúde e de serena alegria, mas deixa sempre nelas um notável vazio de sentimento e de paixões.»
Ticiano - Imperatriz Isabel de Portugal, 1548
Madrid, Museu do Prado
Anselmo de Andrade
In: Viagem na Espanha. Lisboa: Typ. Mattos Moreira, 1885, p. 35-36
Veronese - Susana e os Velhos
Madrid, Museu do Prado
«Diz o viajante [Edmundo d']Amicis, no seu excelente livro sobre a Espanha, que o dia em que pela primeira vez se entra no museu de pintura em Madrid, fica sendo uma data histórica na vida de um homem. Para um italiano, que tem na sua pátria dois mundos como o Uffizi e o palácio Pitti, poder dizer isto, é necessário que o museu espanhol assombre realmente toda a gente. A primeira impressão é com efeito a do assombro. Entra-se e fica-se atónito. Anda-se depois ao acaso por aquelas vastas galerias todas cheias de telas. […]
«Um grande número de Ticianos, de Tintoretos, de Verenesos, de Raphaeis, de Sartos, de Corregios, de Guido Renis, de Dominiquinos e de muitos outros representam a Itália. Conhecem-se logo as pátrias e as épocas. Nas telas florentinas desenham-se os tipos musculosos, erectos, nobres, elegantes, de aptidões ginásticas, activos e finos. Nas venezianas pintam-se as formas arredondadas, as carnes brancas, os cabelos louros e as fisionomias sensuais e voluptuosas, tudo em meios exuberantemente coloridos. Principalmente Veroneso é deslumbrante em efeitos luminosos. É o rei da cor. Nem o fausto, nem a decoração, nem a luz, nem o aparato, nem o espectaculoso tiveram ainda melhor pintor. Um quadro de Veroneso é uma festa. […]
Veronese - Moisés salvo das águas, 1580
Madrid, Museu do Prado
«Ticiano, põe exemplo, que é o pintor do ideal antigo, pouco se preocupa […] com a expressão. Desenha com firmeza e cores vivas todas as suas figuras, enche-as de saúde e de serena alegria, mas deixa sempre nelas um notável vazio de sentimento e de paixões.»
Ticiano - Imperatriz Isabel de Portugal, 1548
Madrid, Museu do Prado
Anselmo de Andrade
In: Viagem na Espanha. Lisboa: Typ. Mattos Moreira, 1885, p. 35-36
Bonito post. Adorei o Museu do Prado. Tenho que o revisitar.
ResponderEliminarDe todos os quadros o Ticiano é o meu eleito.
A.R.
Espero ir ao Prado amanhã. Hoje vi por lá umas grandes filas, de modo que fui até ao Thyssen.
ResponderEliminarBoas férias Miss Tolstoi. Madrid é uma cidade fantástica!
ResponderEliminarÉ SEM DÚVIDA UM DOS MELHORES MUSEUS DA EUROPA E FELIZMENTE ESTÁ PERTO...
ResponderEliminarMiss Tolstoi, não deixe de visitar a exposição Homens e deuses, no Prado. E o Francis Bacon, se aguentar a bicha.
ResponderEliminarM.
Adoro Francis Bacon.
ResponderEliminarA.R.