" (...) A « aleivosa» de hoje caminha, desprotegida, à porta de um tribunal, depois de cumprir um dever de cidadã. De testemunha de um processo, passa a ré do povo. Complacentes, dir-se-ia que concordantes- porque ela, afinal, tem o que merece-, as autoridades, tão brutas noutras ocasiões, fecham os olhos à agressão e ao vilipêndio. São vergonhosamente coniventes, sem que o poder político, o Ministério da Administração Interna ou o Ministério da Justiça esbocem um pestanejar.
Esta mulher já teve as costas quentes, manobrou o príncipe, manipulou-o, ofereceu-se-lhe em troca do poder total. Falta imperdoável! Ela ocupou o lugar que era de outras, das sérias, das bem-comportadas, das fidelíssimas.
Já nem são os súbditos do príncipe, os homens, os adeptos ou os hooligans quem a persegue ou abjura. São as súbditas, as mulheres, quem não lhe perdoa o indecoro nem a ousadia. São elas que realmente a odeiam, insultam e vituperam, a ela que se serviu da arma feminina mais poderosa- a da sedução-, a única que nunca poderão perdoar-lhe. Carolina Salgado não foi vítima das suas origens, nem é, sequer, culpada da sua traição ao reino do FC do Porto e ao príncipe Pinto da Costa, o papa. Que, como D.Fernando, não é mandante ou autor de qualquer crime, mas, desresponsabilizado pela sua condição de homem, apenas vítima. Não. Não é a culpa dos actos que persegue Carolina: ela está a pagar pelo facto de ser mulher. E a sofrer na pele os efeitos lusitaníssimos do pior dos machismos: o das outras mulheres. "
- Filipe Luís, Requiem por Carolina Salgado, in VISÃO de 12 de Março de 2009.
A DONA CAROLINA ESTÁ A COLHER O QUE SEMEOU
ResponderEliminarÒ Sr. Barata, então escarrapacha esta salgada criatura neste blogue tão cultural?
ResponderEliminarPense-se o que se pensar de Carolina Salgado, é sempre lamentável a agressão a uma testemunha à porta de um tribunal. Ainda para mais, com a passividade das autoridades presentes.
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