quinta-feira, 14 de maio de 2009

Verdadeira Litania Para Os Tempos Da Revolução. Natália Correia.

As armas de D. Sebastião associavam o escudo das quinas às setas do santo homónimo.
No topo, vê-se a insígnia da Ordem da Cruz do Nosso Senhor Jesus Cristo, fundada pelo monarca durante uma estada no Cabo de S. Vicente


Verdadeira Litania Para Os Tempos Da Revolução.

Burgueses somos nós todos
ó literatos
burgueses somos nós todos
ratos e gatos

Mário Cesariny


Mário nós não somos todos burgueses
os gatos e os ratos se quiseres,
os literatos esses são franceses
e todos soletramos malmequeres.

Da vida o verbo intransitivo
não é burguês é ruim;
e eu que nas nuvens vivo
nuvens! O que direi de mim?

Burguês é esse menino extraordinário
que nasce todos os anos em Belém
e a poesia se não diz isto Mário
é burguesa também.

Burguês é o carro funerário.
Os mortos são naturalmente comunistas.
Nós não somos burgueses Mário
o que nós somos todos é sebastianistas.

Natália Correia, in "Inéditos" Antologia Poética , Lisboa: Publicações D. Quixote, 2002, p. 83-84 (Organização de Fernando Pinto do Amaral)

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