Gosto muito de Vladimir Nabokov, e Lolita é um fabuloso romance. Depois do escândalo que rodeou a publicação do livro em meados da década de 50, inclusive com proibições nalguns países, embora logo em 1962 Stanley Kubrick o tenha adaptado, e de que maneira, para o cinema embora com alterações ( desde logo Lolita passa dos 12 anos do livro para os 15 anos... ), Lolita tornou-se consensual no sentido de ser regularmente publicado, analisado e comentado.
Pois bem, li numa revista literária que foi perguntado recentemente a vários grandes editores internacionais se hoje publicariam Lolita se a obra lhes fosse apresentada, e a maior parte deles respondeu negativamente. A grande razão é a histeria pedófila da última década, que, com muitos casos reais e outros imaginados ( entre estes, o sinistro caso Outreau em França que estragou a vida a tantos inocentes ), criou um verdadeiro tabú relativamente à sexualidade juvenil, sendo esta, no entanto, muito mais complexa do que às vezes se pensa. E a Internet prova-o à saciedade...
A ironia suprema é que, como sabem os que leram o livro ou viram o filme, a verdadeira vítima de Lolita não é um adolescente, mas sim um adulto, o desgraçado Humbert Humbert...
Lolita é um grande livro. Mas devo confessar que me impressionou-me quando soube que tinha algo de autobiográfico.
ResponderEliminarIsto de saber quem seduz quem, tem muito que se lhe diga... Quem dá aulas sabe-o bem.
ResponderEliminarNas violações também é assim: geralmente as culpadas são as mulheres.
ResponderEliminarAo Anónimo das 13:06:
ResponderEliminarEstou de acordo, mas somos adultos e racionais.
E no caso presente - "Lolita" - , Humbert sabia muito bem que ela tinha 12 anos.
Ao Anónimo das 16:03:
Também me contaram que, no outro dia, os jornalistas portugueses (só os portugueses; no estrangeiro as calças eram normalíssimas) teceram uns comentários do estilo sobre a iraniana que vestiu calças e foi condenada. Já a punham de calças de licra, etc., etc., assim estilo puta. E coitados dos homens: a culpa nunca é deles, é sempre da maçã...
"I can resist everything, except temptation" - dizia o Oscar Wilde. Esta frase é profundíssima. A sério.