domingo, 1 de novembro de 2009
As Rosas
Rosas que desabrochais,
Como os primeiros amores,
Aos suaves resplendores
Matinais;
Em vão ostentais, em vão,
A vossa graça suprema;
De pouco vale; é o diadema
Da ilusão.
Em vão encheis de aroma o ar da tarde;
Em vão abris o seio húmido e fresco
Do sol nascente aos beijos amorosos;
Em vão ornais a fronte à meiga virgem;
Em vão, como penhor de puro afecto,
Como um elo das almas,
Passais do seio amante ao seio amante;
Lá bate a hora infausta
Em que é força morrer; as folhas lindas
Perdem o viço da manhã primeira,
As graças e o perfume.
Rosas que sois então? – Restos perdidos,
Folhas mortas que o tempo esquece, e espalha
Brisa do Inverno ou mão indiferente.
Tal é o vosso destino,
Ó filhas da natureza;
Em que vos pese à beleza,
Pereceis;
Mas, não... Se a mão de um poeta
Vos cultiva agora, ó rosas,
Mais vivas, mais jubilosas,
Floresceis.
Machado de Assis
Lembrei-me deste poema na 6.ª feira, a propósito de uma ROSA.
Já agora o poema,e epitáfio,de Rilke (em douta e sábia versão
ResponderEliminarde Paulo Quintela):
"Rosa,ó contradição pura,volúpia
de ser o sono de ninguém sob tantas
pálpebras."
Com os melhores votos de boa noite.
Alberto Soares
Obrigada. E boa noite!
ResponderEliminarTambém me havia lembrado de uma Rosa, até tinha agendado uma (s)Rosas mas acabei por as enviar. Não sei se as receberam...
ResponderEliminarEste poema que escolheu é muito bonito.
Ana
Alberto Soares,
ResponderEliminarOntem esqueci-me de dizer que gosto imenso das traduções/versões de Paulo Quintela, embora haja por aí uns meninós que lhes torcem o nariz. Tempos...