Considera o amor como um retoque num quadro antigo
que subitamente o vem iluminar:
vimo-nos muitas vezes antes de seres no meu olhar
aquela luz em um país perdido
que tu quiseste em vão esconder, negar.
O quadro manteve o mesmo fulgor:
a reverberação no silêncio da perda,
o desamor.
Quem avivou o brilho das tintas, quem corrigiu o baço
sinal da morte? Falámos de uma dor
num fundo esbatido. Falámos do grito mudo do teu corpo.
Falámos de amor.
Luís Filipe Castro Mendes
In: Modos de Música. Lisboa: Quetzal, 1996
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