domingo, 15 de novembro de 2009


Não voltarei ao leito breve
Onde quebrámos uma a uma
todas as frágeis
hastes do amor.

Eis o Outono : cresce a prumo.
Anoitecidas águas
Em febre em fúria em fogo
Arrastam-me para o fundo.

- Eugénio de Andrade, Obscuro Domínio.

2 comentários:

  1. Como aprecia E.de A.vou transcrever
    "Lisboa..." que tenho em autógrafo
    e que é um poema pouco conhecido do
    Autor. Creio que saiu apenas no volume "Antologia da Terra Portuguesa - Lisboa/Poesia" da Bertrand,mas gralhado no final e o
    Eugénio mandou-mo corrigido.

    "Alguém diz com lentidão:
    «Lisboa,sabes...»
    Eu sei. É uma rapariga
    descalça e leve,
    um vento súbito e claro
    nos cabelos,
    algumas rugas finas
    a espreitar-lhe os olhos,
    a solidão aberta
    nos lábios e nos dedos,
    descendo degraus
    e degraus
    e degraus até ao rio.

    Eu sei. E tu, sabias?"

    Às vezes, penso neste poema como um contraponto tardio a "To a Green God".
    Com os melhores votos do
    Alberto Soares

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