Depois de ver as Escolhas de Alberto Soares fui à procura de um poema de Afonso Duarte que gosto: "Riso". Não tenho nenhum livro de Afonso Duarte. Ouvi alguns dos seus poemas declamados numa sessão comemorativa do autor na Biblioteca Municipal de Coimbra. Como não tenho o livro recorri à Internet.
Riso
Tive o jeito de rir, quando menino,
Até beber as lágrimas choradas:
Com carantonhas, gestos, desatino,
Passou a nuvem e os pequenos nadas.
A rir de escuridões, de encruzilhadas,
Tornei-me afeito logo em pequenino;
Porque ri é que trago as mãos geladas,
E choro porque ri do meu destino.
Vivi de mais num mundo idealizado
Comigo só: E só de mim descreio
Entornava-me riso a luz em cheio
Quando o meu mundo foi principiado;
Rio agora que não sei donde me veio
Sempre o mal que me trouxe o bem sonhado.
Afonso Duarte, in "Ossadas"
http://www.citador.pt/poemas.php?op=10&refid=200810140010
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