A outra notícia do dia será certamente a aprovação pelo Conselho de Ministros do diploma que possibilitará em Portugal a realização de casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Um panorama mais simpático para uma minoria sexual que no Uganda ainda tem a vida complicada.
Mas há uma boa notícia vinda deste país africano: a reforma penal que está a ser preparada deixou, depois de muitos protestos internacionais, cair a pena de morte para a prática de certos actos homossexuais. Assim, quando a reforma penal for finalmente aprovada, a prática da homossexualidade e a sua defesa passarão a ser punidas apenas com pesadas penas de prisão e multas...
Apesar de católico e de considerar a família tradicional como célula fundamental da organização sociedade, não entendo em que é que o reconhecimento legal de uma união entre pessoas do mesmo sexo atenta contra a família. Esperar-se-ia que duas pessoas do mesmo sexo, mantendo um relacionamento, procriassem? Será justo que um casal homosexual com um relacionamente estável, não tenha os mesmos deveres e direitos perante a sociedade, do que um casal heterosexual? Quanto a chamar-lhe casamento, porque de uma realidade diferente se trata, já admito que levante alguma celeuma.Mas compreeendo que se queira usar a mesma designação por uma questão de dignidade semântica do acto. Uma contenda moral, para uns,homofobia para a maioria, escudando-se atrás da questão moral, e uma guerra de conceitos e palavras. Vale a pena esta guerra?
ResponderEliminarCaro JMS: Acho que tocou com o dedo na ferida. É que tenho estado bem atento a toda esta dinâmica e vejo que muitos dos opositores ao casamento entre pessoas do mesmo sexo são precisamente aqueles que sempre estiveram contra quaisquer direitos a favor das relações institucionalizadas entre pessoas do mesmo sexo. São as mesmas caras, e outras mais novas, que se opuseram há uns anos atrás às uniões de facto entre pessoas do mesmo sexo. Não é coincidência, é a mesma homofobia de sempre que desta vez conta o estribilho da "protecção da família". Antes se preocupassem com as mães solteiras, as mães e pais divorciados e viúvos etc.
ResponderEliminarRegisto apenas as sábias declarações de D.Manuel Clemente de ontem ,na senda do que aliás já tinha dito o Cardeal Patriarca. Aliás, a hierarquia da Igreja Católica Portuguesa tem sido muito prudente e avisada, sendo certo que são alguns grupúsculos de crentes mais radicais, com outras "agendas", que têm tentado levar toda a Igreja a reboque, felizmente sem sucesso.
E apenas falo da Igreja Católica porque alguns destes movimentos anti-casamento reclamam-se da moral católica.
"Vale a pena esta guerra"?
ResponderEliminarPeguei na sua pergunta porque é pertinente.
Tenho os mesmos pontos de referência que aponta. Concordo que deve haver igualdade de deveres e de direitos, apenas coloco um senão, que se prende com a questão da adopção.
Estará correcto colocar a uma criança, que não escolhe, viver de um modo diferente do conceito de família?
(Tenho em conta que muitos pais não serão os melhores nem terão o perfil adequado para ter filhos e os educar).
Cara Ana, sobre a questão da adopção também tenho a minha opinião.A observação de casos que conheço, diz-me que a opção sexual de crianças que vivem com casais homesexuais, não é determinada pelas suas opções. E pergunto? O que será melhor para as crianças, viver empilhadas numa instituição social, sem carinho, sem conforto, sem formação, ou serem adoptadas por um casal homesexual? Creio que também esta questão parte do pressuposto de todos os homesexuais são pervertidos e perversos, de que o Estado e os seus agentes sociais são pessoas bem formadas (como seu viu na Casa Pia, aliás), de que não é recorrente em sistemas de internato a homesexualidade, ao menos por curiosidade e de a adopção por casais heterosexuais é sempre isento de perigos e fácil.
ResponderEliminarSe tenho dúvidas, antes crianças com um lar e pais do mesmo sexo, do que a apodrecer e a aprender maus costumes, senão mesmo a fazer a escola da criminalidade, num asilo, ainda que lhe doirem o nome, como agora é uso politicamente correcto.
Ao reler os comentários que escrevi, verifiquei que escrevi homessexual só com um s, que faltaram palvras, que gralhei palavras... É o que dá escrever à pressa, com a irritação que o tema me dá pela hipocrisia dominante nas tais "agendas" de que falou o Luís Barata, que não são só dos grpúsculos católicos fundamentalistas, mas também dos "sindicatos" gay, para os quais também já não há paciência.
ResponderEliminarConcordo em tudo com JMS.
ResponderEliminarInicialmente também não era a favor da adopção por casais homossexuais, mas: 1.º) se não forem casados podem adoptar; 2.º) estarão, quase de certeza, melhor do que em instituições.
E as famílias também já não são o que eram. E em quase tudo mudaram para melhor.
Caro João Mattos e Silva,:)
ResponderEliminarNunca parti de pressupostos de que ser homossexual é ser pervertido. Sempre tive respeito pelas escolhas e opiniões de cada um. Tenho amigos que o são e nunca senti perversão. Julgo mesmo que há beleza nos seus sentimentos, mas é um campo que devo respeitar e não invadir.
Até compreendo o seu ponto de vista e o acho aceitável mas, isso é capaz de funcionar nas grandes cidades. Conheço o interior do país e, infelizmente lido com jovens que pertencem a famílias disfuncionais. Gostaria que cada um desses jovens conhecesse um mundo diferente mas é difícil modificar comportamentos seculares. Nesses meios pode crer que era difícil integrar uma criança cujo conceito de família é diferente!
Concordo que seria melhor para essas crianças sem lar viverem com carinho e conforto do que enveredarem pela criminalidade...
Ana, quando escrevi não lhe estava a responder directamente. Estava a falar da mentalidade geral e da dos homofóbicos travestidos em moralistas por razões religiosas em particular.
ResponderEliminarAcredito que em meios da chamada província será difícil.Nas grandes cidades só será mais fácil porque as pessoas mal se conhecem; mas mesmo assim falam por trás embora se desinteressem na maior parte das vezes. Mas se nada se fizer, as mentalidades nunca mudam. Neste caso concreto, como noutros. Há uns cinquenta anos, se não menos, as mulheres divorciadas eram vistas como "pegas" e postas de lado e sei de muitos "caridosos" cristãos que não recebiam em suas casas pessoas divorciadas. Nas cidades grandes como nas pequenas. Hoje só são mal vistas as que dêm motivo para isso. Leva tempo, mas as coisas mudam.
Mais erros... Isto está mal.
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