sábado, 27 de junho de 2009

Sophia


Sophia de Mello Breyner Andresen morreu há 5 anos. No dia 2 de Julho. Portugal perdeu a sua maior poetisa e um dos seus poetas maiores de todos os tempos e em especial dos séculos XX/XXI. A saudade dos seus poemas, das suas palavras, mitiga-se lendo-os e relendo-os. Mas estamos sempre à espera de novos poemas, que nunca mais teremos.

José Manuel dos Santos escreveu hoje, no "Actual", do Expresso, um texto de memórias e saudades. Tão belo que não posso eximir-me a transcrever uma pequena parte. Mas vale a pena comprar o pesadíssimo semanário, só para o ler integralmente.

"Ela disse "Eis aquela que parou em frente/ Das altas noites puras e suspensas.// Eis aquela que soube na paisagem/ Adivinhar a unidade prometida:/Coração atento ao rosto das imagens,/ Face erguida,/ Vontade transparente/ Inteira onde os outros se dividem". Ela assim disse de Santa Clara de Assis, mas foi como se de si dissesse o que disse.

Às vezes calo-me e fico à espera da sua voz, essa voz magnética como um íman que atraísse o mundo, porque nela mesmo o esperado é inesperado. Oiço-a, porque as vozes, mesmo as que partiram, respondem ao chamamento da nossa imaginação e fazem-se presentes contra a distância e o esquecimento. Às vezes, oiço-a dizer poemas que nunca escreveu, pois a morte lho impediu..."

Horóscopo, Eduardo Ribeiro!


Horóscopo

de manhã o horóscopo dizia
que devia ver a vida mais leve
que nunca mas mesmo nunca se deve
viver em cada dia mais que um dia

eu não acredito em astrologia
cristais sabores cores sons ou neve
nem vejo para que diabo serve
ter ao pescoço uma santa maria

detesto mezinhas old ou new age
refrigerantes mesmo que te beije
crenças fúteis num descontrolo indigno

o fado não é dos deuses é nosso
mas sabendo o que podes e eu posso
consulto cada dia o meu signo

Eduardo Ribeiro

Bossa Nova: Soneto de Fidelidade, Vinicius de Moraes!

Vinicius acompanhado ao piano por Antônio Carlos Jobim.

Frases da semana 2


Continuando a comer bombons...

" Beijo, a melhor coisa do mundo.
Não há estudos aprofundados sobre o beijo.
Provavelmente, no meio da pesquisa, os cientistas descobriam que é muito mais gostoso beijar do que sair por aí pesquisando..."

Frases da semana 1


Fui jantar a casa de amigos. No fim da refeição foram colocados sobre a mesa uns bombons, recheados com creme de castanha de caju, com o apetitoso nome "Serenata de Amor". No interior encontram-se algumas frases e conselhos... num dos meus vinha :


"Amor platónico só existe na imaginação de uma pessoa, o outro nem desconfia que é amado. Se você está nessa situação só temos uma coisa a dizer: não queríamos estar na sua pele"

O último vinhedo de Montmartre



Fica na confluência da rue des Saules e da rue Saint-Vincent.
Gostava de saber onde se vende o vinho destas uvas.
Deve ser a um preço semelhante ao Carcavelos. Ou se calhar ao Barca Velha.

TRANSFIGURAÇÃO DE SÁBADO

Equilibrado entre o poente e o tráfego,
Na pura abstracção do pára-quedas branco,
Recrio a estrela num acesso lúcido
Equacionando o indemonstrável e o espírito.
Sábado é a lua flutuando no espaço
Com seu ritmo de pássaro frustrado.
Canteiros de amaranto desfalecem com a tarde.
Ruído arterial da noite imatura
- É próprio dos peixes declamar o azul.

Oswaldino Marques

Fred Vargas em discurso directo

E esta é Fred Vargas, a rainha da literatura policial francesa. Os livros são excelentes, e há alguns filmes que são boas adaptações mas que ficam aquém da palavra escrita, como acontece quase sempre.

Acabei de ler - 4

Acabei de lê-lo há uma hora atrás, depois de o ter lido até adormecer. Mais uma vez foi de leitura compulsiva uma obra de Fred Vargas, que dominou os meus dois últimos dias. A prosa e a erudição da rainha do crime francês são absolutamente cativantes, e a personagem principal de tantos dos seus livros, Jean-Baptiste Adamsberg, é a melhor criação da literatura policial francesa desde o comissário Maigret.

Deixo estes excertos, sendo o primeiro um diálogo que não é despiciendo para a intriga central, embora não o pareça, e o segundo uma reflexão interior de Adamsberg sobre Joana d' Arc que me fez sorrir.

" - Tu as continué d ' inventer des mélanges?
- Oui, dit Ariane d' un ton un peu déçu, des quantités, mais sans réelle réussite jusqu' ici. Tu te souviens de la « violine » ? Un oeuf battu, de la menthe et du vin de Málaga.
- Je n' ai jamais voulu goûter ce truc.
- Je l ' ai cessé, cette violine. C ' était bien pour les nerfs mais trop énergétique. On a tenté beaucoup de mélanges, au Havre.
- Sauf un.
- Tiens.
- Le mélange des corps. On ne l ' a pas tenté.
- Non. J ' étais encore mariée et devouée comme un chien malade. En revanche, on formait un duo parfait pour les rapports de police.
- Jusqu' à ce que.
- Jusqu' à ce qu' un petit crétin nommé Jean-Baptiste Adamsberg se foute dans le crâne que l' élu du Havre avait été assassiné. Et pourquoi? Pour dix rats morts que tu avais ramassé dans un entrepôt du port.
- Douze, Ariane. Douze rats saignés d' un coup de lame dans le ventre. "

" Il regarda la statue de Jeanne d' Arc encaisser la giboulée sans courber. Il plaignait beaucoup Jeanne d' Arc, il aurait detesté avoir des voix, qui lui auraient commandé de faire ceci et d' aller par lá. Lui qui avait dejá des difficultés pour obéir à ses propres consignes, et même pour les identifier, aurait sérieusement renâclé devant les ordres des voix célestes. Voix qui l' auraient conduit dans une fosse aux lions aprés une courte épopée de lumière, ces histoires finissent toujours mal. "

- Dans les bois éternels, Fred Vargas, 2006. ( A minha edição não é que a consta supra, que foi a primeira a surgir na Viviane Hamy. )

A grande mentira










Pela primeira vez acho que o PCP foi brando nas palavras ao falar do comportamento do Governo no caso TVI. Uma trapalhada? Muito mais do que uma trapalhada, uma enorme mentira por parte directamente até de José Sócrates.
Vejamos a cronologia: começa-se a falar na comunicação social das negociações entre a Portugal Telecom e o grupo Prisa, donos da MediaCapital, sendo esta como se sabe proprietária da TVI, e José Sócrates interpelado no Parlamento, dentro e fora do hemiciclo, e em frente às câmaras de televisão ( eu vi! ) , diz que não sabe de nada e que o Governo não sabe de nada.
Manuela Ferreira Leite, em entrevista na SIC, diz que é impossível José Sócrates e o Governo não saberem de nada dado o Estado ter uma golden share na Portugal Telecom. Logo nessa noite, vem o novo porta-voz do PS, o inefável João Tiago Silveira, reiterar que o Governo não sabe de nada e que são tudo especulações de Manuela F.Leite.
O país fica alerta, os partidos pronunciam-se e Cavaco Silva pede transparência. Ontem, veio Sócrates, em pele de cordeiro, dizer que o Governo não vai autorizar o negócio para não "dar a impressão errada".
Entretanto, quem puder passe os olhos pelo Expresso de hoje. Se for verdade o que titula a manchete, confirma-se o cinismo absoluto e a desonestidade política por parte de quem nos governa.
Mais, se se confirmar que é verdade que o Governo tinha posto como condição para a realização do negócio a saída de José Eduardo Moniz ( e da incómoda Manuela, já se vê ) como Director-Geral da TVI, chegámos ao grau zero da política.
Será possível que esta gente ( tanto o Governo como o cerebral Zeinal Bava ) achava que se faria um negócio destes, em ano eleitoral, sem levantar poeira?
Que o Governo seja politicamente desastrado, e os líderes da PT ingénuos, é problema deles. Agora um primeiro-ministro que mente descaradamente é problema de todos nós.



Os meus franceses - 72


Alhambra Rock, um dos primeiros rocks franceses, da autoria de Boris Vian, cantado por Magali Noël, que faz hoje 77 anos.

Lírica popular - 5

O pardal é passarinho
Muito inconstante em amar;
Tu gostas, como o pardal,
Só gostas de variar.

Pedro Vidoeira
In: Lyrica popular. Lisboa: José Bastos, 1895

Cézanne e a influência japonesa! 2

Para este segundo post de Cézanne e a influência japonesa escolhi uma das paisagens de Mont Sainte Victoire, Provence, e um estudo onde retrata Hortense, a sua mulher, que lhe serviu de modelo para vários retratos.
x
Monte de Santa Vitória com um grande Pinheiro
A mulher de Cézanne. Hortense Fiquet

José Régio: Poema do Silêncio!



Poema do Silêncio

Sim, foi por mim que gritei.
Declamei,
Atirei frases em volta.
Cego de angústia e de revolta.
Foi em meu nome que fiz,
A carvão, a sangue, a giz,
Sátiras e epigramas nas paredes
Que não vi serem necessárias e vós vedes.
Foi quando compreendi
Que nada me dariam do infinito que pedi,
Que ergui mais alto o meu grito
E pedi mais infinito!
Eu, o meu eu rico de baixas e grandezas,
Eis a razão das épicas trági-cómicas empresas
Que, sem rumo,
Levantei com sarcasmo, sonho, fumo...
O que buscava
Era, como qualquer, ter o que desejava.
Febres de Mais.
Ânsias de Altura e Abismo,
Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.
Que só por me ser vedado
Sair deste meu ser formal e condenado,
Erigi contra os céus o meu imenso
Engano
De tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!
Se os gestos e as palavras que sonhei,
Nunca os usei nem usarei,
Se nada do que levo a efeito vale,
Que eu me não mova! que eu não fale!
Ah! também sei que, trabalhando só por mim,
Era por um de nós.
E assim,
Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
Lutava um homem pela humanidade.
Mas o meu sonho megalómano é maior
Do que a própria imensa dor
De compreender como é egoísta
A minha máxima conquista...

*José Régio, in “Poemas de Deus e do Diabo"poemas de Deus e do Diabo” (1925)

sexta-feira, 26 de junho de 2009

BILIPO

Bibliothèque des littératures policières


É a única biblioteca francesa dedicada à conservação e promoção da literatura policial. Neste espaço podemos encontrar a quase totalidade da edição francesa no respeitante aos géneros policial e criminal. Aberta em 1995, recebeu os fundos de literatura policial da biblioteca do Arsenal, dispondo presentemente, para além de livros, de um importante fundo documental e iconográfico.
Visitei esta biblioteca em 2000 e foi nesse ano que me passeei pela zona da Contrescarpe.
48-50, rue du Cardinal Lemoine
Paris

Place des Victoires - 2



Desta vez pelo olhar de quem aqui quer(ia) ter uma casa.
Fotos Jad.

Não gosto


Não tem nada a ver com questões de fundo, que não são segredo aqui no blogue, mas sinceramente não me parece nada feliz este logo oficial das Comemorações do Centenário da República, concebido por dois jovens designers que ganharam o respectivo concurso. Está aberto o debate...

Temos provedor

Ao contrário do que aqui escrevi há dois dias, afinal PS e PSD entenderam-se ainda antes da legislatura terminar quanto à escolha do novo Provedor de Justiça. A cinco horas do término do prazo, vieram os respectivos líderes parlamentares anunciar ao país que tinham acordado na escolha do Conselheiro Alfredo José de Sousa, que presidiu 10 anos ao Tribunal de Contas, para ser o próximo Provedor.
Isto de se estar em período pré-eleitoral tem as suas vantagens...

Place de la Contrescarpe


Já há uns anos tinha andado por aqui, mas não me lembro de ter visto esta praça. Fiquei com a sensação que esta zona de Paris é, presentemente, uma das mais in da capital. Aonde nos levam os livros...
Aqui ficava o cabaré Pomme de Pin, enaltecido por Rabelais, e onde se reunia a Pléiade, constituída por Ronsard, Baïf, Joachim du Bally, Dorat, Remi Belleau, Jodelle e Ponthus de Thiard, frequentadores também de um outro cabaré situado na Cité, À la Pomme de Pin.

Cidade maravilhosa


Composição de André Filho, interpretada por Caetano Veloso.

A primeira tarde portuguesa

- Batalha de São Mamede, Acácio Lino, pintura mural ( Sala Acácio Lino do Palácio de S.Bento ) , 1922.


O título desta mensagem é controverso, mas não podia deixar de escolhê-lo. Ao contrário do que muita gente pensa, esta designação de A primeira tarde portuguesa como referência à Batalha de S.Mamede não é uma criação do Prof.Matoso, mas antes de Alexandre Herculano ( não me lembro é precisamente onde ) , embora seja justo reconhecer que foi o artigo de Matoso com este belo título que a generalizou.
Estou convencido que no fim do dia 24 de Junho de 1128, vencidos D.Teresa e Fernão Peres de Trava, havia um sentimento colectivo de uma nova entidade, de uma pátria, de um destino comum, ainda que muito embrionário pudesse ser tal sentimento ou consciência.
Os países velhos não se formaram por decreto, nem por conferências internacionais, e mesmo as bulas papais só reconheciam o que já havia de facto, embora sempre de acordo com as próprias conveniências da Cúria Romana, e assim aconteceu com Portugal.
Prefiro pensar que Portugal nasceu naquele campo de batalha ( hoje S.Torcato, Guimarães ) do que com a bula de Lúcio II ou com o Tratado de Zamora ( que é o que comemoro a cada 5 de Outubro ) , ou ainda mais tarde ainda com a Manifestis probatum.

- Para o FLV

60 anos de uma nação: 1983

As eleições legislativas de Março que dão uma maioria à coligação entre conservadores e liberais, introduzem uma novidade no panorama político da Alemanha Ocidental: o partido ecologista de Os Verdes regista 5,6 % dos votos e envia assim 28 deputados para o Bundestag. A presença de apenas três partidos que vigorou ao longo de várias décadas, é alargada por este êxito eleitoral dos ambientalistas que participam na sua primeira sessão em guarda-roupa pouco formal e munidos de girassóis e de um pinheiro pequeno. Decidem não assistir à eleição de Helmut Kohl, oferecem todavia ao recém-nomeado chanceler um ramo do pinheiro, manifestando assim a sua preocupação pela poluição ambiental que afecta as florestas alemãs em particular. Uma das palavras-chave do movimento ecologista vira a ser o Waldsterben (a morte da floresta devido à acidez elevada da chuva).

O semanário Stern de Hamburgo revela um achado sensacional: os diários de Adolf Hitler. A História do Terceiro Reich viria a ter um novo entendimento, segundo a revista. Poucos dias após a apresentação numa conferência de imprensa muito mediática, conhecem-se os resultados de uma análise laboratorial aos diários: a escrita é posterior a 1945 – trata-se portanto de uma falsificação. O semanário “Der Spiegel” adianta os detalhes: a editora Gruner + Jahr tinha pago um valor de 9,3 milhões de marcos ao jornalista Gerd Heidemann pelos 60 fascículos do diário. Heidemann, por sua vez, declara ter negociado a aquisição através de um intermediário de nome Konrad Kujau que assegurara tratar-se de um diário encontrado nos escombros de um avião, abatido poucos dias antesItálico do fim da Segunda Guerra Mundial. As investigações policiais posteriores viriam a provar que Kujau fora o autor dos livros falsificados. Tanto Kujau como Heidemann seriam condenados a vários anos de prisão.

Os centros urbanos das principais cidades da RFA são frequentados por jovens muito particulares: os Punks. Desde o final dos anos setenta, os Punks manifestam o seu desagrado com a vivência burguesa. Usam penteados provocadores. Um dos motes desta nova geração intitula-se “No future”. O movimento Punk marca presença também na RDA, onde, no entanto, os serviços da Staatssicherheit observam e reprimem estes jovens.

Neste espírito provocador enquadra-se também Nina Hagen: enfant terrible da música ligeira, iniciou a sua carreira na RDA no início dos anos 70 com actuações naturalmente menos controversas, influenciada pelos seus ídolos, tais como Janis Joplin, Tina Turner, Lotte Lenya ou James Brown. Em 1976, foi obrigada a abandonar a RDA no seguimento da expulsão do seu padrasto e dissidente Wolf Biermann. Desde então, destaca-se por actuações extravagantes que se manifestam, quer no guarda-roupa, quer na letra das canções do género Punk Rock. Torna-se conhecida de um público internacional. As entrevistas com Hagen na televisão lançam verdadeiros desafios aos locutores: desde detalhes da vida íntima a visitas de OVNIs, Hagen conta as experiências sem “papas na língua”.
- CONTINUAÇÃO NA PRÓXIMA SEGUNDA-FEIRA -
Imagens: Os Verdes no Bundestag em Bona; os "diários" de Hitler; os Punks; Nina Hagen

Biografias, autobiografias e afins - 34


- Navio engalanado para a Benção dos Bacalhoeiros, cerimónia criada por Henrique Tenreiro no início dos anos 40.
Foi lançada há dois dias, na Fundação Mário Soares e com apresentação de Fernando Rosas, esta biografia política do Almirante Henrique Tenreiro, da autoria de Álvaro Garrido, professor de História Económica e Social da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. E era uma biografia que faltava, já que aborda uma das personalidades mais conhecidas do Estado Novo, ideólogo do regresso de Portugal à vocação marítima, desta feita pelas pescas.
Lembro-me perfeitamente da morte dele, em 1994, enterrado com a farda da Armada brasileira, país que o acolheu depois da estranha "fuga" a seguir ao 25 de Abril. E sempre achei graça ao seu engenho no dia da Revolução: foi ele quem fugiu pelo Largo do Carmo disfarçado de "ceguinho".
Foi o grande reformador da nossa indústria pesqueira, mas em sistema oligárquico...


- Henrique Tenreiro, uma biografia política, Álvaro Garrido, Círculo de Leitores/Temas & Debates, 2009.

Lírica popular - 4

Ó meu lindo amor-perfeito!
Ó minha querida flor!
Sê tu lindo amor-perfeito,
Que eu serei perfeito amor.

Pedro Vidoeira
In: Lyrica popular. Lisboa: José Bastos, 1895

" Once Upon a Long Ago" Paul Mccartney!

Paul Maccartney, uma balada, uma guitarra na animação.

Cézanne e a influência japonesa! 1

Quando olhamos para uma pintura, um estudo, uma imagem tentamos sempre ver onde o pintor vai buscar a sua inspiração.
Nestes dois trabalhos Paul Cézanne revela a sua inspiração na arte Japonesa. Sou admiradora de tudo o que vem do Oriente seja na escrita, na ciência ou nas artes.
x
Cézanne, The Oak Tree
x
Cézanne, Study of a Large Pine

quinta-feira, 25 de junho de 2009

IN MEMORIAM : Michael Jackson

Michael Jackson morreu esta noite, vitimado por uma paragem cardíaca.

In memoriam: Farrah Fawcett


Recordam-se porventura do post de Luís Barata do passado dia 16 de Maio, sobre a luta de Farrah Fawcett contra o cancro; terminou hoje, aos 62 anos.

Nascida em 1947, Farrah Fawcett ascendeu ao estrelato como modelo (a sua juba leonina fez história) e, principalmente, na televisão como Jill Munroe, uma das três mulheres detective em "Os Anjos de Charlie", série que foi um fenómeno de popularidade nos anos 70.

O obituário do New York Times encontra-se aqui: http://www.nytimes.com/2009/06/26/arts/television/26fawcett.html

Às vezes vale a pena lê-lo

" (...) Quando, há 30 anos, a revolução islâmica derrubou a ditadura, foi recebida de braços abertos. Mas a festa acabou cedo. Os ayatollahs rapidamente provaram ser capazes da mesma brutalidade: à ocidentalização forçada sucedeu a islamização forçada, à brutalidade da polícia política sucedeu a brutalidade da polícia religiosa, ao poder arbitrário do Ocidente sucedeu o poder arbitrário do clero.
Tal como quando caiu a ditadura de Pahlevi, juntam-se, por estes dias, nas ruas de Teerão, descontentamentos contraditórios. Laicos que esperavam o seu momento, religiosos que desconfiam do excessivo poder de Ahmadinejad e simples apoiantes de Moussavi, um homem com impecáveis credenciais no regime. Mas a maioria são jovens urbanos, o que não é pouca gente no Irão. Herdeiros da ocidentalização forçada, não se lembram do Xá. Estão fartos de viver às escondidas nos mais pequenos gestos do seu quotidiano. E é por isso que este movimento, mais recontagem menos recontagem, é imparável. Ele está muito para lá da política. (...) "

- Daniel Oliveira, Tomara que caia, no Expresso de sábado passado.

2010 terá 10 candidatos a Óscar de Melhor Filme


A Academia anunciou ontem que passará a haver 10 nomeados para o Óscar de Melhor Filme. Regressa-se assim a um modelo anterior, descontinuado após a vitória de "Casablanca" sobre nove outros concorrentes, em 1943.

A jogada é vista como uma tentativa de aumentar o envolvimento das audiências com a cerimónia dos Óscares, trazendo os "blockbusters" para a arena do principal prémio.

Portugal é o 2º país mais pobre da zona Euro


O Eurostat divulgou esta manhã os dados de rendimento per capita para 2008 (em poder de compra standard - PPS).

Na zona euro, apenas a Eslováquia ficou atrás de Portugal. O rendimento per capita PPS em Portugal foi de 75% da média da UE-27 (a Eslováquia ficou perto, a 72%). O topo do pódio pertence ao Luxemburgo, à Irlanda e à Holanda,com 253%, 140% e 135% da média da UE-27, respectivamente

Considerando todos os países da União, Portugal ocupa a posição 19 (e a Bulgária ocupa a última posição, com o seu rendimento per capita PPS a representar 40% da média UE-27).

Esta posição sublinha a continuação do declínio da posição portuguesa, de 77% em 2005 para 76% em 2006 e 2007 e, agora, 75%. Ao invés, a Grécia, contra quem Portugal se comparava há 10 anos (Portugal superava a Grécia), passou de 93% em 2005 para 95% da média UE-27 em 2008.

Como última nota, a penúltima posição na zona Euro deve-se à entrada da Eslováquia para o clube a 1 de Janeiro de 2009... senão seríamos os últimos.

Maurice Ravel (1875-1937) Daphnis et Chloé suite no.2 (1/3)

Maurice Ravel (1875-1937) Daphnis et Chloé suite no.2 (1/3) 1st part : Lever du jour (Daybreak) Berliner Philarmoniker Herbert von Karajan 1985

Daphnis et Chloe



A Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro tem uma Exposição denominada Livro do mês. A actual é sobre o seguinte livro Longi pastoralium, de Daphnide et Chloe, libri quatuor. Graece et Latine. Lutetiae Pariosiorum [Paris, França]: In Gratiam Curiosorum, 1754. 175, [1] p., 29 f. de estampas : il. ; 21 cm.
O seu autor, como se pode concluir pelo título é o poeta grego Longus [Λόγγος]

Transcremos o texto de Ana Virginia Pinheiro que acompanha a exposição:
História do Livro: Daphnis e Chloe é um dos mais antigos e conhecidos romances pastorais (amor bucólico) cuja autoria é atribuída a Longus, escritor grego. O texto foi escrito por volta do ano 200, mas o manuscrito foi tardiamente descoberto por Paul-Louis Courier, na Biblioteca Laurenziana, em Florença, 1809. A história de Daphnis e Chloe foi publicada, originalmente, em francês, em 1509 (existem 6 exemplares conhecidos) e em inglês, em 1587 (apenas, um exemplar conhecido).
O romance de Longus atraiu diversos ilustradores no século XVIII, principalmente artistas franceses que enfatizaram a sexualidade através de imagens – várias edições, em muitos exemplares, foram publicadas. Ao longo dos últimos cinco séculos, embora a obra nunca tenha saído de catálogos de impressores artesanais e editores comerciais, foi raramente valorizada, chegando a ser identificada na História do Livro como “o bestseller desconhecido” (Whiteman, 2009).

Sobre o exemplar: É único, no acervo da Biblioteca Nacional, proveniente da Real Bibliotheca, trazida para o Brasil pela corte de D. João em 1808; oriundo de uma tiragem de apenas 125 exemplares, este será conservado pelo Projeto Fênix*.

Raridade/importância: Bela edição, da qual não foram tirados mais que 125 exemplares, que inclui 29 gravuras de Benoit Audran (1698-1772), vinhetas gravadas por Simone Fokke, a partir de desenhos de Charles Dominique Joseph Eisen (1720-1778) e A. Cochin (BRUNET, t. 3, pt. 2, col. 1155).

Sobre o romance: Dois adolescentes, Daphnis (o rapaz) e Chloe (a moça) foram abandonados por seus pais e adotados, ainda bebês, por dois casais – viviam num bosque e eram pastores de cabras e ovelhas. Tiveram uma infância inocente até a interferência de Eros, que resolveu transformá-los num casal de amantes. Um dia, por acidente, Daphnis caiu num poço de lama; foi socorrido por Chloe que, ajudando-o a lavar-se, se encantou com seu corpo nu.

Desde então, Chloe não conseguia mais dormir, comer, nem cuidar de seus rebanhos.

Um dia, Daphnis foi beijado por Chloe, depois de vencer um desafio de Dorcon – um boiadeiro apaixonado pela moça.

Desde então, Daphnis não conseguia mais dormir, comer, nem cuidar de seus rebanhos.

Ficaram, então, envolvidos por esse sentimento inocente, até que um enviado de Eros, Philétas – um velho sábio, explicou aos jovens que aquela “doença” se chamava Amor e que o único remédio possível era que se beijassem (como já faziam) e que se deitassem nus – só.
Mas, o remédio de Philétas parecia incompleto, porque a “doença” não apresentava melhora, até que...

Enfim, essa história de amor é entremeada por vários acontecimentos, que incluem seqüestros, outro personagem feminino (Lycénion), que ensina a Daphnis a arte do Amor, a descoberta dos pais biológicos dos jovens, até o casamento dos dois apaixonados. A última cena está ambientada no quarto nupcial, onde o casal e convidados se fartam com frutas que simbolizam o Amor.


* Projeto de salvaguarda que objetiva resgatar à condição de uso as obras deterioradas e fora de consulta, do acervo da Divisão de Obras Raras, através de ações de conservação, restauração e microfilmagem – patrocínio: BNDES/2009
.

Por ser uma transcrição ficou a nova ortografia do português, séc. XXI...

Para saber mais "clic" aqui.

Place des Victoires - 1



Aqui fica a praça do Jad em Paris, com a estátua de Luís XIV ao centro.
Amanhã porei outra da minha preferência, das que conheço e a seguir à da rua de Fürstenberg.

POUR MARIE, MARIE LAURENCIN


Marie Laurencin – Apollinaire e amigos
[Picasso, Fernande Olivier, Apollinaire e Marie Laurencin]
Óleo sobre tela, 1908
Museu de Baltimore


Marie, Marie Laurencin
Pássaros pousam em teus cabelos
Dependuram-se ágeis os sonhos
Na fragilidade mansa do teu rosto.

Marie, Marie Laurencin

Teus quadros são a infância
A infância única, insubornável
Ondas de rosas, azuis e claros semi-tons
Ganham a juventude de tuas telas
Enchem os nossos olhos
Olhos egressos da poesia.

Marie, Marie Laurencin

Tuas donzelas de olhar velado
Cegas na grande noite
Como o pássaro a quem os olhos arrancaram
São pálidas jovens
Donzelas sem nome
Eternas visões ignoradas.

Marie, Marie Laurencin

Tuas adolescentes de corpo ágil
Longos corpos de tímidas corças selvagens
Povoam de impossíveis sonhos
Nosso humilde quotidiano.

Marie, Marie Laurencin

Em Paris nascida
Em Paris vivida
Pelo poeta Apollinarire amada

Marie, Marie Laurencin

És a própria vítima
De teu mágico sortilégio
És a própria infantil pureza e graça

POUR MARIE, MARIE LAURENCIN

Francisco da Rocha Filho

http://www.marielaurencin.com/
http://greencab.co.jp/laurencin/museum/emuseum.html

A paciência tem limites...


E Jorge Miranda desistiu de querer ser Provedor de Justiça. Acho que fez bem, já que a "novela" está para lavar e durar, e quase de certeza arrastar-se-á até à próxima legislatura. Seria triste ver o Prof.Miranda continuar enovelado em tão vergonhoso episódio.

A morte do regedor

Provavelmente, também deram pela morte do português mais idoso na passada segunda-feira, mas não quis deixar de falar aqui dele, homem que passou por todos os regimes.
António Fernandes de Castro morreu aos 111 anos, deixando vinte netos, trinta bisnetos e dois trinetos. Era conhecido na região de Barcelos como o senhor regedor, pois que na verdade foi regedor da freguesia de Durrães durante 33 anos, e durante dois ou três foi também Juiz de Paz, e mais tarde Presidente da Junta de Freguesia. Uma vida cheia, a deste homem que era por por profissão um afamado comerciante de videiras.
Orgulhava-se sobretudo de ter sido um regedor bom, pois que nunca prendeu ninguém durante as três décadas de ofício.
Sobre a sua longevidade, maior até que alguns dos 10 filhos que teve, atribuía-a a sempre ter comido de tudo...

Dali em Oeiras

É com a exposição Dali: Sonhos de Literatura e Escultura, inaugurada hoje, pelas 18h30, que abre as portas o Palácio do Egipto, no centro histórico de Oeiras. Depois de vinte anos de abandono e uns de obras, o belo imóvel do séc.XVIII tem finalmente um destino traçado como centro cultural.
Relativamente à exposição, estão presentes esculturas de vários tamanhos, e trabalhos gráficos que atestam a mestria de Dali como desenhador e a referência a obras literárias. Está patente até 15 de Setembro.

60 anos de uma nação: 1982

A Europa parece ansiar por “um pouco de paz” em plena Guerra Fria. É esta a mensagem com que a Alemanha Ocidental vence pela primeira (e única) vez o Festival Eurovisão da Canção. Ein bisschen Frieden, interpretado pela jovem Nicole de 17 anos, convence os júris, encanta milhões de telespectadores e torna-se num sucesso em vários países europeus. A cantora é hoje em dia um dos ícones da música ligeira alemã.
O Presidente do Conselho de Administração da AEG anuncia a insolvência da empresa. A segunda maior empresa do ramo electrónico depois da Siemens naufragou em consequência de uma política de expansão excessivamente cara e pouco bem-sucedida. Os electrodomésticos produzidos pela AEG não são competitivos com os fabricos da concorrência estrangeira. Frustradas as várias tentativas de recuperação, são alienadas algumas participadas. O grupo viria a desmoronar-se nos anos seguintes, até se extinguir definitivamente em 1996.

A coligação entre sociais-democratas (SPD) e os liberais (FDP) sob a égide de Helmut Schmidt encontra-se em ruptura: a RFA ressente-se da recessão global, os dados macroeconómicos deterioram-se não obstante as medidas com vista a uma retoma da conjuntura. Em Janeiro, o desemprego atinge a meta dos dois milhões, o valor mais alto registado desde a constituição da RFA em 1949. O milagre económico (Wirtschaftswunder) do pós-guerra terminou definitivamente. Num ambiente de tensão, falta a unanimidade dentro do partido social-democrata quanto à melhor estratégia económica a seguir. A oposição, representada pelo partido conservador CDU e Os Verdes, beneficia dos desentendimentos internos, o que se traduz nos resultados obtidos em eleições em vários Estados alemães.

A situação agrava-se quando os quatro ministros liberais abandonam a coligação. O governo minoritário de Schmidt não resiste à moção de censura no Bundestag: pela primeira vez, é destituído um chanceler através de uma moção. Schmidt cede a Helmut Kohl, líder da oposição conservadora, que é eleito como sucessor. O FDP “muda de parceiro” e associa-se ao CDU. Nem todos os liberais saúdam este passo, o estigma da traição conduz vários membros do FDP a sair do partido. Com vista a pôr termo à instabilidade política, são marcadas eleições legislativas antecipadas para Março de 1983. Neste escrutínio, viria a maioria do eleitorado alemão pronunciar-se claramente a favor da nova coligação entre conservadores e liberais. Helmut Kohl viria a dirigir o destino da Alemanha durante 16 anos.

Imagens: Nicole com Ein bisschen Frieden; o fim da AEG; Helmut Schmidt e Helmut Kohl; Helmut Kohl na tomada de posse

Não duvidemos da crise...


Se dúvidas existissem quanto à dimensão da crise económica em que estamos mergulhados, foi recentemente revelado um indicador que importa tomar a sério: as vendas de telemóveis caíram 23% no primeiro trimestre de 2009, relativamente a igual período de 2008.
Ora, conhecendo-se, como todos conhecemos, o afã dos portugueses relativamente a estes objectos, é realmente mau sinal...

50 anos a cantar

Porque hoje realiza-se, no Coliseu dos Recreios de Lisboa, o primeiro espectáculo comemorativo dos 50 anos de carreira de Maria da Fé.

Entrevistas de ontem à noite

Confesso que tenho tido dúvidas quanto ao estilo político de Manuela Ferreira Leite : a gestão dos silêncios, poucas aparições públicas e o assumido "horror aos comícios", mas depois de ver a entrevista de ontem à noite com Ana Lourenço na SIC, tenho que reconhecer- a Dra.Ferreira Leite está em forma e "passou a mensagem" muito eficazmente.
Outra boa entrevista na noite passada foi a feita por Constança Cunha e Sá a Nuno Crato, na TVI24. Nuno Crato, além de ser um grande divulgador científico, tem reflectido bastante sobre o estado do nosso ensino e o chamado "eduquês". E, concorde-se ou não com as suas opiniões, é um gosto ouvi-lo. Aliás, não é todos os dias que se ouve num canal português, e sem ser a desoras, falar de Rousseau, de Piaget, de Kilpatrick... Deve ter causado muito ranger de dentes em alguns "pedagogos" da 5 de Outubro...