terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O Duque da Vitória



Sem misturar com outras polémicas e tendo ideia de que o assunto já foi aqui tratado, é notável o apagamento e remissão para a esfera corporativa e local das comemorações de um evento tão marcante como o das invasões francesas.


Por contraste com nuestros vecinos, para além mesmo da própria memória, a gratidão é um sentimento curto. Se pesquisarem a toponímia portuguesa, salvo na região de Torres Vedras, que ruas são dedicadas ao nosso Duque da Vitória? Uma baixela, uma "comenda" e uns títulos, será que chega?


O conjunto de horrores e os efeitos da guerra peninsular condicionaram o século XIX português. Os morticínios praticados pelos invasores, as destruições e perdas patrimoniais, tudo parece esquecido, qual longínqua lenda de princesas mouras.

Na minha cidade natal, houve fuzilamentos em massa, que nunca encontraram o seu Goya que os retratasse. Edifícios arrasados, arquivos queimados (não há livros paroquiais, anteriores aos finais do século XVIII). Uma placa toponímica, aliás razoavelmente omissa (Mártires? de quem ou de onde?), e chega. Quem, especialmente fora de Leiria, conhece ou ouviu falar do Massacre da Portela?



Bussaco, Setembro de 1810, Roque Gameiro. Em Setembro de 2010, como será?





Estas são as armas do Duque de Wellington, com o acrescentamento honroso da Union Jack, já na sua forma actual, em escudete no chamado ponto de honra.

4 comentários:

  1. Concordo inteiramente consigo.
    Ainda hoje, no Minho, se diz:
    "foi tudo para o maneta" (que era o General Loison).
    Só que o "Ultimato" fez-nos perder a "inocência" em relação aos ingleses e a cultura francesa foi-nos reconquistando "suavemente".
    Infelizmente, hoje,está tudo abandonado aos padrões americanos
    que, às vezes, são bem "foleiros"...
    Assim vai o mundo, como se dizia nas "Actualidades Francesas".

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  2. Completamente de acordo. Têm-se feito alguns colóquios, algumas iniciativas sobretudo de carácter local e algumas publicações, sobretudo por historiadores militares. Sabe a pouco, tendo em conta o impacto que as Invasões tiveram.
    E tantas riquezas nossas que encheram cofres públicos e privados franceses...

    Um pormenor nobiliárquico: o herdeiro da casa ducal continua a ostentar o título de Marquês do Douro. Já o tenho constatado em revistas e jornais.

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  3. Só hoje deparei com o seu post.
    Não quero dar a minha opinião sobre as Invasões Francesas porque é polémica. Todavia, concordo com a sua ideia, à excepção do Bussaco,muito pouco se fez ou faz para recordar esse acontecimento que levou ao Portugal que hoje somos.

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