(...) Ao escrever deus não estou a desrespeitar os crentes, nem a diminuir o Deus de quem acredita que Deus existe. Respeito os crentes-e naturalmente invejo-lhes a crença na vida eterna-, na exacta medida em que espero que respeitem o meu direito a não acreditar em deus, a deus ser para mim apenas um substantivo abstracto. Será próprio das sociedades laicas que a igualdade de crentes e não-crentes exista. Assim sendo, tal como o leitor não se reconhece no meu uso da minúscula para deus, e está no seu direito, eu não me reconheço na afirmação totalitária de Deus com maiúscula- como se a existência de Deus fosse, no fundo, no fundo, inquestionável, e a presença dos ateus apenas tolerada desde que não afrontem a norma dos crentes. (...)
Também li a crónica - aliás, muito bem escrita ("Quem sai aos seus não"...é de Genebra...)e estou em completa sintonia.
ResponderEliminarRespeito todas as religiões, os agnósticos e os ateus. No entanto, os homens inventaram Deus/deus, talvez, porque nunca nos conseguimos transcender.
ResponderEliminarReli há pouco tempo "A Queda" onde Camus afirma que mesmo os que dizem mal de Deus/deus, escrevem teorias contra ele, no fim acabam por se ajoelhar perante Ele. Porque será?
Não li a crónica a não ser este excerto.
Sou católica não praticante, tenho dúvidas e a minha fé não é cega, aprendi na escola a utilizar o tratamento em maiúscula. Não me repugna ver escrito com minúscula mas também não sou favorável ao novo acordo ortográfico e por uma questão de coerência continuo a usar o D maiúsculo.
deus com minúscula é uma coisa, Deus com maiúscula é outra. Ou passaremos a escrever todos os nomes da literatura com minúscula, por obviamente não terem existência fora dos livros? A grafia depende da fé de cada um? Posso duvidar de D. Fuas Roupinho e escrever fuas?
ResponderEliminarDito isto, contra o AO, marchar, marchar :)
Lembro ao JP o e. e. cummings (1894-1962) e, cá em "casa", o novel
ResponderEliminarvalter hugo mãe (1972).
Não consigo grafar o Deus das religiões monoteístas com d minúsculo, objecção que não sinto relativamente aos deuses dos sistemas politeístas. E não se trata, penso eu, de qualquer menosprezo para com estes mas sim da natureza das coisas.
ResponderEliminarAPS, e.e.c. era voluntário e a pedido! :)
ResponderEliminarLuís: obviamente que nunca escreveria vishnu (Ok, só para este efeito) ou alá, ou, noutro nível, buda. Posso falar num deus ou em deuses. Mas se me reporto a certo conceito, aliás monista, ou escrevo com maíuscula, como qualquer nome próprio, ou estou a fazer campanha panfletária.
JP: Se calhar não fui claro, mas obviamente que não escrevo Kali, Ganesh, Apolo ou Loki com minúscula. O que escrevo, nestes casos, é "deus" ou "deuses" com minúscula.Ex: o deus nórdico Loki, não o Deus nórdico Loki.
ResponderEliminarPois, e muito bem. Mas eu tb escreveria "o deus judaico-cristão Deus"... :)
ResponderEliminarSe calhar, usando o nome do Antigo Testamento, a diferença entre nome comum e próprio seria mais inequívoca!
Com estas manias, qualquer dia escrevem "deus", com aspas e tudo.