Julie Andrews é adorada pelo mundo fora, como se evidenciou pelo fluxo de gente que acorreu à O2 e se consegue comprovar numa pesquisa rápida pela internet, com devoção expressa por figuras como Rupert Everett ou, como sumariza o site “popeater.com”, “[S]he can just make everyone feel alright. ... She was great, and all her real fans will love her forever.”
Porventura, o que as pessoas recordam e gostam são os personagens interpretados por Julie Andrews, e a aparente consistência dos valores subjacentes à actriz e aos seus personagens. Em particular, o destaque vai para os personagens de Maria, a “noviça rebelde” como lhe chamaram no Brasil, de “Música no Coração” e para o personagem titular de “Mary Poppins”; e para o público americano que ainda se recorda, a sua interpretação original como a primeira Eliza Doolittle em “My Fair Lady”, na Broadway (aliás, a substituição por Audrey Hepburn para a versão de cinema levou a discussões acesas na época, “vingadas” quando Julie Andrews conquistou o Óscar para Melhor Actriz por “Mary Poppins”, derrotando Hepburn). Todos estes papéis são musicais (como são também musicais a Lili Smith de “Darling Lili”, ou a Victoria Grant de “Victor/Victoria”) e papéis com sólidos valores de esperança, perseverança e capacidade de ultrapassar obstáculos, com raízes de humildade e um certo receio do desconhecido. Vendo bem, são personagens sem um pendor romântico forte: Mary Poppins tem um amigo limpa-chaminés, Bert, mas dificilmente será um dos romances da 7ª Arte (e o que é, é sub-texto); a ligação de Maria ao Capitão tem menos de romântico do que a de Liesl e Rolf, servindo mais de complemento à história do que de fio condutor; Eliza apaixona-se pelo Professor Higgins mais como consequência; Victoria também se envolve emocionalmente pelo King já no decurso do enredo; e apenas em Lili é a vertente romântica central ao personagem. Não são os outros personagens que fazem Julie Andrews: nem o de “Cortina Rasgada”, de Hitchcock; nem o “The Tamarind Seed”, com Omar Sharif; nem o de “10”; nem o de “Our Sons”; nem as várias versões de “Shrek”; nem a série televisiva de muito curta duração de 1992, “Julie”. São os papéis de um conjunto de musicais que fazem a Julie Andrews do imaginário colectivo.
Porventura, o que as pessoas recordam e gostam são os personagens interpretados por Julie Andrews, e a aparente consistência dos valores subjacentes à actriz e aos seus personagens. Em particular, o destaque vai para os personagens de Maria, a “noviça rebelde” como lhe chamaram no Brasil, de “Música no Coração” e para o personagem titular de “Mary Poppins”; e para o público americano que ainda se recorda, a sua interpretação original como a primeira Eliza Doolittle em “My Fair Lady”, na Broadway (aliás, a substituição por Audrey Hepburn para a versão de cinema levou a discussões acesas na época, “vingadas” quando Julie Andrews conquistou o Óscar para Melhor Actriz por “Mary Poppins”, derrotando Hepburn). Todos estes papéis são musicais (como são também musicais a Lili Smith de “Darling Lili”, ou a Victoria Grant de “Victor/Victoria”) e papéis com sólidos valores de esperança, perseverança e capacidade de ultrapassar obstáculos, com raízes de humildade e um certo receio do desconhecido. Vendo bem, são personagens sem um pendor romântico forte: Mary Poppins tem um amigo limpa-chaminés, Bert, mas dificilmente será um dos romances da 7ª Arte (e o que é, é sub-texto); a ligação de Maria ao Capitão tem menos de romântico do que a de Liesl e Rolf, servindo mais de complemento à história do que de fio condutor; Eliza apaixona-se pelo Professor Higgins mais como consequência; Victoria também se envolve emocionalmente pelo King já no decurso do enredo; e apenas em Lili é a vertente romântica central ao personagem. Não são os outros personagens que fazem Julie Andrews: nem o de “Cortina Rasgada”, de Hitchcock; nem o “The Tamarind Seed”, com Omar Sharif; nem o de “10”; nem o de “Our Sons”; nem as várias versões de “Shrek”; nem a série televisiva de muito curta duração de 1992, “Julie”. São os papéis de um conjunto de musicais que fazem a Julie Andrews do imaginário colectivo.
"Wouldn't It Be Loverly" da versão teatral de "My Fair Lady"
A esperança (principalmente das crianças, tudo é possível – e naquele momento, todos na audiência são crianças) e a vitória sobre a adversidade de base humilde, cantadas (algo que foi desaparecendo da sociedade em geral no século XX, hoje em dia ninguém canta, enquanto que nos séculos anteriores se cantava nas igrejas, nas sinagogas, nos campos, nas aldeias) têm sido os motes que cativam as audiências.
"Feed The Birds" de "Mary Poppins"
Exemplos incluem “Wouldn’t It Be Loverly”, “The Rain in Spain” e “I Could Have Dance All Night” em “My Fair Lady”, “A Spoonful Of Sugar”, “Feed The Birds”, “Supercalifragilisticexpialidocious” ou “Let’s Go Fly a Kite” em “Mary Poppins”; “Whistling Away The Dark” em “Darling Lili”; e, muito especialmente, é omnipresente em “Música no Coração”: “Do-Re-Mi”, “My Favorite Things”, “I Have Confidence In Me”, “Climb Ev’ry Mountain”, “Edelweiss”. É verdade que a música e letra geniais de Rodgers e Hammerstein, Lerner e Loewe ou Henri Mancini ajudaram – mas ajudaram a criar os personagens habitados por Julie Andrews, fazem parte dos ingredientes.
"Edelweiss" de "Música No Coração"
Mercê do cinema e da gravação de imagem e som, estes personagens são eternos. E quando se vai a um “return” de Julie Andrews, quer-se ver Maria, Mary e Eliza; porventura também Victoria ou Lili. Até porque sendo eternas, o mundo multimédia permite-nos regressar com Julie Andrews. O espectáculo ideal teria tido estes personagens em clips musicais nos écrans gigantes, intercalados com outros números musicais interpretados ao vivo por Julie Andrews, acompanhada ou não pelos seus convidados, mas sempre com Julie Andrews no centro. Músicas que exijam menor alcance vocal (Barbra Streisand fez igualmente o ajuste, passando para clássico de jazz) e sem inovações de arranjo que desvirtuem as músicas iniciais (como aconteceu com “My Funny Valentine”) provavelmente seriam as que teriam resultado melhor. Até se teria achado graça ao conto infantil musicado.
"Whistling Away The Dark" de "Darling Lili"
Recomendação: que Julie Andrews faça já outro concerto – e que convide também Maria von Trapp, Mary Poppins, Eliza Doolittle, Lili Smith, Victoria Grant, Millie Dillmount, Cinderella e Guinevere. E que, a terminar, cante o tal “mean “Ol’ Man River”. Será um sucesso sem reservas.
Também Julie Andrews ocupa um grande lugar na minha galeria de imortais. Música o coração foi o meu primeiro contacto e durante muitos anos o meu primeiro filme.
ResponderEliminarBoa "reportagem" e parabéns por ter sido dos vinte e não sei quantos mil espectadores. Um quarto do Prosimetron esteve presente.
Música do coração deve ser o filme que mais vezes vi, tanto no cinema (penso que foram 7), como em televisão. Mas não sou uma indefectível de Julie Andrews.
ResponderEliminarParabéns pelos posts!
Fantástico!
ResponderEliminarAdoro Julie Andrews, vi todos os filmes focados no seu post. "Música no coração" é um "must".
Também o felicito! :)
Li os quatro capítulos apenas agora. Excelente "reportagem"!
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