domingo, 11 de julho de 2010

Dois filmes que me deixaram a pensar

Agnes Slott-Møller (1867-1937)

Os dois filmes que vi esta semana, com tempo arrancado a uma agenda carregada, ficaram, por motivos diferentes, no meu pensamento. Falo de "O Segredo dos seus Olhos" e de "Eu sou o amor". Filmes diferentes e complementares.
Todo o ser humano tem uma paixão. Mas para uns a paixão pode ser salutar - para o próprio - e para outros pode ser esquizofrénica - para o próprio, também.

No "eu sou o amor" vivi uma paixão (ou melhor, diferentes paixões) libertadora (o que acontece quando a paixão é correspondida). As consequências foram dramáticas para todos, mas os dramas foram libertadores, foi uma busca de um outro, novo, livre.

Em "o segredo dos seus olhos" vivi uma paixão (ou melhor, diferentes paixões) castradora (o que acontece quando a paixão não é correspondida). As consequências foram dramáticas para todos e todos ficaram presos a um passado. Ninguém conseguiu ser livre.

A paixão é realmente algo de bom e de mau. Tolda a vista, tolda a mente, tolda o pensamento, tolda tudo. É como a esquizofrenia, o diafragma que faz a separação do "corpo" da "alma".

Será que eu tenho o direito de fazer sofrer o outro porque isso é um consolo para o meu sofrimento?
Mas o meu sofrimento não pode ser apenas um estado provocado por eu não aceitar a realidade? Mas se eu aceitar a realidade, que pode suavizar o meu sofrimento, posso causar sofrimento em muitos, muitos, outros.
O meu lado esquerdo diz: não nos devemos apaixonar, porque a paixão traz sofrimento. Mas o meu lado direito responde: devemo-nos apaixonar, porque a paixão pode-nos levar até às portas do paraíso.
E até a morte pode ser, porque é eterna, a nossa última paixão.

Nunca somos livres nem iguais... Será que ao menos podemos ser fraternos?

P.S.: hoje voltei ao quadro de quarta-feira.
E este post teve como origem, embora não pareça, um e-mail, sobre uma "paixão" transmitida e vivida no fim da tarde de sexta-feira.

4 comentários:

  1. A resposta estava no fim, no quadro de quarta-feira. Acrescentei o nome da autora antes de ver este comentário, que foi produzido no mesmo momento em que estava a emendar o post.

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  2. Obrigada, gostei muito do quadro.

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  3. No outro dia, quando colocaste o outro quadro dela, pintora que eu desconhecia, procurei outras pinturas e vi esta de que gostei e lembrei-me de Chagall.

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