"The past must be acknowledged" (Atilla Jószef)*
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No nº 60 da Avenida Andrássy encontramos a Casa do Terror. Um edifício construído em 1880 pelo arquitecto Adolf Festzy. A Casa do Terror foi inaugurada em 2002 e encerra dois períodos negros da história de Budapeste e da Húngria. Porquê o nome escolhido?
A Casa do Terror poder-se-ia chamar também a Casa do Silêncio porque é exactamente o que sentimos quando passeamos por ela e nos deparamos com dois períodos distintos onde a desumanidade e a falta de liberdade eram a razão de ser.
À entrada, mesmo antes de comprarmos os bilhetes, podemos ver um filme com um húngaro que chora pelo mal que fez, relatando que aos dezoito anos abraçou o regime soviético pactuando com a violência que se praticou neste edifício.
Depois, antes de entrar no espaço da exposição propriamente dito, surgem dois monólitos que simbolizam as duas épocas de terror:
- A negro o tempo do Nacional Socialismo Húngaro de Szálasi-wing. Em 1944 quando os Nazis Húngaros chegaram ao poder e centenas de pessoas foram torturadas e executadas;
-Em 1945 a Húngria foi ocupada pelo Exército Soviético, o edifício foi transformado na PRO (Politikai Rendészeti Osztály), polícia secreta, e entramos numa ala em que a cor predominante é o vermelho.
Passamos a uma ante-sala, antes de entrarmos nas duas alas acima descritas e podemos ver uma parede cheia de rostos de pessoas que ali foram torturadas e executadas.
A partir daqui não se podem tirar mais fotografias. Vou tentar descrever a exposição sem a mostra fotográfica. Passando na ala negra podem observar-se os pontos estratégicos utilizados pelos nazis, os campos de concentração e observar filmes reveladores do genocídio. Ouvem-se discursos políticos, em vários écrans passam imagens de propaganda, vêem-se os utensílios utilizados na rotina da Casa do Terror, durante a II Guerra Mundial.
No ano de 1945, durante a Primavera, o exército soviético instala-se em Budapeste e entramos na ala vermelha. O fim da guerra é assinalado por um labirinto construído por tijolos de sabão que revela as grandes dificuldades do após-guerra e surge a representação de um porco que atrai o nosso olhar. Agora cada um pense o que quiser.
Continuamos a visitar a exposição: a propaganda, o poder ostensivo do comunismo, os seus símbolos são visíveis desde objectos diversos a filmes. Entramos depois numa sala coberta inteiramente de escritos à máquina e de dossiers nas paredes que representam as centenas de processos. A sala transforma-se numa sala de julgamento (cadeiras e mesas estão cobertas de processos) e podemos visionar num écran o julgamento de comunistas dissidentes. Passando esta sala encontramos os anos 50 e 60, representados por anúncios colados nas paredes que sugerem a vida quotidiana. Alguns com uma estética bem conhecida de todos. Entramos em seguida numa sala com objectos de culto judaico e cristão e apercebemo-nos da perseguição religiosa. Somos convidados a entrar num elevador envidraçado. Descemos a olhar a parede, com uns 10 metros ou mais, não consigo avaliar, onde vemos rostos e mais rostos dos que ali padeceram.
Entramos na cave, nas celas e nas salas de tortura. Em algumas celas estão colocadas fotografias dos seus residentes. Finalmente, somos conduzidos até uma sala com uma iluminação suave, Hall of Tears e encontramos cruzes e mais cruzes simbolizando um cemitério.
Saímos para a rua e encontramos ao longo de um friso, na parede, fotografias de homens e mulheres que ali morreram como se pode observar na fotografia.
The deeper we descend into the past,
the fewer witnesses remain,
oral tradition subsides into silence,
memories are lost in the mists of time...
(Solzhenitsyn), Terror Háza, House of Terror, Budapest, 1062, Andrássy út 60. (Catálogo da exposição), p.5; *p. 1.
Lembro-me bem da Casa do Terror. Chocante e impressionante ao mesmo tempo.
ResponderEliminarÉ verdade Filipe,
ResponderEliminarO jogo de sensações que nos faz sentir é impressionante! Apetecia-me falar detalhadamente das salas e corredores mas ficava muito grande o post, apenas foquei o que mais me impressionou.
Talvez volte a falar mais detalhadamente de cada espaço depois desta introdução.:)
Esqueci-me de dizer que achei grandiosa a forma como criticam as duas fases da sua história e como guardam as memórias para não se repetirem no futuro.
ResponderEliminarEu não, estive em Budapeste em 1996. Não me parece que a visite um da que volte a Budapeste. Sou a favor de uqe se construam estes locais de memória, principalmente para serem visitados por quem não os viveu.
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