domingo, 8 de agosto de 2010

Salzburgo e o seu festival: 1938 - 1944

A entrada de tropas alemãs em Salzburgo a 12 de Março de 1938 inicia o período negro na história do festival. Consumado o Anschluss da Áustria, a ideologia nazi domina o espírito das jornadas culturais. Artistas que, até então, marcaram o perfil dos Festspiele, são afastados, entre eles, Bruno Walter, Max Reinhardt e Arturo Toscanini. Algumas das obras do co-fundador Hugo von Hofmannsthal, tais como o Jedermann, desaparecem da programação. A “arte alemã” deverá, segundo a propaganda de Berlim, impor-se. O público internacional deixa de comparecer e é substituído por milhares de alemães que no âmbito da “iniciativa” Kraft durch Freude, se deslocam até Salzburgo: em muitos casos, operários com salários modestos com direito a bilhetes subsidiados. A cidade e o seu festival não escapam à maquinaria de propaganda, os símbolos da ocupação são bem visíveis. Hitler visita a edição do Festival de 1939.


Com o início da Segunda Guerra Mundial, é reduzida significativamente a oferta cultural. O público é maioritariamente constituído por soldados e restantes membros do exército alemão, ou por trabalhadores de fábricas de munição próximas. Em 1943, é proibida a designação “Festspiele”, substituída por “Salzburger Theater –und Musiksommer” (Verão de teatro e de música de Salzburgo). Após o fracasso do atentado contra Hitler a 20 de Julho de 1944, é decretado por Goebbels o fim de todos os festivais em território pertencente ao Deutsches Reich. Assim, realizam-se em Salzburgo apenas um concerto sinfónico e o ensaio geral da ópera “Die Liebe der Danae” de Richard Strauss. Entre os artistas que continuam a actuar entre 1938 e 1945, figuram Clemens Krauss e o maestro Karl Böhm.
- to be continued-
Imagens: Salzburgo no final dos anos 30; Hitler na inauguração da construção da autoestrada Munique - Salzburgo, Março de 1938

2 comentários:

  1. Parabéns Filipe,

    Começa mais uma crónica interessantíssima! :)

    ResponderEliminar
  2. Continua. Já teve uma edição na semana passada, nas suas férias, Ana.

    ResponderEliminar