sábado, 3 de abril de 2010
Semana Santa
Ressurreição pintada por GIOTTO di Bondone (1267-1337), em técnica de fresco, na Capela Scrovegni (Arena), Pádua (1304-1306).
Juntos ao luar / Dear John
Ontem fui (fomos) ver o filme de Lasse Hallström, Dear John, que em Portugal passa com o título Juntos ao luar.
Quase no fim do filme, fala-se muito do Tempo... do tempo que corre, que não para, e que acaba sempre por se esgotar. Pensei neste quadro do Museu do Prado, de Simon Vouet. Nele a Beleza e a Esperança tentam destruir o Tempo, antes que o Tempo as destrua.
A Beleza agarra o tempo pelos cabelos.
A Esperança, com a sua âncora, tenta-o deter na sua marcha.
António Caldara: Maddalena ai piedi di Cristo
Fariseu
[...]
Parte, pois o grato esplendor da virtude
não podes alcançar.
Como poderás tu, cega pelo horror
dos teus pecados, algum dia ver a sua luz?
Fariseo
[...]
Parti, che di virtù il gradito splendor
scorger non puoi.
Come mai tra foschi orror
di tue colpe la sua luce veder vuoi?
António Caldara: Maddalena ai piedi di Cristo
[...]
Voglio piangere,
sin che frangere
possa il nodo che mi lega.
Sempre il cielo
apparve amico a' desiri,
a' sospiri d'un alma che prega
Quero Chorar
até que se quebre
o nó que me prende.
O Céu acolhe sempre
os desejos e os suspiros
de uma alma que reza.
Cheguei a tempo a Lisboa. Fui ver! Magnífico.
Mesa Pascal - 4!
Bolo de Páscoa e ovos em fio, que não dispenso!
Bom dia!
«Não há Entrudo sem lua nova, nem Páscoa sem lua cheia.»
Especialmente para o Jad, que nos explicou estas relações entre Carnaval, Páscoa e as luas.
A Paixão na Poesia Portuguesa VII!
«Estava o Monte...»
Estava o monte, estava a cruz, estava ele.
É verdade: e os pregos. Mas isso não tem importância.
Um corpo de homem. Um sangue de homem.
Dizia todas as coisas. Calmamente
era uma divina fala. Nos ares.
Vinha em ecos entre o céu e a terra.
Nada mais a fazer: estava entregue.
(O Sangue, a Água e o Vinho)
António Salvado, A Paixão de Cristo na Poesia Portuguesa, Lisboa: Polis, p. 136.
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Semana Santa
Lamentação pintada por GIOTTO di Bondone (1267-1337), em técnica de fresco, na Capela Scrovegni (Arena), Pádua (1304-1306).
Semana Santa
Crucificação pintada por GIOTTO di Bondone (1267-1337), em técnica de fresco, na Capela Scrovegni (Arena), Pádua (1304-1306).
Rubens: Pietà
Pietà com S. Francisco (Pietà avec saint François)
Óleo sobre tela
420 x 332
Pintado para a Igreja dos Capuchinhos, em Bruxelas.
Votos de Boas Festas de Páscoa
Recebi de Miss TOLSTOI:
"Sei que normalmente Páscoa é sofrimento e dor. Mas como os prosimetronistas costumam ser alegres, aqui lhes estou a dar Música, com um detalhe do quadro anónimo (atribuído a Jan ou Hieronymus van Kessel, Hendrik van Balen e talvez a Jan Brueghel o Jovem), Allegorie de l'Ouie ou La Musique, pintado c. 1620-25, que descobri no Musée municipal de Saint-Germain-en-Laye, por onde também andaram três Prosimetonistas."
Obrigado
Sexta-Feira Santa
Semana Santa
Jesus a caminho do Calvário, pintado por GIOTTO di Bondone (1267-1337), em técnica de fresco, na Capela Scrovegni (Arena), Pádua (1304-1306).
Para o Dia Internacional da Literatura Infantil
MESA PASCAL - 3
Para o Dia Internacional de Literatura Infantil
Virgínia de Castro e Almeida, foi autora de livros infantis e produtora cinematográfica, tendo um dos seus filmes, "Os olhos da Alma", baseado num argumento da sua autoria e tendo como cenário a Nazaré sido exibido em Paris, em 1923, no Cité Select.
A Paixão na Poesia Portuguesa VI!
JOÃO DE DEUS (século XIX)
Crucifixo
Minha mãe, quem é aquele
pregado naquela cruz?
-Aquele, filho, é Jesus...
É a santa imagem d'Ele.
- E quem é Jesus? - É Deus!
- E quem é Deus? - Quem nos cria,
quem nos manda a luz do dia
e fez a terra e os céus,
e veio ensinar à gente
que todos somos irmãos
e devemos dar a mãos
uns aos outros, irmãmente:
todo amor, todo bondade!
- E morreu? - Para mostrar
que a gente, pela verdade,
se deve deixar matar.
(Campo de Flores)
António Salvado, A Paixão de Cristo na Poesia Portuguesa, Lisboa: Polis, p.78-79.
Semana Santa
Flagelação de Jesus pintada por GIOTTO di Bondone (1267-1337), em técnica de fresco, na Capela Scrovegni (Arena), Pádua (1304-1306).
Boa Páscoa
Hoje enviam-se SMS e e-mails... no passado cartões ou telegramas. Nos Anos 30 (1936) inventaram-se os PAX (impressos autografados) que hoje são uma raridade quando circulados.
Aqui fica um dos cartazes e um dos Autógrafos Pax (este anos 40)
Para além dos Autógrafos (que circulava pelos Correios, com a assinatura de quem enviava) havia também impressos de telegrama, de luxo (neste caso o serviço era exclusivamente de telégrafo, escolhia-se no posto dos Correio - de onde se enviava o telegrama - o impresso que seria entregue no destino).
As minhas Heidi(s)
Johanna Spyri
Saiba mais em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Johanna_Spyri
As capas das edições que tenho e que li vezes sem conta:
Porto: Livr. Civilização, 1961
Trad. de Helena Lousada; il. de Maria Helena Abreu.
Pedro, Clara e Heidi.
Lisboa: Bertrand: Ibis, [196-]
Hoje é Dia Internacional do Livro Infantil. Não querem falar das vossas leituras de infância?
A Paixão na Poesia Portuguesa V!
À Paixão de Jesus Cristo
O filho do grão rei, que a monarquia
tem lá nos céus e que de si procede,
hoje mudo e submisso à fúria cede
de um povo, que foi seu, que à morte o guia.
De trevas, de pavor se veste o dia,
inchado o mar o seu limite excede,
convulsa a terra por mil bocas pede
vingança de tão nova tirania.
Sacrílego mortal, que espanto ordenas,
que ignoto horror, que lúgubre aparato!...
Tu julgas teu juiz!... Teu Deus condenas!
Ah! Castigai, Senhor, o mundo ingrato;
caiam-lhe as maldições, chovam-lhe as penas,
também eu morra, que também vos mato,
(Poesias; ed. Inocêncio da Silva [sic])
António Salvado, A Paixão de Cristo na Poesia Portuguesa, Lisboa: Polis, p.63
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Semana Santa
Jesus interrogado por Caifás, cena pintada por GIOTTO di Bondone (1267-1337), em técnica de fresco, na Capela Scrovegni (Arena), Pádua (1304-1306).
MESA PASCAL - 2 : Muitos e muitos...
MESA PASCAL - 1 : kulich ou memma?
PENSAMENTO(S) - 116
Billie e Dee Dee
Um quadro por dia - 50
Marvin
Semana Santa
Beijo de Judas, cena pintada por GIOTTO di Bondone (1267-1337), em técnica de fresco, na Capela Scrovegni (Arena), Pádua (1304-1306).
Crónicas de Clarice - 13
Amanhã vou partir para a Europa. De onde mandarei meus textos para este Jornal. Minha sede será Londres. E de lá planejarei minhas viagens. Por exemplo, vou a Paris ver de novo a Mona Lisa pois estou com saudade. E comprar perfumes. E sobretudo reclamar com a Maison Carven por eles não fabricarem mais o meu perfume, e que mais combina comigo, Vert et Blanc. Irei ao teatro também. E à Rive Gauche.
Voltarei então para Londres onde permanecerei uma, duas semanas. E seguirei para a minha amada Itália. Roma antes. Depois Florença. É em Roma que, por intermédio de conhecidos mútuos, conhecerei Onassis e há possibilidades de combinar um cruzeiro pelo Mediterrâneo.
Irei à Grécia que só conheço de rápida passagem. Preciso realmente ver de novo a Acropóle. E preciso voltar a ver as pirâmides e a Esfinge. A Esfinge me intrigou: quero defrontá-la de novo, face a face, em jogo aberto e limpo. Vou ver quem devora quem. Talvez nada aconteça. Porque o ser humano é uma esfinge também e a Esfinge não sabe decifrá-lo. Nem decifrar a si mesma. No que nós nos decifrássemos, teríamos a chave da vida.
Quero tomar banhos de mar em Biarritz-porque lá eu vi as ondas mais altas, o mar mais compacto e mais verde e turbulento. E majestoso. San Sebastian não quero rever. Mas quero voltar a Toledo e a Córdoba. Em Toledo reverei os El Greco.
Pegarei na Europa a primavera, o que já em si é motivo para uma viagem para lá. Irei a Israel, essa comunidade antiga e a mais nova: quero ver como é que se vive sob padrões diferentes.
E Portugal? Tenho que voltar a Lisboa e Cascais. Em Lisboa procurarei minha amiga e grande poeta Natércia Freire. E dar-lhe-ei um texto meu, atendendo a seu pedido de colaboração para o Suplemento de Letras e Artes ( Diário de Notícias de Lisboa ) suplemente esse que ela dirige. Irei ao Chiado. E de novo pensarei em Eça de Queirós. Preciso relê-lo. Sei que vou gostar de novo-como se fora a primeira leitura- do suculento estilo de Eça. Voltarei a Londres, onde passarei em descanso e teatros e pubs duas semanas.
De lá darei um pulo na Libéria, em Monróvia. Estive na Libéria, mas não cheguei a ir à capital. Se alguém pensa que fui vencedora na Loteria Esportiva, está enganado. O melhor da história é que viajarei sem gastar um centavo. Só gastarei o que despender nas compras. Depois ensinarei como é que se consegue tal formidável barganha: não é impossível, tanto que eu consegui e sem maiores esforços. Não, não foi por charme que eu tenha feito: quando faço charme é sem sentir e sem querer, simplesmente acontece. O charme, quero dizer.
Estará na hora de não poder mais morrer de saudades do Brasil. Voltarei via Nova Iorque, onde ficarei duas semanas, me perdendo na multidão. A multidão de Nova Iorque é o meio mais fácil da pessoa ficar solitária. Se eu ficar sozinha demais procurarei o nosso Consulado. Para rever brasileiros e poder usar de novo a nossa difícil língua. Difícil mas fascinante. Sobretudo para se escrever. Asseguro-vos que não é fácil escrever em português: é uma língua pouco trabalhada pelo pensamento e o resultado é pouca maleabilidade para exprimir os delicados estados do ser humano.
E- enfim- voltarei ao Rio. Antes darei um pulo a Belém do Pará, para rever os meus amigos Francisco Paulo Mendes, Benedito Nunes ( qual é o endereço deles? Por favor me escrevam) e tantos outros importantes para mim. Eles, vai ver, já me esqueceram. Eu não esqueci deles. Em Belém já passei seis meses, muito felizes. Sou grata a esta cidade.Uma vez no Rio, e depois de abraçar todos os amigos, irei para Cabo Frio por uma semana, na casa de Pedro e Míriam Bloch. Voltarei depois ao Rio e recomeçarei, toda renovada, a minha luta diária e inglória e enigmática.
Sim. Tudo isto. Mas só se fosse de verdade... O fato é que hoje é 1º de Abril e desde criança não engano ninguém nesse dia. Infelizmente não vejo meio de fazer essa viagem sem dinheiro. O Onassis entrou no 1º de Abril de puro penetra que ele é. Na verdade não tenho muito interesse em conhecê-lo. Desculpem a brincadeira. Mas é que não resisti.
( 1 de Abril de 1972 )
Clarice Lispector, in A DESCOBERTA DO MUNDO, 2ªed, N0va Fronteira, 1984.
Vamos comer um livro?
Não se comem os livros propriamente ditos, mas antes bolos que reproduzem todas as múltiplas formas do livro.
Para saber mais, veja-se o sítio oficial: http://www.books2eat.com/
Marco Aurélio: Pensamentos!
Liv IV, 44;
x
Marco Aurélio, Pensamentos, Lisboa: Editorial Verbo, 1971, p.46
Para o Filipe Nicolau
Bruxelas, Musées Royaux des Beaux Arts de Belgique
Hoje, dia 1 de Abril, no CCB, em Lisboa, o Filipe poderá escutar a “Maddalena ai piedi di Cristo” de Antonio Caldara. Tenho pena de não estar por cá...
Aqui lhe deixo uma imagem inspiradora para Madalena (para mim uma das melhores).
A Paixão na Poesia Portuguesa IV!
ELÓI DE SÁ SOTTO MAIOR (século XVII)
A Cristo na Cruz
Que vos pode dar morte, Autor da vida,
sendo vós quem podeis dar vida e morte;
quem, por se dar a vida, me deu morte,
que troca a vida em morte, a morte em vida.
Tenha eu somente a morte e vós a vida,
que eu não mereço vida, nem vós morte:
pois vender quero logo a vida à morte
pra que se compre com a morte a vida.
Se a minha vida sois e eu vossa morte;
como me dais comigo morte ou vida?
Porque na sua está a vida ou morte:
Viva, meu Deus, a morte e morra a vida,
se, para a vida se ganhar na morte,
haveis vós de perder na morte a vida.
(Jardim do Céu)
António Salvado, A Paixão de Cristo na Poesia Portuguesa, Lisboa: Polis, p.49
quarta-feira, 31 de março de 2010
Um novo Nureyev?
e que me falou de Carlos Acosta, bailarino do Bolshoi. Tinham-lho recomendado, como um novo Nureyev.
Por aqui não me parece. Fico à espera do empréstimo de Spartacus, bailado que nunca vi.