sábado, 17 de janeiro de 2015
Miguel Torga
Miguel Torga, 20 anos sobre o desaparecimento do poeta.
S. Martinho da Anta, 13 de Abril de 1965
Falo da natureza.
E nas minhas palavras vou sentindo
A dureza das pedras,
A frescura das fontes,
O perfume das flores.
Digo, e tenho na voz
O mistério das coisas nomeadas.
Nem preciso de as ver.
Tanto as olhei,
Interroguei,
Analisei
E referi, outrora,
Que nos próprios sinais com que as marquei
As reconheço, agora.
In Diário X. Coimbra : [s.n.], 1968.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
Um quadro por dia
Para " exorcizar " o dia esta luminosa tela de Robert Delaunay, Rythme, joie de vivre, de 1931 e apresentada pela primeira vez a leilão no passado dia 4 de Dezembro, na Sotheby's de Paris, onde foi vendida por 2,3 milhões de euros .
Lá fora - 215
- Últimos dias para visitar esta mostra de 50 telas de Perugino . É no Jacquemart-André, e fica patente a grande influência sobre os seus contemporâneos e sobre os seus discípulos. Santa Maria Madalena :
Leituras no Metro - 200
Tenho estado a ler (ou reler) alguns livros de entrevistas de Mário Soares. Comecei pelas duas entrevistas de Dominique Pouchin, feitas com um intervalo de quase 30 anos e que deram livros.
Hotel Saint-Pierre na atualidade
O princípio do exílio...
«Assim, vim para França, para Paris. Tinha um livro para escrever, Portugal Amordaçado. Começara a sua redação em São Tomé e continuei a escrevê-lo num pequeno hotel do Quartier Latin, sem saber o que fazer para além disso. [...]
«Instalei-me num hotel barato, o Saint Pierre, situado na rue de l'École-de-Médicine [...], sem saber o que iria fazer. Decidi então retomar a escrita do meu livro, para o terminar. [...]
«Convivi muito com os socialistas franceses e com os meios intelectuais. Especialmente, tinha como amigo, por exemplo, Alain Oulman, editor da Calmann-Lévy. Era um intelectual, um músico, que compôs numerosos fados de Amália Rodrigues, um homem de grande sinceridade. Apresento-me nos meios literários franceses.»
«Instalei-me num hotel barato, o Saint Pierre, situado na rue de l'École-de-Médicine [...], sem saber o que iria fazer. Decidi então retomar a escrita do meu livro, para o terminar. [...]
«Convivi muito com os socialistas franceses e com os meios intelectuais. Especialmente, tinha como amigo, por exemplo, Alain Oulman, editor da Calmann-Lévy. Era um intelectual, um músico, que compôs numerosos fados de Amália Rodrigues, um homem de grande sinceridade. Apresento-me nos meios literários franceses.»
O mistério da poesia e do leitor
Albert Reuss - Mulher lendo com uma língua da sogra, 1935
Newlyn Art Galler
A poesia, não se sabe o que é.
Nem é preciso.
O que é realmente importante ninguém sabe.
(Os homens, de resto, só querem saber do que sabem…)
Não devia ser assim, claro.
Mas deixá-lo. O que ninguém sabe
é que tem o mistério e a pureza de não ser
coisa nenhuma exatamente.
Eduíno de Jesus
In: Os silos do silêncio. Lisboa: INCM, 2005,
p. 149
quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
A minha vinheta
Dois dias depois do ataque terrorista ao "Charlie Hebdo" em Paris, o grupo miliciano islamita Boko Haram, que significa nas línguas faladas no norte da Nigéria " a educação ocidental ou não islâmica é um pecado", fazia um massacre contra a população da cidade de Baga e vilas vizinhas que poderá contar com 2000 mortos, entre homens mulheres e crianças. Como não ocorreu no Ocidente, como os mortos franceses pelo terrorismo islâmico eram autores de cartoons anti- religiosos e como o alvo foram populações que não querem submeter-se à religião do Corão, ninguém se indignou o bastante para uma qualquer manifestação, um qualquer gesto de solidariedade, um qualquer slogan. Como escreveu o editor do jornal The Namibian a propósito dos mortos no massacre no Ruanda e das mortes pelo ébola "É solitário morrer em África". O que se aplica neste caso.
Mário Mesquita entrevista Mário Soares
«Vamos acabar com a segurança social e regressar ao "reagamismo" ou à senhora Tatcher? Não, vamos repensar a segurança social e criar novos parâmetros de ação solidária. Esses são os grandes desafios do futuro. Creio que os socialistas estão mais aptos a responder a esses desafios do futuro do que os conservadores ou os neoliberais. Estes não têm soluções!» (p. 257-258)
«A meu ver, o discurso socialista (democrático) deve, hoje, concentrar-se em três conceitos: liberdade, solidariedade e participação. Deve aprofundá-los, no quadro de sociedades pluralistas , descentralizadas e civilistas. A ecologia e a União Europeia - e aqui há que repensar as instituições europeias e o seu controlo democrático - devem ser preferenciais, como os problemas de emprego, a segurança social, a igualdade de oportunidades e as exclusões sociais.» (p. 259)
quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
Bryan Adams, fotógrafo
Uma maravilha, esta exposição de fotografias de Bryan Adams que pode ser vista até 1 de fevereiro em Cascais. Não percam!
Uma parte é dedicada a fotografias de personalidades, como Mick Jaegger, Kate Moss, Ben Kingsley, José Mourinho ou de algumas fadistas portuguesas, como Carminho ou Ana Moura; outra, Wounded: The Legacy oy War, na qual vemos fotografias de antigos combatentes britânicos das guerras do Iraque e do Afeganistão, que sofreram ferimentos e mutilações brutais. Um murro no estômago!
Três milhões de exemplares, hoje na rua!
Do milhão previsto, a edição do Charlie Hebdo, hoje posta à venda, é de três milhões de exemplares. Irá para o Guiness? Não pelas melhores razões...
Acrescento às 9h30: Afinal poderá chegar aos cinco milhões de exemplares. Terá algum jornal atingido uma tal tiragem anteriormente?
Fila para comprar o jornal.
Foto de Martin Bureau,
terça-feira, 13 de janeiro de 2015
Sexta à meia-noite, na Cinemateca
As primeiras sessões “Sexta à Meia-Noite” na Cinemateca, uma novidade da programação de 2015, são com os Beatles e abriram a 9 de janeiro, com A Hard Day’s Night de Richard Lester, de 1964, o primeiro e considerado o melhor filme dos fab four.
Nas próximas sextas-feiras, à meia noite, os filmes programados são Help!, também realizado por Lester, Yellow Submarine, o célebre filme de animação, realizado em 1968 por George Dunning, e Let it Be. de Michael Lindsay-Hogg, de 1970, o filme do célebre «concerto do telhado» que é também uma crónica da desagregação da banda.
Coincidência?
Coincidência? Acasos?... ou não, a juntar à proximidade de Paris dos últimos dias, li o livro de Patrick Modiano: No Café da Juventude Perdida.
Uma história que se lê com alento. O mito do eterno retorno, ou a constante procura da essência da vida. Apetece partir e vaguear pela capital francesa.
- É proibido olhar para as fachadas dos prédios?
O homem fixou em mim dois olhos duros e receosos.
Gostaria de o assustar ainda mais.
E depois, para me acalmar, sentei-me num banco do passeio central, à altura do início da avenida, em frente do cinema México. Descalcei o pé esquerdo.
Sol. Deixei correr o pensamento.
A propósito de terrorismo
O terrorismo combate-se com a paz, o diálogo, o respeito
pelo Direito Internacional, pelos Direitos Humanos e pela dignidade das pessoas
– e não com bombas, violência cega ou com destruições.
Mário Soares
(Do discurso na manifestação «Pela Paz e Contra a Guerra»,
Lisboa, 15 fev. 2003)
segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
Boa noite!
Anita Ekberg faleceu ontem, em Itália. Teve a sorte de ser escolhida por Fellini para protagonizar Sílvia em La Dolce Vita, porque de resto...
Já não me lembrava que Anita Ekberg foi Helene na Guerra e Paz de King Vidor.
Este Zarak que nunca vi (e espero não ver) deve ser coisa do outro mundo. :)
Este Zarak que nunca vi (e espero não ver) deve ser coisa do outro mundo. :)
Pensamento ( s )
A caricatura é mais forte que as restrições e que as proibições . É imortal porque é uma das facetas daquele diamante que se chama verdade .
- Eça de Queiroz ( 1845-1900 )
Leituras no Metro - 199
Jacopo Bassano - Susanna and the Elders, ca 1556-1566
National Gallery of Canada
Jacopo Bassano - Susanna and the Elders, 1571
Estou a ler mais um livro de Daniel Silva, protagonizado pelo espião e restaurador de arte Gabriel Allon, que no início da trama e encontra em Jerusalém a restaurar um quadro, Susana e os velhos, atribuído a Bassano.
Lisboa: Bertrand, 2014
domingo, 11 de janeiro de 2015
Os meus franceses - 372
Já coloquei esta canção várias vezes e cá volta novamente hoje e na voz de Serge Reggiani, que é um d'«Os meus franceses» preferidos.
Esperança
Hoje todos temos o pensamento em França, associamos-nos à marcha em homenagem das vítimas do ataque ao Charlie Hebdo. Tal como MR gostaria de lá estar.
Deixo um poema de "Esperança" de uma poetisa para mim desconhecida, Odete Costa Semedo.
Tenhamos esperança. Ilustração de Fernando Júlio
Odete Semedo, Entre o Ser e o Amar. Odete Semedo e INEP, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, República da Guiné-Bissau, 1996, p.p. 38 e 39,
Edição bilingue em português e kriol
Livros fac-similados do Público. Não compro esta colecção apenas adquiro os que para mim são novidade.
Os meus franceses - 371
Quatro cantoras do grupo Françoises, Jeanne Cherhal, Camille, La Grande Sophie e Emily Loizeau, cantam «Je m'appelle Charlie», em homenagem a Charlie Hebdo, no A'live de Pascale Clark, no passado dia 8.
Onde eu gostava de estar...
Café parisiense. Foto Wild Apple
... num café, em Paris, a tomar um café. E às 15h00 de lá, engrossar a manifestação.
Parece que está um belo dia de sol na capital francesa. :)
Lá roubei a secção ao Luís - só por hoje.
Lá roubei a secção ao Luís - só por hoje.