domingo, 4 de dezembro de 2016

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O torso arcaico de Apolo

Não conhecemos sua cabeça inaudita
Onde as pupilas amadureciam. Mas
Seu torso brilha ainda como um candelabro
No qual o seu olhar, sobre si mesmo voltado

Detém-se e brilha. Do contrário não poderia
Seu mamilo cegar-te e nem à leve curva
Dos rins poderia chegar um sorriso
Até aquele centro, donde o sexo pendia.

De outro modo erger-se-ia esta pedra breve e mutilada
Sob a queda translúcida dos ombros.
E não tremeria assim, como pele selvagem.

E nem explodiria para além de todas as fronteiras
Tal como uma estrela. Pois nela não há lugar
Que não te mire: precisas mudar de vida.

Rainer Maria Rilke
Trad. Paulo Quintela

(Este poema não é do livro do marcador.)

7 comentários:

  1. Li há dias (Correspondência de Sena/Eugénio) umas críticas contundentes de Jorge de Sena às traduções de Paulo Quintela (dos poemas de Rilke e Hölderlin)...
    Bom Domingo!

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  2. Precioso poema sobre algo que non existe (so se intúe): o ollar do torso de Apolo. Ao lelo represéntaseme o torso de Belvedere do Vaticano, aínda que ao mellor o autor non pensaba nese.

    Bon domingo.

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  3. APS, por serem muito literais?

    Justa,
    Deve referir-se ao Torso de Mileto que se encontra no Louvre.

    Vou fazer novo post, sugeridos pelos vossos comentários: vou colocar a trad. de Manuel Bandeira e a imagem do escultura do Louvre.

    Bom domingo aos dois (por aqui com muita chuva).

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  4. Muito " Traballado" tudo e o resultado ...Um agasalho para a sensibilidade.
    Boa tarde!

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  5. Por as traduções de Quintela serem, como diria Garrett, muito sexquipedais; melhor dizendo, muito prosaicas...

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