O torso arcaico de Apolo
Não conhecemos sua cabeça inaudita
Onde as pupilas amadureciam. Mas
Seu torso brilha ainda como um candelabro
No qual o seu olhar, sobre si mesmo voltado
Detém-se e brilha. Do contrário não poderia
Seu mamilo cegar-te e nem à leve curva
Dos rins poderia chegar um sorriso
Até aquele centro, donde o sexo pendia.
De outro modo erger-se-ia esta pedra breve e mutilada
Sob a queda translúcida dos ombros.
E não tremeria assim, como pele selvagem.
E nem explodiria para além de todas as fronteiras
Tal como uma estrela. Pois nela não há lugar
Que não te mire: precisas mudar de vida.
Rainer Maria Rilke
Trad. Paulo Quintela
(Este poema não é do livro do marcador.)
Li há dias (Correspondência de Sena/Eugénio) umas críticas contundentes de Jorge de Sena às traduções de Paulo Quintela (dos poemas de Rilke e Hölderlin)...
ResponderEliminarBom Domingo!
Precioso poema sobre algo que non existe (so se intúe): o ollar do torso de Apolo. Ao lelo represéntaseme o torso de Belvedere do Vaticano, aínda que ao mellor o autor non pensaba nese.
ResponderEliminarBon domingo.
APS, por serem muito literais?
ResponderEliminarJusta,
Deve referir-se ao Torso de Mileto que se encontra no Louvre.
Vou fazer novo post, sugeridos pelos vossos comentários: vou colocar a trad. de Manuel Bandeira e a imagem do escultura do Louvre.
Bom domingo aos dois (por aqui com muita chuva).
Muito " Traballado" tudo e o resultado ...Um agasalho para a sensibilidade.
ResponderEliminarBoa tarde!
Boa tarde, Luisa!
ResponderEliminarPor as traduções de Quintela serem, como diria Garrett, muito sexquipedais; melhor dizendo, muito prosaicas...
ResponderEliminar:-)
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