sábado, 26 de maio de 2018
Marcadores de livros - 1063
Dois marcadores com pormenores das obras abaixo postadas na totalidade:
Wang Guochen - Pássaros e frutas, séc. XIX
Kwang-Ling Ku - Flores e pássaros, século XX.
Para APS.
Parabéns, APS!
Um dia feliz!
Quatro publicidades das canetas Swan, respetivamente de 1906 (as duas primeiras), 1928 e 1931 (as duas últimas, com umas pequenas variantes).
sexta-feira, 25 de maio de 2018
Fred Vargas
Fred Vargas, pseudónimo de Frédérique Audoin-Rouzeau, muito apreciada pelo nosso Luís, é o Prémio Princesa das Astúrias 2018.
«A sua escrita mistura intriga, ação e reflexão com um ritmo reminiscente da musicalidade, característica da boa prosa em francês», disse o júri, afirmando ainda que o trabalho de «alcance universal» de Vargas permitiu a «revitalização» do romance policial.
Leituras no Metro - 977
«Que está a fazer aqui em Mestre? – perguntou Brunetti.
«O senhor sabe como é – começou ele. – Fartei-me de tentar arranjar um apartamento em Veneza. Eu e a minha mulher andámos dois anos à procura, mas é impossível. Ninguém quer alugar a um veneziano, com medo que a gente se meta lá dentro e depois nunca mais consigam tirar-nos de lá. E os preços, para quem quer comprar, cinco milhões o metro quadrado. Quem é que consegue? Por isso viemos para aqui.
«O senhor sabe como é – começou ele. – Fartei-me de tentar arranjar um apartamento em Veneza. Eu e a minha mulher andámos dois anos à procura, mas é impossível. Ninguém quer alugar a um veneziano, com medo que a gente se meta lá dentro e depois nunca mais consigam tirar-nos de lá. E os preços, para quem quer comprar, cinco milhões o metro quadrado. Quem é que consegue? Por isso viemos para aqui.
«- Parece arrependido, sargento.
«Gallo encolheu os ombros. Era um destino muito comum entre os venezianos, corridos da cidade por rendas e preços exorbitantes.
«- É sempre difícil sair da nossa terra, senhor comissário […].»
Donna Leon – Vestido para matar. Lisboa: Presença, 2000, p. 34-35
«Bateu à porta do gabinete de Patta e disseram-lhe para entrar. […] O tampo [da secretária…] estava cheio de pastas, relatórios, até mesmo, numa das pontas, um jornal amachucado. Não era o habitual L’Observatore Romano de Patta, reparou Brunetti, mas sim o quase obsceno La Nuova, um jornal cuja grande tiragem parecia basear-se na dupla conclusão de que as pessoas não só faziam coisas vis e ignóbeis, mas que as outras pessoas gostavam de ler sobre isso.»
Donna Leon – Vestido para matar. Lisboa: Presença, 2000, p. 84
quinta-feira, 24 de maio de 2018
O Espírito de '45
Este filme-documentário de Ken Loach esteve pouco tempo em cartaz e não consegui vê-lo no cinema. Vi-o há dias e gostei imenso: o que o Reino Unido era antes da II Guerra, como se transformou a partir de 1945 e como a Tatcher começou a sua destruição.
quarta-feira, 23 de maio de 2018
Os meus franceses - 623
« [...] cada filme de Jean Renoir, tomado separadamente, assinala apenas um momento do seu pensamento. É o conjunto dos filmes que faz a obra, daí a necessidade de os agrupar num festival como este para que sejam mais bem apreciados, como um pintor que perdura e dá a ver várias telas antigas e recentes, diversos períodos, de cada vez que expõe.»
François Truffaut - Os filmes da minha vida. Lisboa: Orfeu Negro, 2015, p. 55
Jean Renoir é um dos meus realizadores preferidos - um humanista, como refere Truffaut algures no seu livro e Ingrid Bergman nas palavras que proferiu na atribuição do Óscar Honorário, em 1975:
A arte do retrato - 241
José Malhoa, José Relvas tocando violino, 1898, óleo sobre tela, Casa dos Patudos .
Relvas e o seu querido Stradivarius, que conservou até 1914, ano em que o vendeu pois que a música já tinha sido suplantada pela política ...
Números
Alguns números da Expo / Parque das Nações :
31 000 pessoas moram na freguesia do Parque das Nações, e é a população mais jovem de Lisboa ;
30 000 pessoas trabalham no Parque das Nações, freguesia que tem a maior concentração de sedes de empresas do país ;
1 300 000 pessoas visitaram o Oceanário em 2017, o segundo equipamento mais visitado de Lisboa depois do Castelo de São Jorge ;
145 metros tem a Torre Vasco da Gama, o edifício mais alto de Lisboa;
Fonte : Expresso
31 000 pessoas moram na freguesia do Parque das Nações, e é a população mais jovem de Lisboa ;
30 000 pessoas trabalham no Parque das Nações, freguesia que tem a maior concentração de sedes de empresas do país ;
1 300 000 pessoas visitaram o Oceanário em 2017, o segundo equipamento mais visitado de Lisboa depois do Castelo de São Jorge ;
145 metros tem a Torre Vasco da Gama, o edifício mais alto de Lisboa;
Fonte : Expresso
Marcadores de livros - 1060
O único marcador que tenho de Philip Roth:
«É muito difícil ler os clássicos; logo a culpa é dos clássicos. Hoje o estudante faz valer a sua incapacidade como um privilégio. Eu não consigo aprender isto, portanto alguma coisa está errada nisto. E há especialmente alguma coisa errada com o mau professor que quer ensinar tal matéria. Deixou de haver critérios - para só haver opiniões.»
Philip Roth - A mancha humana
Um quadro por dia - 416
É de Júlio Pomar este Bocage, e aparece aqui este desenho do mestre ontem falecido porque cruzei-me ele várias vezes durante um certo período da minha vida . R.I.P.
Leituras no Metro - 976
Lisboa: Livros do Brasil, 1956
«Li o Fahrenheit 451 – o n.º 33 [da coleção Argonauta] – depois de ter lido O Mundo Marciano (tradução das Martian Chronicles) e O Homem Ilustrado, duas colectâneas de contos de Bradbury. Devo-o ter lido no Verão de 1958, dois anos depois de ter saído em Portugal. Nesse tempo, as minhas leituras tinham passado da colecção Salgari, com Sandokan, o Tigre da Malásia, para a colecção De Capa e Espada das Edições Romano Torres, onde me ia familiarizando com Ponson du Terrail (Os Quatro Cavaleiros da Noite, Um Trono por Amor, O Pagem do Rei, As Luvas Envenenadas) e com Paul Féval, criador do Lagardère. Também já tinha lido, nas mesmas edições Romano Torres, o Walter Scott em português.
«Fahrenheit 451 era já um romance, uma coisa mais séria, uma história completa; a história de uma sociedade futura onde os livros tinham sido banidos e onde os bombeiros já não apagavam fogos – as casas eram de materiais não inflamáveis –, só queimavam livros. Fahrenheit 451 (233º Celsius) era a temperatura a que ardiam os livros.
«Para viciados na leitura, que continuam a gostar de ler e de ter livros – livros de todos os géneros, das novidades aos clássicos, livros com folhas, letras impressas, capas, encadernações, edições modernas e antigas (tenho algumas primeiras edições do Camilo Castelo Branco, compradas no Brasil) – esta destruição dos livros é equivalente a um apocalipse.
«Quando saiu nos Estados Unidos, em 1953, Fahrenheit 451 foi lido como um manifesto contra a censura, como um panfleto contra todas as inquisições. Estaline tinha morrido nesse ano, a memória de Hitler ainda estava bem viva e o macartismo tomava a América de assalto.
«Hoje percebemos melhor o seu significado mais fundo, ou percebemos o livro à distância, de maneira diferente, e talvez mais interessante civilizacionalmente. Até porque é na nossa distância que as sombras de Fahrenheit 451 parecem incidir com maior crueza, como se vivêssemos agora o futuro adivinhado no livro. O próprio Bradbury insistia que o livro não era “uma resposta ao senador Joseph McCarthy” nem era sobre a “censura estatal”, mas sobre o modo como a televisão estava a destruir “o nosso interesse pela leitura e pela literatura” e a “transformar as pessoas em imbecis” (“It is about people being turned into morons by TV”).
«Assim, em Fahrenheit 451, queimam-se livros porque os livros são perigosos e levam a pensar e a julgar criticamente, encerrando um passado que pode denunciar, empalidecer ou pôr em causa o presente e sugerir outro futuro. No livro, os que deixaram de ler livros – como a vaporosa Mildred, mulher do protagonista – estão alienados pela televisão e por uma espécie de redes sociais tridimensionais que lhes fornecem famílias fictícias e lhes preenchem o dia-a-dia como companhias virtuais. […]
«Ao entrar hoje no mundo das redes sociais e ao assistir de relance a alguns shows populares de duvidosa ética e estética, percebemos que a visão de Bradbury transcende o piedoso e sempre correto comentário anticensura para penetrar incisivamente no coração do futuro – o nosso presente.»
«Assim, em Fahrenheit 451, queimam-se livros porque os livros são perigosos e levam a pensar e a julgar criticamente, encerrando um passado que pode denunciar, empalidecer ou pôr em causa o presente e sugerir outro futuro. No livro, os que deixaram de ler livros – como a vaporosa Mildred, mulher do protagonista – estão alienados pela televisão e por uma espécie de redes sociais tridimensionais que lhes fornecem famílias fictícias e lhes preenchem o dia-a-dia como companhias virtuais. […]
«Ao entrar hoje no mundo das redes sociais e ao assistir de relance a alguns shows populares de duvidosa ética e estética, percebemos que a visão de Bradbury transcende o piedoso e sempre correto comentário anticensura para penetrar incisivamente no coração do futuro – o nosso presente.»
Gostei bastante do texto de Jaime Nogueira Pinto a propósito de Fahrenheit 451 e que poderão ler na totalidade na revista Bang! (Lisboa, maio 2018, p. 82-84) e que me parece ser o prefácio a uma nova edição deste romance na Saída de Emergência. Li quase todos os livros que ele refere, que eram leituras das pessoas da minha geração, sem esquecer os romances de Jane Austen, também editados pela Romano Torres.
Fahrenheit 451 foi o primeiro livro de ficção científica que li. Não li muitos mais - não é um género que eu aprecie, mas gostei bastante deste romance de Ray Bradbury e da adaptação ao cinema que dele fez François Truffaut. Li-o na edição, cuja capa acima reproduzo.
terça-feira, 22 de maio de 2018
In memoriam António Arnaut
«Quem não conhecer mais do que pela rama António Arnaut dirá que ele era o ‘pai’ do Serviço Nacional de Saúde, homem íntegro e probo, que há 82 anos nascera em Penela, perto de Coimbra onde se licenciou em Direito e exerceu advocacia. Saberá ainda que foi deputado da Assembleia Constituinte e de outras legislaturas, além de [fundador e] dirigente do PS até 1983, tendo, já em 2016, sido nomeado presidente honorário do seu partido de sempre.
«Quem não recordar tudo, esquecerá que aprovou o SNS num Governo de coligação do PS com o CDS e que foi é e será uma referência para a Maçonaria, tendo pertencido ao Grande Oriente Lusitano, de que foi Grão-Mestre por três anos (e não mais porque não quis). E quem quiser fazer política esquecerá o seu sentimento de fraternidade e a sua crença numa transcendência que vai para além de Igrejas e religiões, da sua tolerância, que vai para além de partidos e ideologias, e da sua liberdade interior que lhe permitiu ser dos homens mais alegres e livres que conheci.»
(Início do artigo de Henrique Monteiro no Expresso online, ontem.)
(Início do artigo de Henrique Monteiro no Expresso online, ontem.)
Lá fora - 336
Uma exposição patente no Palácio de Kensington, precisamente o local onde nasceu e viveu a sua infância solitária a futura rainha Vitória, preparando já o bicentenário do nascimento da soberana britânica ( 2019 ).
Victoria Revealed, Palácio de Kensington, até 16 de Janeiro de 2020.
Um quadro por dia - 415
Mais um recorde na venda da Colecção Rockefeller : para uma obra de Henri Matisse, cuja Odalisque couchée aux magnolias, 1923, onde vemos o seu modelo preferido Henriette Darricarrère, atingiu os 80 milhões de dólares.
Da vinheta
20 anos ! Uma renovação notável do território é para mim o legado mais importante, até por contraste com outras exposições internacionais ( Sevilha, por exemplo ... ) que deixaram destroços e ruínas. Ao contrário de alguns prognósticos, abriu no dia marcado e sem sobressaltos, correu sem incidentes, e se financeiramente não foi exactamente um sucesso , tudo acabou por se resolver graças à própria dinâmica do mercado imobiliário.
Hoje, e apesar de alguns problemas de manutenção, continua a ser aprazível de visitar e até viver.
Parabéns, Germano Almeida!
Gosto imenso da escrita de Germano Almeida, este ano vencedor do Prémio Camões. O júri «Deliberou conceder por unanimidade o Prémio Camões ao autor cabo-verdiano Germano Almeida pela riqueza de uma obra onde se equilibram a memória, o testemunho e a imaginação; a inventividade narrativa alia-se ao virtuosismo da ironia no exercício da liberdade, de ética e de crítica, conjugando a experiência insular e da diáspora cabo-verdiana. A obra atinge uma universalidade exemplar no respeito à plasticidade da língua portuguesa», como se lê na ata da reunião.
O filme de Francisco Manso baseado numa das primeiras obras de Germano Almeida, O testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo (1989).
Maio 68 - 19
Paris, 22 de maio de 1968, à hora de almoço, um belo rapaz de 22 anos, com dois metros de altura, entra no Hotel Meurice. Ele atravessou Paris paralisada pela greve geral e agitada pela insurreição estudantil que lhe lembra Paris da Libertação. Ele acabou de publicar na Gallimard o seu primeiro romance, cuja ação decorre na Ocupação, assombrada pelo anti-semitismo.
O Hotel Meurice foi durante a Ocupação a sede da Kommandantur e serviu de habitação ao general von Choltitz. O rapaz é Patrick Modiano, que o júri do prémio Roger-Nimier, em que participavam escritores colaboracionistas como Jacques Chardonne, Marcel Jouhandeau e Paul Morand, se apressou a consagrar com um cheque de 5000 francos.
Maio 68 - 18
No dia 22 de maio de 1968, um grupo de jogadores desembarcou no 60 da Avenue d'Iena, em Paris, com a firme intenção de ocupar a sede da Federação Francesa de Futebol. Na rua, são distribuídos folhetos aos transeuntes, enquanto que na sede os funcionários estão reunidos numa sala, e o secretário-geral, Pierre Delaunay, e Georges Boulogne, selecionador nacional, foram instalados noutra sala. Ninguém entra no prédio, enquanto uma bandeira vermelha e dois panos são colocados na fachada: O futebol para os futebolistas!
segunda-feira, 21 de maio de 2018
Novidades
Uma novidade editorial que aqui trago em " complemento " às belas séries que a nossa M.R. nos tem apresentado em evocação do Maio de 68.
Le Trait 68, Insubordination graphique et contestations politiques, 1966-1977, Vincent Chambarlhac, Julien Hage e Bertrand Tillier, éditions Citadelles&Mazenod.
Pensamento ( s )
Só a arte é útil. Crenças, exércitos, impérios, atitudes - tudo isso passa. Só a arte fica, por isso só a arte se vê, porque dura.
- Fernando Pessoa ( 1888-1935 )
Onde me apetecia estar - 155
Últimos dias do Parsifal dirigido por Philippe Jordan na Opéra-Bastille ( 27 de Abril / 23 de Maio ), que conta com Peter Mattei como Amfortas, Anja Kampe como Kundry e Andreas Schager como Parsifal.
operadeparis.fr
Cinenovidades
Um quarteto de actores notáveis ( Daniel Auteil, que também realiza, Sandrine Kiberlain, Depardieu e Adriana Ugarte ) na adaptação da peça de Florian Zeller .
Emocionante
Não costumo escrever muito sobre futebol, até porque vejo poucos jogos inteiros, mas ontem foi emocionante ver até ao apito final o jogo derradeiro da Taça de Portugal, em que saiu vitorioso um astuto David contra um enfraquecido Golias . Parabéns ao Desportivo das Aves, justo vencedor !
Números
1717 / 900
Bem sei que nisto todos os governos são iguais, mas seguindo a velha máxima, há uns mais iguais que outros ...
Bem sei que nisto todos os governos são iguais, mas seguindo a velha máxima, há uns mais iguais que outros ...
Um quadro por dia - 414
Ainda a colecção David e Peggy Rockefeller : Cape Ann Granite, 1928, uma das raras paisagens de Edward Hopper.
Da vinheta
(...) Os jacarandás de Lisboa florescem em maio, a meio da primavera, como manda a sua natureza. Mas têm também uma falsa, quase imperceptível, floração em outubro, que é exactamente quando ocorre a floração na América do Sul, de onde é proveniente. É a recordação da estação primaveril que está a ocorrer no outro hemisfério. (...)
- Luís Filipe Castro Mendes, em entrevista ao Jornal de Letras