Lisboa: Tinta da China, 2014
O catalão Enric González viveu em muitas cidades ao longo da sua vida enquanto correspondente do El País, e escreveu sobre algumas delas, como Londres e Nova Iorque (também editados pela Tinta da China). Os seus livros são sempre histórias do seu percurso pessoal nessas cidades.
Nas histórias de Roma aparecem personagens e cenários romanos: gatos, pinturas de Caravaggio, a casa e o túmulo de Keats, a melhor pizaria da cidade, o lugar onde se toma o melhor café do mundo (segundo o autor, claro está), a burocracia italiana - «Os romanos detestam burocracia, mas temo be que não saibam viver sem ela.» -, etc.
E que dizer dos embaraços que as palavras-primas podem provocar?
«Em jeito de advertência, contarei dois casos, ambos metendo sacerdotes.
«No primeiro, um jovem padre espanhol recém-chegado a Roma deseja comprar uma panela para a cozinha da sua residência. Necessita, concretamente, de um cazo. Vai a uma loja de ferragens e pede o que deduz ser a versão italiana, isto é um "cazzo grosso".Na loja ainda hoje se riem quando se lembram do dia em que lá entrou um padre que chegou ao balcão e pediu uma pila grande.
«No segundo caso, outro sacerdote, falante de catalão, sentiu-se mal e foi a um centro hospitalar. Nas urgências, perguntaram-lhe o que se passava, e o homem fez uma tradução mental. Está enjoado e deduz que enjoado, em castelhano mareado, e em catalão marejat, será algo como mareggiato em italiano.: «Sono mareggiato», informa. Mareggiato não significa nada mas amareggiato, sim... Significa algo como amargurado ou ressentido. Não recomendo a ninguém que se apresente num hospital para confessar ressentimentos: arrisca-se seriamente a acabar no serviço de observação psiquiátrica.» (p. 16-17)
Tenho este e o de Londres, só me falta o de N.Y. que não irei comprar, embora tivesse gostado muito dos que li.
ResponderEliminarBoas leituras!
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Gostei do de Londres e de NY e estou a gostar deste. Já há muito que estava na lista.
ResponderEliminarBom dia!
Es lo que tiene hablar en otro idioma diferente al nuestro, que metemos la pata, aunque a mí me encanta reírme de mí misma (es muy sano).
ResponderEliminarAbrazos cara Portugal.