sábado, 25 de setembro de 2010
barítono João Veiga (1843-1881)
Aqui fica a primeira.
A foto lembrou-me um Edgardo, de Lucia de Lammermoor, uma das óperas imortais de Gaetano Donizzetti.
A foto (162x112 mm), impressa por pigmentos de carbono, de corpo inteiro, representa um actor (pelo menos assim parece, pela maneira de vestir) em pose.
A foto é de um fotografo piemontesino activo, em Turim, no ano de 1869. O estúdio "Marchetti Fotografo" pertencia a ALCIBIADE MARCHETTI, sito na Via S. To[m]maso, 19, Torino.
Foi, contudo enviada de Milão, para Portugal (?), para "Eduardo Coelho" (será o jornalista (?) fundador do Diário de Notícias), conforme se encontra na dedicatória manuscrita no verso da foto:
"Ao Ill.mo Snr. Eduardo Coelho, em signal de sentido reconhecimento e gratidão pelo muito que me tem animado na carreira que encetei.
a) J. A. Ferr.ª da Veiga
Milão 22 de Março 1869"
Quem seria este J. A. Ferreira da Veiga?
Não encontrei rasto nos primeiros livros que procurei. Na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. 34, procurando no voc. "Veiga", encontrei assinalado um João Veiga, "possuidor de uma bela voz de barítono, foi para Milão, onde estudou a arte teatral com o barítono Corsi. Estreou-se naquela cidade a 20-XII-1879, cantando a Favorita e obtendo um enorme triunfo. [...] Alcançou grande notoridade em toda a Itália, tendo como autores predilectos Donizzetti, Verdi e Manzochi".
Tudo apontava para que fosse o mesmo, excepto a data da estreia, ocorrida 10 anos depois da que se encontra manuscrita na foto.
Mas fiquei sem qualquer dúvida depois de saber, pela mesma Grande Enciclopédia, que "João Veiga" era irmão de José Augusto Ferreira da Veiga, visconde de Arneiro. (Curiosamente este irmão não vem assinalado no "Genneall.pt").
Não tenho dúvidas de que se trata do nosso "barítono" nos seus primeiros tempos de artista, em que ainda usava todo o nome de família.
Passeio pelo Campo Grande
O lago do Campo Grande ao longo dos anos.
Presentemente não há uma esplanada no Jardim do Campo Grande. Havia, pelo menos, três. Deviam reactivar, principalmente, a do lago, como era conhecida.
Leituras no Metro - 23
António Pedro de Vasconcelos não está certamente de acordo com Rosado Fernandes quanto à depreciação que este faz de Milu. Há, pelo menos, um fã dela entre os prosimetronistas.
Que saudades eu já tinha
da minha alegre casinha
tão modesta como eu.
Como é bom, meu Deus, morar
assim num primeiro andar
a contar vindo do céu.
O meu quarto lembra um ninho
e o seu tecto é tão baixinho
que eu, ao ir para me deitar,
abro a porta em tom discreto,
digo sempre: «Senhor tecto,
por favor deixe-me entrar.»
Tudo podem ter os nobres
ou os ricos de algum dia,
mas quase sempre o lar dos pobres
tem mais alegria.
De manhã salto da cama
e ao som dos pregões de Alfama
trato de me levantar,
porque o sol, meu namorado,
rompe as frestas no telhado
e a sorrir vem-me acordar.
Corro então toda ladina
na casa pequenina,
bem dizendo, eu sou cristão,
“deitar cedo e cedo erguer
dá saúde e faz crescer”
diz o povo e tem razão.
Tudo podem ter os nobres
ou os ricos de algum dia,
mas quase sempre o lar dos pobres
tem mais alegria.
Letra de Silva Tavares; música de António Melo
Colecção de cromos: Sylvie Vartan
Ela enfrentou pela primeira vez as câmaras em “À procura do ídolo” (Cherchez l’idole) onde cantava uma melodia romântica, mostrando um rosto apaixonado de expressão sensual profundamente sentida. A sua esplêndida fotogenia ficou a partir desse momento credenciada, e não tardou a assinar um contrato para fazer “Patate”, baseado na célebre peça de Marcel Achard, e onde contracena com Jean Marais e Mike Marshal. François Truffaut convidou-a também para ser a estrela do seu próximo filme.
Sylvie gosta de viajar sozinha no seu “Austin” - e apenas abre excepção quando é a companhia de sua mãe, de Johnny Hallyday ou de seu irmão, Eddie, que pode ter sem problemas ..."
E a propósito de Paris...
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-tfs9gGfLhnBB6a3qDTQRu0vHkF9rIDanrsslk2t-X56JOSuWaxAG_WHL4InvHjWmSNBqDEbIHK7Zz8Y2_Ah4E95VIAMXElGzQhOjSeYR8kVTR5Kcd8NJNNsWeo4lxm6lshn4c8u4AQVX/s400/cigarros.jpg
O Paris na terceira coluna em cima; o Três Vintes e o meu Português Suave. Não me lembro da marca Curdos.
E também houve a marca Paris em Espanha e uns franceses Parisiennes. Existirão ainda?
Cartaz de AleardoVilla.
Cartaz de Raymond Savignac.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Fado
Fado Malhoa, Amália Rodrigues
Aline - Christophe!
Novidades - 145 : A arma delas...
Este ensaio é precisamente uma história das grandes envenenadoras.
Histoires d' empoisonneuses d' hier et d' aujourd'hui, Bernardette de Castelbajac, éditions Michel de Maule, Julho de 2010, 219p, 17€.
Os meus belgas - 3 : Art Sullivan
1910 - 20
Primeira imagem da marca.
O tabaco mais conhecido: Gauloises caporal.
O fabrico destes cigarros existia desde 1876, com o nome de Hongroises, os quais em 1910 deram origem aos Gauloises.
Eu também fui uma grande fumadora de Gauloises. E de Gitanes.
Leituras no Metro - 22
Rosado Fernandes
In: Memórias de um rústico erudito. 3.ª ed. Lisboa: Cotovia, imp. 2007, p. 66
Aos filatelistas
Serão exibidos cerca de um milhão de selos de todo o mundo, incluindo uma série dedicada ao Centenário da República, correspondendo a 600 colecções filatélicas de 77 países, raridades e algumas jóias do mundo dos selos.
2.ª a 6.ª, das 10h00 às 19h00
sábados, domingos e feriados, das 10h00 às 20h00
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
A arte do retrato - 2
Também este retrato, mais uma bela tela desta impressionista norte-americana já apresentada nestas páginas pelas senhoras do Prosimetron, veio ter comigo pela literatura.
Foi na obra-prima de Dan Simmons, Carrion Comfort, que li este Verão e sem conseguir parar.
E no sítio da National Gallery, proprietária de quase 60 obras de Cassatt, encontrei outros quadros que irão aqui aparecer certamente. Deliciosos instantâneos do quotidiano mais prosaico como reza o descritivo deste blogue.
Colecção de cromos: George Peppard
Leituras no Metro - 21
In: Memórias de um rústico erudito. 3.ª ed. Lisboa: Cotovia, imp. 2007, p. 59
Estou a gostar de ler este livro, embora ache o título odioso.
Um dia destes é posto à venda...
Lisboa: Ed. Nelson de Matos, 2010
€18,00
«O sargento Getúlio Bezerra é um homem rude e ignorante, um polícia militar que vai transportar, através do sertão de Sergipe, um preso político inimigo de seu chefe, o coronel Acrísio Antunes. Pelo caminho vai recordando e monologando o seu passado de aventuras e violência.
«Durante o percurso, na companhia do colega Amaro, Getúlio é informado que uma mudança de cenário político o obriga a abandonar a missão. Não acredita. E decide seguir até ao fim as ordens do chefe, custe o que custar. “Eu vou levar esse traste arrastado ou espetado, […] e chegando lá apresento ele”.
«Romance inovador, nele João Ubaldo demonstra o seu génio incomparável, a sua excepcional capacidade para manejar as palavras e criar uma nova linguagem, forçando-as a transmitir novos significados e novas emoções.» (da nota de imprensa da editora)
Canção de Outono
CANÇÃO DE OUTONO
Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o própro coração?
E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando áqueles
que não se levantarão...
Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...
Cecília Meirelles
(retirado do Pensador)
Autumn Leaves - Nat King Colequarta-feira, 22 de setembro de 2010
Boa noite!
O Outono na Baviera
Um quadro por dia - 87
Cá, ainda não se deu por ele. É bonita a Baviera no Outono, Filipe?
Cinenovidades - 142 : Assalto ao Santa Maria
ONDE ME APETECIA ESTAR - 42 : Com Joyce DiDonato
Lettera amorosa
Vincent van Gogh - Íris, 1890
A arte do retrato - 1
Sigismondo Malatesta ( 1417-1468), Senhor de Rimini, deve ter sido o retratado mais tenebroso a cargo de Della Francesca. Um dos mais temidos e eficazes de toda a legião de condottieri que dominou a península italiana durante a Renascença, foi um homem temido também fora dos campos de guerra: matou duas das suas mulheres, alegadamente dormiu com a sua filha e tentou sodomizar o filho. Curiosamente, ele que chegou ser Capitão-General dos Exércitos Papais, acabou excomungado pelo Papa Pio II. Não, como seria de esperar, pela sua tumultuosa vida familiar, mas por heresia...
Citações - 117 : Robert de Montesquiou
Je suis le souverain des choses transitoires.
Escreveu Robert de Montesquiou-Fezensac ( 1855-1921), mais conhecido como Robert de Montesquiou, membro de uma das famílias da chamada nobreza imemorial com dezenas de antepassados ilustres, numa fotografia que enviou ao seu amigo Marcel Proust.
Proust que, tal como fez com tantos outros dos seus amigos, "parasitou" a vida de Robert como matéria literária para a Recherche: foi Robert de Montesquiou um dos inspiradores da personagem Barão de Charlus.
Robert de Montesquiou, dandy, coleccionador, esteta e escritor, foi sobretudo um guru para a geração fin-de-siècle, já que mesmo em vida a sua produção literária foi pouco considerada, tanto a poesia como os romances. Hoje, ninguém o lê.
No entanto, devemos-lhe muito. Foi a sua fortuna que apoiou financeiramente Mallarmé, Verlaine, Debussy, Fauré e outros. Apostas que fez e que ficam a seu crédito.
Quando pensei em "ilustrar" esta citação, ocorreu-me naturalmente o retrato que melhor se conhece dele, a enorme tela pintada por Giovanni Boldini e que domina uma parede no Museu D' Orsay ( pelo menos dominava na última vez que lá estive ), mas acabei por escolher este retrato pintado por um seu amigo, o norte-americano James Whistler.
A personalidade e o estilo de vida de Robert de Montesquiou não tiveram só tradução literária em Proust, já que inspiraram outros escritores: Huysmans à cabeça, que se baseou nele para criar Jean Des Esseintes, protagonista de À Rebours, um dos livros que mais perturbou a minha adolescência.
Ivor Gurney
Salazar em discurso directo - 2
( colhida na recém-publicada biografia de Salazar por Filipe Ribeiro de Menezes )
E nem todos os que gostam de animais são boas pessoas... (Filmado por Eva Braun)
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Estóicos
Da minha biblioteca - 10
Parabéns, Maria Teresa Horta!
Little Richard
A crise não é mesmo para todos...
Novidades - 144 : O sexo dos Papas
Não será também surpresa que com esta obra o autor continuará impedido de entrar na Biblioteca do Vaticano.
E no ranking há um nome que se "destaca" como o papa mais depravado da História. Trata-se de Bento IX, e não vou aqui dizer porquê...
( É uma edição da Bertrand )
Cinenovidades - 141 : O Italiano
A promessa que faz ao seu pai, muito doente, de fazer o Ramadão é o início de grandes peripécias familiares e profissionais...
Esta comédia de Olivier Baroux sobre as identidades culturais e a miscigenação estreou-se em Julho nas salas francesas. Gostava de saber como foi recebida em Itália...
Reabriu
Aberto de segunda a domingo, das 9 às 00.30h.
Sugiro uma visita prosimetrónica, uns para conhecerem e outros para matarem saudades.
Um quadro por dia - 86
É uma primeiras telas de Freud este retrato da sua primeira mulher, Kitty Garman, que ele viria a retratar novamente nos anos seguintes.
Para agradecer umas fotografias que ontem me chegaram às mãos.