sábado, 16 de abril de 2011

Jazz


A Orquestra Duke Ellington toca no CCB, dentro de 40 minutos. Mesmo sem ele, é de não perder.

Numa cadência de enigma
entrecortada de espasmos
saltos berros mil ruídos
o jazz canta a saudade
dum sonho que não se sabe.

Chora o jazz a velha perda
dum paraíso qualquer
algum dia abandonado
e no seu ritmo diverso
langoroso e crepitante
martelado e insistente
triste e cheio de alegria
passa a sombra dolorosa
do que há muito está perdido.

Adolfo Casais Monteiro
In: Poesias completas. Lisboa: Imp. Nac.-Casa da Moeda, 1993, p. 35

CENAS PORTUGUESAS - 20

Embora Lisboa não seja tão cosmopolita como Londres ou Paris, a verdade é que as variadas subculturas urbanas e respectivas indumentárias vão cá chegando todas e quem sai à noite ou frequenta o Metro pode verificar tal facto.
Esta manhã, numa estação de metro, fiquei fascinado com esta jovem aderente do estilo Lolita e fotografei-a subrepticiamente como se pode ver. É fantástico como este estilo de que a minha irmã e primas fugiam a sete pés é agora abraçado pelas jovens mais radicais.

Biografias, autobiografias e afins - 100

A biografia das primeiras-damas da 3ª República, embora na capa só estejam as 4 mais recentes faltando as mais discretas e menos influentes Maria Helena Spínola e Maria Estela Costa Gomes, pela jornalista Alberta Marques Fernandes, numa edição da Esfera dos Livros.
Nem sequer o folheiei, até porque o meu interesse é diminuto :), pelo que fico à espera do juízo crítico de algum outro prosimetronista.

Cinenovidades - 182 : Scream 4



Sou um grande apreciador de filmes de terror e não sou o único prosimetronista ( pois não, MLV? ), e estou por isso ansioso para ver este Scream 4, continuação daquela que foi uma das melhores trilogias de terror dos anos 90 que assim passa a tetralogia novamente com realização de Wes Craven. Teve estreia ontem nos States e para a semana chega às nossas salas.

...gritaram às estrelas - João de Deus


Para o João Mattos e Silva, o Luís e JP da Exposição do Jardim-Escola João de Deus de Coimbra a decorrer na Biblioteca Municipal de Coimbra.


Imagem retirada da Internet


"(...) então gritaram elas [as rãs]

Às estrelas

«Júpiter, pai do céu, envia um rei!

Envia um rei que nos governe, impondo

A ordem, o sossego, a tua lei...»

João de Deus Ramos, Fábulas para gente moça, Livraria Bertrand, sd, p. 26


De uma republicana descontente com esta República.

Lá fora - 104 : Os Dufy


 Jean Dufy, Assiette de fruits et bouquet de roses à l'atelier, 1927, óleo sobre tela, 73x92cm.
Raoul Dufy, Intérieur à la fenêtre, 1928, óleo sobre tela.


Não são só os irmãos Caillebotte que estão em destaque na capital francesa, mas também os Dufy- Raoul e Jean, ambos pintores e cujas semelhanças e diferenças podem ser vistas nas cerca de 100 telas que estão expostas no Marmottan - Monet desde há dois dias.

Raoul et Jean Dufy, complicité et rupture, no Musée Marmottan-Monet, de 14 de Abril a 26 de Junho, Paris.

Leituras no Metro - 54


Siena: Palio
http://thelondonbluebird.files.wordpress.com/2010/10/siena-1.jpg


Veneza: Hotel Danieli
http://danieli.hotelinvenice.com/

«[…] les deux tourtereaux prolongent leur voyage: Sienne, avec sa place comme une immense coquille Saint-Jacques, San Giminiano avec ses tours carrées que Malraux compare à New York comme s’il connaissait déjà l’Amérique, enfin Venise, que Clara aimera toujours beaucoup moins que Florence. L’hôtel Danieli, où George Sand et Musset ont laissé leur parfum de légende amoureuse et où ils ont modestement choisi de résider, va finir d’épuiser leurs communes ressources – car ils financent à deux ce voyage de noces improvise. Ils n’ont même plus d’argent pour se nourrir et reprennent le train, affamés, avec cinq petits sandwiches en poche – Clara, ravie de se sacrifier, se contentera tout juste de la moitié d’un. “C’était prémonitoite”, dira-t-elle quando son humour será devenu amer.»
Dominique Bona - Clara Malraux: «Nous avons été deux». Paris: Bernard Grasset, 2010, p. 92

Novidades - 180 : Um thriller crístico...

Foi lançado esta semana o quinto livro do Luís Miguel Rocha ( o autor de O Último Papa e Bala Santa ), que é capaz de vir a ser o mais polémico já que se debruça sobre o Jesus bíblico e o Jesus histórico e as contradições que daí resultam sob a forma de thriller. Pode ser que este também venha a integrar a lista de best-sellers do New York Times...

Bom dia !



Uma peça de André Grétry, compositor pouco conhecido actualmente mas que foi imensamente popular no seu tempo e um dos preferidos de Maria Antonieta.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

PENSAMENTO(S) - 168

Jacques [...] me demande de vous remercier d'être venus, de vous bénir, il vous supplie de ne pas être tristes, de ne penser qu' aux nombreux moments heureux que vous avez donné la chance de partager avec lui. Souriez-moi, dit-il, comme je vous aurai souri jusqu' à la fin. Préférez toujours la vie et affirmez sans cesse la survie...

- Jacques Derrida

Descobri recentemente estas últimas palavras de Derrida ( 1930-2004 ), escritas para serem lidas no seu funeral e que são um magnífico auto-obituário.

Vanitas Contemporâneas - 1

Alexander Kosolapov ( 1943- ), Macdeath's, 2009.

Um artista russo contemporâneo que é um forte crítico da sociedade de consumo que também na Rússia faz o seu caminho.

Poemas - 37



A visão de Donne sobre as mulheres...

Que varanda tão florida!...


Não são rosas, são orquídeas.

Vai uma sopinha?

Sopa do Mar, no Beira-Mar.

Ler e digerir


J. C. Leyendecker (1874-1951) - Man reading a book, 1916

J. C. Leyendecker (1874-1951) - anúncio para as camisas Arrow

«To read without reflecting is like eating without digesting.»
Edmund Burke (1724-1797)

O Inverno das raposas

Com o seu livro “Há raposas no parque – crónicas de uma portuguesa em Londres”, Clara Macedo Cabral enriqueceu o mundo literário português há dois anos. A qualidade narrativa desta obra alicerçou a posição da autora entre os escritores portugueses de destaque, e foram várias as críticas que, muito merecidamente, reconheceram seu talento.

Clara convida-nos agora a seguir a sua visão sobre a vivência em Londres numa segunda abordagem, intitulada “O Inverno das raposas – outras crónicas de Londres”, editada pela Orfeu. Dividido em três capítulos, com uma passagem (seguramente interessantíssima!) pela Alemanha, o livro leva os leitores a “um olhar atento, através da actualidade financeira e económica do Reino Unido, com incidência na exígua reforma que tem sido feita na City — o coração financeiro do país; o momento de eleição do actual governo de coligação — os programas eleitorais, os pontos de divergência e convergência entre os grandes partidos; a guerra no Afeganistão; o impacte dos cortes públicos na vida dos londrinos; as histórias verídicas da imigração lusa e brasileira e as tendências de regresso a casa; os passeios por Londres que são, simultaneamente, viagens no tempo, à descoberta de personagens históricas (como Lord Byron e Keats). Tudo tratado com um desenvolvimento e detalhe que não chega aos noticiários nacionais e entretecido pelas considerações pessoais de uma observadora em posição privilegiada, seguindo o dia-a-dia de uma cidade multicultural e fornecendo dicas para qualquer português que aqui se instale, como as particularidades do seu sistema eleitoral, educativo e judicial “(O Inverno das raposas – outras crónicas em Londres", Orfeu, 2011).

O lançamento do livro terá lugar no Salão Nobre do Instituto Camões em Lisboa, no próximo dia 28 de Abril às 18h30, com apresentação de Pedro Mexia. A não perder!


A primeira bandeira de Angra do Heroísmo


Reza a tradição que esta bandeira foi bordada pelas mãos de D. Maria II. De um lado as armas nacionais, do outro as antigas armas de Angra do Heroísmo.

Um quadro por dia - 155

Gerard ter Borch ( 1617-1681 ), O concerto, 1655, óleo sobre madeira, Gemäldegalerie, Berlim.

Porque começa hoje mais um festival Dias da Música no Centro Cultural de Belém, subordinado ao tema Da Europa ao Novo Mundo  1883-1945 e com a Repúblic Checa como país convidado. E pela primeira vez o concerto de abertura é com uma obra de um compositor português: Paraísos artificiais, de Luís de Freitas Branco.

O programa completo aqui : http://www.ccb.pt/

Leituras no Metro - 53


Paolo Uccello (1397–1475) - Battaglia di San Romano: Niccolò da Tolentino alla testa dei fiorentini
Londres, National Gallery

Paolo Uccello (1397–1475) - Battaglia di San Romano: Disarcionamento di Bernardino della Ciarda
Florença, Uffizi

Paolo Uccello (1397–1475) - Battaglia di San Romano: Intervento decisivo a fianco dei fiorentini di Michele Attendolo
Paris, Museu do Louvre

«À peine arrivée à Florence, à l’Hôtel Moderne, Clara envoie un télégramme à sa mère pou lui annocer ses fiançailles. Après quoi, les deux jeunes gens [Clara e André Mlaraux] vont déguster une glace fruitée chez Deneux, rue Tornabuoni. Debute alors le narathon des visites des musées, qui se déroule toujours au pás de course avec Malraux, sous l’aiguillon d’une étrange fièvre. Il court d’un tableau à un autre, comme s’il était en danger, jette un coup d’oeil rapide, revient en arrière, poursuit à la hussarde sa conquête de l’espace et du temps révélateurs. “Je vais acheter des patins à roulettes pour vous suivre”, lui dit Clara epuisée. Bref recueillement devant La Bataille d’Uccello aux Offices – “Regardez ce tableau comme s’il ne contenait pás d’anedocte.” Cimetière de San Miniato al Monte, Sainte-Marie des Fleurs, jardins Boboli… Les deux amoureux se prominent en tourists, éblouis, complices, heureux. De trattoria en café, on les voits beaucoup place de la Seigneurie, près de la sculpture de David. C’est l’été dans la Ville et Malraux, un matin dit: “Comme nous sommes heureux!”»
Dominique Bona – Clara Malraux: «Nous avons été deux». Paris: Bernard Grasset, 2010, p. 89

Auto-retrato(s) - 99

Escolhi dois auto-retratos de Degas, de entre outros que ele pintou.

Autoportrait au chapeau mou, 1857-1858
Williamstown (Massachusetts), Sterling and Francine Clark Art Institute

Auto-retrato
Lisboa, Museu Gulbenkian

Os impressionistas no atelier de Nadar

Em 15 de Abril de 1874 abriu no atelier de Nadar em Paris, uma exposição de artistas impressionistas:
«En Abril, los preparativos estaban casi terminados. El moderno local de Nadar, de fachada acristalada, estaba a punto de acoger a una sociedad de pintores radicales, desconocidos. Se acordo echar a suertes el lugar donde se situaria cada obra, y los cuadros se colgaron en dos filas (a diferencia de la politica del Salon de llenar las paredes com cuatro filas), los más grandes arriba y los más pequeños debajo, sobre paredes de yute de un llamativo color rojo sangre. Colgaron La cuna [Le berceau] […] de Berthe [Morisot], junto a Una Olímpia moderna de Cézanne, tal vez com la esperanza de que la imagen castamente arquetípica de la amdre y la criatura apartara al público de la escena burdalesca y primitiva de Cézanne. Otros cuadros expuestos fueron Clase de baile [La Classe de danse], Lavandera [La Repasseuse] y Después del baño [Après le bain] de Degas; Boulevard des Capucines de Monet; la representación por Renoir de un palco de la Ópera, El Palco [La loge]; y Helada blanca [Gelée blanche] y Castaño en Osny [Les Châtaigniers a Osny] de Pissarro. Edmond, el hermano de Renoir que publico el catálogo, le pidió a Monet que le diera una lista de todos los títulos. Para su quadro del amanecer en Le Havre, Monet sugirió, sin duda algo distraído, el título de “impresión”. El quadro apareció com el título de Impresión: Amanecer [Impression: soleil levant].
«La exposición se inauguro el 15 de Abril […] y permaneció abierta hasta el 15 de mayo, tanto por la noche como por la manana, para maximizar el numero de entradas vendidas. La gente se precipitava por la calle des Capucines, empujándose y discutiendo por entrar a aquella exposición. El premier dia acudieron dosckientos visitantes, y unos cien cada uno de los dias siguientes (el dia de la clausura había visitado la expoción un total de tres mil quinientos personas). El público acudia en masa, gritaba de espanto y alertaba a los amigos, que a su vez se mostraban horrorizados. Se armo un escândalo. La nueva clase media acomodada – dueños de grandes alamacenes y demás comerciantes que se habián mudado a los nuevos y elegantes pisos de Haussmann – querían que el arte les aportara la educación de que carecián, y no que las exposiciones les hicieran sentirse elevados, y no que los turbaran com imégenes difíciles de entender. […]»
Sue Roe
In: Vida privada de los impresionistas. Madrid: Turner, 2008, p. 167-168


Monet - Boulevard des Capucines, 1873

Berthe Morisot - Le berceau
Óleo sobre tela, 1873
Paris, Musée d'Orsay


Cézanne - Uma Olímpia moderna
Óleo sobre tela, 1869-1870
Col. particular


Renoir - La loge
Óleo sobre tela, 1874
Londres, Courtauld Institute Galleries


Pissarro - Les châtaigniers à Osny
Óleo sobre tela, 1873

Pissarro - Gelée blanche
Óleo sobre tela, 1873
Paris, Musée d'Orsay

In Memoriam de um Génio!

Leonardo da Vinci nasceu a 15 de Abril, de 1452, em Vinci, e faleceu a 2 de Maio de 1519 em Amboise, França.

"Verdadeiramente admirável e celeste foi Leonardo da Vinci, filho de Piero da Vinci, e na erudição e princípios das letras teria tido grande proveito, se não fosse tão diletante e instável. Por isso, pôs-se a aprender muitas coisas que, uma vez começadas, acabava por abandonar [...]".


Vasari, in Grandes Pintores do Mundo, Leonardo da Vinci, Florença:E-ducation.itS.p.A., Firenze, 2007, p.2, (acrescentado às 9:20h).


Apesar de entender as palavras de Vasari, citado no livro indicado, discordo, ainda bem que Leonardo da Vinci foi "diletante", daí a sua genialidade e polivalência.


Ingres, detalhe d' A morte de Leonardo da Vinci, 1818



O rei Francisco I segura a cabeça de leonardo da Vinci


Retirada da wikipedia


Detalhe do quadro A Virgem dos Rochedos, de Leonardo da Vinci,


O Anjo Uriel, versão que está no Museu do Louvre, c. 1483-86.


Wikipedia

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Livros de cozinha - 46



Lisboa: Junta de Exportação do Café, s.d.

Delémont (CH): Ed. Viridis, 2002

Gosto muito de café e de tudo o que sabe a café. Estes dois livros foram-me oferecidos, mas nunca experimentei nenhuma receita deles. Por enquanto...

Um café às cinco da tarde


John Singer Sargent - Cafe on the Riva degli Schiavoni
Col. particular

Hoje é o meu dia de parafrasear o Luís: onde não me importava de estar. Porque apetecer, apetecer... escolhia outro sítio. Lá perto.

Um quadro por dia - 154

Victor Gabriel Gilbert ( 1847-1933 ), Une tasse de café, óleo sobre tela.

Só podia ser, neste Dia Internacional do Café. Dizem os médicos que moderamente faz muito bem, e eu sigo o conselho :)

Humor pela manhã... - 13

Depois de saber, como tem sido profusamente noticiado nos últimos dias, que a situação financeira nas forças de segurança está à beira da ruptura, até para pagar salários e combustível das viaturas, não pude deixar de chamar à colação esta imagem que mão amiga me enviou: passou-se em Beja, e espero que não sejam os novos meios de combate ao crime e patrulhamento...

Novidades - 179 : Dissecar os lusitanos...

Os nossos tiques e manias catalogados pelo Pedro Boucherie Mendes, numa edição da Oficina do Livro. Dei uma vista de olhos e o autor tem razão em muita coisa...

Bom dia!



No Dia Mundial do Café.

A nossa vinheta


http://populo.weblog.com.pt/arquivo/idxnvaljube.jpg

O Aljube, antiga cadeia, encerrada em Agosto de 1965, reabre hoje para uma exposição:

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Cela 13
As paredes medem só
inteiriçado corpo no chão
Morrem, ao cabo, em quilha de barco
- Ventre vazio de um porão
na solidão de charco.
X
Luís Veiga Leitão
X
X

«No meu tempo era utilizado o velho Aljube, ex-convento e ex-prisão de mulheres, defronte da Sé, de arquitectura maciça e quase tão vetusta como esta [Caxias].
«Dividiram uma grande sala em pequenas celas, cerca de vinte. Eram os ‘curros’, como lhe chamávamos. Isoladas das janelas por largo corredor. Com portas duplas, sem luz eléctrica até à década de 60, tinham uma curiosa característica. Transformavam um dia de sol numa penumbra cinzenta. Pelo meio da tarde era noite lá dentro. Procuravam-se os objectos aos apalpões de cegos.
«De paredes altas, eram muito estreitas. Um homem não podia estender os braços. O comprimento variava. Havia aquelas onde só o leito cabia, com os seus três passos correspondentes, às intituladas ‘duplas’, para dois ‘hóspedes’ e com oito ou nove pessoas.
«Os móveis eram uma curta tarimba com uma enxerga de dois dedos de palha mal cheirosa; uma almofada do mesmo material, e duas mantas incrivelmente sujas. E por uma tábua onde se colocavam as roupas e alimentos e por onde passavam as baratas.
«Quanto a utensílios, davam apenas um copo de lata e um escarrador pequeno, que era também cinzeiro.»

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José Magro
In: Cartas da prisão: 1. Vida prisional. 2.ª ed. Lisboa: Ed. Avante, 1975, p. 21-22. (Col. Resistência)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Après l'ondée



Perfume criado em 1906 por Guerlain e que Clara Goldschmidt (mais conhecida como Clara Malraux) usou uma noite em que Malraux a levou a um bal musette.