sábado, 31 de agosto de 2013

Flores em Amesterdão - I

Nos museus, nas ruas, nas janelas, nas pontes sobre os canais proliferam as flores que dão um apontamento de cor e graça.

Van Gogh, Cesta com Amores Perfeitos Numa Pequena Mesa, 1886, Museu Van Gogh, Amesterdão


Nas pontes da maioria dos canais que visitámos havia flores 
Nas pontes mirando as janelas
Nas janelas
Em pequenas mesas na rua
Nos barcos

FLORES

Se de repente todos nós fôssemos flores.
que flores enormes de bigodes compridos.
Moscas magrinhas, escaravelhos ressequidos,
ficavam presos em cabelos conservadores.
Simples palitos, caulezinhos sem defesa,
eram iguais a torneados pés de mesa,
e até rasgando-se, o algodão dos botões
dava em peluche perfumados corações,

e nas montanhas colunas de gesso havia
chorando uvas de gesso.

As folhas n'água eram cartões flutuadores,
as borboletas em asas se desfaziam
e os canteiros co'os odores secariam,
se de repente todos nós fôssemos flores.

1915
Leo Vroman in Uma Migalha na Saia do Universo, Antologia de Poesia Neerlandesa do Século Vinte. Lisboa: Assírio e Alvim, 1997, p. 85.

My life in food


«McDonald's is like having bad sex with someone you shoudn't. You only know you are going to regret it.»
Colin Firth
cit. in Evening Standard Magazine, 30.8.2013

Cinenovidades



Espero que não demore muito a chegar às nossas salas o novo de Terry Gilliam : The Zero Theorem, protagonizado pelo muito meu estimado Christoph Waltz. Está em competição em Veneza.

Os segredos de Londres

Mais um livro de Corrado Augias que, através dos passeios pelos parques de Londres, pelas visitas aos museus e monumentos da cidade, faz-nos penetrar no coração da capital britânica. 
Neste livro, se eu o tivesse lido, poderia descobrir muitos episódios curiosos ou dramáticos, muitas vezes desconhecidos. 
Cada sítio escolhido pelo autor é-nos descrito através de um personagem: Ana Bolena para a Torre de Londres; Sherlock Holmes para a sua casa (imaginada) em Baker Street; Virginia Woolf para Bloomsbury, onde viveu; Marx para o Cemitério de Highgate, onde está enterrado;  Stevenson e o seu O estranho caso do Dr. Jekyll e do Sr. Hyde, para East End, onde também Jack, o Estripador assassinou as suas vítimas; ou os Beatles e Carnaby Street. 
Este livro teve tradução anunciada na Cavalo de Ferro, mas até hoje... Desconfio que tenho de  me lançar à edição italiana.

Casa Anne Frank, uma visita imperativa!

Visitar a Casa Anne Frank, mais propriamente o escritório e a fábrica onde fica o Anexo em que a família viveu durante a ocupação Nazi, em Amesterdão, é um imperativo. Impressiona a forma desumana como um esconderijo se torna prisão para preservação da vida...

Vista para a sala refeitório da Casa Anne Frank

«Grande comoção no Anexo! será que este é o início da esperada libertação? A libertação da qual falamos tanto, que ainda parece boa demais, semelhante demais a um conto de fadas para ser verdadeira? Será que este ano, 1944, nos trará a vitória? Ainda não sabemos. Mas onde há esperança há vida. Ela enche-nos de coragem renovada e torna-nos fortes outra vez. Talvez, como diz Margot, eu até possa mesmo voltar para a escola em setembro ou outubro.»
(6 de Junho de 1944).

Trecho do Diário de Anne Frank retirado do livro: Casa Anne Frank. Um Museu com uma história. Amesterdão: Anne Frank House, (tradução para português de Eliana Stella) edição de 2012, p. 114.

Este trecho foi escrito no dia em as forças Aliadas desembarcaram na  Normandia, uma esperança coartada. Na adolescência li o Diário que se tornou leitura inesquecível.
A Casa Anne Frank recorda as atrocidades contra a humanidade e impõe a reflexão sobre o holocausto. Viver sem esquecer o passado com vista a que no futuro nunca mais aconteça.

A fila para a visita da Casa é longa, demora-se cerca de uma hora para entrar. O circuito termina num espaço aberto com écrans gigantes onde surgem questões colocadas com três respostas prováveis acerca de intolerância religiosa e política. As questões podem ser respondidas por votação imediata e convertidas em estatística com as opiniões dos visitantes sobre a atualidade política e a intolerância que persiste no mundo. Um espaço interessante. 
Dentro do museu não é permitido tirar fotografias.


A Casa situa-se em Prinsengracht nº 263, junto a um canal muito bonito.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Não há bela sem senão

A empresa de transportes Metro do Porto vai receber o prémio "Veronica Rudge Green Prize" atribuído pela escola de design da universidade de Harvard. Este galardão distingue assim o potencial desta infraestrutura de mobilidade, bem planeada e executada para transformar a cidade e a região. Pena é que a distinção fique de certo modo ensombrada pelo "buraco" financeiro nas contas daquela transportadora pública, que ascende a mais de 800 milhões de euros.

A luncheon

James Tissot - A luncheon, 1868
Óleo sobre tela


Todos ao Adamastor


Mais uma novidade lisboeta : o miradouro do Adamastor, em Santa Catarina, já está reabilitado e visitável. Novos bancos, agora em pedra, mais zonas pedonais e estacionamentos. Uma das melhores vistas de Lisboa, espero é que haja um subsequente esforço de conservação...

Cinenovidades



Estreou anteontem no Festival de Veneza este Gravity com George Clooney e Sandra Bullock.

Restauro de Vitória de Samotrácia

O Museu do Louvre vai lançar um apelo a doações para financiar o restauro da estátua "Vitória de Samotrácia", esperando arrecadar um milhão de euros até ao final do ano para juntar aos três milhões já conseguidos através de vários patrocínios. O restauro visa limpar uma das mais famosas esculturas do mundo, datada do início do século II antes de Cristo e que foi descoberta na ilha de Samotrácia em 1863. Aproveitando esta intervenção, aquele museu vai também restaurar a escadaria Daru, no topo da qual se encontra a estátua, sem nunca fechar este acesso, usado por sete milhões de pessoas por ano. "Vitória de Samotrácia" deverá regressar ao local de exposição no verão de 2014, prevendo-se que a reparação da escadaria esteja terminada em março de 2015.

Da Baixa à Costa do Castelo, no novo elevador


A partir de amanhã, sábado 31 de agosto, vai ser possível viajar de elevador entre a Baixa e Costa do Castelo. Basta apanhar o elevador no edifício recuperado dos números 170/178 da Rua dos Fanqueiros e sair no Largo do Caldas. Depois, subir no elevador panorãmico do antigo Mercado do Chão do Loureiro, até à Costa do Castelo. Ao contrário do que inicialmente estava previsto, o uso do elevador será grátis.

O «Tesouro dos remédios da alma» - 17


Londres, Museu de História Natural
Hortus Malabaricus
Amorphophallus bulbifer, voodoo lily 
(Fleming Indian Drawings Collection, ca 1795-1805)

Humor pela manhã



O melhor cartaz das autárquicas 2013 que vi até agora é este, dos candidatos a uma Junta de Freguesia do concelho de Barcelos.

Lá fora - 169



Uma exposição, com venda a 5 de Setembro, de objectos fora do comum na Christie's de Londres : dos pincéis de Francis Bacon ( 23 000 - 29 000 euros ) a um crânio de triceratops descoberto numa propriedade privada nos EUA ( 175 000- 300 000 euros ). Todos os dias, até ao dia da venda, em South Kensington. Para ver e quem sabe comprar :)

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Biografias e afins


Uma história de um dos mais emblemáticos monumentos parisienses, 850 anos depois da decisão do bispo Maurice de Sully de edificar uma catedral digna da capital do reino, tendo sido aproveitada a presença em Paris do Papa Alexandre II que benzeu o estaleiro. Décadas de trabalhos, séculos de manutenção e restauro, inspiração para muita música e literatura.

Notre-Dame de Paris. Neuf siècles d' histoire, Dany Sandron e Andrew Tallon, éditions Parigramme, €17.

Citações



(...) Escrevo três dias depois da notícia do assassínio de centenas de crianças ( entre outras vítimas ), por armas químicas, na capital da Síria. No grito de dor que vem de lá e nos atinge a todos, não há lugar para hesitações. Bashar al-Assad devia ser julgado por crimes contra a humanidade.
E, para já, que os Estados Unidos e a União Europeia intervenham em força para parar o genocídio que se comete na impunidade mais escandalosa, sob os nossos olhos de Ocidentais descomprometidos.

- José Gil, na VISÃO desta semana.

Tulipomania

Em Amesterdão respira-se o gosto pelas flores. Nos canais, nos barcos, nos jardins, nas janelas há sempre um apontamento que nos faz repousar a vista. 
Um dos locais que visitei foi o Museu das Túlipas em Prinsengracht, nº 116. O conceito do museu é peculiar. Entra-se pela loja do museu e desce-se à cave onde tem pequenas salas que narram a história da túlipa na Holanda. As salas e corredores mostram fotografias, reproduções de pintura quer a óleo quer no azulejo, quer na estampagem em tecido, ou seja tudo onde se aplicou e aplica a dita flor. Em todas as salas há projetores que focam um ou outro pormenor interessante.

Notas com as espécies de cada flor

O expositor a duas dimensões, do qual se mostra uma pequena parte, narra a história da introdução da planta em meados do século XVI. O gosto pela túlipa surgiu durante o Império Otomano.

Charles de L'Écluse (em latim Carolus Clusius) foi o botânico que a estudou e a introduziu no Jardim Botânico da Universidade de Leiden


A tulipomania atingiu o seu auge no século XVII e é revelada por histórias de pequenos furtos da flor em jardins particulares. O gosto exagerado pela túlipa mais exótica levou algumas casas ricas a abrir falência. 
Na imagem pode avaliar-se a subida dos preços dos bolbos das plantas no século XVII

A balança indica-nos o valor de um bolbo raro, chegava a custar o preço de uma casa! Tornou-se, pois, um negócio lucrativo e preponderante na economia holandesa.

A importância que a tulipomania adquiriu na economia em setecentos, particularmente o colapso de fevereiro de 1637, é comparável ao crash da bolsa no século XX. Os  amantes acérrimos da planta perderam casas e bens. Avalie-se o que pode ter custado na história das famílias.

O negócio da túlipa foi considerado pelos pintores como o negócio dos macacos.

Brueghel, o jovem, O Negócio dos Macacos, Frans Halsmuseum, Haarlem

Na arte, a tulipa manifesta-se em diferentes suportes como se pode ver na fotografia: pintura, azulejaria, cerâmica, em particular, de Delft. Poderia colocar algumas telas que vi no Rijks Museum mas já me alonguei bastante. Neste museu têm também, uma cópia da Flora de Rembrandt ilustrativa da importância da flor.

Cópia a óleo de Winderkammer- Still life

Na secretária espera-nos um livro ilustrado com as diferentes espécies. levantando o auscultador temos uma breve explicação.  
A túlipa nos países que a cultivam e a industrializam e a explicação através do filme.

Utensílios e explicação dos processos de plantação atuais

Túlipas para os prosimetronistas e para todos os visitantes

BOM DIA ! :)