sábado, 20 de abril de 2019

Caixa do correio - 119

«O presente tem a marca de quem o faz.»
Ovídio

Estes dois lindos cartões artesanais que recebi e que me deram muita alegria são um bom modo para desejar uma Páscoa Feliz a todos.
Obrigada Paula, Rui, Margarida e Gonçalo.

Vou-me embora pra Pasárgada


Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe - d’água.
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Manuel Bandeira
1930

Para APS e porque também eu me lembrei deste poema sobre Pasárgada, onde está o túmulo de Ciro II.

Marcadores de livros - 1327

Versos e reversos (lado a lado) de dois marcadores.


sexta-feira, 19 de abril de 2019

Bonsoir, Paris!


O Terrasse Hotel, em Montmartre, foi recentemente renovado e abriu um restaurante no telhado com esta vista soberba sobre Paris. Que tal irmos hoje até lá festejar o nosso aniversário? Estão todos convidados, apesar de ser não sr a melhor altura para ir até Paris.. 


Um quadro por dia - 459

É de André Derain esta " Última Ceia " , 1911 , Art Institute of Chicago .

Uma Santa Páscoa para todos.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Shiraz


Planta a árvore da amizade para  a paz do teu coração
Arranca o arbusto da inimizade que envenena a vida
Aproveita a noite de diálogo, porque depois de nós
O mundo irá rodar muito mais ainda.
Hafiz

ó rouxinol, aprende a amar com a borboleta
que, ao arder na chama, não ousou emitir um som.
Sa'adi

aquele cujo coração não vive senão do amor
não morrerá jamais.
Hafiz

Sermão do Santíssimo Sacramento, Padre António Vieira nos 50 anos da Biblioteca Nacional

Seguindo o mote de MR, a nossa vinheta homenageia a Biblioteca Nacional, no Dia Internacional dos Monumentos e Sítios.


Aqui está um sermão que li na Biblioteca Nacional. É tão reconfortante passar algumas horas nesta biblioteca.


Parabéns pelos 50 anos no Campo Grande!

Boa Páscoa.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Boa noite!


Amanhã, Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, visite a Biblioteca Nacional que abriu portas no seu novo edifício do Campo Grande há 50 anos, mais precisamente a 10 de abril de 1969.

Naqsh-e Rustam



«Seguíamos de carro pela grande estrada que atravessa como em sonhos a planície da Pérsia, imensa e saturada de calor. Era a mesma estrada que os soldados de Alexandre tinham percorrido, há tantos séculos atrás, quando um mundo ruiu com o incêndio de Persépolis, em direção a norte, no encalço de Dario. O rei estava em fuga. Fora um homem valoroso, mas perdera todo o seu poder com a batalha Gaugamela, e fugiu sem parar, pelas montanhas curdas, pelas suas terras, Média e Bactriana, até que o sátrapa Besso o matou.
«A planície da Pérsia também não mudou desde então, talvez nunca venha a mudar. Na Pérsia, a planície é sempre cercada por montanhas, como barcos encalhados, e pensamos que nos aproximamos delas, mas quando finalmente lá chegamos, vemos que atrás delas, começa uma outra planície, que na realidade é ainda a mesma, e nunca chegaremos ao fim.»
Annemarie Schwarzenbach – Morte na Pérsia. Lisboa: Tinta da China, 2008, p. 55

Marcadores de livros - 1326

Frente e reverso (ou vice-versa) de um postal-marcador dos Cuentos de García Márquez, ilustrados por Carme Solé Vendrell.



Dois postais-marcadores (versos e reversos) da edição ilustrada por Luisa Rivera de Cem anos de solidão, comemorativa do 50.º da sua publicação.


Obrigada, Justa!

terça-feira, 16 de abril de 2019

Marcadores de livros - 1325

Versos e reversos de dois marcadores de livros de viagens.

«Os comboios de qualquer país contêm a parafernália essencial da respetiva cultura».
Paul Theroux

«Não sabemos ao certo até onde vai o Mediterrâneo, nem que parte do litoral ocupa, nem onde acaba, tanto em terra como no mar. [...] O Mediterrâneo não é apenas uma geografia.»
Predrag Matvejevitch

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Notre-Dame, Que grande tristeza!

Nada é eterno... Que grande tristeza!

A nossa vinheta em empatia com a tristeza dos parisienses e de todos os cidadãos do mundo. 

Notre-Dame, Paris, fotografia da Renascença

Fotografia SIC Notícias

Algumas memórias que guardo do interior da catedral





domingo, 14 de abril de 2019

O beijo


Congresso de gaivotas neste céu
Como uma tampa azul cobrindo o Tejo.
Querela de aves, pios, escarcéu.
Ainda palpitante voa um beijo.

Donde teria vindo! (Não é meu…)
De algum quarto perdido no desejo?
De algum jovem amor que recebeu
Mandado de captura ou de despejo?

É uma ave estranha: colorida,
Vai batendo como a própria vida,
Um coração vermelho pelo ar.

E é a força sem fim de duas bocas,
De duas bocas que se juntam, loucas!
De inveja as gaivotas a gritar.

Alexandre O’Neill
In No Reino da Dinamarca (1958)


No Dia Mundial do Beijo. :)

Marcadores de livros - 1323

Dois marcadores e um postal, da Tate: à esq., Monet - Álamos junto ao Epte, 1891; John Singer Sargent - Cravo, Lírio, Lírio, Rosa, 1885-1886

No Verão de 1891, Monet pintou estes álamos junto do rio Epte, perto da sua casa de Giverny.


Para a Justa.