sábado, 27 de fevereiro de 2021

Os meus franceses - 819

 

Charles Vernier - Valsa no Bal Mabille, Avenue Montaigne, Paris


Toca a bailar!

Jogos - 9

Hoje é dia de jogar Monopólio, o jogo que nos fazia proprietários do Rossio, de casas na Avenida, etc., e que podíamos acumular com a 'profissão' de banqueiro. Leia aqui como nasceu este jogo.

O meu Monopólio não foi este porque este jogo não era nada apreciado pelos meus pais. Jogava-o em casa de amigos e comprei um, já adulta.


Para além de livros, costumo oferecer jogos aos miúdos. E quando vou escolhê-los vejo que hoje há uma profusão de monopólios... Só monopólios baseados no Harry Potter acho que há dezenas... para especialistas na matéria. E digo-vos por um encontro a que assisti: os miúdos que enchiam a sala, a abarrotar, eram mesmo especialistas. Discutiam os assuntos com mais conhecimento e nível que muitos doutorados em certos encontros.

À esq., uma das «Demoiselles d’Avignon» (1907), de Picasso, jogando monopólio com a «Girl in Red Dress with Cat and Dog» (1830-1835) de Ammi Phillips. 

Nova Iorque, MoMA
Nova Iorque, American Folk Art Museum 

Leituras na pandemia - 48


O PCP, fundado por Carlos Rates, faz 100 anos no dia 6 de março. Comprei a revista ontem e vou continuar a lê-la este fim de semana. 
Veja aqui o sumário deste número da revista.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Boa noite!



Umas danças de Händel, mais um 'peixinho' que nasceu a 23 fev. 1685.

Gibert Jeune

 

Já tinha aqui falado do encerramento desta livraria parisiense. Vi no Le Monde on line de anteontem que as quatro livrarias da place Saint Michel vão encerrar no final de março. É triste, mesmo triste! Se o é para mim, imagino para os parisienses e os habitantes do Quartier Latin, cuja paisagem não voltará a ser a mesma.
Eu que escolho sempre um hotel naquela zona por causa das livrarias...

Florinhas silvestres

Lisboa, 25 fev. 2021

Ver aqui a página sobre boninas sugerida pela Margarida Elias.

Marcadores de livros - 1827

Três variantes...

Obrigada, Isabel e Maria!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Pintores vistos por pintores - 41

Pierre-Auguste Renoir - Frédéric Bazille peignant à son chevalet. 1867
,Montpellier, Museu Fabre

Este quadro foi adquirido por Édouard Manet ao pintor e permaneceu na sua coleção até 1876. Nesse ano, Manet emprestou-o para a segunda exposição impressionista que se realizou no 11 da rue de Le Peletier em Paris, nas instalações do comerciante de arte Paul Durand-Ruel. 
Frédéric Bazille tinha morrido em 1870 na guerra franco-prussiana. O seu pai, Gaston Bazille, viu a pintura na exposição e quis comprá-la, mas Manet propôs-lhe uma troca por Mulheres no Jardim, uma obra que Frédéric Bazille comprara a Claude Monet. Marc Bazille, irmão do pintor, legou o quadro, em 1924, ao museu do Luxemburgo. 
Em 1947, o quadro foi exposto na galeria do Jeu de Paume até que foi afetado, em 1986, ao museu d'Orsay. Desde 2006, está em depósito no Museu Fabre de Montpellier.

Claude Monet - Mulheres no Jardim, 1866-1867
Paris, Musée d'Orsay

Vi este quadro no Memórias e Imgens. Para a Margarida.

Jogar - 8

 Outro dos jogos mais praticados pelas crianças. pelo menos, era...

Louis-Léopold Boilly - Jeu de dames au Café Lamblin, ca 1805-1808
Francis Coates Jones - Mère et filles jouant au jeu de dames
Albert Sorkau - Servantes jouant au jeu de dames.
Abel Manta - Jogo de damas, 1927
MNAC
Leia aqui sobre este quadro, de que gosto muito.
John Rogers - Jeu de dames à la ferme

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Jogar - 7

Hoje é dia de mahjong, que não sei jogar e dizem que é difícil. Só fixar a função de cada uma das peças...

Peças de um mahjong antigo

Pintura em vidro
Pintura em vidro.


Krista Brennan - Jogadores de mahjong
Pintura de Hu Yongkai

Mahjong... só frequentei um bar que havia na Rua da Atalaia, com mobiliário do Cassiano Branco.

Para Mister Vertigo.

Querem um espresso?


 Este espresso foi-nos enviado pela Maria que o retirou de Provas de Contacto.


Marcadores de livros - 1826

Mais um marcador de Rosalía de Castro para a minha coleção de Animosa - sempre lindos. Vinha com o calendário para 2021, cuja folha de fevereiro se apresenta em baixo. Já pus uma fitinha no marcador.

Verso e reverso.


Paxariños, verde prado, 
Branca lua e sol ardente,
Todo consolo é impotente 
En mal tan desconsolado. 
Todo contento é trubado 
Pó-la peniña sin fondo 
Qu’ hay no coraçón abondo. 

Rosalía de Castro
in Cantares gallegos

Não é o mesmo poema, mas não encontre «Paxariños, verde prado»...

Para Luisa e Justa.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Escandinávia Bar-Fuzeta


O Ministério da Cultura iniciou a classificação da obra de José Afonso como bem cultural, em agosto passado. Para quando a disponibilização da sua obra em  LP e CD? Às vezes quero oferecê-los e nada... 

Obrigada, Maria, pela dica. Lembro-me muito bem de onde estava há 34 anos quando soube da morte do Zeca Afonso.

Leituras na pandemia - 47

Lisboa: Arranha-Céus, 2018

Acabei ontem de ler o 1.º volume (446 p.) desta antologia, organizada por Carina Infante do Carmo. Uma boa ideia fazer algo sobre a «crónica autobiográfica portuguesa». Dentro deste critério eu teria substituído dois ou três textos por outros, mas como se costuma dizer «cada cabeça, sua sentença».

«[...] O que é a poesia? O transferir o ideal no real - o aproximar o céu da terra, e elevar esta até as céu. [...] »
Alexandre Herculano, cit. p. 61

«[...] Quem é que vai para a Granja?... Toda a gente conhecida. Toda a gente conhecida é a fórmula provinciana que substitui em Lisboa a expressão Le tout Paris.
«Le tout Paris consta, como se sabe, de uma pequena roda de pessoas, que vão a toda a parte onde a gente se diverte, mas que não somente não são Paris inteiro mas quase nem sequer são Paris.
«oda a gente conhecida é em Lisboa um estreito círculo de senhoras, assinantes de São Carlos, que se vestem na mesma costureira, que mandam vir os chapéus da mesma modista, que usam o mesmo perfume e concorrem de combinação nos mesmos sítios, nas matinées umas das outras, nos respetivos chás das 5 horas da tarde, nos bailes do Paço, no tiro aos pombos, etc.
«Todo o janota que não conhece estas senhoras não é um janota garantido e autêntico. [...]»
Ramalho Ortigão, cit. p. 170.

«[...]  Para o campo é  um modo de dizer, um delicado  e gracioso eufemismo, destinado a significar tudo quanto há de menos campestre no mundo. 
«Os ricos e elegantes foram para Sintra, ou para uma praia qualquer, continuar a vida de Lisboa: as carruagens conhecidas cruzam-se no passeio da tarde, como se cruzavam durante o Inverno na Avenida,; e à noite às mesmas soirées reúnem  as mesmas pessoas, com os mesmos flirts, e a mesma ponta de má-língua - que no fim de contas, sempre é uma consolacãozita na vida. [...]» 
Conde de Ficalho, cit. p. 177

Ainda vão aqui aparecer, oportunamente, mais dois trechos desta antologia.
Uma leitura deliciosa para quem gosta de crónicas, como eu. 

Marcadores de livros - 1825

Pormenor da sala de Alepo (Síria, 1601-1603), no Museu Pergamon (Berlim).
O da esq. é em tapeçaria e o da direita vem com o primeiro.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Boa noite!


Para Maria, que me deu a conhecer esta sobrinha de Judy Garland.

Quem quer um 'pingo de tocha' para o pequeno almoço?


Uma memória com 35 anos. Entretanto, a confeitaria lavou a cara. De vez em quando faz falta... 

O jogo de um Príncipe

 O Descanso e alivio dos discípulos de Marte, ou novo jogo militar (em grafia modernizada)



Trata-se de um folha estampado por ação de uma gravura aberta a buril (técnica água-forte) no século XVIII - trabalho de Michel Dosister - dedicado à instrução lúdica do príncipe do Brasil [título criado pelo rei João IV, para o seu filho primogénito masculino e que a partir de 1735, passa a ser atribuído aos herdeiros presuntivos do trono].

Corresponde ao hoje designado jogo da Glória (também designado por jogo dos gansos, dado todos os marcadores se seguirem em linha) - um jogo de tabuleiro em que se tem de ter especial atenção ao que está escrito em cada casa. 

O Descanso e alívio dos discípulos de Marte, ou Novo jogo militar: trata-se de um jogo francês, traduzido em português no século XVIII. Embora não esteja datado, julgamos que o seu original foi posto à venda por Guilherme Danet, no começo do século, talvez em 1719, data em que foi igualmente traduzido um outro jogo, também dedicado ao Príncipe do Brasil, denominado Novo Jogo da Marinha. Vendia-se em Paris, na casa do livreiro que o mandou imprimir, situado na «ponte nossa senhora da sphera real». O seu gravador deve ter sido Michel Dosister, gravador francês, que não conhecia bem a língua portuguesa. Copiou as letras mas errou por vezes a sua forma, dando origem a outras letras semelhantes. O tradutor não deveria conhecer também a realidade militar do país, pois manteve certos termos e explicações que só faziam sentido em França ( por exemplo as casas com os números 10 e 19).



Houve contudo a preocupação de fazer parecer um jogo desenhado para Portugal, pois as armas do escudo central são as portuguesas.

Cada jogador lançava, simultaneamente, dois dados e avançava o número de casas correspondente aos números marcados nos dados. O objetivo era ir recebendo o maior número de condecorações ("tentos" na linguagem do século XVIII) ganhando o que tivesse esse maior número quando chegasse ao fim (se só dois jogadores ganhava o primeiro a chegar ao fim). O avanço de casas poderia ser premiado ou prejudicado pelo que nela estivesse inscrito.    



Em 1989, aquando da realização da exposição evocativa «No 2.º Centenário da morte do príncipe D. José» foram feitas novas regras adaptadas ao lúdico do século XX e a Biblioteca Nacional e Quetzal Editores, produziram uma nova série do jogo com instruções de João José Alves Dias, que nessa edição escreveu: 
«De acordo com Ernesto Soares, Dicionário de Iconografia Portuguesa, vol. IV, 1954, p. 209, n.º 4159 B, datámos, anteriormente, a feitura deste jogo como sendo da segunda metade do século XVIII, destinada a servir ao Príncipe D. José (1761-1788). 
«No entanto, tudo leva a crer que ele, na verdade, foi traduzido do francês para servir, em primeiro lugar, ao seu avô, igualmente Príncipe do Brasil e futuro Rei de Portugal, D. José (1714-1777). Isto não impede que, por sua vez, o seu neto tenha brincado também com ele».



Glória: chegar junto do rei com o maior número de condecorações, por feitos militares.

Jogos - 6

Já não me lembro se o «meu Jogo da Glória» era igual a este... Devia ser da Majora.

Caixa da edição da Majora, 2010.
Tabuleiro de uma edição feita para o Dia da Criança, 2017

France, Yvelines, Rambouillet, Musee du Jeu de l'oie
Este museu possui 2500 jogos da glória.
Nouveau jeu de l'oie,  ill. par Benjamin Rabier. Imp. Devambez, 1906

Jogo da Glória sobre a Grande Guerra. Há muitos.
Postal francês de 1920.

Vejam este site sobre o Jogo da Glória. Um mundo...
Só pus uns exemplos de Portugal e França, mas este jogo há em todos os países. Em Espanha é o Juego de la Oca.

Jad,
Apresenta-nos um Jogo da Glória do século XVIII. Please!

Pensamento ( s )


 (...) Raramente consigo essa solidão absoluta , esse desprendimento de pensamento e de práticas e que constitui a mais grata das felicidades. Às vezes apetecia-me envelhecer depressa, para depressa adquirir uma serenidade, e indiferença pelo actual, que não tenho ainda ."


- Agustina Bessa Luís, em carta à sua mãe .


Também não tenho ainda, mas queria ter .

Um quadro por dia - 515


 

Uma pequena tela de Francesco Guardi ( 1712-1793 ), Vista da Igreja das Solteironas sobre a Giudecca , vendida a 10 de Dezembro , em Paris, por 253 mil euros.