Mike Oldfield e Miriam Stockley - «Moonlight Shadow»
Ao vivo em Berlim, 1999.
sábado, 6 de dezembro de 2008
Péssimo serviço à leitura
Por ocasião da comemoração dos seus 120 amos, o Jornal de Notícias distribuiu com o jornal a Colecção 120 anos JN. Grandes autores portugueses, cujos «restos» foram há pouco tempo distribuídos com o Diário de Noticias. Um desses voluminhos é a Menina e moça, de Bernardim Ribeiro. Estive à espera que o Jad fizesse um post sobre esta edição que se pretende para o grande público, já que foi ele que me alertou para ela. Começa assim: «Menina e moça me levaram de casa de minha mãi para muito lonje. Que causa fosse entam daquella minha levada, era ainda piquena, nam a soube. Agora nam lhe ponho outra, senam que parece que jaa entam avia de ser o que depois foi.»
Esta edição, integrada numa colecção de divulgação, não deveria ter a ortografia actualizada? Era o mínimo! Quem vai ler este livro? Na ficha técnica explica-se que «Este livro segue a Edição de Ferrara, de 1554, depositada na Biblioteca Nacional.» Isso não impedia a actualização ortográfica. Esperava melhor da QuidNovi.
O bloco central
Na semana passada, transcrevi parte da coluna do Pedro Norton sobre o caso BPN, publicada na Visão, em que o jornalista falava do bloco central dos negócios. A nossa MR indignou-se pois que achou abusivo falar-se de "bloco central" a propósito do caso ou casos BPN pois que até à data apenas se falava de políticos do PSD. Reservei a minha opinião, porque é habitual que os jornalistas apenas vão "deitando cá para fora" parte do que sabem, gerindo a informação que vão obtendo.
E não me enganei. Na Visão desta semana, uma das chamadas de capa é precisamente para a empresa, agora mais conhecida, Valor Alternativo, propriedade de Dias Loureiro e Jorge Coelho...
Há pouco, ouvi na SIC que Dias Loureiro vai esta noite ao telejornal daquela estação prestar esclarecimentos sobre a Valor Alternativo, pelos vistos também envolvida em episódios pouco claros.
Não quero ser demagógico, mas é verdadeiramente surpreendente como esta geração de políticos, os do cavaquismo mas não só, conseguiu acumular milhões em escassos anos, sendo certo que a grande maioria deles tem origens humildes, e com relativamente poucos anos de actividade fora da política.
Os meus poemas - 10
TAMBÉM ESTE CREPÚSCULO
Também este crepúsculo nós perdemos.
Ninguém nos viu hoje à tarde de mãos dadas
enquanto a noite azul caía sobre o mundo.
Olhei da minha janela
a festa do poente nas encostas ao longe.
Ás vezes como uma moeda
acendia-se um pedaço de sol na minha mão.
Eu recordava-te com a alma apertada
por essa tristeza que tu me conheces.
Onde estavas então?
Entre que gente?
Dizendo que palavras?
Porque vem até mim todo o amor de repente
quando me sinto trste, e te sinto tão longe?
Caiu o livro em que sempre pegamos ao crepúsculo
e como um cão ferido rodou a minha capa aos pés.
Sempre,sempre te afastas pela tarde
para onde o crepúsculo corre apagando as estátuas.
Pablo Neruda
tradução de Fernando Assis Pacheco
(1904 -1973)
Onde acabou a minha noite
No embalo do aniversário do meu querido amigo Pedro Amaro, e depois de um jantar bem simpático num dos novos restaurantes do Chiado, o Fábulas, na Calçada Nova de S.Francisco, foram os mais resistentes acabar a noite no recentemente aberto Twins. Pois é, a mítica casa nocturna do Porto abriu uma filial em Lisboa, mais precisamente em Alcântara, no espaço que albergou em tempos o Café Café do Herman. Gostei do espaço- música agradável (muito anos 80 mas não só ) , dois pisos amplos e bem iluminados, com um luxo discreto. A frequência era inter-geracional, tanto havia "tios" como "sobrinhos", estando estes mais pelo piso térreo onde está instalada a pista de dança.
Mais uma vez o Pedro Amaro acertou nos espaços que escolheu para festejar o seu aniversário.
Mais uma vez o Pedro Amaro acertou nos espaços que escolheu para festejar o seu aniversário.
Lá fora - 4 : Paris ( Fondation HCB)
- Girl in Fulton Street, New York, 1929, Walker Evans,
Metropolitan Museum of Art.
Uma vez que os autores e os leitores deste blogue gostam muito de Paris, vou dedicar as próximas edições de Lá fora a motivos de interesse parisienses, ou pelos arredores da Cidade-Luz.
Começo hoje pela fotografia, uma das artes do século XX. Até 21 de Dezembro é possível visitar a exposição Henri Cartier-Bresson/Walker Evans, Photographier l´Amérique 1929-1947, precisamente na Fondation Henri Cartier-Bresson, em Paris.
A vida norte-americana vista por dois dos maiores fotógrafos do século XX, numa recolha de trabalhos de duas décadas.
Fondation Henri Cartier-Bresson, 2, Impasse Lebouis, 75014 Paris. O catálogo da exposição é da Steidl, e no sítio da Fundação pode encontrar mais informações.
Metropolitan Museum of Art.
Uma vez que os autores e os leitores deste blogue gostam muito de Paris, vou dedicar as próximas edições de Lá fora a motivos de interesse parisienses, ou pelos arredores da Cidade-Luz.
Começo hoje pela fotografia, uma das artes do século XX. Até 21 de Dezembro é possível visitar a exposição Henri Cartier-Bresson/Walker Evans, Photographier l´Amérique 1929-1947, precisamente na Fondation Henri Cartier-Bresson, em Paris.
A vida norte-americana vista por dois dos maiores fotógrafos do século XX, numa recolha de trabalhos de duas décadas.
Fondation Henri Cartier-Bresson, 2, Impasse Lebouis, 75014 Paris. O catálogo da exposição é da Steidl, e no sítio da Fundação pode encontrar mais informações.
Um exemplo a seguir ?
Como sabemos, a Grécia vem lutando há décadas para que lhe sejam restituídas partes do Partenon que se encontram em vários países ocidentais . O Vaticano deu agora o exemplo, ao "emprestar de forma permanente" ( propositadamente não se usou a palavra devolver ) uma estátua que o Governo grego reclamava sem sucesso há vinte anos.
Não é uma peça muito significativa- trata-se de parte da cabeça de um homem que participava numa procissão das Panateneias, festas religiosas atenienses, com as dimensões de 24x25 cm.
Pensa-se que a peça terá sido roubada pelos venezianos em 1687, quando a República de Veneza e os Otomanos lutaram pela posse de Atenas.
Seguir-se-ão outros "empréstimos de forma permanente" ?
Canções de Natal - 6
Ária "For unto us a child is born" do Messias de Georg Friedrich Händel, na interpretação
do Bach Collegium Japan, dirigido por Masaaki Suzuki
<
Poesia e prosa de Natal - 6
Os três Reis Magos do Oriente
Os três Reis Magos do Oriente
Perguntavam em todas as cidadezinhas:
“Por onde é o caminho para Belém,
Meus bons rapazes e raparigas?”
Jovens e velhos não o sabiam,
Os Reis continuaram em frente;
Seguiam uma estrela doirada,
Que brilhava bela e serena.
A estrela parou sobre a casa de José,
E eles nela entraram;
O boi mugia, o menino chorava,
E os três Reis Magos cantavam.
- Heinrich Heine (1797 - 1856) -
Os três Reis Magos do Oriente
Perguntavam em todas as cidadezinhas:
“Por onde é o caminho para Belém,
Meus bons rapazes e raparigas?”
Jovens e velhos não o sabiam,
Os Reis continuaram em frente;
Seguiam uma estrela doirada,
Que brilhava bela e serena.
A estrela parou sobre a casa de José,
E eles nela entraram;
O boi mugia, o menino chorava,
E os três Reis Magos cantavam.
- Heinrich Heine (1797 - 1856) -
Tradução de Maria Fernanda Cidrais
Calendário de Advento: 6 de Dezembro
Celebra-se hoje o dia de S. Nicolau. Este santo, pouco venerado em Portugal, terá sido bispo em Myra (hoje Demre, Turquia) na primeira metade do século IV e terá falecido a 6 de Dezembro do ano 350.
A adoração por este santo conheceu o seu auge na Idade Média. Narram as lendas que S. Nicolau, proveniente de famílias abastadas, terá distribuído o seu património pelos pobres e desfavorecidos. Talvez a essa generosidade se deve a tradição, enraizada em muitos países da Europa Central, de surpreender as crianças com pequenos presentes, em antecipação às prendas do Menino Jesus, a 24 ou 25 de Dezembro.
S. Nicolau é padroeiro dos navegantes (o santo terá acalmado uma intempérie no mar alto…) e dos comerciantes. Segundo outras fontes literárias, este santo protege juristas e detidos. Todas as referências a este bispo são, no entanto, unânimes numa particularidade: S. Nicolau é um grande amigo das crianças e dos alunos escolares.
Padroeiro da Rússia, Sérvia e Croácia, é ainda popular em muitas localidades no Sul de Itália, nomeadamente em Bari, onde se encontram os restos mortais deste santo desde o século XI.
A adoração por este santo conheceu o seu auge na Idade Média. Narram as lendas que S. Nicolau, proveniente de famílias abastadas, terá distribuído o seu património pelos pobres e desfavorecidos. Talvez a essa generosidade se deve a tradição, enraizada em muitos países da Europa Central, de surpreender as crianças com pequenos presentes, em antecipação às prendas do Menino Jesus, a 24 ou 25 de Dezembro.
S. Nicolau é padroeiro dos navegantes (o santo terá acalmado uma intempérie no mar alto…) e dos comerciantes. Segundo outras fontes literárias, este santo protege juristas e detidos. Todas as referências a este bispo são, no entanto, unânimes numa particularidade: S. Nicolau é um grande amigo das crianças e dos alunos escolares.
Padroeiro da Rússia, Sérvia e Croácia, é ainda popular em muitas localidades no Sul de Itália, nomeadamente em Bari, onde se encontram os restos mortais deste santo desde o século XI.
Os meus franceses - 34
Georges Moustaki - «Le métèque»
Letra e música de Georges Moustaki (1969).
http://www.creatweb.com/moustaki/
Letra e música de Georges Moustaki (1969).
http://www.creatweb.com/moustaki/
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Concertos à hora de almoço
Entre 9 e 13 de Dezembro, o Teatro Nacional de São Carlos vai realizar concertos de Câmara, à hora de almoço, com obras de Bach, Mozart, Vivaldi e Bela Bartok, entre outros compositores. Interpretados pela Camerata Vianna da Motta, sob a direcção da violoncelista Irene Lima, os cinco concertos decorrem no foyer do São Carlos e têm entrada livre, sendo o programa do último dia preenchido com Concerto per la Notte di Natale, de Corelli, e Canções de Natal.
Poesia e prosa de Natal - 5
Foram muitas as interpretações do nascimento de Jesus, mas é no período barroco, sobretudo em Itália, na região de Nápoles, que se dá o apogeu do presépio. Os artistas caprichavam no realismo das figuras onde não faltavam os adereços em miniatura – os chamados “finimenti” -, conferindo riqueza visual e cénica ao conjunto através de detalhes pitorescos extraídos da vida quotidiana. As figuras ostentam cabeças de barro pintadas com rigor e os olhos de vidro dão-lhes uma expressão de grande vivacidade. Nos corpos, talhavam-se em madeira as pernas até aos joelhos e os braços até aos cotovelos. Outro pormenor interessante tem a que ver com os dedos que se apresentam longos, gesticulando expressivamente. Aos membros era-lhes acrescentada uma estrutura de arame revestida com estopa tornando os corpos maleáveis. Mas é a diversidade e perfeição dos trajes de todas as figuras que compõem o presépio que saltam à vista, numa representação fiel da indumentária napolitana da primeira metade do séc. XVIII, nas diversas classes sociais. É curioso observar que os cidadãos não se encontram somente a caminho para adorar o Menino. Eles povoam sobretudo as cenas que representam feiras. E isso tem uma explicação: é que para muitas famílias nobres de Nápoles, o Natal não passava de um pretexto para poderem montar as magníficas cenas de rua, com as quais uma vez por ano se podiam deleitar, porque devido à sua posição social, estavam excluídas da vida popular, que supunham ser alegre e colorida.
Quanto aos Reis Magos estes são sumptuosamente adornados como que um exercício à criatividade dos artesãos. Os Reis Magos dos presépios napolitanos usam vestes preciosas, ricamente bordadas e usam jóias muito trabalhadas e na sua comitiva encontram-se pessoas das mais diversas origens muitas vezes ostentando adereços e animais que correspondem à ideia que os europeus da época tinham do exótico, belo e ao mesmo tempo estranho. A tarefa mais importante da comitiva consiste em transportar as preciosas oferendas que os Reis trazem para o Menino Jesus: recipientes de ouro com aplicações de prata e pedras preciosas materiais que eram mesmo empregues no fabrico destas peças miniatura. O mesmo acontecia no fabrico de instrumentos musicais de sopro e cordas ou adornos de marfim e madrepérola que decoram o presépio napolitano. Um requinte levado ao mais ínfimo pormenor que tinha como principal função recriar de forma quase real o nascimento de Jesus. A sumptuosidade desta representação deve-se ao facto de Nápoles ter desenvolvido, na época, um artesanato muito particular e elevada qualidade. Na manufactura real de Capodimonte trabalhavam artistas conhecidos como Giuseppe Sammarti (1720-1793) ou Francesco Celebrano (1729-1814) fazedores de uma arte muito particular e da qual o rei Carlos II se tornou patrono, sendo depois seguido pela nobreza da cidade. As famílias abastadas de Nápoles competiam entre si na aquisição de figuras de grande riqueza e qualidade artística de modo a formarem presépios cada vez mais preciosos.
Quanto aos Reis Magos estes são sumptuosamente adornados como que um exercício à criatividade dos artesãos. Os Reis Magos dos presépios napolitanos usam vestes preciosas, ricamente bordadas e usam jóias muito trabalhadas e na sua comitiva encontram-se pessoas das mais diversas origens muitas vezes ostentando adereços e animais que correspondem à ideia que os europeus da época tinham do exótico, belo e ao mesmo tempo estranho. A tarefa mais importante da comitiva consiste em transportar as preciosas oferendas que os Reis trazem para o Menino Jesus: recipientes de ouro com aplicações de prata e pedras preciosas materiais que eram mesmo empregues no fabrico destas peças miniatura. O mesmo acontecia no fabrico de instrumentos musicais de sopro e cordas ou adornos de marfim e madrepérola que decoram o presépio napolitano. Um requinte levado ao mais ínfimo pormenor que tinha como principal função recriar de forma quase real o nascimento de Jesus. A sumptuosidade desta representação deve-se ao facto de Nápoles ter desenvolvido, na época, um artesanato muito particular e elevada qualidade. Na manufactura real de Capodimonte trabalhavam artistas conhecidos como Giuseppe Sammarti (1720-1793) ou Francesco Celebrano (1729-1814) fazedores de uma arte muito particular e da qual o rei Carlos II se tornou patrono, sendo depois seguido pela nobreza da cidade. As famílias abastadas de Nápoles competiam entre si na aquisição de figuras de grande riqueza e qualidade artística de modo a formarem presépios cada vez mais preciosos.
Os meus poemas -9
PASMO
Nessas noites de morna calmaria
em que o Mar se não mexe e o Arvoredo
não murmura, pedindo o Sol mais cedo,
que o resguarde da fria Ventania;
Em que Lua boceja, se embacia,
e as palavras estagnam, no ar quedo,
noites podres - até chego a ter medo
de me volver também Monotonia.
E então sinto vontade de atirar
meu corpo bruto e nu contra o espanto
da Noite, a ver se o quebro e vibro, enfim;
cair no lago morto e acordar
os cisnes que adormecem de quebranto...
........................................................................
Mas só caio, afinal, dentro de mim.
Sebastião da Gama
(1924 - 1952)
Nessas noites de morna calmaria
em que o Mar se não mexe e o Arvoredo
não murmura, pedindo o Sol mais cedo,
que o resguarde da fria Ventania;
Em que Lua boceja, se embacia,
e as palavras estagnam, no ar quedo,
noites podres - até chego a ter medo
de me volver também Monotonia.
E então sinto vontade de atirar
meu corpo bruto e nu contra o espanto
da Noite, a ver se o quebro e vibro, enfim;
cair no lago morto e acordar
os cisnes que adormecem de quebranto...
........................................................................
Mas só caio, afinal, dentro de mim.
Sebastião da Gama
(1924 - 1952)
Uma viagem muito especial
Neste blogue de amantes de viagens, aqui fica uma sugestão muito especial : uma viagem espacial.
A imagem que está acima é do Lynx, aparelho de dois lugares, que tem o tamanho de um avião comercial e capacidade para quatro voos diários de meia-hora.
As viagens serão proporcionadas pela empresa XCOR Aerospace, a partir de 2012. Já estão abertas as inscrições para estes passeios. Quanto custa o passeio? Uns módicos 75.000 euros.
A imagem que está acima é do Lynx, aparelho de dois lugares, que tem o tamanho de um avião comercial e capacidade para quatro voos diários de meia-hora.
As viagens serão proporcionadas pela empresa XCOR Aerospace, a partir de 2012. Já estão abertas as inscrições para estes passeios. Quanto custa o passeio? Uns módicos 75.000 euros.
Odetta : In memoriam
O nosso MLV já fez o obituário desta mítica cantora norte-americana, pelo que apenas deixo aqui, em jeito de homenagem, uma sua actuação no Festival Folk de Filadélfia, em 2005, em que interpreta um clássico de todos os tempos: Amazing Grace.
Vieira da Silva no Museu Colecção Berardo
Foi ontem inaugurada a exposição A Intuição e a Estrutura: De Torres- Garcia a Vieira da Silva 1929-1949, no Museu Colecção Berardo.
É uma co-produção com o Instituto Valenciano de Arte Moderna, onde são apresentadas obras criadas durante vinte anos de trabalho de Torres-Garcia e Vieira da Silva, a partir da relação de proximidade que existiu entre os dois durante essas duas décadas.
Até 15 de Fevereiro, todos os dias das 10 às 19h( sextas até às 22h) . Entrada livre.
É uma co-produção com o Instituto Valenciano de Arte Moderna, onde são apresentadas obras criadas durante vinte anos de trabalho de Torres-Garcia e Vieira da Silva, a partir da relação de proximidade que existiu entre os dois durante essas duas décadas.
Até 15 de Fevereiro, todos os dias das 10 às 19h( sextas até às 22h) . Entrada livre.
Minerais
Poesia Incompleta
É este o nome de uma livraria dedicada à poesia, inaugurada recentemente no Príncipe Real. O nome foi pedido emprestado a um livro do Mário Dionísio. A livraria é do Mário Guerra ( filho da Maria do Céu) .
Duas salas cheias de poesia, em várias línguas ( até russo, Miss Tolstoi ! ) : edições novas, de fundos de catálogo, ensaios sobre poesia, biografias de poetas e até edições áudio.
Poesia Incompleta, Rua Cecílio de Sousa, 11, Seg-Sáb 10h-19h45.
Para saber mais : http://poesia-incompleta.blogspot.com
Duas salas cheias de poesia, em várias línguas ( até russo, Miss Tolstoi ! ) : edições novas, de fundos de catálogo, ensaios sobre poesia, biografias de poetas e até edições áudio.
Poesia Incompleta, Rua Cecílio de Sousa, 11, Seg-Sáb 10h-19h45.
Para saber mais : http://poesia-incompleta.blogspot.com
Amanhã na Gulbenkian
Continua na Fundação Gulbenkian o ciclo de conferências associado à exposição Weltliteratur, sendo amanhã a vez de Luísa Costa Gomes.
Auditório 3, 18h.
Auditório 3, 18h.
Hoje na Culturgest
Integrado no Ciclo Isto é Jazz ? , comissariado por Pedro Costa, apresentam-se hoje Carlos Zíngaro, no violino, e Pascal Contet no acordeon.
Pequeno Auditório, às 21h30. Preço único- 5 euros. O concerto tem a duração de 1h30.
Pequeno Auditório, às 21h30. Preço único- 5 euros. O concerto tem a duração de 1h30.
Noite James Bond - Tomorrow Never Dies (Surrender)
E agora, para algo completamente diferente: uma das minhas músicas favoritas, quintessentially Bond na minha opinião, "Surrender", por k.d. lang, que misteriosamente passou de música principal do filme "Tomorrow Never Dies" para genérico final. Uma alma generosa corrigiu o erro e colocou no YouTube o que teria sido...
Noite James Bond - Live and Let Die
"Live and Let Die" (1973) introduziu Jane Seymour ao mundo do entretenimento. Eis os cinco.
"Live and Let Die" (1973). Realização de Guy Hamilton, com Roger Moore no papel de Bond. Genérico inicial por Maurice Binder. Música de Paul e Linda McCartney, "Live and Let Die" cantado por Paul McCartney com os Wings.
"Live and Let Die" (1973). Realização de Guy Hamilton, com Roger Moore no papel de Bond. Genérico inicial por Maurice Binder. Música de Paul e Linda McCartney, "Live and Let Die" cantado por Paul McCartney com os Wings.
Noite James Bond - The Spy Who Loved Me
E outro: "The Spy Who Loved Me". A música já foi apresentada neste blog pelo Luís Barata.
"The Spy Who Loved Me" (1977). Realização de Lewis Gilbert, com Roger Moore no papel de Bond. Genérico inicial por Maurice Binder. Música de Marvin Hamlisch, "Nobody Does It Better" cantado por Carly Simon.
Noite James Bond - Moonraker
Outro do meu top 5: Moonraker.
"Moonraker" (1979). Realização de Lewis Gilbert, com Roger Moore no papel de Bond. Genérico inicial por Maurice Binder. Música de John Barry, "Moonraker" cantado por Shirley Bassey.
"Moonraker" (1979). Realização de Lewis Gilbert, com Roger Moore no papel de Bond. Genérico inicial por Maurice Binder. Música de John Barry, "Moonraker" cantado por Shirley Bassey.
Noite James Bond - For Your Eyes Only
Outro dos meus Bonds favoritos - desta vez, com a voz de Sheena Easton a fazer as honras ao genérico de Maurice Binder. É o único genérico em que se apresentam imagens da interpréte da música.
"For Your Eyes Only" (1981). Realização de John Glen, com Roger Moore no papel de Bond. Genérico inicial por Maurice Binder. Música de Bill Conti, "For Your Eyes Only" cantado por Sheena Easton.
"For Your Eyes Only" (1981). Realização de John Glen, com Roger Moore no papel de Bond. Genérico inicial por Maurice Binder. Música de Bill Conti, "For Your Eyes Only" cantado por Sheena Easton.
Noite James Bond - Octopussy
Esta noite tenho um jantar de Natal que, como habitual na Austrália, é temático. O tema é James Bond, o que promete. "Octopussy" (1983) foi provavelmente o primeiro Bond que vi no cinema, no extinto 7ª Arte - continua, talvez por ter sido o primeiro, a ser um dos meus Bonds favoritos (é um de cinco da minha predilecção).
"Octopussy" (1983). Realização de John Glen, com Roger Moore no papel de Bond. Genérico inicial por Maurice Binder. Música de John Barry, "All Time High" cantado por Rita Coolidge.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
O regresso de Liza
Liza’s at the Palace é o espectáculo que marca o regresso de Liza Minnelli à Broadway após quase uma década de ausência. Segundo consta esta senhora ainda se encontra em grande forma e é isso que Liza pretende prová-lo com o seu regresso aos palcos.
Temas que foram cantados por Judy Garland e pela sua madrinha Kay Thompson, bem como recordações que conserva dos pais e da sua infância é afinal o que o público vai poder ver e ouvir a partir de hoje e até ao próximo dia 28, no Teatro Palace, em Nova Iorque.
Temas que foram cantados por Judy Garland e pela sua madrinha Kay Thompson, bem como recordações que conserva dos pais e da sua infância é afinal o que o público vai poder ver e ouvir a partir de hoje e até ao próximo dia 28, no Teatro Palace, em Nova Iorque.
A folk ficou mais pobre
Morreu a voz dos direitos civis. Assim era conhecida Odetta, a cantora americana que ontem faleceu aos 77 anos. Ficou um sonho por cumprir, o de cantar na tomada de posse de Barak Obama, a 20 de Janeiro próximo. Figura emblemática na luta contra a discriminação racial, Odetta interpretou temas folk, blues, jazz e espirituais, tendo influenciado artistas como Joan Baez, Bob Dylan, Janis Joplin, entre outros.
Em 1963 participou na história marcha de Washington onde cerca de 250 mil pessoas reclamavam os direitos civis dos negros e Luther King proferiu o famoso discurso Eu tenho um sonho. Nesse ano, o álbum Odetta Sings Folk Songs foi dos mais vendidos nos EUA. O seu último trabalho foi Gonna Let it Shine, que inclui temas espirituais e de gospel. Odetta foi ainda nomeada para um Grammy em 2007.
Em 1963 participou na história marcha de Washington onde cerca de 250 mil pessoas reclamavam os direitos civis dos negros e Luther King proferiu o famoso discurso Eu tenho um sonho. Nesse ano, o álbum Odetta Sings Folk Songs foi dos mais vendidos nos EUA. O seu último trabalho foi Gonna Let it Shine, que inclui temas espirituais e de gospel. Odetta foi ainda nomeada para um Grammy em 2007.
Curiosidade do dia
Fazer uma cirurgia por SMS em África! Aconteceu mesmo e a experiência foi vivida por um médico inglês que em Outubro passado se encontrava na cidade de Rutshuru, no Congo. Numa zona de conflito, com apenas meio litro de sangue e um equipamento muito precário, o médico tinha de amputar o braço a um jovem de 16 anos após ter sido atacado por um hipopótamo uns dias antes. Como nunca tinha feito uma operação naquelas condições o médico não hesitou em pedir ajuda a um colega congolês já com experiência em intervenções efectuadas com escassez de meios. A ajuda veio por SMS e através de instruções precisas que ia recebendo, a operação foi realizada com sucesso.
Caso para dizer que a necessidade aguça o engenho.
Caso para dizer que a necessidade aguça o engenho.
Pintar a solidão - 11
- Edgar Degas, Dans un café, também conhecido como
l' Absinthe, 1875-1876, óleo sobre tela, Musée d' Orsay, Paris.
É um quadro muito conhecido de Degas, e sobre o qual se sabe muito: sabe-se quem foram os modelos, Ellen Andrée e o grande amigo de Degas, Marcellin Desboutin, e conhece-se também o local, o Café de la Nouvelle Athènes, em Montmartre.
Em cima da mesa, a cor não engana- reconhecemos imediatamente o verde do absinto no copo.
Escolhi este quadro para ilustrar ainda outra forma de solidão, a solidão da embriaguez.
Falo de embriaguez em sentido lato- tanto a do alcoolismo como a das outras drogas. É um tema clássico, o ébrio solitário. Hoje ainda nos deparamos com ele, embora talvez menos.
Deparamo-nos muito mais com a solidão do toxicodependente. A terrível solidão que vemos nas nossas ruas e avenidas, em que se "arrumam" carros para sustentar o vício, quando já não é possível sustentar a dependência de outra forma, em que se fala sozinho nos passeios e nos transportes públicos,e se pede "uma moedinha" com as desculpas mais incríveis. De vez em quando, vislumbramos a efémera euforia de quando o vício é satisfeito.
l' Absinthe, 1875-1876, óleo sobre tela, Musée d' Orsay, Paris.
É um quadro muito conhecido de Degas, e sobre o qual se sabe muito: sabe-se quem foram os modelos, Ellen Andrée e o grande amigo de Degas, Marcellin Desboutin, e conhece-se também o local, o Café de la Nouvelle Athènes, em Montmartre.
Em cima da mesa, a cor não engana- reconhecemos imediatamente o verde do absinto no copo.
Escolhi este quadro para ilustrar ainda outra forma de solidão, a solidão da embriaguez.
Falo de embriaguez em sentido lato- tanto a do alcoolismo como a das outras drogas. É um tema clássico, o ébrio solitário. Hoje ainda nos deparamos com ele, embora talvez menos.
Deparamo-nos muito mais com a solidão do toxicodependente. A terrível solidão que vemos nas nossas ruas e avenidas, em que se "arrumam" carros para sustentar o vício, quando já não é possível sustentar a dependência de outra forma, em que se fala sozinho nos passeios e nos transportes públicos,e se pede "uma moedinha" com as desculpas mais incríveis. De vez em quando, vislumbramos a efémera euforia de quando o vício é satisfeito.
Hoje na FNAC do Colombo
É lançado hoje, pelas 18H30, na Fnac do Colombo, o mais recente livro de Cristóvão de Aguiar- CÃES LETRADOS.
Aqui fica a informação fornecida pela Fnac :
" Um magnífico livro de histórias sobre cães. Histórias comoventes, onde aprendemos coisas extraordinárias destes nossos amigos. Por exemplo: sempre que quisermos um cão idóneo devemos adoptá-lo entre a família dos vadios de primeira geração- só estes possuem capacidade para serem amigos de verdade e dar tudo pelo dono que o escolheu. "
Aqui fica a informação fornecida pela Fnac :
" Um magnífico livro de histórias sobre cães. Histórias comoventes, onde aprendemos coisas extraordinárias destes nossos amigos. Por exemplo: sempre que quisermos um cão idóneo devemos adoptá-lo entre a família dos vadios de primeira geração- só estes possuem capacidade para serem amigos de verdade e dar tudo pelo dono que o escolheu. "
Novidades - 2 : Sobre poesia
É possível definir a poesia? Normalmente, diz-se que há tantas definições quanto o número de poetas. Tentando esclarecer esta questão, apenas de forma simbólica naturalmente, temos esta colecção de 674 "definições" da poesia, da autoria de 240 poetas de todas as línguas e de todas as épocas, se bem que maioritariamente contemporâneos.
« La poésie, c' est autre chose» , 1001 définitions de la poésie, dir. por Gérard Pfister, Éd. Arfuyen, 226p. , 2008.
« La poésie, c' est autre chose» , 1001 définitions de la poésie, dir. por Gérard Pfister, Éd. Arfuyen, 226p. , 2008.
"Flower Duet", Lakmé, Delibes
"Flower duet" de Lakmé (1883), de Léo Delibes. Simplesmente porque me estava a ecoar no espírito.
Natalie Dessay - Soprano
Delphine Haidan - Mezzo soprano
Orchestre du Capitole de Toulouse
Michel Plasson - conductor
(1998)
Natalie Dessay - Soprano
Delphine Haidan - Mezzo soprano
Orchestre du Capitole de Toulouse
Michel Plasson - conductor
(1998)
Poesia e prosa de Natal - 4
FALAVAM-ME DE AMOR
Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,
menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinha
se em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.
Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.
O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te consertas
ó tu ficaste a ti acostumado.
Natália Correia
O Dilúvio e a Pomba Lisboa,
Publicações D. Quixote, 1979
Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,
menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinha
se em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.
Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.
O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te consertas
ó tu ficaste a ti acostumado.
Natália Correia
O Dilúvio e a Pomba Lisboa,
Publicações D. Quixote, 1979
Árias de Puccini
Recital de Canto e Piano "Arias de Pucinni"
Serena Aprile - soprano
Massimiliano Giovanardi - piano
Hoje, 4 Dez., às 18h30
Sala dos Espelhos do Palácio Foz
Praça dos Restauradores
Lisboa
ENTRADA LIVRE
Serena Aprile - soprano
Massimiliano Giovanardi - piano
Hoje, 4 Dez., às 18h30
Sala dos Espelhos do Palácio Foz
Praça dos Restauradores
Lisboa
ENTRADA LIVRE
Um soneto a Orfeu
Mude embora o mundo
como as nuvens depressa,
a perfeição regressa
a um antes profundo.
Sobre ir e mudar,
vasto e livre dura
teu ante-cantar,
deus da lira pura.
Ignoradas dores,
amar sem saber quanto,
distâncias maiores
que a morte não quebra.
Sobre a terra o canto
santifica e celebra.
Rainer Maria Rilke
Os sonetos a Orfeu de Rainer Maria Rilke / versão de Vasco Graça Moura. Lisboa: Quetzal, 1994, p. 27
Rainer Maria Rilke nasceu em Praga em 4 de Dezembro de 1875.
como as nuvens depressa,
a perfeição regressa
a um antes profundo.
Sobre ir e mudar,
vasto e livre dura
teu ante-cantar,
deus da lira pura.
Ignoradas dores,
amar sem saber quanto,
distâncias maiores
que a morte não quebra.
Sobre a terra o canto
santifica e celebra.
Rainer Maria Rilke
Os sonetos a Orfeu de Rainer Maria Rilke / versão de Vasco Graça Moura. Lisboa: Quetzal, 1994, p. 27
Rainer Maria Rilke nasceu em Praga em 4 de Dezembro de 1875.
Os meus franceses - 32
Jacques Dutronc
A primeira escolha seria «Paris s'eveille», a segunda «Les playboys», ambas já colocadas neste blogue. Assim, a terceira é «J'aime les filles» (1967)
Letra de Jacques Lanzmann; música de Jacques Dutronc.
A primeira escolha seria «Paris s'eveille», a segunda «Les playboys», ambas já colocadas neste blogue. Assim, a terceira é «J'aime les filles» (1967)
Letra de Jacques Lanzmann; música de Jacques Dutronc.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
O Jardim do Éden
O Jardim do Éden, Jardim das Delícias ou Paraíso Terrestre é na tradição das religiões abraâmicas o local da primitiva habitação do Homem. Portanto, não será asneira afirmar que também foi o primeiro jardim que existiu mesmo antes do aparecimento das primeiras civilizações. Foi ali (a Oriente) que Deus colocou Adão e Eva, sendo descrito nos livros Génesis I e II como uma paisagem maravilhosa atravessada por um rio que se dividia em quatro braços (Gn 2, 10) e onde “Deus fez brotar da terra todas as árvores agradáveis à vista e boas como alimento” (Gn 2, 9). O local devia ainda ser cultivado e guardado.O Jardim do Éden, a sua localização e a tentativa de reencontrar a felicidade perdida após a expulsão de Adão e Eva, foram temas centrais de múltiplas lendas e mitos que inspiraram artistas sobretudo na Europa, como o caso do pintor alemão Jacob de Backer (1608-1651), cuja imagem representa a sua obra Garden of Éden.
Os meus poemas -8
solta a alegria! que fique desatada!
esquece a ânsia que rói o coração.
tanta doença foi assim curada!
a vida é uma presa, vai-te a ela!
pois é bem curta a sua duração.
e mesmo que a tua vida acaso fosse
de mil anos plenos já composta
mal se poderia dizer que fora longa.
seres triste sempre não seja a tua aposta
pois o alaúde e o fresco vinho
te aguardam na beira do caminho.
os cuidados não serão de ti os donos
se a taça for espada brilhante em tua mão
da sabedoria só colherás a turbação
cravada no mais fundo do teu ser:
é que, de entre todos, o mais sábio
é aquele que não cuida de saber.
Al - Mu'tamid
governador de Silves, rei da taifa de Sevilha
(Beja, 1040 - Marrocos,1095)
tradução de Adalberto Alves
esquece a ânsia que rói o coração.
tanta doença foi assim curada!
a vida é uma presa, vai-te a ela!
pois é bem curta a sua duração.
e mesmo que a tua vida acaso fosse
de mil anos plenos já composta
mal se poderia dizer que fora longa.
seres triste sempre não seja a tua aposta
pois o alaúde e o fresco vinho
te aguardam na beira do caminho.
os cuidados não serão de ti os donos
se a taça for espada brilhante em tua mão
da sabedoria só colherás a turbação
cravada no mais fundo do teu ser:
é que, de entre todos, o mais sábio
é aquele que não cuida de saber.
Al - Mu'tamid
governador de Silves, rei da taifa de Sevilha
(Beja, 1040 - Marrocos,1095)
tradução de Adalberto Alves
Curiosidade do dia
Não é fácil imaginar a cena um pouco anedótica até, mas tanto quanto parece D. José I terá sido agredido por um demente com duas pauladas (ainda por cima!!) quando se encontrava em Vila Viçosa. O incidente deu-se a 3 de Dezembro de 1769. Reinado atribulado este se pensarmos que anos antes, em 1758, o monarca foi vítima de uma tentativa de regicídio que esteve na origem do processo dos Távoras.
Hoje é o Dia Internacional das pessoas com deficiência.
Hoje é o Dia Internacional das pessoas com deficiência.
De Hélder Moura Pereira - 2
Quieto deixarei no tempo da tua ausência
tudo no mesmo sítio, um écran passa
aos meus olhos numa velocidade calculada,
na minha estreita rua continua havendo papéis
e folhas distraindo atenções por outras
letras, pequenas palavras desbotando
do seu azul para larga mancha, verso destruído.
Traços de pó nos vidros e eu a mirá-los, nada
faz com que saia desta cadeira e queira ver
o outro sol que se esconde por trás das imagens.
A meio da alegria recusei o fácil caminho
da aceitação, ia dar a cisternas sem espelhos,
não sei como faria depois, olhar para dentro
da terra e não ver a cara do homem. Os ciclos
da vida organizam o tempo, cansado era
de objectos e cores, repito a colocação
das mãos, reaprendo mais vontades para lá
do corpo. Quieto, sem horas para nada,
aguardo o teu regresso.
- Hélder Moura Pereira, DE NOVO AS SOMBRAS E AS CALMAS- Poesia 1976/1990, Contexto, 1990.
tudo no mesmo sítio, um écran passa
aos meus olhos numa velocidade calculada,
na minha estreita rua continua havendo papéis
e folhas distraindo atenções por outras
letras, pequenas palavras desbotando
do seu azul para larga mancha, verso destruído.
Traços de pó nos vidros e eu a mirá-los, nada
faz com que saia desta cadeira e queira ver
o outro sol que se esconde por trás das imagens.
A meio da alegria recusei o fácil caminho
da aceitação, ia dar a cisternas sem espelhos,
não sei como faria depois, olhar para dentro
da terra e não ver a cara do homem. Os ciclos
da vida organizam o tempo, cansado era
de objectos e cores, repito a colocação
das mãos, reaprendo mais vontades para lá
do corpo. Quieto, sem horas para nada,
aguardo o teu regresso.
- Hélder Moura Pereira, DE NOVO AS SOMBRAS E AS CALMAS- Poesia 1976/1990, Contexto, 1990.
Poema das flores
«Pequeno Jardim», Rua Garrett, Lisboa.
POEMA DAS FLORES
Se com flores se fizeram revoluções
que linda revolução daria este canteiro!
Quando o clarim do sol toca a matinas
ei-las que emergem do nocturno sono
e as brandas, tenras hastes se perfilam.
Estão fardadas de verde clorofila,
botões vermelhos, faixas amarelas,
penachos brancos que se balanceiam
em mesuras que a aragem determina.
É do regulamento ser viçoso
quando a seiva crepita nas nervuras
e frenética ascende aos altos vértices.
São flores e, como flores, abrem corolas
na memória dos homens.
Recorda o homem que no berço adormecia,
epiderme de flor num sorriso de flor,
e que entre flores correu quando era infante,
ébrio de cheiros,
abrindo os olhos grandes como flores.
Depois, a flor que ela prendeu entre os cabelos,
rede de borboletas, armadilha de unguentos,
o amor à flor dos lábios,
o amor dos lábios desdobrado em flor,
a flor na emboscada, comprometida e ingénua,
colaborante e alheia,
a flor no seu canteiro à espera que a exaltem,
que em respeito a violem
e em sagrado a venerem.
Flores estupefacientes, droga dos olhos, vício dos sentidos.
Ai flores, ai flores das verdes hastes!
A César o que é de César. Às flores o que é das flores.
António Gedeão
In: Poemas póstumos. Lisboa: João Sá da Costa, 1984, p. 21-23
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Mario Del Monaco : Nessun dorma
Puccini : Turandot : Nessun dorma... cantado por Mario Del Monaco
Turandot é a última ópera de Giacomo Puccini. Composta em três actos, com libreto de Giuseppe Adami e Renato Simoni. Estreou no Teatro Alla Scala em Milão a 25 de Abril de 1926, sob a direcção de Arturo Toscanini.
Puccini morreu a 29 de novembro de 1924 deixando a ópera incompleta. Será Franco Alfano que a completará.
No dia da estreia Artur Toscanini, na cena de morte de Liù, virou-se para a plateia e disse: "Senhoras e Senhores, aqui parou Giacomo Puccini". Segundo reza a lenda fez isso porque não gostava do final de Franco Alfano.
Curiosidade do dia
Foi neste mesmo dia, mas no ano de 1901, que King Camp Gillette registou a patente do primeiro aparelho de barbear. Uma invenção que viria a revolucionar um dos rituais no universo masculino. Numa manhã quente de 1895 este americano, funcionário da Companhia de Selos de Baltimore, idealizou uma nova forma de barbear, mais prática e que substituísse a tradicional navalha. Mais tarde e com a ajuda de um engenheiro mecânico Gillette começou a produzir os primeiros aparelhos que permitiam um barbear de longa durabilidade com recurso a pequenas lâminas de aço, afiadas dos dois lados e com a vantagem de serem descartáveis. Depois disso o desafio maior foi o de mudar os hábitos de barbear vigentes na época. Durante a Primeira Guerra Mundial, um grande passo foi dado nesse sentido, quando Gillette enviou um aparelho de barbear a cada soldado americano, cerca de 3,5 milhões de aparelhos e 36 milhões de lâminas. A ideia resultou em pleno criando naqueles militares o hábito de se barbearem em casa evitando as idas ao barbeiro. A partir daí a marca, uma das mais poderosas a nível global não mais parou e hoje quase um bilião de pessoas usa um produto Gillette todos os dias.
Faces de Eva
Apresentação do n.º 20 da revista Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher, dedicado a Simone de Beauvoir. Maria Luísa Ribeiro Ferreira fará uma comunicação intitulada «Simone de Beauvoir: uma filósofa para o século XXI?» e será exibido o filme Simone de Beauvoir: une femme actuelle, de Dominique Gros.
3 Dez., às 19h00
Instituto Franco-Português (Mediateca)
Avenida Luís Bívar, 91
Lisboa
Poesia e prosa de Natal - 2
Escutei os sinos no dia de Natal,
Tocando os cânticos familiares;
Vibrantes e doces,
As palavras repetem-se:
« Paz na Terra aos homens de boa vontade! »
- Henry Wadsworth Longfellow
Tocando os cânticos familiares;
Vibrantes e doces,
As palavras repetem-se:
« Paz na Terra aos homens de boa vontade! »
- Henry Wadsworth Longfellow
Os meus poemas -7
LÍRIO DE S. DAMIÃO
Lá vai...É longa a estrada e pedregosa.
Rasgam-lhe o manto rude a silva e o cardo.
Já tudo é espinho e tudo fora rosa.
Onde estais, berço de oiro, óleos de nardo?
Lá vai...A noite é negra e tenebrosa.
O medo é aguda espada, fino dardo.
No rasto da possessa e da leprosa
Seguem-lhe os passos nus lobo e javardo.
Já nem se lembra que é donzela em flor.
Tornam-lhe os pés em chaga, as mãos em dor,
Irmã Chuva, Irmã Pedra, Irmã Raiz.
Corta-lhe Deus o derradeiro laço
e lá vai, pomba argêntea, pelo espaço...
-lírio de S. Damião, Clara de Assis.
Fernanda de Castro
(1900-1994)
Lá vai...É longa a estrada e pedregosa.
Rasgam-lhe o manto rude a silva e o cardo.
Já tudo é espinho e tudo fora rosa.
Onde estais, berço de oiro, óleos de nardo?
Lá vai...A noite é negra e tenebrosa.
O medo é aguda espada, fino dardo.
No rasto da possessa e da leprosa
Seguem-lhe os passos nus lobo e javardo.
Já nem se lembra que é donzela em flor.
Tornam-lhe os pés em chaga, as mãos em dor,
Irmã Chuva, Irmã Pedra, Irmã Raiz.
Corta-lhe Deus o derradeiro laço
e lá vai, pomba argêntea, pelo espaço...
-lírio de S. Damião, Clara de Assis.
Fernanda de Castro
(1900-1994)
Novidades - 1 : Pasolini
Começo esta nova rubrica, que se destina a divulgar novidades literárias, com a reedição de Descrizioni di descrizioni, pela editora Garzanti, de Milão.
Trata-se de um volume póstumo, que reúne parte do jornalismo literário de Pasolini dos anos 70. São escritos sobre Italo Calvino, Moravia, Leonardo Sciascia, Dostoievsky, Giovanni Pascoli, Roberto Longhi, entre outros.
Esta nova edição conta com uma introdução de Giampaolo Dossena, e foi editada por Graziela Chiarcossi.
Descrizioni di descrizioni, Pier Paolo Pasolini, ed. Graziela Chiarcossi, 622pp, Milano, Garzanti.
Trata-se de um volume póstumo, que reúne parte do jornalismo literário de Pasolini dos anos 70. São escritos sobre Italo Calvino, Moravia, Leonardo Sciascia, Dostoievsky, Giovanni Pascoli, Roberto Longhi, entre outros.
Esta nova edição conta com uma introdução de Giampaolo Dossena, e foi editada por Graziela Chiarcossi.
Descrizioni di descrizioni, Pier Paolo Pasolini, ed. Graziela Chiarcossi, 622pp, Milano, Garzanti.
Calendário de Advento: 2 de Dezembro
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Ária "Bereite dich Zion" da Oratória de Natal de Johann Sebastian Bach, interpretada por Andreas Scholl, acompanhado pela Akademie für Alte Musik sob a direcção de René Jacobs
Os meus franceses - 31
Françoise Hardy - «Tant de belles choses» (2004)
Letra de Françoise Hardy; música de Pascale Daniel e André Lubrano
Letra de Françoise Hardy; música de Pascale Daniel e André Lubrano
Nos 50 anos do Doutor Jivago
Vou transcrever o mais pequeno poema de Iuri Jivago. E para quando uma edição portuguesa dos poemas de Pasternak?
EMBRIAGUÊS
A hera enlaça-se ao salgueiro
Que nos protege do mau tempo.
Um manto envolve-nos os ombros
Quando te enlaço estreitamente.
Não. Embriaguês, e não a hera,
O que se solta do arvoredo.
E deste manto, já por terra,
Façamos antes um tapete.
Trad. de David Mourão Ferreira
In: O Doutor Jivago. Lisboa: Betrand, s.d., p. 596
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Dezembro - 1
Aqui fica o meu presente na abertura da primeira casa do calendário do Advento
Pyotr Ilyich Tchaikovsky : Щелкунчик [Shchelkunchik](Quebra-Nozes)
Pyotr Ilyich Tchaikovsky : Щелкунчик [Shchelkunchik](Quebra-Nozes)
Uma lira turca semelhante a 2 Euro
Em vários países da Europa (em especial França e Alemanha) circulam no meio das moedas de 2 Euro uma de Lira Turca (cujo valor na Europa é nulo e na Turquia de 0,4 Euro). Vamos olhar melhor para as moedas que recebemos de troco...
Os meus poemas -6
AMASTE O VOO
A Jacinto do Prado Coelho
em Teixeira de Pascoaes
Amaste o voo, o infinito, a chave
Invisível da voz. E foste a própria ave,
Abrindo a cifra, a fronde dos seus medos.
Abrindo a cifra das acesas fráguas.
Lendo a secura triste dos penedos
Completaste o secreto eco das águas.
Seguiste o tocador dos instrumentos
Cinzentos, sedentos. Movimentos
De aparições, tremendo ao sol dos ventos,
Contradições de cor e de agonia.
E foste o tocador dos instrumentos
No alvo espaço em cruz dos seus momentos
Teu alvo tempo e alar sabedoria.
Natércia Freire
(1920-2004)
A Jacinto do Prado Coelho
em Teixeira de Pascoaes
Amaste o voo, o infinito, a chave
Invisível da voz. E foste a própria ave,
Abrindo a cifra, a fronde dos seus medos.
Abrindo a cifra das acesas fráguas.
Lendo a secura triste dos penedos
Completaste o secreto eco das águas.
Seguiste o tocador dos instrumentos
Cinzentos, sedentos. Movimentos
De aparições, tremendo ao sol dos ventos,
Contradições de cor e de agonia.
E foste o tocador dos instrumentos
No alvo espaço em cruz dos seus momentos
Teu alvo tempo e alar sabedoria.
Natércia Freire
(1920-2004)
From Russia with love - tributo a Matt Monro
O mundo da música anglo-saxónica criou a rubrica do Easy Listening, em que reúne as grandes vozes internacionais do pós-guerra. Os Rat Pack, com Frank Sinatra a liderar o lendário quinteto, enquadram-se neste género da mesma forma que outras estrelas do entertainment norte-americano, entre elas, Doris Day, Conny Francis ou Julie London. O Reino Unido prima com uma voz em particular, a de Matt Monro. Monro nunca terá ascendido ao estatuto de estrelato de outros cantores da sua geração. Em Portugal, continua praticamente desconhecido. Contudo, a sua voz foi tão clara e suave que o próprio Sinatra terá considerado Monro o melhor “balladeer Britain ever had”.
Matt Monro nasceu em Londres a 1 de Dezembro de 1930. Após o serviço militar em Hong Kong, regressou à capital britânica onde se empregou como condutor de autocarros.
Descoberto pela pianista Winifred Atwell, Monro, contratado pela Decca, iniciou as suas primeiras gravações – com pouco êxito comercial, apesar de algumas aparições radiofónicas na Radio Luxembourg e na BBC. O momento decisivo de viragem ocorreu quando o produtor da EMI, George Martin, procurava uma voz que inspirasse Peter Sellers a copiar o melhor possível o timbre e o estilo de Frank Sinatra para o álbum previsto Songs for Swinging Sellers. A gravação de Monro foi tão extraordinária que Martin contratou o jovem artista desconhecido para a EMI.
Matt Monro nasceu em Londres a 1 de Dezembro de 1930. Após o serviço militar em Hong Kong, regressou à capital britânica onde se empregou como condutor de autocarros.
Descoberto pela pianista Winifred Atwell, Monro, contratado pela Decca, iniciou as suas primeiras gravações – com pouco êxito comercial, apesar de algumas aparições radiofónicas na Radio Luxembourg e na BBC. O momento decisivo de viragem ocorreu quando o produtor da EMI, George Martin, procurava uma voz que inspirasse Peter Sellers a copiar o melhor possível o timbre e o estilo de Frank Sinatra para o álbum previsto Songs for Swinging Sellers. A gravação de Monro foi tão extraordinária que Martin contratou o jovem artista desconhecido para a EMI.
Assim, e a partir de 1960, Matt Monro marcava presença regular nos charts britânicos. Canções como Portrait of my love, From Russia with love (banda sonora do 007) ou Born Free (banda sonora do filme homónimo) tornaram-no conhecido de um vasto público. Walk away foi o maior sucesso, uma versão cover de Warum nur, warum do austríaco Udo Jürgens que, em 1964, representara o seu país no Festival Eurovisão da Canção (nessa mesma edição, Matt Monro concorria pelo Reino Unido com I love the little things, tendo-se classificado em 2º lugar).
<
Os admiradores do Singing Bus Driver dificilmente encontram uma gravação na YouTube, que transmita adequadamente a categoria vocal deste artista. Segue, como pequeno tributo, From Russia with love de 1963 que nos mostra Monro, Connery, a leading bond girl Daniela Bianchi em imagens bem cativantes e a fascinante Lotte Lenya (no seu papel menos fascinante...)
Vítima de cancro, Matt Monro morreu aos 54 anos em 1985.
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A bandeira e a Restauração
Com a Restauração de 1640, a bandeira sofre uma modificação: o escudo passa a ter o fundo em forma redonda, o chamado modelo português. E é a partir do reinado de D.João IV que, à semelhança do que já acontecia noutros estados europeus, passam a existir duas bandeiras distintas: a real ( que é o estandarte pessoal do soberano, a bandeira do rei ) , e a do reino, esta imutável ( mais ou menos, como sabemos...) .
Os meus franceses - 30
Adamo - «Tombe la neige»
Letra e música de Salvatore Adamo (1963).
Adamo não é francês; nasceu em Itália, tendo emigrado muito jovem com a família para a Bélgica.
http://www.adamosalvatore.com/
Letra e música de Salvatore Adamo (1963).
Adamo não é francês; nasceu em Itália, tendo emigrado muito jovem com a família para a Bélgica.
http://www.adamosalvatore.com/
Poesia e prosa de Natal - 1
Mais um desafio a Filipe Vieira Nicolau, Jad, João Mattos e Silva, João Soares, Luís Barata e MLV, desta vez para colocarmos literatura sobre o Natal.
Eu começo com um poema de David Mourão-Ferreira.
ELEGIA DE NATAL
Era também de noite Era também Dezembro
Vieram dizer-me que o meu irmão nascera
Já não sei afinal se o recordo ou se penso
que estou a recordá-lo à força de o dizerem
Mas o teu berço foi o primeiro presépio
em que pouco depois o meu olhar pousava
Não era mais real do que existirem prédios
nem menos irreal do que haver madrugadas
Dezembro retornava e nunca soube ao certo
se o intruso era eu se o intrus eras tu
Quase aceitava até que alguém te supusesse
mais do que meu irmão um gémeo de Jesus
Para ti se encenava o palco da surpresa
Entravas no papel de que eu ia descrendo
Mas sabia-me bem salvar a tua crença
E era sempre de noite Era sempre em Dezembro
Entretanto em que mês em que dia é que estamos
Que verdete corrói prédios e madrugadas
De que muro retiro o musgo desses anos
que entre os dedos depois se me desfaz em água
Para onde levaste a criança que foste
Em vez da tua voz que ciprestes são estes
Como dizer Natal se te não vejo hoje
Como dizer Natal agora que morreste
David Mourão-Ferreira
Eu começo com um poema de David Mourão-Ferreira.
ELEGIA DE NATAL
Era também de noite Era também Dezembro
Vieram dizer-me que o meu irmão nascera
Já não sei afinal se o recordo ou se penso
que estou a recordá-lo à força de o dizerem
Mas o teu berço foi o primeiro presépio
em que pouco depois o meu olhar pousava
Não era mais real do que existirem prédios
nem menos irreal do que haver madrugadas
Dezembro retornava e nunca soube ao certo
se o intruso era eu se o intrus eras tu
Quase aceitava até que alguém te supusesse
mais do que meu irmão um gémeo de Jesus
Para ti se encenava o palco da surpresa
Entravas no papel de que eu ia descrendo
Mas sabia-me bem salvar a tua crença
E era sempre de noite Era sempre em Dezembro
Entretanto em que mês em que dia é que estamos
Que verdete corrói prédios e madrugadas
De que muro retiro o musgo desses anos
que entre os dedos depois se me desfaz em água
Para onde levaste a criança que foste
Em vez da tua voz que ciprestes são estes
Como dizer Natal se te não vejo hoje
Como dizer Natal agora que morreste
David Mourão-Ferreira
Canções de Natal - 1
Ao Filipe Vieira Nicolau, Jad, João Mattos e Silva, João Soares, Luís Barata e MLV:
E se fizéssemos esta «secção» em conjunto?
Para já deixo um clássico:
Bing Crosby - «White Christmas»
Canção de Irving Berlin do filme Holiday Inn (1942), com Bing Crosby e Marjorie Reynolds, aqui com a voz dobrada por Martha Mears.
E esta, que foi a primeira que aprendi:
»O Tannenbaum»
E se fizéssemos esta «secção» em conjunto?
Para já deixo um clássico:
Bing Crosby - «White Christmas»
Canção de Irving Berlin do filme Holiday Inn (1942), com Bing Crosby e Marjorie Reynolds, aqui com a voz dobrada por Martha Mears.
E esta, que foi a primeira que aprendi:
»O Tannenbaum»
domingo, 30 de novembro de 2008
Andrea Palladio (1508-1580)
MR. fez e programou um post sobre os 500 anos do nascimento de Palladio. Esse post desapareceu, mas eu consegui recupera-lo. Aqui fica, para ilustração e conhecimento de todos:
Andrea di Pietro della Gondola, conhecido como Palladio, nasceu em Pádua no dia de Santo André, 30 de Novembro de 1508, faz hoje precisamente 500 anos.
Desenvolveu os ensinamentos dos tratados de Vitrúvio (século I a.C.), tendo concebido a arquitectura como uma organização de espaços e projectado as fachadas em função da volumetria interna dos edifícios.
O seu projecto mais importante é Villa Capra, ou La Rotonda (Vicenza), que, integrando os aspectos fundamentais da sua obra, é considerado como um resumo dela.
Pallazzo Thiene (Vicenza)
Teatro Olímpico de Vicenza
É autor de L'antichita di Roma (1566) e de I quattro libri dell' Architettura (1581).
A exposição Palladio 500 anni encontra-se presentemente no Palazzo Barbaran da Porto, em Vicenza, onde pode ser visitada até 6 de Janeiro de 2009. Depois vai para Londres, onde inaugura a 31 de Janeiro na Royal Academy of Arts, ficando patente até 13 de Abril do próximo ano.
http://www.andreapalladio500.it
E já agora, acrescento eu, a tão falada viagem a Londres poderia ser por esta altura...
Andrea di Pietro della Gondola, conhecido como Palladio, nasceu em Pádua no dia de Santo André, 30 de Novembro de 1508, faz hoje precisamente 500 anos.
Desenvolveu os ensinamentos dos tratados de Vitrúvio (século I a.C.), tendo concebido a arquitectura como uma organização de espaços e projectado as fachadas em função da volumetria interna dos edifícios.
O seu projecto mais importante é Villa Capra, ou La Rotonda (Vicenza), que, integrando os aspectos fundamentais da sua obra, é considerado como um resumo dela.
Pallazzo Thiene (Vicenza)
Teatro Olímpico de Vicenza
É autor de L'antichita di Roma (1566) e de I quattro libri dell' Architettura (1581).
A exposição Palladio 500 anni encontra-se presentemente no Palazzo Barbaran da Porto, em Vicenza, onde pode ser visitada até 6 de Janeiro de 2009. Depois vai para Londres, onde inaugura a 31 de Janeiro na Royal Academy of Arts, ficando patente até 13 de Abril do próximo ano.
http://www.andreapalladio500.it
E já agora, acrescento eu, a tão falada viagem a Londres poderia ser por esta altura...
Na Biblioteca Nacional de Portugal
Os meus poemas -5
NEVOEIRO
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!
Fernando Pessoa
(1888- 30.11.1935)
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!
Fernando Pessoa
(1888- 30.11.1935)
Luxo sem etiqueta
O tipo desce na estação de metro vestindo jeans, t-shirt e boné,
encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a
tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora
rush matinal.
Durante os 45 minutos que tocou, foi praticamente ignorado pelos
traseuntes, ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos
maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas
num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais
de 3 milhões de dólares.
Alguns dias antes Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde
os melhores lugares custam a 'bagatela' de 1000 dólares.
A experiência, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar
rápido, copo de café na mão, telemóvel ao ouvido, crachá balançando no
pescoço, indiferentes ao som do violino. A iniciativa realizada pelo
jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor,
contexto e arte.
Conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num
contexto.
Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem
etiqueta de glamour.
Somente uma mulher reconheceu a música...
O Advento
Celebra-se hoje o primeiro domingo de Advento. A expressão Advento, num contexto natalício, pouco familiar é aos portugueses.
Nos países de tradição germânica, as quatro semanas que antecedem o Natal são conhecidas precisamente pelo tempo do Advento, em que se aguarda a vinda de Cristo na noite de Consoada. A igreja católica, que inicia hoje um novo ano litúrgico, sugere aos seus fiéis um tempo de preparação interior e de reflexão.
Inúmeras são as canções de Advento e de Natal que acompanham esta época. Infindáveis são as receitas de pastelaria que enriquecem os hábitos alimentares durante estes dias. Qualquer localidade, por mais pequena que seja, oferece aos seus habitantes um mercado de Natal, recheado de todos os acessórios típicos desta época.
Em suma, o Advento, vivido intensamente por crianças e adultos, representa uma das mais belas estações do ano.
A coroa de Advento na primeira imagem é indispensável em qualquer lar alemão: a partir de hoje, e nos seguintes domingos até ao Natal, acende-se uma vela.
Outra tradição característica agrada em particular às crianças: o calendário de Advento, composto por 24 janelas, esconde uma surpresa para cada dia entre 1 e 24 de Dezembro. Na maioria dos calendários, são figuras natalícias de chocolate que garantem uma espera ansiosa pela 24ª janela.
Por isso, terão os estimados leitores também a possibilidade de abrir simbolicamente 24 janelas até ao Natal: um calendário de Advento, adaptado ao mundo da blogoesfera, a partir de amanhã.
E por fim: Novembro com Carlos Seixas
Com o fim do mês de Novembro à vista, chegámos também ao fim de uma pequena viagem pelo mundo da música barroca ao longo das últimas cinco semanas. O percurso seria incompleto sem uma referência a compositores portugueses da época. Carlos Seixas e o seu célebre e belo concerto em Lá maior para cravo terminam esta trajectória (não foi possível identificar o conjunto, tratar-se-á eventualmente de uma gravação realizada pela Norwegian Baroque Orchestra sob a direcção de Ketil Haugsand).
Carlos Seixas faleceu em Lisboa na sua casa por detrás da Igreja de Santo António da Sé, sendo sepultado aos 26 de Agosto de 1742 nos covais da Irmandade do Santíssimo Sacramento daquela igreja."
Como introdução ao concerto, seguem algumas notas sobre Seixas da autoria de João Pedro d'Alvarenga:
"José António Carlos de Seixas foi o mais proeminente compositor português de música para instrumentos de tecla na primeira metade do século XVIII. Nasceu em Coimbra aos 11 de Junho de 1704, filho de Francisco Vaz, organista da Sé, e de sua mulher, Marcelina Nunes. Desconhecem-se os motivos que o levaram a adoptar o apelido Seixas, em desfavor do apelido paterno, sendo mais vulgarmente conhecido no seu tempo apenas pelos nomes de baptismo, José António Carlos, como aparece em inúmeras cópias das suas obras.
Falecido Francisco Vaz pelos princípios de 1718, foi logo Carlos Seixas, aos 9 de Fevereiro desse mesmo ano, provido no lugar de organista da Sé de Coimbra, com o mesmo salário de seu pai. Dois anos depois, 1720, mudou-se para Lisboa "com intento de ser ecclesiastico", obtendo nomeação para um lugar de organista na Santa Igreja (ou Basílica) Patriarcal, ficando a dúvida se esta era a Capela Real, ao tempo sediada no Paço da Ribeira, ou se era a Basílica de Santa Maria Maior, junto da qual morava.
Pelos escassos documentos que subsistem e pelo primeiro escorço biográfico do compositor, publicado em 1759 por Diogo Barbosa Machado no volume IV da sua Bibliotheca Lusitana, ficamos a saber que, nos primeiros anos da sua estada em Lisboa, Seixas "ensinava cravo nesta cortte por algü cazas"; que "atrhaido de hum sincero affecto", casou aos 8 de Dezembro de 1731 com D. Joana Maria da Silva, de quem teve dois filhos e três filhas; que aos 21 de Maio de 1738, adquiriu a propriedade de um dos ofícios de contador da Ordem de Santiago; e que se fez também militar, assentando praça aos 30 de Junho de 1733 na Companhia de Ordenanças do Paço, comandada pelo Visconde de Barbacena, de que foi alferes, e, depois, capitão, obtendo por despacho régio de 12 de Novembro de 1738 o hábito da Ordem de Cristo, ao cabo de um longo processo de habilitação que durou nove anos.
Pelos escassos documentos que subsistem e pelo primeiro escorço biográfico do compositor, publicado em 1759 por Diogo Barbosa Machado no volume IV da sua Bibliotheca Lusitana, ficamos a saber que, nos primeiros anos da sua estada em Lisboa, Seixas "ensinava cravo nesta cortte por algü cazas"; que "atrhaido de hum sincero affecto", casou aos 8 de Dezembro de 1731 com D. Joana Maria da Silva, de quem teve dois filhos e três filhas; que aos 21 de Maio de 1738, adquiriu a propriedade de um dos ofícios de contador da Ordem de Santiago; e que se fez também militar, assentando praça aos 30 de Junho de 1733 na Companhia de Ordenanças do Paço, comandada pelo Visconde de Barbacena, de que foi alferes, e, depois, capitão, obtendo por despacho régio de 12 de Novembro de 1738 o hábito da Ordem de Cristo, ao cabo de um longo processo de habilitação que durou nove anos.
Carlos Seixas faleceu em Lisboa na sua casa por detrás da Igreja de Santo António da Sé, sendo sepultado aos 26 de Agosto de 1742 nos covais da Irmandade do Santíssimo Sacramento daquela igreja."
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Citações - 5
" (...) com a lista dos fundadores, administradores e membros dos vários órgãos sociais do banco [ BPN ] quase se pode conceber um deprimente museu de cera do bloco central ( ou um comboio fantasma comemorativo do pior que teve o cavaquismo). Finalmente, porque a solução para toda esta embrulhada ( refiro-me à nacionalização do banco) foi eminentemente política. (...) "
- Pedro Norton, in VISÃO, 27/11/2008, p.58
Adorei esta do museu de cera do bloco central. Aliás, vale a pena ler todo o artigo.
- Pedro Norton, in VISÃO, 27/11/2008, p.58
Adorei esta do museu de cera do bloco central. Aliás, vale a pena ler todo o artigo.
Saramago no CCB
caligrafias
caligrafias- uma realidade inquieta é o título de uma exposição sobre o diálogo entre a pintura e a escrita no século XX. Obras de Almada Negreiros, Ana Hatherly, E.Mello e Castro, Escada, João Vieira, Emerenciano, Gracinda Candeias, entre outros.
Até 15 de Janeiro de 2009. No Museu das Comunicações ( R. do Instituto Industrial, 16)
Até 15 de Janeiro de 2009. No Museu das Comunicações ( R. do Instituto Industrial, 16)