sábado, 2 de maio de 2009

Exposição "Prémio EDP Novos Artistas 2009" - Visita guiada pelo Comissário Nuno Crespo





CONVITE

No próximo Domingo, dia 3 de Maio, às 16h00, Nuno Crespo, Comissário da Exposição "Prémio EDP Novos Artistas", vai fazer uma visita guiada à exposição.

Para acompanhar a visita, basta estar presente no Museu da Electricidade, à hora marcada, na sala onde está patente a Exposição.

A Exposição "Prémio EDP Novos Artistas 2009" reúne trabalhos dos artistas António Bolota, Bruno Cidra, Gabriel Abrantes, Gonçalo Sena, Hernâni Gil, Margarida Paiva, Mauro Cerqueira, Nuno Rodrigues de Sousa e Sónia Almeida.

Um Júri Internacional declarou Gabriel Abrantes vencedor da edição 2009 do "Prémio EDP Novos Artistas" e decidiu atribuir a Mauro Cerqueira uma Menção Honrosa.

A entrada é livre.







Mais berlusconices

- Silvio Berlusconi e a sua mulher Veronica Lario.
- A ex-Miss Itália Barbara Matera .

- A actriz Eleonora Gaggioli .


- A cantora Cristina Ravot .



O Partido Povo da Liberdade de Silvio Berlusconi decidiu inovar nas candidaturas às próximas eleições para o Parlamento Europeu, convidando para a sua lista conhecidas beldades italianas, sobretudo artistas e modelos. A pior reacção veio da mulher de Berlusconi, Veronica Lario, que em declarações à Agência Ansa não teve papas na língua : "Trata-de uma imundície sem vergonha, com o único objectivo de divertir o imperador. Quero deixar bem claro que eu e os meus filhos não temos nada a ver com isto, e considero que a ideia do meu marido é ofensiva para as mulheres e demonstra uma total falta de critério no exercício do poder. "
Berlusconi reagiu, dizendo que " a minha mulher está a ser manipulada pela oposição e pela imprensa", e mais acrescentou que quer "renovar a classe política com gente cultivada e bem preparada, em vez dos malcheirosos e mal vestidos que representam certos partidos no Parlamento Europeu."
No entanto, e depois da polémica que durou toda a semana, Berlusconi declarou ontem que irá repensar alguns dos convites. A política italiana no seu melhor...

Mais uma polémica sobre Hergé

Mais uma polémica envolvendo o criador de Tintin vem agitando o mundo da banda desenhada. Hergé, que alegrou a vida de milhões de crianças durante décadas, não podia ter filhos. Terá ele, como pretende o seu biógrafo Pierre Assouline, adoptado no final dos anos 40 um órfão de 7 ou 8 anos tendo porém concluido que não podia aturar a criança e acabado por devolvê-la ao fim de 15 dias?
A polémica pode ser seguida em http://www.actuabd.com/

Estou com saudades de Londres

" O admirável Dr.Johnson dizia que quem estava cansado de Londres estava cansado da vida. Faça sol faça chuva, e faz muita chuva, Londres continua a ser a cidade mais estimulante da Europa. Não será a mais bonita, nem a mais antiga, nem a mais histórica, nem a mais sofisticada, nem a mais exótica, nem a mais limpa. Não tem o esplendor de Paris ou o cheiro da pedra de Roma, não tem os canais de Amsterdão nem a luz marítima de Lisboa. Nem sei bem o que tem. Eu gosto das casas, das árvores e das pessoas. É a capital cosmopolita da Europa. (...) "

- Clara Ferreira Alves, Londres descansada da vida, Única, 25/o4/2009.

É este cosmopolitismo londrino de que fala Clara Ferreira Alves de que tenho saudades. E é realmente a imagem de marca da capital britânica- cruzam-se todas as nacionalidades, raças e credos.

O Panteão de Roma!

Para LP que também gosta de cúpulas, não é verdade?

Este foi um dos locais que mais me maravilhou em Roma. Claro que houve muitos outros.

GREGORIAN CHANT ! MARY MOTHER OF GOD SOLEMNITY!



O Canto Gregoriano é um género de música vocal não acompanhada,as suas características foram herdadas dos salmos judaicos, assim como dos modos (ou escalas, mais modernamente) gregos, que no século VI foram selecionados e adaptados por Gregório Magno para serem utilizados nas celebrações religiosas da Igreja Católica.

Do Materno II:Virgem Amamentando o Menino!

Para homenagear todas as mães esta é a minha segunda escolha.
GIAMPIETRINO (chamado GIAN PIETRO RIZZI)Lombardia,
Virgem Amamentando o Menino e São João Baptista Criança em Adoração

Óleo sobre tela, 86 X 88 cm., 1500-1520, Acervo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand

Pacotes de açúcar - 2



Com receitas de bolos e sobremesas.
Que vou fazer com o açúcar destes pacotes? Um bolo de bolacha?

Poemas à "Mãe" III. António Salvado.

É Noite, Mãe
As folhas já começam a cobrir
o bosque, mãe, do teu outono puro...
São tantas as palavras deste amor
que presas os meus lábios retiveram
pra colocar na tua face, mãe!...

Continuamente o bosque se define
em lividez de pântanos agora,
e aviva sempre mais as desprendidas
folhas que tornam minha dor maior.
No chão do sangue que me deste, humilde
e triste, as beijo. Um dia pra contigo
terei sido cruel: a minha boca,
em cada latejar do vento pelos ramos,
procura, seca, o teu perdão imenso...

É noite, mãe: aguardo, olhos fechados,
que uma qualquer manhã me ressuscite!...

António Salvado, in "Difícil Passagem" (1962)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Algoso : Ponte românica

Algoso: Ponte românica vista do castelo, via telemóvel. Bom Primeiro de Maio!

Do Materno: A Virgem e o Menino, Jean Fouquet.

Jean Fouquet, A Virgem e o Menino, ladeada por anjos.
Díptico de Melun, 1450, Wood, 93 x 85 cm, Royal Museum of Fine Arts, Antwerp
A Virgem com o Menino ao colo é um tema plurissecular na arte sacra ocidental. Jean Fouquet abordou o assunto no Díptico de Melun (ca. 1452-1455), emprestando a Maria o rosto de Agnès Sorel. Fouquet desenha uma dona tardo-medieval de seios opulentos, pele marmórea como era próprio dos estratos sociais elevados e vestuário rico, não omitindo sequer o detalhe da testa rapada à navalha. O conceito de pudor na Idade Média não abarcava o seio desnudo quando em contexto de amamentação, costume que se prolongou na cultura portuguesa até ao século XX.

Poemas à "Mãe" II, José Luís Peixoto.

mãe queremos ainda passear

mãe queremos ainda passear
e já não temos quem nos leve
perdeu-se o olhar que nos guiava
e explicava os caminhos
perdeu-se a mão dobrada pela
lâmina de tanto trabalhar que
nos amparava se as curvas
da estrada anoiteciam
mãe já não temos a camioneta
azul onde construímos casas
e vivemos tanta vida
mãe já não temos a carrinha
branca onde voltaste ao
que conhecias para conhecer
de novo onde ouvimos música
de piqueniques e risos de netas
mãe queremos ainda passear
e já não temos quem nos leve
esperamos uma madrugada
que nos apresse a entrar na
camioneta azul na carrinha branca
um conforto que chegue e nos leve
um conforto que não chega
que não chega nunca mãe

José Luís Peixoto, A Criança em Ruínas, Vila Nova de Famalicão: Quasi, 2007, p.24

1º de Maio e a Arte, José de Guimarães.

1º de Maio de José de Guimarães, Maio de 1975

Feliz "dia do Trabalhador" e que melhores dias se avizinhem sem o constante flagelo dos que ficam desempregados.

Canção com lágrimas e sol

«Je chante toujours parmi
les morts en mai mes amis».
Aragon

Eu canto para ti um mês de giestas
um mês de morte e crescimento ó meu amigo
como um cristal partindo-se plangente
no fundo da memória perturbada.

Eu canto para ti um mês onde começa a mágoa
e um coração poisado sobre a tua ausência
eu canto um mês com lágrimas e sol o grave mês
em que os mortos amados batem à porta do poema.

Porque tu me disseste: quem em dera em Lisboa
quem me dera me Maio. Depois morreste
com Lisboa tão longe ó meu irmão de Maio
que nunca mais acenderás no meu o teu cigarro.

Que nunca mais dirás palavras sem importância
que tinham a importância de serem ditas por ti
que nunca mais farás as coisas importantes
que já não têm importância porque tu não voltas.

Eu canto para ti Lisboa à tua espera
teu nome escrito com ternura sobre as águas
e o teu retrato em cada rua onde não passas
trazendo no sorriso a flor do mês de Maio.

Porque tu me disseste: quem em dera em Maio
porque te vi morrer eu canto para ti
Lisboa e o sol. Lisboa viúva (com lágrimas com lágrimas).
Lisboa a tua espera ó meu irmão tão breve

Manuel Alegre

Quando penso em Maio, este poema vem-me sempre à memória. Na voz do Adriano. E com umas alterações que a versão cantada tem.
Li pela primeira vez A praça da canção quando tinha aí uns 14 anos. Foi amor à primeira... leitura! Nunca tinha pensado, mas talvez seja um dos livros da minha vida.

1.º de Maio

«O 1.º de Maio começou a ser dedicado à festa do trabalho, que é também a festa da humanidade.
«Por mera coincidência, já o 1.º de Maio era consagrado pela tradição popular. As festas da Antiguidade, em geral de origem naturalista, como hoje se sabe, ou foram adoptadas pelo Catolicismo, que lhes introduziu uma significação cristã, ou ficaram na tradição dos povos celebradas anualmente e explicadas por qualquer lenda do evangelho popular. Foi o que sucedeu com a festa popular do 1.º de Maio – as Maias, outrora celebrada em todos os pontos de Portugal e em muitos do estrangeiro […].
«A ideia da festa do trabalho surgiu de uma maneira espontânea. […]»
Teixeira Bastos
In: O Primeiro de Maio. Lisboa: Comp. Nac. Editora, 1898

Na verdade, em 1 de Maio de 1886, trabalhadores manifestaram-se nas ruas de Chicago, pela redução da jornada de trabalho para oito horas diárias. Depois de muitas lutas para instituir o horário de oito horas diárias de trabalho, em 23 de Abril de 1919, o Senado francês ratifica o dia de oito horas, elegendo o dia 1 de Maio como feriado. No ano seguinte, é a vez da Rússia adopta o 1.º de Maio como feriado nacional, no que é seguida por muitos outros países.

Festas populares: Maio, Maio, carrapato...


Malmequer
Uma das antigas festas da minha terna meninice, antes de entrar na escola, que recordo, em casa dos meus bisavós, era a festa do primeiro de Maio. Colhiam-se malmequeres amarelos e faziam-se, com as flores, com a ajuda de uma agulha e fio, coroas, colares e pulseiras... e por vezes cintos. Colocavam-se pétalas soltas (dos mesmos malmequeres) num prato e andava-se enfeitado com essas grinaldas e cordões de flores, de casa em casa, ou pela rua, mostrando-se e saudando as pessoas que se encontravam... e dizia-se: "Maio, Maio, carrapato, um tostãozinho para o prato". Ainda fiz o mesmo em Lisboa, em Alvalade, mas já só por recordação e na minha rua que era uma aldeia...
Alguém sabe a origem desta festa? Alguém brincou desta maneira?
Será uma festa da primavera?

quinta-feira, 30 de abril de 2009

O ANO DE 2000 VISTO DE 1910

A Biblioteca Nacional de França possui uma extraordinária e para nós divertida colecção de gravuras que retaratm o ano de 2000 visto de 1910. A imaginação é fantástica e em algumas coisas acertaram.



As mensgens seriam fonográficas




Os carros percorreriam os céus


Haveria video conferência

Os alunos deixariam de ler para ouvir a leitura produzida por uma máquina

Hypatia, a primeira mulher astrónoma

O desafio lançado esta manhã pela nossa Ana acerca da interpretação da arte e simbolismo das cúpulas na arquitectura motivou-me de certo modo a escrever sobre a grande Hypatia... Astronomia, céu, universo, cúpulas...

Hypatia de Alexandria é considerada por muitos a primeira astrónoma da história. Numa época em que as mulheres se ocupavam, exclusivamente, da casa e da maternidade, Hypatia (nascida no ano de 370 d.C.) renunciou ao casamento e à sua faceta mais feminina para se tornar na brilhante astrónoma e profunda conhecedora de matérias como filosofia, matemáticas ou música. O culto do físico constituia outra das características desta bela e inteligente mulher da antiguidade clássica. Filha do filósofo e matemático Teón de Alexandria, Hypatia chegou mesmo a simbolizar o conhecimento e a ciência que os primeiros cristãos identificaram com o paganismo. Foi brutalmente assassinada por não querer abdicar dos seus ideais e converter-se ao cristianismo e a sua morte serviu de exemplo público para quem ousava desafiar a nova ordem estabelecida. A obra que deixou representa um importante legado científico.

CHUVA FINA

Chuva fina
Matutina
Manselinho orvalho quase:
Névoa ténue sobre a selva,
Pela relva,
Desdobrada, etérea gaze.

Chuva fina,
Matutina,
O pardal de húmidas penas,
A folhagem e a formosa
Clara rosa,
Sonham que és seu sonho, apenas.

Chuva fina,
Matutina,
Pelo sol evaporada,
Como sonho pressentida
E esquecida
No clarão da madrugada.

Chuva fina,
Matutina:
Brilham flores, brilham asas,
Brilham as telhas das casas
Em tuas águas velidas
E em teu silêncio brunidas…

Chuva fina,
Matutina,
Que te foste a outras paragens.
Invisível peregrina,
Clara operária divina,
Entre límpidas viagens.

Cecília Meireles
In: Metal rosicler. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1960, p. 29-30

"A imagem sensível é uma via para elevar-se à contemplação do insensível", Pseudo-Dionísio, o Areopagita

Para J em bold, e outros leitores/as que queiram intervir numa possível discussão sobre a Arte e a simbologia.
As cúpulas sempre me atraíram porque são abóbadas hemisféricas ou esferóides que fazem lembrar o céu, a imensidão da noite e o dia. Da cúpula emana a luz que ilumina os homens. Talvez consiga iluminar este leitor/a que, possivelmente com razão, ficou insatisfeito/a quando me quis ensinar e eu não estava desperta.
Qual é o simbolismo destas cúpulas? Em que medida é que eram concretizadas para elevar os crentes à procura do que está para além do sensível?
Panteão de Agripa, Roma, 27 a. C.

No Panteão está a seguinte inscrição: M.AGRIPPA.L.F.COS.TERTIUM.FECIT, o que significa: "Construído por Marco Agripa, filho de Lúcio, pela terceira vez cônsul"

Sé Velha, Coimbra (início das obras cerca de 1146)

Sé Nova, Coimbra ( início das obras 1598)

Plágio ou não ?

A guerra judicial começada em 1998 por Maria del Carmen Formoso, autora de Carmen, Carmela, Carmina contra Camilo José Cela, autor de A Cruz de Santo André, continua nos tribunais espanhóis. E desta vez foi dada razão a Carmen Formoso por um tribunal de Barcelona, depois do Tribunal Constitucional ter mandado reabrir o processo, que considerou que Cela efectivamente plagiou o mencionado livro de Formoso. As próprias circunstâncias da apresentação tardia do livro de Cela ao Prémio Planeta, prémio a que Carmen Formoso igualmente tinha concorrido, foram consideradas também como prova do plágio e confirmariam a cumplicidade de alguém ( que agora é o único réu, Juan Lara Bosch ) no plágio.
A editora de Cela já recorreu. O Nobel galego se efectivamente plagiou está já a prestar contas num tribunal onde não há recurso.

79ª Feira do Livro de Lisboa

- Os novos pavilhões da Feira do Livro.

Começa hoje, mais cedo do que em anos anteriores, a 79ª Feira do Livro de Lisboa, como habitualmente no Parque Eduardo VII mas com pavilhões novos que substituem, para gaúdio de quem trabalhava nos anteriores, os velhinhos e sem grandes condições que duraram anos a fio. Novos também são os horários, passando a feira a abrir e a fechar mais cedo.

- 30 de Abril a 17 de Maio, Seg a Qui 12h30-20h30, Sex 12h30-23h, Sáb-Dom 11h-20h30.

Fraternidade


"Au fond du temple saint" da Ópera Pescador de Pérolas (Georges Bizet).
L'Opera Imaginaire. Filme de Jimmy T. Murakami.

Nadir: Au fond du temple saint paré de fleurs et
d'or
Une femme apparait...Je crois la voir encore!

La foule prosternée
La regarde, étonnée,
Et murmure tout bas:
Voyez, c'est la déesse
Qui dans l'ombre se dresse
Et vers nous tend les bras!

Zurga: Son voile se soulève;
Ô vision! Ô rêve!
La foule est à genoux!

Ensemble: Oui, c'est elle!
C'est la déesse plus charmante et plus belle!
Oui, c'est elle, c'est la déesse
Qui descend parmi nous!
Son voile se souléve
Et la foule est à genoux!

Nadir: Mais à travers la foule elle s'ouvre un
passage!

Zurga: Son long voile déjà nous chace son visage!

Nadir: Mon regard, hélas, la cherche en vain!

Zurga: Elle fuit!

Nadir: Elle fuit!
Mais dans mon âme soudain
Quelle étrange ardeur s'allume!

Zurga: Quel feu nouveau me consume!

Nadir: Ta main repousse ma main!

Zurga: Ta main repousse ma main!

Nadir: Des nos coeurs l'amour s'empare
Et nous change en ennemis!

Zurga: Non, que rien ne nous sépare!

Nadir: Non, rien!

Zurga: Jurons de rester amis! (Nadir repeats)

Ensemble: Oh, oui! Jurons de rester amis!
Oui, c'est elle! C'est la déesse
En ce jour qui vient nous unir
Et fidèle à ma promesse
Comme un frère je veus te chérir!
C'est elle! C'est la déesse
Qui vient en ce jour nous unir!
Oui, partageons le même sort!
Soyons unis jusqu'à la mort!

No me dejes de querer

Vamos alegrar o dia!

Gloria Estefan

Dos Almanaques - 6

A MULHER

Mulher, eterna charada
Que ninguém decifrará:
Melhor que tu não há nada,
Mas pior também não há.

Maximiliano de Azevedo

Poemas à "Mãe" I, Eugénio de Andrade.

No mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.
Tudo porque já não sou

O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.

Tudo porque ignoras
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração
Ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me?
-Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;

Ainda aperto contra o coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;

Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...

Mas - tu sabes - a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade

in Os Amantes Sem Dinheiro

Pacotes de açúcar - 1


Com receitas de bolos e sobremesas.

Sumi-e

Sempre me atraíram os povos do Oriente e a sua cultura. Aqui fica este sumi-e que elegantemente espalha as árvores num espaço em branco.
Sumi-e clássico do mestre Sesshū Tōyō
Sumi-e
Data do século II da nossa era o aparecimento na China da arte do sumi-e. A palavra que a designa tem raiz japonesa e significa literalmente pintura com tinta. Não existe nenhum ponto de contacto entre o conceito de pintura ocidental e este conceito. Na verdade trata-se de pura caligrafia. O artista deve comunicar a sua ideia de forma resumida e inequívoca em poucas palavras, ou seja, neste caso, em poucas linhas. Mais do que uma mera representação mimética o sumi-e é a arte do essencial.

Para o Luís sonhar!

É uma decoração bonita mas era icapaz de viver num ambiente assim.
Château Malmaison, Sala de jantar

O Salão Dourado no "Château Malmaison". Foto: Thierry Vidal

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Elogio de Catarina


" (...) Como é cosmopolita, sabe escolher e readaptar, sempre para melhor, os pedaços mais aprazíveis e civilizados da vida portuguesa. É esse o nome da loja dela e assenta-lhe bem, com toda a inteligência, elegância e imaginação da autora e dona. Como é de esquerda, consegue livrar-se do elitismo e da nostalgia que costumam contaminar estas recuperações. Os refrescos e as sanduíches são exclusivos e deliciosos, mas, crucialmente, também são baratos e acessíveis a todos.
Suspiro. Pela primeira vez tenho pena de não viver em Lisboa outra vez. "
- Miguel Esteves Cardoso, no PÚBLICO de hoje.
O elogio do MEC a Catarina Portas é merecido. E também recomendo os quiosques de refrescos que são já um sucesso em várias zonas da cidade. Quem diria que estariamos a beber orchatas em 2009 ?

Happy Birthday/ Feliz Aniversário

Uma Thurman, musa de Tarantino, faz hoje 39 anos.
A bela e talentosa Michelle Pfeiffer, que contracena com o senhor que se segue num dos filmes da minha vida- A Idade da Inocência- festeja hoje o seu 51º aniversário.

Daniel Day-Lewis, actor de que gosto mesmo muito, faz hoje 52 anos.


Last but not least, Luís Miguel Cintra, actor português que dispensa mais palavras, faz hoje 60 anos.



Novidades - 46 : Crime colectivo

Aqui temos um policial invulgar dada a autoria- escrito por seis mulheres que são já nomes consagrados da literatura portuguesa: Alice Vieira, Catarina Fonseca, Leonor Xavier, Luísa Beltrão, Rita Ferro e Rosa Lobato de Faria. Estou curioso para saber como resultou este "cadáver esquisito", até porque entre nós, ao contrário do que se passa no mundo anglo-saxónico, não são muito habituais estas parcerias.

- 13 Gotas ao deitar, Alice Vieira, Catarina Fonseca, Leonor Xavier, Luísa Beltrão, Rita Ferro e Rosa Lobato de Faria, Oficina do Livro, 2009.

Cinenovidades - 41 : Singularidades de uma rapariga loura

Estreia amanhã o mais recente filme de Manoel de Oliveira, Singularidades de uma rapariga loura, que adapta o conto com o mesmo título escrito por Eça de Queiróz. Ricardo Trêpa, já conhecido dos filmes de Oliveira e neto deste, é Macário, Diogo Dória interpreta Francisco, tio de Macário, e Catarina Wallenstein é Luísa Vilaça, a rapariga loura.

Citações - 24 : A crise e a confiança

" (...) A crise foi financeira. Agora é económica. Empresas fecham e despedem não por falta de crédito mas por falta de clientes.
O problema agora é o Medo. Sair da recessão implica quebrar este ciclo. É necessária psicologia e estratégia inteligente. Enormes investimentos públicos em obras de duvidosa rentabilidade social são uma arriscada ilusão. (...) "

- Pedro Jordão, A Recessão e o Medo, in VISÃO de 30 de Abril de 2009.

Compromisso com a memória

- Cadeia do Aljube, fotografia de Jorge Claudino.

No passado dia 25 de Abril foi assinado um protocolo entre a Câmara Municipal de Lisboa e o Movimento Cívico Não Apaguem a Memória para a criação do Museu da República, da Resistência e da Liberdade na antiga Cadeia do Aljube, bem como para a edificação de um memorial às vítimas da PIDE/DGS na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa.

Desafios...mais um!

Este é outro desafio...é apenas um rosto. Quanto tempo demorou a encontrar?

quando nasci, José Luís Peixoto.

quando nasci. esperava que a vida.
me trouxesse. a terra. quando nasci.
esperava que a vida. me trouxesse.
as árvores. e os pássaros. e as crianças.
quando nasci. tinha o mundo. todo.
depois dos olhos. depois dos dedos.
e não percebi. não percebi. nada.
nunca imaginei. quando nasci. que a vida.
quando nasci. já era escuridão. a escuridão.
em que estava. quando nasci.

José Luís Peixoto, A Criança em Ruínas, Vila Nova de Famalicão: Quasi, 2007, p.37

Dos Almanaques - 5

Trova popular

Meu coração é relógio,
Minh’alma dá badaladas,
No dia em que te não vejo
Eu trago as horas contadas.

Arquitectos VII, Nova Casa da Guarda, Karl Friedrich Schinkel

A minha sétima escolha vai para Karl Schinkel, arquitecto do neoclassicismo. Atrai-me nele, especialmente, o desempenho como encenador.
A Nova Casa da Guarda, Berlim
O planeamento e a construção da Nova Casa da Guarda entre 1815 e 1818 representam o ponto de viragem na carreira de Schinkel. Este foi um grande projecto. Foi mandado executar pelo rei Frederico Guilherme III.
A Casa da Guarda devia servir como monumento nacional – como um monumento às Guerras de Libertação.
O desenho foi baseado no de um castro romano, uma base militar; os quatro cantos do edifício têm a forma de torres. A fachada principal é adornada como um pórtico dórico de colunas com um frontão. O tímpano é adornado com uma batalha que reflectia a vitória prussiana. No entablamento foram colocadas deusas da vitória, desenhadas por Gottfried Schadow.
O edifício é dividido em dois andares de grande simplicidade. Com esta Casa conseguiu estabelecer-se como arquitecto.
Schinkel foi também encenador. Ele desenhou o fantástico cenário para a ópera de Mozart, “A Flauta Mágica”. Incluía 12 cenários. A estreia teve lugar na Ópera Real de Linden no dia 18 de Janeiro de 1816, durante o aniversário da coroação de Frederico I como primeiro rei da Prússia (18 de Janeiro de 1701).
O pano de fundo mais conhecido foi usado em palco da Rainha da Noite (acto 1, cena 4) que é uma das minhas favoritas. Ela aparece de pé sobre uma lua crescente, com as estrelas do firmamento dispostas em cúpula. Schinkel terá encontrado inspiração em representações medievais da Madona.

Martin Steffens, Schinkel, Colónia: Taschen, 2003, p.25-27 e 29

O presente!

Miss Tolstoi, já emoldurei o seu presente. O meu marido e eu achámos graça, finalmente ele tem um lugar proeminente na cozinha.
Devo dizer-lhe que é justo pois é um excelente cozinheiro!

[VIA LÁCTEA]

«Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!» E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-Láctea, como um pálio aberto,Cintila.
E, ao vir do Sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: «Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?»

E eu vos direi: «Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.»

Olavo Bilac

terça-feira, 28 de abril de 2009

Partilhar uma experiência apaixonante

Nada como quebrar a rotina semanal e ir ao encontro do rio para desfrutar do prazer da navegação ao vento. O tempo que parecia ameaçador acabou por dar tréguas e proporcionar saudáveis momentos de convívio naquele que para alguns foi o baptismo na vela. Foi o meu caso, esta manhã, a convite da BMW Sailing Academy. Porque há alguns anos que o percurso desta marca de automóveis está intensamente ligado à prática da vela, os clientes BMW (eu não sou!) beneficiam de condições especiais caso pretendam aprender ou aperfeiçoar a prática da modalidade. Aqui fica a informação. Para o efeito os interessados devem contactar através do 21 3021588.

Tropfest NY 2008 - "Mankind Is No Island"

Cortesia da minha amiga Maria Rui -- o vencedor do Tropfest NY 2008, "Mankind Is No Island", de Jason van Genderen.

Passo a citar: "O Tropfest é o maior festival de curtas metragens do mundo. Começou há 17 anos atrás em Sydney e no ano passado teve a sua primeira edição em Nova York. O vencedor do ano passado foi este filme que foi totalmente filmado com um telemóvel. O seu orçamento foi de 40 dólares (cerca de 30 euros)".

Novos hábitos

As obras começadas ontem em minha casa impuseram-me novos hábitos. Desde logo, relativamente ao Prosimetron. Pois é, terei de ir alterando a rotina matutina que dura há já um ano de começar o dia no blogue. É que às oito da manhã chegam os operários, verdadeiros símbolos da globalização- há um Vladimir, que pelo nome e pelo fenótipo será certamente russo, bielorrusso ou ucraniano, também um brasileiro com um nome complicado, mais um africano e naturalmente um chefe português.
E às oito e dez começa a barulheira, pelo que se torna difícil estar serenamente a escrever no computador. Assim, as minhas horas de blogue passarão a ser as do fim da tarde quando o silêncio volta a reinar. O silêncio e o pó, claro está. E fico por aqui, pois que ainda estou em pijama...

O Sonho, Henri Rosseau.

Henri Rosseau nasceu em Laval, em 1844, (França) e faleceu em Paris em 1910. É um pintor pós-impressionista sendo a sua pintura apelidada de naif devido à inexistência de formação artística.
Escolhi esta tela para contrastar com o sonho de Jorge Luís Borges.

Henri Rosseau, O Sonho, 1910
Óleo sobre tela, 204,5 x 298,5 cm, Nova Iorque

Dos Almanaques - 4


http://www.kingshawaiian.com/img/dessert.jpg

«As mulheres só falam verdade au dessert
Alberto de Madureira

Très chic, anh?!