sábado, 4 de julho de 2009
Lá fora - 42 : Um museu presidencial
Falo do museu criado pelo ex-presidente francês Jacques Chirac, que alberga uma colecção de 5.000 objectos, dos quais 2.000 livros, objectos que lhe foram oferecidos durante o exercício das suas funções. São também quadros, esculturas, miniaturas e trajes. Desta colecção foram escolhidos 15o objectos mais representativos para formarem a exposição permanente.
Cinenovidades - 46 : Moon
Escolhi este novo realizador a pensar na nossa Ana. Será que ela já percebeu, dadas as semelhanças físicas? É que Duncan Jones é o filho mais velho de David Bowie.
Primeira Feira da Achada - 11 de Julho 2009
primeira
FEIRA DA ACHADA
11 JUL 09
Largo da Achada – Lisboa
Realiza-se no sábado dia 11 de Julho, das 11h às 18h, a primeira Feira da Achada, no Largo da Achada, um largo lisboeta que nem todos conhecem e que merece ser visitado. Fica atrás da Igreja de S. Cristóvão, a uns passos da Rua da Madalena e do ex-mercado do Chão do Loureiro, na encosta do Castelo (aqui).
É uma feira de obras de arte, edições difíceis de encontrar e velharias.
O produto das vendas destina-se à Casa da Achada - Centro Mário Dionísio, em fase de instalação, que aí se situa e que organiza esta primeira Feira da Achada.
As obras de arte – serigrafias, desenhos e pinturas – foram quase todas oferecidas pelos seus autores à Casa da Achada - Centro Mário Dionísio para angariação de fundos. Estarão à venda neste dia obras de Ângelo de Sousa, Armando Alves, Carlos Calvet, Emerenciano, Eurico Gonçalves, Henrique Ruivo, João Vieira, Júlio Resende, Nikias Skapinakis, Raul Perez, Teresa Magalhães, entre outros. Os preços vão de 200€ a 3600€. Mais informação em http://leilaodartecmd.blogspot.com/
Também estarão à venda gravuras de Manuel Ribeiro de Pavia.
As edições e as velharias são igualmente ofertas de fundadores, colaboradores e amigos do Centro Mário Dionísio.
Durante a Feira, haverá música ao vivo, jogos (do burro ao dominó), fabricos (da fotogafia aos pins), iniciação ao vídeo para os mais pequenos, comes e bebes.
História em Poema do Carteiro de Pablo Neruda!
Vês, diz o Poeta
acabaste de fazer
uma metáfora;
olhando a água
que os pés vem molhar
eis dois bons amigos
um a aprender
outro a sonhar...
Maria José Taborda Oliveira, História em Poema do Carteiro de Pablo Neruda, São Paulo: Paulus, 1998, p. 22
Nota: Este poema foi inspirado no filme O Carteiro de Pablo Neruda, extraído do livro de António Skármeta com o mesmo título
Passei o Tejo à noitinha
Passei no Tejo à noitinha
E vi o Tejo calado.
Trago um barco de papel
Para o deitar no mar salgado.
Quando o barco se romper,
Deito no Tejo uma estrela.
E a estrela branca lá fica
E nunca mais torno a vê-la...
Que nas águas deste rio
Parte gente pró degredo...
O povo vive e não morre,
Mesmo cercado de medo!
PASSEI O TEJO À NOITINHA
Antunes da Silva
Cantares - 7
Batido pela levada;
Ninguém escuta ou presume
Que sofra, uma alma penada…
Vê tu o que é o costume!
Marcelino Mesquita
Ler com prazer 2.
XXXIII
Embriagai-vos
É preciso estar sempre bêbado. Tudo reside nisso: eis a questão. Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo que esmaga os vossos ombros e vos inclina para terra, precisais embriagar-vos sem tréguas.
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa vontade. Mas embriagai-vos.
E se às vezes, nos degraus de um palácio, na erva verde de uma vala, na morna solidão do vosso quarto, acordardes, a bebedeira leve ou curada, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que gira, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio, responderão: «São horas de embriagar-se! Para não serdes os escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem parar! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa vontade.»
Charles Baudelaire, O Spleen de Paris (Pequenos Poemas em Prosa), Lisboa: Relógio D’Água, 2007, p. 97 (tradução de Jorge Fazenda Loureiro)
Les Coeurs Tendres! Brel
Qu'on y entre sans frapper
Y en a qui ont le cœur si large
Qu'on en voit que la moitié
Y en a qui ont le cœur si frêle
Qu'on le briserait du doigt
Y en qui ont le cœur trop frêle
Pour vivre comme toi et moi
Z'ont pleins de fleurs dans les yeux
Les yeux à fleur de peur
De peur de manquer l'heure
Qui conduit à Paris
Y en a qui ont le cœur si tendre
Qu'y reposent les mésanges
Y en qui ont le cœur trop tendre
Moitié hommes et moitié anges
Y en a qui ont le cœur si vaste
Qu'ils sont toujours en voyage
Y en a qui ont le cœur trop vaste
Pour se priver de mirages
Z'ont pleins de fleurs dans les yeux
Les yeux à fleur de peur
De peur de manquer l'heure
Qui conduit à Paris
Y en a qui ont le cœur dehors
Et ne peuvent que l'offrir
Le cœur tellement dehors
Qu'ils sont tous à s'en servir
Celui-là a le cœur dehors
Et si frèle et si tendre
Que maudit soient les arbres morts
Qui ne pourraient point l'entendre
A pleines fleurs dans les yeux
Les yeux à fleur de peur
De peur de manquer l'heure
Qui conduit à Paris
Jacques Brel
sexta-feira, 3 de julho de 2009
III
Você é tão suave,
Vossos lábios suaves
Vagam no meu rosto,
Fecham meu olhar.
Sol-posto.
É a escureza suave
Que vem de você,
Que se dissolve em mim.
Que sono…
Eu imaginava
Duros vossos lábios,
Mas você me ensina
A volta ao bem.
De POEMAS DA AMIGA
VII
É uma pena, doce amiga,
Tudo o que pensas em mim.
Eu sei, porque acho uma pena
Também o que penso em ti.
Mesmo quando conversamos,
É uma pena, outras conversas
De olhos e de pensamentos,
Andam na sala, dispersas.
Mário de Andrade
Um poeta paulista do agrado de Miss Tolstoi. E do meu.
DN : "A lenta e difícil assimilação da Modernidade em Portugal"
Mas também não acertou a data de nascimento... portanto deve ser um outro pintor... É que o José Sobral de Almada Negreiros, que conhecemos, nasceu em 1893 e morreu em 1970.
Assim vai a cultura neste país.
Mais vale tarde...
Lá fora - 41 : Uma bíblia do Surrealismo
60 anos de uma nação: 1988
Os deputados do Bundestag em Bona comemoram os acontecimentos da Reichspogromnacht de 9 de Novembro de 1938, em que 1300 judeus foram assassinados, 30.000 judeus detidos e centenas de sinagogas incendiadas. Discursa o Presidente do Bundestag, Philipp Jenninger. Inesperadamente, tenta dar uma explicação para os factos históricos ocorridos nessa noite sangrenta. O discurso torna-se desastroso: Jenninger falha ao referir-se às capacidades de liderança de Hitler, ao “fascínio” da ascensão rápida do regime em 1933 e de ressentimentos anti semitas “justificáveis” da população alemã. Falha por não se distanciar claramente do acontecido. Vários deputados de Os Verdes e do partido social-democrata abandonam o Bundestag durante a cerimónia em sinal de protesto. A opinião pública reage com consternação e incompreensão pelas palavras escolhidas de um dos mais altos políticos. A comunidade judaica mostra-se chocada. Jenninger cede à pressão, demite-se do cargo no dia seguinte e defende-se, novamente de forma ambígua, ao declarar à imprensa que “é proibido chamar as coisas pelo nome na Alemanha”. Pouco tempo depois, viria a ser Embaixador da RFA em Viena.
- CONTINUAÇÃO NA PRÓXIMA SEGUNDA-FEIRA -
Crónicas de Clarice - 11
Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é de não ter sutilezas e de reagir às vezes com um verdadeiro pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e de alerteza. E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo.
Às vezes ela reage diante de um pensamento mais complicado. Às vezes se assusta com o imprevisível de uma frase. Eu gostava de manejá-la - como gostava de estar montada num cavalo e guiá-lo pelas rédeas, às vezes lentamente, às vezes a galope.
Eu queria que a língua portuguesa chegasse ao máximo nas minhas mãos. E este desejo todos os que escrevem têm. Um Camões e outros iguais não bastaram para nos dar para sempre uma herança de língua já feita. Todos nós que escrevemos estamos fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida.
Essas dificuldades, nós as temos. Mas não falei do encantamento de lidar com uma língua que não foi aprofundada. O que recebi de herança não me chega.
Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que minha abordagem do português fosse virgem e límpida.
- Clarice Lispector, A DESCOBERTA DO MUNDO, Nova Fronteira, 1984.
Sobre o proverbial egoísmo dos escritores...
Telefonava-lhe a meio da noite. Não importava a hora, precisava. Ela acordava sobressaltada. Ele dizia: "Sou eu." Ela dizia: "És tu?" fingindo espanto.
Ele dizia disparates. Ela ficava a ouvir.
Isto durou alguns meses. Até ele acabar o romance que estava a escrever. Depois deixou de telefonar. Ela primeiro ficou triste e depois procurou um namorado que não fosse escritor.
- Pedro Paixão, Do mal o menos ( oito livros reunidos ) , Cotovia , 2000.
II As Criaturas Novas
com risadas. Pegou
na minha mão e revelou-me o
silêncio na sibilante frescura dos
Sinos.
Jim Morrison, Os Mestres e as Criaturas Novas, Lisboa: Assírio & Alvim, 1987, p.111
The Doors: Whiskey Bar / Alabama Song
Sophia de Mello Breyner e a literatura infantil !
A partir do conto: "A Floresta", Eurico Carrapatoso realizou uma ópera infantil que estreou no Teatro São Luiz em 2004. O libreto é de Ana Maria Magalhães e de Isabel Alçada.
Cantares - 6
O nosso primeiro amor
A dor transforma-se em riso
E o riso torna-se dor.
Marcelino Mesquita
Uma milésima faceta de um rosto! V
"Distribuiu frequentes vezes gratificações ao povo. Deu também muitos espectáculos magníficos, não se contentou com os jogos habituais em sítios costumados, mas imaginou outros e fez reviver jogos antigos, e onde nunca ninguém se lembrara de os realizar. Nos jogos para a consagração do teatro de Pompeu que fora devorado pelo fogo (no tempo de Tibério) e que ele mandara reconstruir, deu o sinal de uma tribuna colocada na orquestra, depois de oferecer um sacrifício nos templos que dominavam o teatro (Templo duplo de Vénus Vitoriosa e da Vitória) e de ter atravessado pelo meio de toda a assembleia sentada e silenciosa."
Suetónio, Os Doze Césares, Livro Quinto, Lisboa: Assírio e Alvim, 2007, p.280.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
"Só hoje é que percebi"
Não fiquei surpreendido com Dias Loureiro ter sido constituído arguido, o segundo depois de Oliveira e Costa, era expectável, mas fiquei estarrecido com as declarações que prestou aos jornalistas à saída do interrogatório, designadamente quando disse que só na inquirição é que percebeu alguns dos negócios em que está implicado. Dias Loureiro tem um descaramento e uma desfaçatez impressionantes.
IN MEMORIAM : Karl Malden
Em 1972, passou para a televisão, designadamente na série Ruas de São Francisco, série policial onde tinha como colega de investigação um jovem chamado Michael Douglas, série que durou anos e também passou entre nós, ainda na década de 70 e mais tarde em reposição, quando a vi.
Paris: Musée des Arts Décoratifs
A EXPOSIÇÃO IMPRESSIONISTA – 1
Oh! Foi um dia difícil, aquele em que me abalancei a visitar a primeira exposição do boulevard des Capucines, na companhia do Sr. Joseph Vincent, paisagista, aluno de Bertin, medalhado e condecorado por diversos governos.
O imprudente tinha ido sem ideias preconcebidas, pensando ir ver pintura como se vê em qualquer parte, boa e má, mais má que boa, mas não atentatória dos bons costumes artísticos, do culto da forma e do respeito pelos mestres. Ai! A forma. Ai! Os mestres. Tudo isso deixou de ser preciso, meu pobre velho! Nós mudámos tudo isso.
Ao entrar na primeira sala, Joseph Vincent recebeu um primeiro golpe diante da bailarina do Sr. Degas.
- Que pena – disse-me – que o pintor, que tem um certo sentido da cor, não desenhe melhor! As pernas da bailarina são tão frouxas como a gaze do tutu.
- Acho que está a ser duro com ele – repliquei eu. – O desenho até é bastante rigoroso.
O aluno de Bertin, pensando que estava a ironizar, limitava-se a encolher os ombros, sem se dar ao trabalho de me responder.
Depois, com muita calma e com o meu ar mais inocente, levei-o até ao Campo Lavrado do Sr. Pissarro.
À vista daquela paisagem espantosa, o bom do homem pensou que tinha as lentes dos óculos sujas. Limpou-as com todo o cuidado e voltou a pôr os óculos em cima do nariz.
- Valha-nos Miguel Ângelo! – gritou. – O que vem a ser isto?
- É o que está a ver: geada sobre sulcos profundos de um campo lavrado.
- Você chama àquilo sulcos? Chama àquilo geada? Eu chamo-lhes arranhões de paleta feitos de maneira uniforme numa tela suja. Aquilo não tem pés nem cabeça, alto nem baixo, frente nem verso.
- Talvez. Mas a impressão está lá.
- Pois olhe, é uma impressão esquisita!... Ah!, e aquilo ali?
- Um pomar do Sr. Sisley. Recomendo-lhe a árvore pequena da direita, que é alegre, mas a impressão…
- Não me venha com essa da impressão… Isto não está feito nem por fazer. Mas temos aqui esta Vista de Melun do Sr. Rouart, onde há qualquer coisa nas águas. Por exemplo a sombra do primeiro plano é muito estranha.
- O que lhe está a fazer confusão é a vibração dos tons.
- Diga antes a distorção dos tons, para eu perceber melhor. Ah! Corot, Corot, quantos crimes se cometem em teu nome! Foste tu que lançaste a moda desta execução descuidada, destas aguadas, destas chapadas de tinta contra as quais o amante da arte se insurgiu durante trinta anos, acabando por aceitá-las obrigado e forçado pela tua tranquila obstinação. Mais uma vez a água mole venceu a pedra dura.
O pobre homem lá ia disparatando pacificamente e nada me levava a prever o acidente desagradável que iria resultar da sua visita àquela louvável exposição.
Suportou mesmo sem grande reacção a visão dos Barcos de pesca saindo do porto do Sr. Monet, talvez porque eu o arranquei a essa perigosa contemplação antes que as figurinhas deletérias do primeiro plano pudessem produzir efeito. Infelizmente, cometi a imprudência de o deixar muito tempo diante do Boulevard des Capucines, do mesmo pintor.
- Ah! Ah! – exclamou, sarcástico. – Este está bem feito! Se isto não é a impressão, não sei o que seja. Só não sei o que representa estas migalhas todas na base do quadro.
- Mas isso são as pessoas a passear – respondi eu.
- Quer você dizer que eu sou assim quando passeio pelo Boulevard des Capucines? Com mil diabos! Então você agora está a gozar comigo?
- Garanto-lhe, Sr. Vincent…
- Mas essas manchas foram feitas pelo método que se utiliza para clarear a pedra das fontes. Zás-trás, como sair saiu. É inaudito, espantoso. Acho que me vai dar uma coisa…
Continua amanhã
Claude Monet - Le Havre, bateaux de pêche sortant du port
Óleo sobre tela, 1874
Los Angeles County Museum of Art
Claude Monet - Boulevard des Capucines
Óleo sobre tela, 1873
Alguém conhece o pintor Joseph Vincent?
Um Cover numa de revivalismo... 2!
Lá fora - 40 : Os russos no Lago de Como
Lá fora - 39 : Jules Chéret
E quem é que reconhece o cavalheiro de bengala que está com Chéret na foto acima?
- Jules Chéret- De l' affiche au décor, até 6 de Setembro.
Um Cover numa de revivalismo... 1!
I got you babe!David Bowie and Marianne Faithful
60 anos de uma nação: 1987
Sinais de Fogo esgotado !
A RTP demorou imenso tempo para produzir um documentário sobre os Sinais de Fogo de Jorge de Sena. E quando foi para o ar o programa? Quando o livro está esgotado. Tenho corrido as livrarias todas de Lisboa, alfarrabistas incluídos, e nada. No último em que entrei, ouvi: "Ainda agora saiu daqui uma pessoa a perguntar pelo livro. Isso agora deve estar impossível de arranjar!"
Miss Tolstoi
P.S. - E antes que desponte mais uma teoria, declaro já solenemente que não sou eu quem se oculta sob o pseudónimo Miss Tolstoi !
Novidades - 57 : Ainda e sempre Dumas
Ler com prazer 1.
Não conhecia este livro. Comecei a ler com grande prazer… leio poucas páginas de cada vez para durar muito tempo. Tenho uma lista enorme de livros e, neste momento, muito trabalho.
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Thomas Hardy, Longe da Multidão, Lisboa: Publicações Europa-América, 1999 (tradução de Mª Clarissa Tavares), p.113.
Pastor Amoroso III
Tenho interesse nos perfumes.
Nunca antes me interessou que uma flor tivesse cheiro.
Agora sinto o perfume das flores como se visse uma coisa nova.
Sei bem que elas cheiravam, como sei que existia.
São coisas que se sabem por fora.
Mas agora sei com a respiração da parte de trás da cabeça.
Hoje as flores sabem-me bem num paladar que se cheira.
Hoje às vezes acordo e cheiro antes de ver
Alberto Caeiro, in "O Pastor Amoroso III"
Arquitectos VIII: João P. Santa-Rita.
O edifício da Embaixada de Portugal em Berlim foi construído no Tiergarten,
“o local é um pequeno lote, que a proximidade do Tiegarten transformou na edificação de um jardim vertical – numa estrutura que pretende simultaneamente criar, uma referência na cidade e recolher-se e camuflar-se de modo a proporcionar privacidade e segurança aos que a habitam – no seu topo propõe-se um jardim e uma habitação sobre a construção e a cidade
A concepção arquitectónica define grandes espaços e um vasto átrio interno, numa área livre de aproximadamente 30 por 30 m. A equipa responsável pelo projecto teve de cumprir todos os requisitos estabelecidos nas Normas de Construção Alemãs. Estas diferem consideravelmente das Portuguesas, principalmente devido ao seu clima mais rigoroso. O telhado e as caleiras são aquecidos para evitar a acumulação de neve e congelamento das condutas de drenagem. A rede de abastecimento de água quente possui, nos percursos mais extensos da tubagem, um sistemasecundário de aquecimento, através de um sistema eléctrico".
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João Santa-Rita, projectos 1987-1998, Lisboa: Estar, Editora Ldª, 1998
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João P. Santa-Rita nasceu em Lisboa e licenciou-se em Arquitectura pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Em 1982 frequentou o Curso de Verão da Universidade de Arquitectura de Darmstadt. Em 1990 criou o Atelier Santa-Rita Arquitectos com o pai José Santa-Rita, também arquitecto. Foi premiado em concursos nacionais e internacionais tendo obtido uma menção honrosa no Concurso Internacional para a Revitalização do ULUGH-BEG CENTER em Samarcanda - ex-URSS E o 1º Prémio no Concurso Internacional para o Plano de Urbanização de Almada Nascente com WS Atkins e Richard Rogers Partnership
É autor de várias obras, nomeadamente, do Museu do Fado (1995-96) e do Monumento ao Dr Azeredo Perdigão (1996) entre outras.
Cantares - 5
O meu amor de algum dia:
Quando ele ria eu chorava
Quando ele chorava eu ria!
Marcelino Mesquita
Lá fora - 38 : O Barroco em Londres
É o esplendor do Barroco nas suas várias manifestações artísticas, e nas mais variadas proveniências: de Roma a Antuérpia, de Versalhes ao México.
Será que o nosso Filipe Nicolau, que ainda está em Londres mais uns dias, já passou ou irá passar por lá?
- Baroque ( 1620-1800 ) - Style in the Age of Magnificience, Victoria&Albert Museum, até 19 de Julho. Para saber mais: http://www.vam.ac.uk
Uma milésima faceta de um rosto! IV
Suetónio, Os Doze Césares, Livro Quarto, Lisboa: Assírio e Alvim, 2007, p.227.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Que fizeste hoje em prol da humanidade?
O ontem e o amanhã não existem quando queremos fazer! Vamos fazer, hoje, alguma coisa em prol da humanidade!
Parabéns!
Numa de revivalismo quem não se lembra? "I got you babe!"
Quer jantar no Titanic ?
A ementa não é rigorosamente a mesma, já que foi encurtada: em vez dos 11 pratos originais, são servidos no Le Café apenas 8, número que se entende suficiente para o apetite médio, sendo certo que vários pratos não têm acompanhamento.
Aqui fica então a descrição :
1- Ostras marinadas à russa, com vodka e rábano; 2- Creme de pérolas de cevada com natas ;
3- Lombo de salmão ao vapor com creme Mousseline e chips de pepino;
4- Peito de frango corado à Lyonnaise com creme de cenouras;
5- Rosbife em vinho tinto, tomilho e cogumelos silvestres;
6- Sorbet de rum, laranja e champanhe;
7- Salada de espargos com vinagrete de champanhe e açafrão;
8- Éclairs recheados com creme de baunilha francês.
Evidentemente, este foi o jantar servido na fatídica noite de 14 de Abril de 1912 no restaurante da primeira classe do navio, já que as ementas dos da segunda e terceira classes eram mais modestas...
A confecção deste jantar recriado está a cargo do chefe português Gil Martins.