sábado, 14 de junho de 2008

Grandes filmes (esquecidos?): 1 - Now, Voyager


Filme de 1942, em que o mundo estava em guerra, Now, Voyager é um dos maiores expoentes do melodrama. Com Bette Davis, Paul Henreid e Claude Rains nos principais papéis, o filme possui uma magnífica banda sonora de Max Steiner. O enredo gira em torno a Charlotte Vale (Bette Davis), uma tia solteirona de uma família de meios, com uns óculos fundo-de-garrafa, emocionalmente instável, dominada por uma matriarca aristocrática (Gladys Cooper num dos seus melhores papéis). Admitida num sanatório (gerido pelo personagem de Claude Rains), transforma-se qual crisálida numa mulher elegante e segura de si mesma. Ao sair do sanatório, embarca num cruzeiro em que conhece Jerry (Paul Henreid). O inevitável enlevo é marcado pela impossibilidade - Jerry está preso num casamento com uma filha muito dependente. No decurso do filme, Jerry acende dois cigarros e oferece um a Charlotte; há um acidente no Brasil; separam-se; Charlotte cruza-se com Tina, a filha de Jerry e sublima a sua ambição relacional ajudando-a; Charlotte confronta a Mãe ("Oh, Mother..."); há camélias; há uma plataforma de comboio. No final, uma frase icónica: "Oh Jerry, don't let's ask for the moon, we have the stars". Imperdível.

Moon River

Moon River
wider than a mile
I'm crossing you in style
some day

Oh, dream maker
you heart breaker
wherever you're going
I'm going your way

Two drifters
off to see the world
There's such a lot of world to see

We're after the same rainbow's end
-- waiting 'round the bend
my huckleberry friend
Moon River and me

Vale a pena ver a génese no filme Breakfast at Tiffany's:

A canção foi escrita em 1961 por Johnny Mercer e Henry Mancini, tendo ganho o Óscar de Melhor Canção desse ano. Mancini faleceu a 14 de Junho de 1994.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Recordando um êxito eterno : Les Misérables





Em 8 de Outubro de 1985 estreou-se no Barrican Theatre, de Londres, o musical Les Misérables, baseado no romance de Victor Hugo, de Alain Boublil e Claude-Michel Schönberg, com letra de Herbert Kretzmer. Continua em cena quase vinte e três anos depois: pela música, por vezes empolgante, como nas "barricadas" ou no final com "Do You hear the people sing", por vezes terna, como na área " On my own", por vezes divertida como na cena de "The Master of e House" e dramática, como nas mortes de Javert e de Jean Valjean, e pelas interpretações dos muitos elencos que já actuaram .Também, apesar da utopia trágica da Comuna de Paris, por ser um hino à liberdade e ao amor.

Vieira da Silva - primeiro centenário do nascimento


"Le metro", painel de azulejos, estação da Cidade Universitária


Nasceu em Lisboa, em 13 de Junho de 1908. Faria hoje cem anos. Impôs-se como pintora, depois de hesitar entre a pintura e a escultura, em Paris, para onde foi estudar, desgostosa com o ensino da Escola de Belas Artes da capital, em 1928. Frequentou an Academia da Grande Chaumière as aulas de escultura de Bourdelle que era, à época, assitsido por Germaine Richier e Alberto Giacometti, e de Despiau na Academia Scandinave, abandonando esta técnica em 1929 para se dedicar exclusivamente à pintura. Trabalhou então com Dufresne, Waroquier e Friez e iniciou-se na gravura no Atelier 17 de Hayter onde se concentrou nas pesquisas de representação do espaço. Frequentou também as aulas de Fernand Léger e de Bissière .

Na Grande Chaumiére conheceu o pintor húngaro Arpad Szenes com quem casou em 1930. Viveu em Paris, Lisboa (onde tentou, sem êxito, reaver a sua nacionalidade portuguesa) e Santa Teresa, no Brasil, durante um período longo, entre 1939 e 1947, onde pintou e expôs. Em 1970 a Galeria 111 e Fundação Gulbenkian dão-na conhecer mais profundamente ao público português, depois de já ser reconhecida pela França, que adquiriu as suas obras e a condecorou com a Ordre des Arts et des Lettre.

É, sobretudo, depois do 25 de Abril, que se torna conhecida do comum dos portugueses. Com um cartaz alusivo àquela data, muito divulgado. Com inúmeras exposições, estudos, uma biografia escrita em 1982 por Agustina Bessa-Luís. E com um belíssimo painel de azulejos, encomendado para a estação do metropolitano de Lisboa, feito sobre um guache de 1940, chamado precisamente “ Le metro”. Portugal acolheu-a e manifestou-lhe reconhecimento e admiração. Em 1988 recebeu a Medalha da Cidade de Lisboa e a Grã- Cruz da Ordem da Liberdade.

Morreu em 1992. Deixou a Portugal uma significativa parte da sua obra, e da de seu marido, que constitui o acervo do museu da Fundação Arpad- Szenes – Vieira da Silva. Onde pode ser vista até 4 de Outubro a exposição comemorativa: Correspondências. Vieira da Silva por Mário Cesariny.

Os 13 GATEs

GATE é o acrónimo de Grammy, Academy Award (ou Óscar), Tony e Emmy, considerados o Grand Slam do entretenimento nos EUA. O Grammy premeia desempenhos excepcionais na indústria discográfica; o Academy Award, no cinema; o Tony, no teatro; e o Emmy, na televisão.
Até hoje, são 13 os seres humanos receberam os quatro prémios (dois deles, aliás, receberam ainda o Pulitzer, o prémio que distingue o jornalismo, a escrita e a composição musical).
  • Richard Rodgers, Compositor (1902-1979) - Famoso pelas suas composições com parceiros de longa data, primeiro com Lorenz Hart e depois com Oscar Hammerstein II, foi co-autor de musicais como Babes in Arms, Oklahoma!, Carousel, South Pacific, The King and I e The Sound of Music (Música no Coração). É um dos dois artistas que também ganhou um Prémio Pulitzer. Foi o primeiro artista a conseguir os quatro galardões.
  • Helen Hayes, Actriz (1900-1993) - Designada como a First Lady of the American Theater, foi a recipiente do primeiro Sarah Siddons Award em Chicago (sim, para os incrédulos admiradores de Margot Channing, existe mesmo - e foi criado depois do filme, e por causa do filme) em 1953, tendo actuado no cinema em The Sin of Madelon Claudet (em 1931), ao lado de Gary Cooper em A Farewell to Arms, em 1932, e em Airport, em 1973. Nos anos 80 interpretou Miss Marple, a personagem de Agatha Christie, em vários filmes para televisão, que enternecem mais pelo seu sorriso do que pelos valores de produção.
  • Rita Moreno, Cantora, Bailarina e Actriz (1931- ) - Conhecida pela sua interpretação em West Side Story, como Anita, e pelos papéis na Broadway em The Ritz, Gantry e The Odd Couple.
  • John Gielgud, Actor (1904-2000) - Um dos grandes vultos do teatro britânico do Século XX, conhecido pelas suas interpretações de Shakespeare (Hamlet - que levou à cena mais de 500 vezes em seis produções, Romeo and Juliet, The Tempest, Julius Caesar, entre muitos outros). No cinema, ficou conhecido como o mordomo em Arthur, actuou em Julius Caesar de Mankiewicz, Murder on the Orient Express e Prospero's Books. Na televisão, destacou-se em Brideshead Revisited (apesar de ser um papel pequeno como pai de Charles Ryder, é mesmerizante).
  • Audrey Hepburn, Actriz (1929-1993) - Embaixadora da UNICEF, considerada a 3ª maior actriz de sempre pelo American Film Institute, ficou imortalizada pela sua Eliza Doolitle em My Fair Lady, destacando-se ainda Roman Holiday (contracenando com Gregory Peck), War and Peace (com Mel Ferrer e Henry Fonda), Funny Face (com Fred Astaire), Charade (com Cary Grant) e, o seu papel icónico, Holly Golightly em Breakfast at Tiffany's.
  • Marvin Hamlisch, Compositor (1944- ) - Destacou-se como compositor com The Way We Were, A Chorus Line, Sting (A Golpada), Shirley Valentine, Frankie and Johnny, The Mirror Has Two Faces e The Spy Who Loved Me (incluindo a canção Nobody Does It Better, interpretada por Carly Simon). É o segundo dos artistas a ganhar o Pulitzer.
  • Jonathan Tunick, Compositor e Orquestrador (1938- ) - Quem? Entrou nesta lista ao conquistar o Tony de Orquestração no musical Titanic; destacam-se ainda na sua carreira A Little Night Music, Murder, She Wrote (Crime, Disse Ela), The Birdcage, Endless Love e Sweeney Todd, bem como múltiplas colaborações com Stephen Sondheim.
  • Mel Brooks, Realizador e Actor (1926- ) - Conhecido pelo seu talento cómico, destacou-se como realizador e actor em comédias e musicais como The Producers, Blazing Saddles, Young Frankenstein, Spaceballs ou To Be Or Not To Be (três das suas comédias foram consideradas pelo American Film Institute entre as melhores de sempre da história do cinema). Ganhou três Emmys consecutivos como actor secundário na série Mad About You.
  • Mike Nichols, Realizador (1931- ) - Destacou-se ao leme de filmes como o superlativo Who's Afraid of Virginia Woolf? de Albee, com Richard Burton e Elizabeth Taylor, The Graduate, com Dustin Hoffman e Anne Bancroft, Silkwood, Heartburn e Postcards from the Edge, com Meryl Streep, The Birdcage, com Robin Williams, Wolf com Michelle Pfeiffer e Jack Nicholson ou Working Girl, com Melanie Griffith, bem como de séries televisivas como a superiormente conseguida Angels in America, com Meryl Streep, Al Pacino e Emma Thompson. Em palco, dirigiu Barefoot in the Park, Monty Python's Spamalot e Death and the Maiden, entre outros.
  • Barbra Streisand, Actriz, Cantora e Realizadora (1942- ) - A cantora que lidera o top de vendas da Associação Discográfica Norte-Americana, compôs canções como Evergreen e é conhecida por canções como People, The Way We Were, Woman in Love, No More Tears (Enough is Enough), You Don't Bring Me Flowers, Guilty ou What Kind of Fool, bem como pelos filmes Funny Girl, Hello, Dolly! (com Louis Armstrong e Walter Matthau, um filme elegível para curar más disposições), The Way We Were (uma "red" Katie para um "wasp" Hubbell interpretado por Robert Redford), The Prince of Tides, Yentl, The Mirror Has Two Faces ou Meet the Fockers.
  • Liza Minnelli, Actriz e Cantora (1946- ) - Imortalizada como a extraordinária Sally Bowles em Cabaret (ao lado de Michael York numa Berlim dos anos 20, sob a égide de Isherwood), conta no seu palmarés cinematográfico com sucessos como Arthur e New York, New York. A sua voz está associada a canções como New York, New York, Wilkommen, Cabaret, Losing My Mind ou Maybe This Time.
  • Andrew Lloyd Webber, Compositor (1948- ) - Chamado o reinventor do musical do West End no final do século passado, conta com sucessos como Jesus Christ Superstar, O Fantasma da Ópera, Cats, Evita, o absolutamente notável Sunset Boulevard (que deveria ser escutado na interpretação do Adelphi de Betty Buckley e John Barrowman - algumas faixas foram publicadas em CD) ou Starlight Express (que fica melhor com o tempo).
  • Whoopi Goldberg, Actriz (1955- ) - Conhecida pelas suas comédias e como MC ocasional dos Óscares da Academia, actuou em The Color Purple, Ghost, Jumpin' Jack Flash e Sister Act. Na televisão, foi convidada recorrente de Star Trek - The Next Generation, no papel de Guinan (particularmente divertido, vê-la contracenar com John de Lancie - Q).

O rol de artistas vivos com 3 galardões é vasto (são cerca de 30), pelo que "keep watching this space" para quando houver um ou uma 14th...

"Não sei de quem recordo meu passado": Fernando Pessoa- 120 anos depois


Nasceu no Largo de S. Carlos, em frente do teatro de ópera, no coração de Lisboa, às três e vinte da tarde. Deram-lhe o nome de Fernando António, em homenagem ao Santo desse dia. Veio a tornar-se o maior poeta do século XX português, com uma obra que ultrapassou fronteiras e se tornou objecto de estudo em todo o mundo culto, em particular no Brasil e na Europa. Um crítico literário, o professor norte- americano Harold Bloom considerou-o, ao lado de Pablo Neruda, o mais representativo poeta do século XX.
A sua vida e a sua personalidade multifacetada e, por vezes contraditória, mantêm, ainda hoje, uma aura de mistério que inúmeras teses procuram dissecar e explicar. Bem como a sua projecção em heterónimos, poetas diversos, vivências pessoais, intelectuais e poéticas diferentes. Qual deles, Fernando Pessoa, Ricardo Reis, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos seria o verdadeiro Pessoa?

Vivem em nós inúmeros,
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sete ou pensa.

Tenho mais almas que uma.
Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.

Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu ‘screvo.

Ricardo Reis - Odes

quinta-feira, 12 de junho de 2008

SANTO ANTÓNIO

" Santo António nasceu em Lisboa em 1195 e morreu perto de Pádua em 1231. Foi canonizado em 1232 e o seu dia feriado comemora-se a 13 de Junho.
Até aos 20 anos foi cónego, prosseguindo os estudos religiosos em Coimbra. O seu desejo de ser missionário fez com que se juntasse aos frades franciscanos e fosse trabalhar entre os muçulmanos de Marrocos. Traído pela saúde, teve que regressar à Europa, onde durante algum tempo viveu num eremitério em Itália. Apercebendo-se do seu invulgar dom para pregar, assim fez durante nove anos, para além de ter ocupado cargos de ensino e outros da sua Ordem, em Itália e França. Possuía um conhecimento notável da Bíblia e os seus sermões impressionavam tanto os eruditos como os mais simples.
Foi sepultado em Pádua, onde o seu santuário é local de peregrinação e são atribuídos muitos milagres à sua intercessão. "

- Adriana Bolito e Teresa Pais, Christus , nº3 .

EM CONTRAPARTIDA ...

Portugal passou a ter 4 cidadãos na lista de bilionários publicada pela revista Forbes , lista esta que gradua todas as fortunas do mundo superiores a mil milhões de dólares.
Os felizes cidadãos são Américo Amorim( não tanto pela cortiça,mas mais pelos 35% da GALP que detém..) , Belmiro de Azevedo( não tanto pela indústria mas pela distribuição..) , Joe Berardo (mais pelo que especula do que pelo que produz) e Horácio Roque( o rei dos tabacos madeirenses) , aqui ordenados pelo respectivo grau de riqueza.
As fortunas somadas destes nossos quatro compatriotas atingem o valor de 8 mil milhões de euros, ou seja 5% do PIB português.
Em contraponto, há que realçar que o índice de desigualdade de rendimentos em Portugal atinge já os 38% , bem acima dos EUA que totalizam 35,7%.
Ainda querem mais liberalismo económico e menos custos com salários?

PORTUGAL E O FUTURO ...

" (...) Não tenha dúvidas. Consome-se muito para além do que se tem e impressionam-me o chamamento e a publicidade agressiva que apelam para o recurso à dívida. E há aqui uma grande contradição: todos os anos o Banco de Portugal alerta para o aumento do sobreendividamento, mas não faz nada para combater o que dá origem a isso. "

" (...) O problema da mentalidade consumista não tem só a ver com comprar ou vender- é um modelo de felicidade, em que só somos felizes se tivermos mais e mais coisas. O problema é que os recursos são cada vez mais escassos. "

" (...) Com este estilo de vida, com esta economia e com esta cultura, perdemos a noção dos limites! Toda a gente quer caminhar para ter um estilo de vida semelhante ao dos americanos ricos. Esquecem-se é que se todos os países fossem iguais aos EUA, seriam precisos seis planetas Terra. "


- Alfredo Bruto da Costa , em entrevista a Tiago Fernandes, VISÃO de 12 de Junho .

O MENINO DE OURO ...


" Eu sou virgem e dizem que os virgens são pessoas muito racionais. Eu tenho essa racionalidade. Procuro sempre ver o terreno onde piso. Mas tenho uma ambição e uma vertigem para os novos espaços e os abismos. Uma vontade de me lançar na aventura. Eu tenho uma inclinação para a aventura muito grande. "
" Aos vinte e um anos eu tinha tirado o sétimo ano, tinha estado quatro anos em Engenharia, também não queria muito ser engenheiro, mas era melhor ser engenheiro do que não ser "
- Excertos de Sócrates. O Menino de Ouro do PS , de Eduarda Maio, Esfera dos Livros .

IN MEMORIAM MEL FERRER



Mel Ferrer, actor de mais de cem filmes, morreu aos 90 anos no passado dia 2, num lar em Santa Barbara, Califórnia. É inesquecível, para mim, a sua interpretação em Scaramouche .

O LUSOTROPICALISMO ...

" (...) O lusotropicalismo foi uma carta aberta para a impune violação sexual das mulheres negras pelos brancos, ao mesmo tempo que penalizava de morte o homem negro que ousasse tocar no corpo de uma mulher branca. Ideologia de desigualdade, de machismo, de racismo."

" (...) A hierarquia entre as raças foi a forma de dominação que durou quase cinco séculos. Podem as sequelas de cinco séculos ser ultrapassadas em 30 anos de independência ? "

- Paulina Chiziane , em entrevista a Ana Margarida de Carvalho, VISÃO de 12 de Junho.

Neuschwanstein, o Palácio de Pedra do Cisne

"It is my intention to rebuild the old castle ruin at Hohenschwangau near the Pollat Gorge in the authentic style of the old German knights' castles... the location is the most beautiful one could find, holy and unapproachable, a worthy temple for the divine friend who has brought salvation and true blessing to the world."
Carta de Luís II da Baviera a Richard Wagner, 13 de Maio de 1868

Neuschwanstein é a corporização de um ideal romântico de Luís II da Baviera ("O Rei Cisne" ou "O Rei dos Contos de Fadas"), em homenagem às sagas nórdicas de Lohengrin, Tristão e Isolda e O Anel dos Nibelungos. É certamente o mais conhecido dos castelos de contos de fadas concebidos por este Rei "louco", primo da Imperatriz Sissi da Áustria, imortalizado em filme por Luchino Visconti em Ludwig (1972).

Parte integral dos últimos dias do Rei, é aqui que Luís II é informado da sua deposição a 10 de Junho de 1886. Na madrugada de 12 de Junho é preso e levado do castelo para o castelo Berg, ao sul de Munique. A 13 de Junho, é encontrado morto no Lago Starnberg, perto do castelo - mas não afogado, dado que os seus pulmões não continham água. Mais uma morte inexplicada para juntar ao rol dos óbitos misteriosos.

Neuschwanstein continuou a inflamar a imaginação humana - é a inspiração do castelo da Bela Adormecida, de Walt Disney, e serve de pano de fundo ao ballet O Lago dos Cisnes, de Tchaikovsky, na encenação de John Neumeier para The Hamburg Ballet. Este último consiste na reinterpretação do ballet nos últimos dias de Luís II da Baviera, arrebatado na sua obsessão por Neuschwanstein e pelos seus fantasmas. Tive a boa fortuna de o ver encenado em Paris no Théâtre du Châtelet, em 2000; hoje, é possível encontrar a gravação em DVD em http://www.amazon.de/ (Illusionen - Wie Schwanensee).
"The King was not mad; he was just an eccentric living in a world of dreams."
Elisabeth (Sissi), Imperatriz da Áustria
Todos os anos a 13 de Junho há uma cerimónia na pequena capela construída no Lago Starnberg -- quem quiser assistir...

LOTTE LENYA


Muitas são as iniciativas que comemoram o centenário do nascimento de Ian Fleming este ano. A efeméride passou naturalmente também por Portugal. Ainda no passado dia 28 de Maio, teve lugar uma conferência organizada pela Câmara Municipal de Cascais que evocou a passagem de Fleming pelo Estoril em 1941.

Há precisamente 45 anos, Terence Young realizava o segundo filme baseado na obra literária de Fleming, From Russia with Love (007 – Ordem para matar). James Bond (Sean Connery) combatia, ao lado da agente russa Tatiana Romanova (Daniela Bianchi), a organização S.P.E.C.T.R.E. A película terminaria em Veneza ao som da banda sonora, cantada pela bela voz de Matt Monro. Connery e Bianchi , numa góndola, estariam finalmente salvos de todos os perigos e vilões da fita – o último na pessoa da agente do KGB, Rosa Klebb, interpretada por uma das mais interessantes e misteriosas actrizes e cantoras do século passado, Lotte Lenya.
Lotte Lenya (Karoline Wilhelmine Charlotte Blamauer) nasce num subúrbio de Viena a 18 de Outubro de 1898. A infância e juventude são difíceis. O pai é alcoólico e violento para com a mãe e a pequena “Linerl”. Segundo algumas biografias, Lotte ter-se-á prostituido a partir dos seus 14 anos para assim sustentar a sua família. O seu destino muda, e para melhor, quando visita pela primeira vez a Suíça juntamente com uma tia. Adquire as suas primeiras experiências como bailarina e actriz em Zurique onde, no teatro Schauspielhaus, encontra Elisabeth Bergner, um dos grandes nomes do teatro e cinema alemães. Lenya, assim recordava Bergner, estava sempre na companhia de militares e “os boatos acerca da sua lascívia eram enormes”. Era no entanto bem disposta por natureza. “À volta dela, havia sempre uma aura do proibido. Tudo nela era muito interessante!”

Em 1924, conhece Kurt Weill em Berlim. Casa com o compositor em Janeiro de 1926. O matrimónio rege-se por abertura, tanto Kurt como Lotte vivem assumidamente relações extraconjugais. Weill trabalha com Bert Brecht, nasce a primeira obra em palco, a peça “Ascensão e queda da cidade de Mahagony” em que Lenya desempenha um pequeno, mas importante papel. A 31 de Agosto de 1928, estreia em Berlim “A ópera dos três vinténs”. Adaptada à Beggar´s opera de John Gray, torna-se um enorme êxito em Berlim. E eis a primeira artista a interpretar o papel da Spelunkenjenny (A Jenny da espelunca) – Lotte Lenya.

Weill descreve a sua mulher como “doméstica miserável, mas muito boa actriz. Não sabe ler uma pauta, mas quando canta, a atenção do público é como se fosse um Caruso a cantar.”

A 30 de Janeiro de 1933, Hitler sobe ao poder. “A ópera dos três vinténs”, imoral à luz dos novos padrões, é retirada do cartaz. O “triunvirato” Weill-Brecht-Lenya emigra para os Estados Unidos após uma breve passagem por França.

Weill, de origem judia, inicia uma nova carreira. Rapidamente apercebe-se de que o mercado norte-americano é propício a uma renovação do género operático. Gershwin tinha composto em 1935 “Porgy and Bess”, uma das primeiras “óperas americanas”. Com o seu falecimento prématuro em 1937, poucos são no entanto os compositores americanos que seguem a tentativa de fundir uma música ligeira de nível superior com elementos do jazz. Weill é requisitado para a Broadway, trabalha incessantemente até triunfar com Lady in the Dark em 1941.

E Lotte? Separada alguns meses do marido, divorcia-se de Weill em 1933 para, quatro anos mais tarde, voltar a casar com ele. Poucos são os convites para poder actuar em Nova Iorque.

A morte de Weill a 3 de Abril de 1950 marca profundamente Lotte. Entra em litígio com Brecht e Helene Weigel, esposa de Brecht, que reclamam os direitos de autor das obras criadas com Weill. Continua a viver nos Estados Unidos onde é convidada, mais uma vez, a cantar a Jenny da "Ópera dos três vinténs": a partir de 1954 e durante quase sete anos, a peça sobe 2707 vezes ao palco. Lotte Lenya torna-se finalmente conhecida, por esforço e mérito próprios. Recebe o Tony Award em 1956.

Hollywood descobre Lenya nos anos 60. Ao lado de Vivien Leigh, representa em 1961 a Condessa Magda Terribili-Gonzales na adaptação cinematográfica de The roman spring of Mrs. Stone de T. Williams. É nomeada para o Óscar de melhor actriz secundária. Outras passagens pelo grande écran mostram Lenya na já referida agente sádica Rosa Klebb em From Russia with Love (1963) ou no papel de Emma Valadier no filme The Appointment (1969) ao lado de Omar Sharif e Anouk Aimée.

Ao mesmo tempo, Lenya continua a divulgar a obra de Weill e Brecht em várias digressões pela Europa. A sua “Mãe Coragem” no festival Ruhrfestspiele na Alemanha em 1965 é lendária.

Após a morte de Weill, Lenya casou ainda três vezes (George Davis, Russell Detweiller e Richard Siemanowski).
Faleceu a 27 de Novembro de 1981 em Nova Iorque. Seu último repouso encontra-se num mausoléu em Mount Repose Cemetery (Nova Iorque) ao lado de Kurt Weill.

GREGORY PECK



Gregory Peck, um dos maiores nomes do cinema de todos os tempos, faleceu a 12 de Junho de 2003.

Inúmeras são as memórias que guardamos das interpretações deste actor em filmes como David and Bathsheba (1951), Roman Holiday (1953), The Snows of Kilimanjaro (1952), The Purple Plain (1954), Moby Dick (1956) ou Arabesque (1966). Peck ganhou o Óscar de melhor actor no papel do advogado Atticus Finch em To Kill a Mockingbird em 1962.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

ESPERAM O QUÊ ?

Ocorreram já mortes devido à acção dos piquetes de camionistas, designadamente em Alcanena e Braga, bem como vários feridos por todo o país. Camiões foram incendiados, falta combustível em todas as grandes cidades e até no Aeroporto da Portela...,começam a faltar produtos alimentares e o Governo continua calado. O Governo espera o quê?
Mas não é só o Governo que está calado, o mesmo acontece com o Presidente da República e com os líderes partidários. Esperam o quê? Mais mortes e mais feridos? Que parem os transportes públicos e os bombeiros por falta de combustível?
Há silêncios ensurdecedores.

A lovely human being - Miss Barbara Stanwyck


Conhecida pelos seus papéis de mulher forte, decidida e independente, Barbara Stanwyck (1907-1990) atingiu o estrelato em Hollywood ainda pré-Código (Baby Face, Night Nurse) e a consagração em comédias como Ball of Fire, o notável Meet John Doe com Gary Cooper, a irrepetível comédia The Lady Eve com Henry Fonda (provavelmente a minha comédia favorita com Ms. Stanwyck), dramas de elevado nível como Stella Dallas ou All I Desire (claramente o meu drama favorito com Ms. Stanwyck), ou thrillers como The Strange Love of Martha Ivers , Double Indemnity ou Sorry, Wrong Number (que neste conjunto será provavelmente o meu favorito), em que faz o papel de uma acamada histérica convencida que o marido a quer matar... Destes filmes, obteve quatro nomeações para os Óscares da Academia. Mais tarde, vira-se para o pequeno écran, com reconhecimento mundial pelo seu papel em The Thorn Birds (Os Pássaros Feridos). Viria a ganhar um Óscar honorário em 1982, três Emmys e um Globo de Ouro.

Mas o que me impele a escrever sobre Stanwyck (não se comemora o seu nascimento ou a sua morte, não data de hoje -- tanto quanto sei -- nenhum evento fulcral da sua vida ou da sua carreira) é um apelo de magia. Há algo de mágico no seu discurso de aceitação do Óscar em 1982. Em 1939, a já consagrada Stanwyck havia contracenado com um jovem actor chamado William Holden em The Golden Boy. Aparentemente, foi Barbara Stanwyck que convenceu os produtores a manter Holden no papel, permitindo-lhe lançar uma carreira de sucesso (Sunset Boulevard, Sabrina, Stalag 17) que o levou ao topo de Hollywood e à conquista de um Óscar. Numa cerimónia de atribuição de Óscar para o Melhor Som em que ambos estão lado-a-lado, em 1978, Holden faz um comovente agradecimento a Stanwyck pela sua carreira; Em 1982, perante uma audiência que a aplaude de pé na aceitação do seu Óscar de carreira, uma Stanwyck visivelmente emocionada agradece ao seu Golden Boy, que havia falecido em finais de 1981.

Vale a pena ver:

Todos os dias são bons para celebrar um lovely human being.

SAINT- CLOUD : O VERSAILLES DOS ORLÉANS

- Ruínas do Castelo em 1871
- Maquete do Castelo ao tempo de Monsieur

O primitivo Castelo d'Aulnay foi oferecido aos banqueiros florentinos Gondi por Catarina de Médicis, que nele residiram e o foram ampliando. Dos Gondi passou aos Retz, seus parentes, e destes ao financeiro Hervart, Intendente das Finanças do Reino de França, que o embelezou ainda mais e convidou a Família Real e o Cardeal Mazarin para uma magnífica festa...
Para evitar um destino semelhante ao de Fouquet(cujo sumptuoso Vaux-le-Vicomte serviu de modelo para Saint-Cloud), Hervart vendeu o castelo ao irmão de Luís XIV, Philippe de France, Duque de Orléans, Chartres e Valois- o célebre Monsieur .
Assim, Saint-Cloud passa a ser propriedade dos Orléans desde Outubro de 1658, é sucessivamente ampliado e o seu recheio quase que rivaliza com o de Versailles, ao ponto de suscitar a inveja de Maria Antonieta que o compra em 1784 aos descendentes de Monsieur .
O castelo torna-se, pois, uma residência real para os sucessivos regimes : é onde se realiza o casamento de Napoleão e Maria Luísa; serve de residência para Carlos X até à Revolução de 1830; nele casa Clementina, filha de Luís Filipe, Rei dos Franceses; é, finalmente, uma das residências favoritas da Imperatriz Eugénia.
Saint-Cloud não resiste à Guerra Franco-Prussiana de 1870, desaparecendo num incêndio que se prolonga por dois dias após intensos bombardeamentos.
Hoje, apenas sobrevive o parque de 46o hectares, com jardins desenhados pelo grande Le Nôtre, alguma bela estatuária, dez fontes, mirantes e cascatas, e o Pavilhão de Breteuil, declarado enclave internacional pois que é a sede da Agência Internacional de Pesos e Medidas.
Vale a pena a visita tanto pela vista deslumbrante sobre o Sena, como pelo facto de que se situa a meros 10kms de Paris.

A QUEM PERTENCEM ?


E já que se fala de escudos e bandeiras, aqui fica mais um desafio heráldico para os leitores. Uma pista: as aparências iludem...

UMA OPINIÃO SOBRE A BANDEIRA ...


" (...) Na Europa, só as da Bulgária, Bielorrússia e Lituânia têm uma fronteira de verde e vermelho, opção que nem o desejo de varrer o azul monárquico legitima. E a esfera armilar com o brasão de armas parece anacronismo ou coisa para monarquias(Espanha), principados(Liechtenstein e Andorra), enclaves (San Marino) e cidades-estado(Vaticano) . Não temos a bandeira mais ridícula da Europa por causa de Chipre, que amedrontado vai hasteando um mapa, nem a mais feia graças à Bósnia-Herzegovina e ao macedónio que desenhou o símbolo da sua pátria sob o efeito de opiáceos. Ainda assim, mesmo sem ter sido o estandarte aprovado pela Constituinte de 1911, basta pensar nas mascotes que se desenham por aí para perceber que um novo concurso seria uma imprudência.(...) "

- Vasco M. Barreto, Metro, 9 de Junho de 2008.

BORIS GODOUNOV - HENRI TROYAT

Henri Troyat, romancista francês de origem russa e Prémio Goncourt aos 27 anos, faleceu em Março de 2007, deixando pronta mais uma biografia de um monarca russo, no caso Boris Godunov, controverso czar do século XVI, agora publicada.
- Boris Godounov , Henri Troyat, Flammarion.

terça-feira, 10 de junho de 2008

PENSAMENTO DO DIA

" O homem está sempre disposto a negar aquilo que não compreende. "

- Luigi Pirandello

PHILIP MOUNTBATTEN








S.A.R. O Príncipe Filipe do Reino Unido, Duque de Edimburgo, filho do Príncipe André da Grécia e da Princesa Alice de Battenberg (bisneta da Rainha Vitória) , e marido de Isabel II , Rainha do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte e de outros dezasseis países, faz hoje 87 anos.


DIA DE CAMÕES


Luís Vaz de Camões terá nascido em Lisboa por volta de 1524 . Viveu algum tempo em Coimbra onde terá frequentado aulas de Humanidades no Mosteiro de Santa Cruz onde tinha um tio padre. Regressou a Lisboa , levando uma vida de boémia. Em 1553, depois de ter sido preso devido a uma rixa, parte para a Índia, tendo-se fixado em Goa onde terá escrito a maior parte da sua obra. Em 1569 volta para Portugal, pobre e doente, conseguindo publicar Os Lusíadas em 1572. Faleceu em Lisboa no dia 10 de Junho de 1580. É justamente considerado o maior poeta português .

Ovídio e as guerras da água


"Porque me proibis a água? O uso da água é comum a todos. Nem a natureza produziu um sol privado, nem o próprio ar, nem a fluida água. É um bem público aquilo a que venho."

Ao ler hoje esta passagem das "Metamorfoses" de Ovídio, na mui excelente tradução de Paulo Farmhouse Alberto para as Edições Cotovia, passaram-me pelo espírito duas ideias:
- a primeira, a recente crise de abastecimento de água a Barcelona, que avivou o mal-estar madrileno / catalão ao ponto de amigos meus de ambas as "facções" comentarem sobre a vileza dos outros;
- a segunda, a célebre frase de Boutros-Ghali, antigo Secretário-Geral das Nações Unidas, que num discurso de 1985 preconizava que as próximas guerras no Médio Oriente seriam pela água, não pela política.

Como a História já provou, as previsões de Boutros-Ghali pecaram por demasiado cedo; ainda houve umas guerras com outros motes pelos lados do Médio Oriente (mais cautelosamente, mas igualmente apocalíptico, em 1995 em entrevista à revista Newsweek, Ismail Serageldin, Vice-Presidente do Banco Mundial, prenunciava "Many of the wars this century were about oil, but those of the next century will be over water.")

Mais interessante, seria perceber as estratégias de defesa de países com abastecimentos de água doce porventura periclitantes. Por exemplo, se numa crise de abastecimento de água em Espanha se cortarem os caudais do Tejo, do Douro, do Minho e do Guadiana, Portugal terá água suficiente para a sua população se abastecer e para a geração de electricidade nas suas barragens? E se não tiver, pega-se em armas e ala para Castela? O PEAASAR 2007-2013 parece apostar na boa vontade.
Dezenas de líderes mundiais reuniram-se esta semana em Roma na sede da FAO para endereçar o problema da escassez mundial de alimentos, provocada parcialmente pela falta de água em África, na Austrália e em Espanha. Na Austrália, é proibido (e punido) lavar o carro em determinados dias e existem frequências mínimas; em Espanha idem aspas. Nestes países, há campanhas para poupança de água em todos os meios de comunicação.
A obra-prima de Ovídio, terminada em 8 D.C., apresenta um paradigma da água como bem público que se manteve dois mil anos - embora a previsão de Boutros-Ghali tenha falhado (por alguns anos?), parece improvável que o paradigma se mantenha até 4008.

Spencer Tracy e o Português oscarizado

Spencer Tracy faleceu a 10 de Junho de 1967; foi um dos maiores expoentes do cinema norte-americano do Século XX, tendo conseguido a proeza de ser o primeiro actor a obter dois Óscares de Melhor Actor consecutivos, em 1937 e 1938 (Luise Rainer conseguira o feito como Actriz no ano anterior; passariam várias décadas antes de Tom Hanks repetir a proeza no grupo dos Actores). Tracy detém ainda o record de maior número de estatuetas douradas como Melhor Actor (empatado com oito outros actores) e de maior número de nomeações como Melhor Actor (nove, empatado com Laurence Olivier).

Nascido em 1900, começa a sua carreira no cinema em 1930. Até 1967, actuaria em 74 filmes, entre eles os clássicos Fury de Fritz Lang, Bad Day at Black Rock (em português, A Conspiração do Silêncio), The Old Man and the Sea, Inherit the Wind, Boys Town (pelo que receberia o seu segundo Óscar) ou San Francisco.
As suas nove colaborações com Katharine Hepburn também fizeram história, e ficaram na memória colectiva: a hilariante comédia Adam's Rib, uma guerra dos sexos irreverente, Pat and Mike, Desk Set e Woman of the Year são exemplos superlativos da comédia norte-americana, e Guess Who's Coming to Dinner, a sua comovente última interpretação que só conheceria exibição depois da sua morte, é um ensaio notável sobre as tensões raciais no final dos anos 60 nos EUA.

Português a que título? Bem, a título de um personagem: em 1938, há 70 anos, era anunciada a sua primeira vitória como Melhor Actor nos Óscares, no filme de 1937 Captains Courageous, interpretando um personagem Português, um lobo do mar chamado Manuel que se destacava por ser um pouco bruto e pela sua nobreza de alma (e o sotaque tem graça), ensinando por bom exemplo um miúdo empertigado a ser um bom ser humano. Bom registo para um 10 de Junho.

O regresso a casa das tropas australianas no Iraque


As guerras iniciais do Século XXI parecem anestesiadas para a população em geral: quer no Afeganistão, quer no Iraque, não há grandes vitórias ou derrotas das tropas ditas aliadas; os avanços nesta fase de reconstrução parecem lentos e inconclusivos.

Ontem regressaram a casa 130 soldados australianos que estavam no Iraque; para as famílias, esta guerra é igual às outras: os militares morrem da mesma maneira. Por isso, a alegria, a comoção do regresso não deixa ninguém impassível: a repórter comentava “First and foremost today, these soldiers are fathers, sons and brothers.”

As notícias passavam para o Afeganistão, dando nota de três soldados ingleses recém-chegados e mortos por um bombista suicida. Um general comentava que a vitória nesta guerra dependia da vontade da comunidade internacional, da sua capacidade de visão estratégica de longo prazo.

Estamos em Junho de 2008; a invasão do Afeganistão na sequência dos atentados de 11 de Setembro de 2001 foi decidida praticamente por aclamação internacional; nessa altura, os cidadãos do mundo ocidental sentiam-se “Ich bin ein New Yorker.”

Depois do episódio Iraque e da lentidão na transformação pós-guerra de ambos os países, pergunto-me se os decisores da comunidade internacional, cerceados por ciclos eleitorais de 3, 4 ou 5 anos, terão essa visão.

DA POLÍTICA - SCHNITZLER


- " Não existe nenhuma convicção política no sentido partidário do termo-nem sequer a mais honesta- que não mergulhe , pelo menos em parte, as suas raízes no terreno adulterado da estreiteza de vistas. "
- " Para pertencer a um partido é indispensável uma certa dose de ingenuidade. As pessoas razoáveis que tentam defender o ponto de vista do seu partido até às últimas consequências dão sempre a impressão de não ter ideias claras, ou de se terem tornado desonestas. "
- " Há três espécies de homens políticos : aqueles que turvam a água; aqueles que pescam em água turva; e aqueles - os mais dotados - que turvam a água para pescarem em águas turvas. "
- Arthur Schnitzler, RELAÇÕES E SOLIDÃO , trad. port. de Manuel Alberto, Relógio D'Água Editores, 1996, p. 32

PENSAMENTO DO DIA

" Acreditar em algo e não o viver é desonesto "

- Gandhi

A PROSTITUIÇÃO EM NÚMEROS

Casas de alterne- segundo informação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, o número de casas de alterne em funcionamento em Portugal no ano de 2007 ultrapassava o milhar.

Mulheres profissionais do sexo- calcula-se que existam 60.000 em Portugal.Dessas, 3o.000 são portuguesas, e outras tantas estrangeiras, na sua maioria brasileiras, ucranianas e nigerianas.

Preços- 20 euros é o preço mínimo encontrado nas páginas de jornais portugueses para ofertas de sexo. Em 2000, o preço rondava os 50 euros. Sinal da crise ou da muita concorrência?

" Ordenados "- Algumas das profissionais do sexo na cidade de Lisboa depositam 3000 euros por semana nas instituições bancárias, o que perfaz 12.000 euros mensais livres de impostos.

Se somarmos a estes dados, recolhidos na imprensa, os relativos à prostituição masculina, ficamos com uma ideia da dimensão social e económica do fenómeno da prostituição, que há muito que chegou também à própria internet como todos sabemos.

O rosto de Greta Garbo


Roland Barthes, no seu Mitologias, identificava e analisava vários símbolos que iluminavam o imaginário humano no início da segunda metade do Século XX (o livro foi publicado em 1957).

Um dos curtos textos, "O Rosto de Garbo", discutia a beleza e o simbolismo do rosto de "I want to be alone." (frase que é mesmo proferida por Garbo, não pelo seu abandono - prematuro? - do mundo da 7ª Arte, mas enquanto Grusinskaya em Grand Hotel, de 1932).

A recente biografia (parte 2) de Gore Vidal revela novos factos sobre Garbo ter decidido não regressar a Hollywood depois do fracasso de Garbo Dances! em 1941 com Two-Faced Woman: segundo o autor, que era amigo da actriz, Garbo terá feito um screen test para o seu regresso -- ao visioná-lo, decidiu abandonar a carreira. Se considerarmos que era competente para julgar em causa própria, porventura terá sido a decisão correcta.

Ícone do cinema, da fotografia, do Século XX, Garbo (cujo apelido é suficiente para o reconhecimento) demorou a ter a sua presença em DVD: Garbo - The Signature Collection foi publicado apenas em Setembro de 2005. A colecção contém clássicos como Anna Christie (Garbo Talks!), Mata Hari, Grand Hotel (previamente publicado), Queen Christina, Anna Karenina, Camille, Ninotchka (Garbo Laughs!) e alguns filmes do tempo do mudo - Flesh and the Devil, os 9 minutos recuperados de The Divine Woman, The Temptress e Mysterious Lady). Notável, o documentário da TCM que acompanha a colecção: . Lembro-me de procurar a colecção numa Borders em Boston nos primeiros dias de Setembro, e de o senhor atrás de mim perguntar: "Viu o documentário anteontem no TCM?" Eu não tinha visto; o caixa contrapôs: "Muito bom - tem que ver. Está na colecção." É de facto muito bom, com uma narração muito sóbria de Julie Christie.

Entretanto, estamos em 2008. Para além de Conquest / Maria Walewska e da Gosta Berling Saga, não há mais títulos de Garbo facilmente encontráveis nos mercados (EUA, Reino Unido, França, Itália, global via Internet - excluindo algumas edições muito fracas de particulares em alguns países asiáticos ou no Brasil) - para quando a publicação de Love, de 1927, de The Painted Veil de 1934, baseado no romance de Somerset Maugham, de Susan Lenox com Clark Gable, de The Kiss, de The Wild Orchids? Era uma boa acção - e extraordinariamente lucrativa - da Cinemateca Portuguesa editar estes filmes em DVD.

The face of Garbo is an Idea, that of Hepburn, an Event.”
- Roland Barthes, ‘Mythologies

George Pérez - criador de BD: O homem das Infinite Crisis da DC


George Pérez nasceu a 9 de Junho de 1954, tendo ascendido ao estrelato no mundo da banda desenhada como desenhador e argumentista.

"The New Teen Titans", vol. 1, #1, Novembro de 1980

Artista de séries como "New Teen Titans", "Action Comics" e "Wonder Woman" mas, especialmente, como co-responsável pelas mini-séries "Crisis on Infinite Earths" e "Infinite Crisis", que redefiniram o universo em que se moviam personagens como Superman, Batman, Wonder Woman ou Green Lantern (aliás, maior precisão seria dizer Supermen, Batmen, Wonder Women ou Green Lanterns...). Para além das suas colaborações com a DC Comics, trabalhou pontualmente com a Marvel Comics ("Fantastic Four", "Hulk" com Peter David). O seu trabalho com Marv Wolfman em "Crisis on Infinite Earths" ganhou o Jack Kirby Award for Best Finite Series em 1985.

"Crisis on Infinite Earths" #1, Abril de 1985

Actualmente, está ao leme da segunda série de "The Brave and the Bold", herdeira de uma das mais populares franquias da DC.

"The Brave and the Bold", vol. 2, #1, capa alternativa, Abril de 2007, assinada pelos autores

(imagem do autor por Comic-Con International)

After You, Who?

Cole Porter nasceu a 9 de Junho de 1891 e faleceu a 15 de Outubro de 1964.

Considerado um dos maiores nomes do Great American Songbook, apenas conheceu o sucesso no final dos anos 20, sendo imortalizado por canções como Night and Day, You're the Top, After You, Who?, Anything Goes (retomado por Kate Capshaw em Indiana Jones e o Templo Perdido), I Get a Kick Out of You, Ev'ry Time We Say Goodbye, Be A Clown (número inesquecível de Judy Garland e Gene Kelly em The Pirate), entre muitas outras.

Os musicais Anything Goes (com Ethel Merman) e Kiss Me Kate, baseado n'A Fera Amansada de Shakespeare valeram-lhe a imortalidade na Broadway (Kiss Me Kate ganhou o primeiro Tony Award para um Musical em 1949), e a adaptação musical de The Philadelphia Story no filme High Society com Frank Sinatra, Bing Crosby e Grace Kelly, consagrou-o em Hollywood (onde já fora cabeça de cartaz com a canção Night and Day, mote para The Gay Divorcee com Fred Astaire e Ginger Rogers nos anos 30).

Anything Goes foi alvo de um revival em 2001/02 no West End, com um elenco liderado por John Barrowman (a estrela de Torchwood), que curiosamente entrou na mais recente biografia de Cole Porter, De-Lovely.

A mais recente grande encenação de Kiss Me Kate na Broadway data de 1999 (encerrou em 2001), tendo ganho o Tony Award de melhor revival of a musical. Teve encenação no West End de Londres em 2001/02 e em versão em Italiana em Bolonha estreada em Dezembro de 2007. Estará em cena a partir de 14 de Junho na Komische Oper Berlin, em Berlim e a partir de 5 de Julho na Glimmerglass Opera, em NYC.

O Pato Donald


O Pato Donald nasceu no universo Disney a 9 de Junho de 1934, num filme da colecção "Silly Symphonies" chamado "The Wise Little Hen" (embora em "Three Caballeros", de 1944, seja indicado 13 de Março, uma sexta-feira -- simbólico do azar que o opunha tradicionalmente ao primo Gastão).

Em torno ao Pato Donald nasceu um conjunto de personagens que atingiu a fama mundial -- em 1937, surgiu a Margarida, eterna namorada; em 1938, surgiram os sobrinhos - Huguinho, Zézinho e Luisinho; o Tio Patinhas é de 1947, o primo Gastão de 1948 e a Maga Patalógica é de 1961.

Em 1938, a sua popularidade ultrapassava a do Rato Mickey. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi o mote de uma série de filmes de animação de propaganda. Em 1942, o seu filme "Der Fuehrer's Face" ganhou o Academy Award for Animated Short Film. Graças a este e outros filmes, o Pato Donald passou a constar do embelezamento de praticamente todos os aviões militares aliados até ao final da guerra.

Para mim, continua a ser o expoente máximo do universo Disney -- a voz rouca de Clarence Nash que o interpretou de 1934 a 1983 e o seu mau génio continuam a render admiradores nos 43 países em que continua em publicação. Aliás, veja-se o alcance: é publicado e seguido na Arábia Saudita e em Israel, na Rússia, na Indonésia, na República Popular da China, nos Estados Unidos... Não há muitas publicações que o consigam.

domingo, 8 de junho de 2008

A SECESSION DE MUNIQUE (1892 - 1914)

À semelhança das tendências vanguardistas de Viena do final do século XIX, surgiu em Munique um fortíssimo desejo de romper com conceitos artísticos da época, considerados medíocres e pouco apetecíveis ao público mais exigente. Um movimento de jovens artistas, criado por Franz von Stuck (pintor e escultor), redigiu em 1892 um manifesto que anunciava obras e talentos que “dignificassem a honra de Munique”. Nascera assim a Secession de Munique (seguindo a cessação homónima de Viena).

Mais importante do que a simples inovação era a garantia de qualidade nas peças apresentadas. Obras artísticas do passado eram portanto bem-vindas, desde que satisfizessem o patamar de qualidade idealizado.
Em Julho de 1893, abriu a primeira exposição deste movimento, influenciado pela pintura francesa da École de Barbizon. Tal escola tinha abandonado por completo o classicismo, aproximando-se da pintura paisagística impressionista. Segundo Stuck e seus amigos, seria possível habituar o público local a novos padrões artísticos o que já acontecia em França.

O corte com os ideais existentes, o afastamento do establishment artístico instituído e a intenção de proporcionar um ambiente internacional, favorável a novas orientações, estiveram no centro da exposição e abriram o caminho ao Jugendstil alemão.
A Secession de Munique foi o primeiro movimento deste género na Alemanha. Rapidamente, teve os seus admiradores noutras cidades, tais como, Berlim, Hamburgo, Dresden ou Weimar.

A capital bávara comemora este ano um aniversário muito especial – foi fundada há precisamente 850 anos, a 14 de Junho de 1158 por Henrique, o Leão. Várias são as iniciativas ao longo deste ano, entre elas a exposição Die Münchner Secession 1892 - 1914, inaugurada no passado dia 5 de Junho na casa-museu Villa Stuck. Mais de 100 obras estão reunidas neste belíssimo espaço até 14 de Setembro.


Imagem: Franz von Stuck, Mary als Griechin, 1910

Dia Mundial dos Oceanos


Hoje celebra-se o Dia Mundial dos Oceanos. Desde a Cimeira da Terra de 1992, no Rio de Janeiro, que 8 de Junho é a data de homenagem dos oceanos (apesar de não ter homologação oficial pelas Nações Unidas), que cobrem três quartos do planeta. Por graça, e fazendo referência à geografia dos elementos, alguém perguntava há tempos porque é que este planeta se chamaria Terra e não Água...
Há 10 anos, a Expo '98 celebrava os Oceanos e tentava colocar Portugal no epicentro da sua celebração -- seria interessante saber onde estamos, face a estas intenções. Porventura chegou-se muito mais além e ninguém sabe.

1984, 1949 e 2008


Em 8 de Junho de 1949 era publicado pela primeira vez o "1984" de George Orwell. Retrato arrepiantemente lúcido de um dystopian future, em que um Big Brother is watching you, é certamente em 2008 mais conhecido pelas massas como um reality show de televisão. Esperemos que nunca tenham que conhecer esse futuro na pele.

Parabéns Universal Studios


Nesta data em 1912, enquanto em Portugal se preparava porventura o assalto a Chaves pelas tropas (?) monárquicas lideradas por Paiva Couceiro, que teria lugar exactamente um mês mais tarde, nascia nos Estados Unidos a Universal Studios, hoje a segunda mais antiga casa de cinema em funcionamento (a Paramount Pictures, que ocupa o primeiro lugar, tem mais um mês de idade).

Fundada por Carl Laemmle, a Universal resultou da fusão de oito empresas com a sua Independent Moving Picture Company, que havia criado em oposição à política de Edison de não dar crédito às estrelas. Laemmle considerava (e veio a provar-se que tinha razão) que as estrelas de cinema seriam um chamariz para os filmes; foi este o passo decisivo para a criação do "star system" e data deste feito a primeira utilização de estrelas em acções de marketing (a título de curiosidade, a primeira estrela a merecer o epíteto foi Florence Lawrence, a Biograph Girl).

Entre os seus sucessos iniciais, sob a liderança hábil de Irving Thalberg, contam-se Foolish Wives de Erich von Stroheim e The Hunchback of Notre-Dame e The Phantom of the Opera, ambos com Lon Chaney. Este será o mote para os anos seguintes, já sem Thalberg, com os Monter Movies: Dracula, Frankenstein, Bride of Frankenstein e The Mummy são deste período. Em meados dos anos 30, os Laemmle (pai e filho) são afastados e começa um longo declínio, marcado por várias pérolas (por exemplo, Saboteur, Shadow of a Doubt, Psycho ou The Birds, de Alfred Hitchcock, ou Written on the Wind e Magnificent Obsession, de Douglas Sirk, ou ainda os inesquecíveis veículos cómicos de Doris Day e Rock Hudson, Pillow Talk e Send Me No Flowers), mas sem consistência. Nos anos 70, mais estúdio de televisão do que de cinema, a Universal conhece sucessos com Jaws (o primeiro summer blockbuster da História), American Graffitti ou The Deer Hunter, seguido de ET, Dune, Scarface ou Out of Africa. Filmes mais recentes incluem The Bourne Ultimatum, Charlie Wilson's War, King-Kong e United 93. Este mês estreiam as suas adaptações dos sucessos de comics de Hulk com Edward Norton e de Wanted, com Angelina Jolie. A ver vamos.

Cara Universal, parabéns pelos primeiros 96 anos e votos de muitos sucessos para os próximos 96.

Obrigado Gene Tierney


Há uns anos, na já desaparecida Cinema Store de Great Russell Street, em Londres, mesmo ao pé do British Museum, alguém me perguntava quem era o mais belo rosto da história do Cinema... e eu falhei redondamente em adivinhar a quem pertencia. Minutos depois, com uma fotografia debaixo do braço que ainda guardo, comecei um dos mais gratos percursos da minha investigação cinemática, (re)descobrindo as interpretações da estrela de Laura, Leave Her to Heaven (que lhe valeu uma nomeação para os Óscares), The Razor's Edge, The Shanghai Gesture, Advise and Consent, Dragonwyck, On the Riviera... -- e cada uma destas recordações me traz um sorriso.

A mais indelével de todas as marcas é, para mim, a interpretação de Lucy Muir em The Ghost and Mrs Muir: Uma viúva muda para uma casa no alto de uma colina rodeada de mar, onde passa a conviver com o fantasma de um capitão, anterior locatário. Suavemente, começa um romance alicerçado na impossibilidade da presença física, um obstáculo que é progressiva e inexoravelmente tornado irrelevante. É um dos mais belos filmes de Joseph L. Mankiewicz, porventura o mais sub-apreciado grande realizador de Hollywood.

A sua vida pessoal, marcada por várias tragédias e uma luta constante contra a depressão, foi alvo de especulação em torno aos seus romances com Oleg Cassini (com quem casou), John F. Kennedy, Tyrone Power e o Princípe Aly Khan. A sua melhor biografia em filme é "Gene Tierney: A Shattered Portrait", de 1999.

Por todos estes sorrisos, melancolias e muito mais, obrigado Gene Tierney.

"Unquestionably the most beautiful woman in movie history."
Darryl F. Zanuck, founder of 20th Century Fox

Sexta-feira cinzento escura em Wall Street

Esta sexta-feira os índices da Bolsa de Nova Iorque tropeçaram; o Dow Jones caiu quase 400 pontos, o maior tombo desde Fevereiro de 2007. Sem dúvida maçador mas já numa fase anestésica, dado que os solavancos têm estado na ordem do dia há alguns meses. Curiosamente, a imprensa internacional destacava que a queda se devia ao crescimento do desemprego nos EUA, record de 22 anos, a par da maior subida em valores absolutos do petróleo ($11 para $139). Na imprensa portuguesa, o fenómeno era explicado pela ameaça de subida das taxas de juro e pela ameaça de Israel em atacar o Irão caso este não mude o rumo da sua política (energética? nuclear?). Seja como for, depois de ver a imprensa lusa dediquei-me a procurar a notícia de Israel nos meios de comunicação internacionais... e não encontrei nada. Uma diferença de interpretações?

CINEMA EUROPEU












Michael Haneke, Pedro Almodovar, Lars von Trier, Alexandre Aja, François Ozon . O cinema europeu está vivo e recomenda-se.