Johann Sebastian Bach Alles, was von Gott geboren BWV 80a - 3
É uma cantata de Johann Sebastian Bach, baseada no Coral de Martinho Lutero que tem esse mesmo nome.
sábado, 28 de fevereiro de 2009
Roma, cidade aberta
de Roberto Rossellini
«Realizado imediatamente a seguir ao fim da Segunda Guerra Mundial, Roma, Città Aperta, uma das obras-primas absolutas de Rossellini, é o filme que lança aquilo a que se convencionou chamar o “neo-realismo”. História de resistência durante a ocupação nazi, com um padre e um comunista aliados na causa comum e Anna Magnani num dos seus papéis mais emblemáticos - a sequência da sua morte é das mais prodigiosas na obra de Rossellini. No cinema italiano, recém-saído do “escapismo” do cinema do período fascista, Roma, Città Aperta teve o efeito de uma bomba. O seu poder emocional continua intacto.» (do programa da Cinemateca)
Cinemateca Portuguesa
5.ª feira, 5 Março, 21h30
«Realizado imediatamente a seguir ao fim da Segunda Guerra Mundial, Roma, Città Aperta, uma das obras-primas absolutas de Rossellini, é o filme que lança aquilo a que se convencionou chamar o “neo-realismo”. História de resistência durante a ocupação nazi, com um padre e um comunista aliados na causa comum e Anna Magnani num dos seus papéis mais emblemáticos - a sequência da sua morte é das mais prodigiosas na obra de Rossellini. No cinema italiano, recém-saído do “escapismo” do cinema do período fascista, Roma, Città Aperta teve o efeito de uma bomba. O seu poder emocional continua intacto.» (do programa da Cinemateca)
Cinemateca Portuguesa
5.ª feira, 5 Março, 21h30
Longe da multidão
O post de Luís Barata em torno do retrato de Spitzweg na passada quarta-feira de cinzas anunciou o período da Quaresma. Tendo em vista a Páscoa, o mundo católico vive, supostamente, estes quarenta dias em penitência e jejum.
Independentemente da nossa crença, dedicamos ao longo da nossa vida momentos, mais ou menos longos, a uma reflexão interior: de forma espontânea e automática em situações quotidianas, ou de forma mais deliberada em que recorremos a uma religião ou a uma concepção laica. Em ambos os casos, procuramos respostas ao sentido dos nossos actos, pensamentos e sentimentos. A mente humana nunca pára.
E em ambas as "categorias" socorremo-nos, por vezes, de espaços que nos transmitem conforto e tranquilidade. É neste contexto que, durante todos os domingos desta Quaresma, serão apresentados monumentos que, apesar da sua arquitectura mais ou menos imponente, proporcionam este silêncio. Situados em vários países do velho Continente, têm uma característica em comum: encontram-se em pequenas localidades, suficientemente “longe da multidão”, para garantir um isolamento propício a descanso e afastamento.
Esta abordagem não pretende ter qualquer conotação religiosa. Por isso, alterna a arquitectura sacra com a sua contrapartida profana em “pé de igualdade”.
O primeiro monumento, apresentado amanhã, situa-se no país natal de Thomas Hardy que, numa das suas obras, deu o nome a esta pequena série.
Independentemente da nossa crença, dedicamos ao longo da nossa vida momentos, mais ou menos longos, a uma reflexão interior: de forma espontânea e automática em situações quotidianas, ou de forma mais deliberada em que recorremos a uma religião ou a uma concepção laica. Em ambos os casos, procuramos respostas ao sentido dos nossos actos, pensamentos e sentimentos. A mente humana nunca pára.
E em ambas as "categorias" socorremo-nos, por vezes, de espaços que nos transmitem conforto e tranquilidade. É neste contexto que, durante todos os domingos desta Quaresma, serão apresentados monumentos que, apesar da sua arquitectura mais ou menos imponente, proporcionam este silêncio. Situados em vários países do velho Continente, têm uma característica em comum: encontram-se em pequenas localidades, suficientemente “longe da multidão”, para garantir um isolamento propício a descanso e afastamento.
Esta abordagem não pretende ter qualquer conotação religiosa. Por isso, alterna a arquitectura sacra com a sua contrapartida profana em “pé de igualdade”.
O primeiro monumento, apresentado amanhã, situa-se no país natal de Thomas Hardy que, numa das suas obras, deu o nome a esta pequena série.
E tudo o vento levou
Faz hoje 68 anos que a Academia deu ao filme de Victor Fleming, baseado no romance de Margareth Michell, "Gone with the wind", dez dos treze óscares em disputa. Com a interpretação magistral de Clark Gable, Vivian Leigh, Leslie Howard, Olívia de Haviland e Thomas Mitchell, entre outros, foi considerado por muitos como o melhor filme de sempre que Hollywood produziu.
Música para uma tarde sombria
Para a AR
Teresa Stich-Randall, G.F. Teleman, ária "Jesu, komm in meiner Seele" da cantata "Machet die Tore weit"
Teresa Stich-Randall, G.F. Teleman, ária "Jesu, komm in meiner Seele" da cantata "Machet die Tore weit"
A Whiter Shade Of Pale - Procol Harum!
Para matar esta tarde sombria de Sábado. Entrou em minha casa ao ver no TVC2 “New York Stories” (1989).
Realização: Martin Scorsese, “Lição de Vida”; Francis Coppola, “A Vida sem Zoe”; Woody Allen, “Naufrágos de Édipo”
Argumento de Richard Price, Francis & Sofia Coppola & Woody Allen
Actores: Nick Nolte – Lionel Dobie; Heather McComb – Zoe; Woody Allen – Sheldon Mills
Esta música começa com "Lição de Vida" história de um pintor.
Realização: Martin Scorsese, “Lição de Vida”; Francis Coppola, “A Vida sem Zoe”; Woody Allen, “Naufrágos de Édipo”
Argumento de Richard Price, Francis & Sofia Coppola & Woody Allen
Actores: Nick Nolte – Lionel Dobie; Heather McComb – Zoe; Woody Allen – Sheldon Mills
Esta música começa com "Lição de Vida" história de um pintor.
Um quadro uma história I: "Primavera" Sandro Botticelli!
Sandro Botticelli (1445- 1510) é um dos pintores Renascentista de que mais gosto. Por isso, aqui está a Primavera, o meu eleito dentro da pintura profana. A beleza de Flora condiz com as flores que nos agradam.
Botticelli, Primavera (c. 1482)
Na extremidade direita, Zéfiro que rapta uma Clóris espantada, que transforma na bela Flora, a seu lado, salpicando o chão com rosas. As outras figuras são Vénus, as três Graças e Mercúrio.
FLORA, A DEUSA DAS FLORES, um quadro uma história
Flora significa “flores” em latim. Flora era a antiga deusa das plantas em floração e das safras, e por isso, da Primavera. Venerada pelos Romanos, pelas Sabinas e por outros povos itálicos. Ovídio atribuiu-lhe uma predecessora grega, Clóris. Na verdade,
Pormenor, Flora a deusa da Primavera
Flora era, na sua origem, uma ninfa do campo chamada Clóris (isto é “Verde Fresco”), cujo lar se situava nos Campos Elísios, o idílico lugar de repouso dos heróis mortos. Um dia Clóris foi vista por Zéfiro, o vento do Oeste, que de imediato se apaixonou por ela e a perseguiu. Subjugou-a e desposou-a tornando-a Flora. Ganhara assim, Flora a imortalidade sob a forma de Primavera perpétua. A transformação de Flora foi equiparada a Zéfiro soprando calorosamente e despertando a natureza. De igual modo quando a deusa respirava, dizia-se que exalava rosas frescas.
Varrão, Coisas rústicas 1.
Marcus Lodwick, Guia do Apreciador de Pintura, Lisboa: Estsmpa, 2003, p. 52.
Fotos de uma viagem 2
O "Radiance of the seas", ancorado ao largo
Camarote 3606
Uma das esculturas feitas com toalhas que todos as noites embelezava o camarote
Pronto para entrar numa lancha, num divertido exercício
Descendo a lancha no deck 5
Lanchas fazendo o transbordo para o cais
O canto dos fumadores no deck 11, junto da piscinas
O salão de jantar
A nossa mesa de jantar
Camarote 3606
Uma das esculturas feitas com toalhas que todos as noites embelezava o camarote
Pronto para entrar numa lancha, num divertido exercício
Descendo a lancha no deck 5
Lanchas fazendo o transbordo para o cais
O canto dos fumadores no deck 11, junto da piscinas
A rua das lojas, fonte de perdição consumista
A nossa mesa de jantar
Fotos feitas no interior do "Radiance of the Seas", que nos levou durante catorze dias por, para nós, "mares nunca dantes navegados".
Cinenovidades - 26 : Gran Torino
Clint Eastwood afinal não se fartou de estar à frente da câmara, embora nos últimos anos tenha estado mais atrás dela. Neste Gran Torino, o seu mais recente filme, dizem os blogues e revistas de cinema que está bem nas duas posições. Um filme em que parece revisitar velhas personagens numa história sobre o melting pot norte-americano e a violência a que por vezes está associado. Chegará às nossas salas em breve.
Conhecem Alela Diane ?
Aqui fica um dos temas de que mais gosto do primeiro álbum ( Pirate' s Gospel) de Alela Diane, uma das novas vozes da folk norte-americana. Já está à venda o segundo álbum, To be still.
Para o Verão de 2009
Slumdog millionaire -Quem quer ser bilionário?
Gosto de bons filmes. Embora não seja nem um cinéfilo nem, muito menos, um crítico de cinema. Já vi, ao longo da vida, centenas senão milhares de filmes e, apenas por este critério de espectador atento, sei distinguir um bom de um mau filme.
Nos últimos anos só vou ao cinema quando sei que um filme é bom ou quando, pelas repercussões e controvérsias que suscita, me assalta a curiosidade e vou pôr à prova as críticas e os críticos. E fujo como o diabo da cruz dos filmes em que o principal motivo de atracção é a violência, os tiros de armas sofisticadas no seu poder mortífero, as explosões espectaculares que fazem saltar corpos, carros, casas e miolos ou aqueles outros em que as relações humanas são reduzidas ao sexo que inunda tudo, desde o cérebro à mais ínfima unha dos pés. Estou farto de estereótipos, de ideias feitas, de mortes gratuitas, de heróis modernos que lutam contra os males que assolam o mundo e as galáxias.
Tudo isto para dizer - contra ventos e marés que correm jornais e a blagosfera - que gostei de "Slumdog Millionaire"( estupidamente traduzido para "Quem quer ser bilionário?"). Não porque ganhou Óscares, mas porque desde a realização, à interpretação, à música, à história, é bom.
Não, não tem violência gratuita, mas apenas aquela que existe nas sociedades modernas, a maior das quais é a miséria mais abjecta que subsiste em países desenvolvidos e em potências económicas que emergem, como a Índia. Não tem efeitos especiais, nem heróis, nem bandidos que não sejam aqueles com quem vivemos ao pé da porta, também no nosso país. Não tem sexo explícito, nem cenas tórridas, nem problemas de mentes complicadas e complexas, nem pseudo filosofia de pacotilha, nem pseudo ecologismos e pseudo pacifismos tão do agrado das "elites" bem pensantes que costumam dar palpites e impor opiniões.
É uma história que não tem outras complicações que não as da vida comum que, infelizmente, continua a existir um pouco - um muito - por todo o mundo, onde a honestidade vence, onde o amor prevalece. Por isso já li críticas ferozes. A simplicidade incomoda, os valores fazem mossa em certas mentes deturpadas.
Não será o supra sumo do cinema, não terá a qualidade de "E tudo o vento levou", nem terá mensagens como " Citizen Kane". Mas é um bom filme. Se mereceu os Óscares que lhe foram atribuídos não sei dizer com a precisão de quem é um especialista. Mas o meu modestíssimo Óscar ganhou, porque saí da sala com a sensação de que o mundo ainda não está perdido e de que os valores do amor, da bondade, da honestidade são possíveis e ainda podem vencer.
Anis - 1
«Os licores de fabrico industrial chamados "anisetas" ou "anis" têm um gosto mais ou menos pronunciado consoante os grãos utilizados (anis ou badiana). São muito apreciados nos países mediterrânicos.» (Larousse gastronómico)
Da minha parte, detesto esta bebida e os licores em geral. Mas gostei destes cartazes espanhóis.
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Biografias, autobiografias e afins - 19
Catherine Sauvat escreveu esta biografia de uma das grandes musas do séc.XIX/XX, Alma Mahler. Filha do pintor Emil Jacob Schindler, Alma foi sucessivamente casada com Gustav Mahler, o escritor Franz Werfel e o arquitecto Walter Gropius. E além dos casamentos, ainda foi amante entre outros do pintor Oskar Kokoschka. Uma grande sedutora, que gostava dos homens de génio como se vê do seu roteiro sentimental, mas também uma grande inspiradora segundo revelaram alguns dos homens que partilharam a sua vida.
- Alma Mahler. Et il me faudra toujours mentir, Catherine Sauvat, Éditions Payot, 2009.
- Alma Mahler. Et il me faudra toujours mentir, Catherine Sauvat, Éditions Payot, 2009.
Crónicas Sul-Americanas : 5 - O Radiance of the Seas
- Radiance of the Seas, propriedade da Royal Caribbean.
Como já disse, foi em Valparaíso que embarcámos naquela que foi a nossa casa durante 14 dias, o paquete Radiance of the Seas, propriedade de uma das maiores empresas de cruzeiros do mundo, a Royal Caribbean.
Importa dizer, antes de mais, que este foi o primeiro cruzeiro a sério, tanto pela duração como pela embarcação em causa. Por isso, foi uma experiência completamente nova para mim, enquanto que alguns dos meus companheiros de viagem já eram "veteranos dos cruzeiros" o que até me foi bastante proveitoso pelas muitas dicas e informações.
Passando ao navio, direi que é realmente um hotel-flutuante como se calcula, mas ainda mais do que isso. Demorei alguns dias a conhecê-lo por inteiro, se bem que uma parte dele esteja inacessível aos passageiros ( e a curiosidade era muita: especialmente como são as cozinhas! ) .
Em primeiro lugar, tenho que salientar que ao contrário do que temia difícil é alguém aborrecer-se a bordo tal a diversidade de equipamentos disponíveis: cinema, sala de espectáculos, casino, spa, piscinas, ginásio, biblioteca, lojas, espaços para a prática de desportos colectivos etc.
E, além do uso individualizado de alguns dos equipamentos que mencionei, são organizadas uma miríade de actividades diárias para todos os gostos, idades e nacionalidades: aulas de línguas, palestras de arte, aulas de dança, os mais variados concursos, festas, encontros para solteiros, leilões de arte,serviço de fotografia, etc.
Tudo constante de uma newsletter publicada em várias línguas ( entre elas o português) entregue em cada camarote de véspera possibilitando que cada passageiro organize o dia seguinte. Ou não organize nada, e frua apenas ao seu gosto e horário personalizado como acontecia com muitos jovens e adolescentes que passavam o dia à beira das piscinas.
Sim, foi outra surpresa para mim a presença de bastantes jovens, já que um dos motivos porque resisti sempre a fazer cruzeiros foi a ideia de só estarem "velhinhos"- embora também os houvesse e muitos. Disseram-me que actualmente cada vez se vê mais jovens a fazerem cruzeiros, até porque os respectivos pais acham que é uma forma de "turismo seguro".
Evidentemente, a bordo vivia-se uma babel de línguas com 2173 passageiros de 47 nacionalidades, acrescendo a estes 800 tripulantes também provenientes de variados países, sendo o comandante norueguês. Destacavam-se um grupo de 500 americanos, com muitos a comprovarem a sua imagem de marca de arrogância e estupidez, e muitas centenas de sul-americanos ( brasileiros, argentinos, chilenos etc) , mas também os habituais japoneses, franceses, italianos e espanhóis.
Por todo o barco, existiam duas línguas francas: o inglês e o espanhol.
Todos os dias, e voltarei a este tópico, havia entretenimento de nível no Aurora Theatre, a sala de espectáculos do navio, com plateia e balcão para várias centenas de espectadores, com produções que não envergonham ninguém nos mais variados campos: dança, music-hall, ilusionismo, etc. Aliás, o navio conta com uma orquestra privativa bem como dançarinos e cantores recrutados em castings feitos em Hollywood.
Como sempre, os meus olhos fugiam para os livros e vi muita leitura a bordo: desde os best-sellers da actualidade, passando pelos policiais e é claro também Bruce Chatwin ou não fosse um cruzeiro à Patagónia...
Confesso que fiquei impressionado com a eficiência desta verdadeira "cidade flutuante", e nas noites em que me deitei mais tarde percebi que há sempre alguém a fazer algo, sejam os homens que renovam o cloro nas piscinas à uma da manhã, ou os que se ocupam de madrugada a limpar as inúmeras janelas, portas e casas de banho do navio para que tudo esteja reluzente e aromatizado para os passageiros mais madrugadores, quase sempre os mais avançados de idade como é habitual.
Como já disse, foi em Valparaíso que embarcámos naquela que foi a nossa casa durante 14 dias, o paquete Radiance of the Seas, propriedade de uma das maiores empresas de cruzeiros do mundo, a Royal Caribbean.
Importa dizer, antes de mais, que este foi o primeiro cruzeiro a sério, tanto pela duração como pela embarcação em causa. Por isso, foi uma experiência completamente nova para mim, enquanto que alguns dos meus companheiros de viagem já eram "veteranos dos cruzeiros" o que até me foi bastante proveitoso pelas muitas dicas e informações.
Passando ao navio, direi que é realmente um hotel-flutuante como se calcula, mas ainda mais do que isso. Demorei alguns dias a conhecê-lo por inteiro, se bem que uma parte dele esteja inacessível aos passageiros ( e a curiosidade era muita: especialmente como são as cozinhas! ) .
Em primeiro lugar, tenho que salientar que ao contrário do que temia difícil é alguém aborrecer-se a bordo tal a diversidade de equipamentos disponíveis: cinema, sala de espectáculos, casino, spa, piscinas, ginásio, biblioteca, lojas, espaços para a prática de desportos colectivos etc.
E, além do uso individualizado de alguns dos equipamentos que mencionei, são organizadas uma miríade de actividades diárias para todos os gostos, idades e nacionalidades: aulas de línguas, palestras de arte, aulas de dança, os mais variados concursos, festas, encontros para solteiros, leilões de arte,serviço de fotografia, etc.
Tudo constante de uma newsletter publicada em várias línguas ( entre elas o português) entregue em cada camarote de véspera possibilitando que cada passageiro organize o dia seguinte. Ou não organize nada, e frua apenas ao seu gosto e horário personalizado como acontecia com muitos jovens e adolescentes que passavam o dia à beira das piscinas.
Sim, foi outra surpresa para mim a presença de bastantes jovens, já que um dos motivos porque resisti sempre a fazer cruzeiros foi a ideia de só estarem "velhinhos"- embora também os houvesse e muitos. Disseram-me que actualmente cada vez se vê mais jovens a fazerem cruzeiros, até porque os respectivos pais acham que é uma forma de "turismo seguro".
Evidentemente, a bordo vivia-se uma babel de línguas com 2173 passageiros de 47 nacionalidades, acrescendo a estes 800 tripulantes também provenientes de variados países, sendo o comandante norueguês. Destacavam-se um grupo de 500 americanos, com muitos a comprovarem a sua imagem de marca de arrogância e estupidez, e muitas centenas de sul-americanos ( brasileiros, argentinos, chilenos etc) , mas também os habituais japoneses, franceses, italianos e espanhóis.
Por todo o barco, existiam duas línguas francas: o inglês e o espanhol.
Todos os dias, e voltarei a este tópico, havia entretenimento de nível no Aurora Theatre, a sala de espectáculos do navio, com plateia e balcão para várias centenas de espectadores, com produções que não envergonham ninguém nos mais variados campos: dança, music-hall, ilusionismo, etc. Aliás, o navio conta com uma orquestra privativa bem como dançarinos e cantores recrutados em castings feitos em Hollywood.
Como sempre, os meus olhos fugiam para os livros e vi muita leitura a bordo: desde os best-sellers da actualidade, passando pelos policiais e é claro também Bruce Chatwin ou não fosse um cruzeiro à Patagónia...
Confesso que fiquei impressionado com a eficiência desta verdadeira "cidade flutuante", e nas noites em que me deitei mais tarde percebi que há sempre alguém a fazer algo, sejam os homens que renovam o cloro nas piscinas à uma da manhã, ou os que se ocupam de madrugada a limpar as inúmeras janelas, portas e casas de banho do navio para que tudo esteja reluzente e aromatizado para os passageiros mais madrugadores, quase sempre os mais avançados de idade como é habitual.
Parabéns Liz !
Uma das mulheres mais belas que passaram por Hollywood, e a par disso uma actriz talentosa, Elizabeth Taylor faz hoje 77 anos.Esta quase rainha-mãe de Hollywood, apesar dos problemas de saúde, continua a apoiar diversas causas humanitárias.
Há dias, revi num dos canais do cabo por mero acaso "Bruscamente no Verão passado", esse verdadeiro torneio de titãs , e hoje deparei-me com a notícia do aniversário de Taylor, única sobrevivente desse deslumbrante filme, um dos da minha vida sem querer roubar a rubrica ao nosso JAD.
D.Sebastião sob o olhar de João Cutileiro!
D. Sebastião criado por João Cutileiro
A escultura de D. Sebastião causou alguma polémica devido á aparência que o escultor lhe atribuiu. Será que retratou fielmente o jovem Rei?
As opiniões divergem. Pessoalmente gosto! Do Rei não venho falar mas sim do escultor.
Cutileiro nasceu em Lisboa a 26 de Junho de 1937. Conviveu com um grupo de personalidades da época, um deles, António Pedro, leva-o para desenhar no seu atelier, em 1946. Durante os dois anos que aí trabalhou, foi fortemente influenciado pelo Surrealismo. Entre 1949 e 1951, passa a frequentar o estúdio de Jorge Barradas onde executou trabalhos de modelismo e de pintura, para além de vidrados de cerâmica. Descontente, mudou-se para o atelier de António Duarte, onde foi assistente de canteiro. Foi aqui que contactou com a pedra.
Com apenas catorze anos, no ano de 1951, Cutileiro apresenta a sua primeira exposição individual em Reguengos de Monsaraz, numa loja de máquinas de costura, mostrando esculturas, pinturas, aguarelas e cerâmicas.
A Caminho de Cabul, para visitar o pai que lá ficaria um ano, passou por Florença, onde travou conhecimento com a obra de Miguel Ângelo e confirmou a certeza do gosto pela escultura. No regresso, inscreveu-se na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa sendo aluno de Leopoldo de Almeida. Não passou mais do que dois anos na referida Escola Superior, entre 1953 e 1954, por perceber que em Portugal o único material considerado prestável era o bronze. Saiu do país e foi para Londres, para a Slade School of Art. Nesse curso desenvolveu a sua capacidade com o seu mestre escultor Reg Butler e no final recebeu três prémios: Composição, figura e cabeça.
Miguel Esteves Cardoso compôs um belo texto sobre as Lorelei, pequenas esculturas femininas em cima de falésias com diversos estados de espírito. Segundo este autor, Cutileiro retratou na pedra o momento fundamental, perpetuando o sentimento e o amor por aquelas meninas de pedra.
PENSAMENTO DO DIA
A mais nova Pousada de Portugal
- O claustro, que pode receber eventos com até 500 participantes.
- O antigo Hospital de S.Teotónio, Viseu.
Abriu a semana passada a mais recente Pousada de Portugal, que é simultaneamente a maior até agora. Trata-se do antigo Hospital de S.Teotónio, em Viseu, fechado desde 1997, agora transformado em pousada com 84 quartos, spa, piscinas e dois restaurantes, pela mão do Grupo Pestana e com projecto do arquitecto Gonçalo Byrne.
Parece-me uma ideia a aplaudir, revocacionar edifícios com dignidade ( trata-se de uma construção do séc.XVIII com elementos escultóricos e arquitectónicos relevantes) , dando-lhes um uso que é uma mais-valia local e regional.
Além da aposta em edifícios históricos, a ideia é também oferecer ao mercado pousadas com maior dimensão.
Já em Abril, será inaugurada a Pousada do Palácio de Estói, no distrito de Faro ( quando o visitei há uma dúzia de anos fiquei abismado com o estado em que se encontrava) , e em Outubro a Pousada do Palácio do Freixo, no Porto.
Procura-se Provedor...
Evito falar da nossa vida política dado o estado pantanoso da mesma, mas o que se tem passado relativamente à escolha do novo Provedor de Justiça, até porque é um tema que bule directamente com os direitos dos cidadãos, começa a atingir foros de escândalo. Há 7 ( sete ) meses que o actual Provedor Nascimento Rodrigues terminou o seu mandato e continua a ocupar o cargo por imperativo legal até que seja nomeado um sucessor. Sucessor que o PS e o PSD teimam em não encontrar, embora esteja inteiramente nas mãos destes dois partidos.
Aliás, parece que nem sequer se entendem quanto a qual dos partidos cabe agora nomear o Provedor.
Situações como esta, que nem sequer é inédita, não recomendam que se equacione novo figurino para o regime de nomeação do Provedor em futura revisão constitucional?
Aliás, parece que nem sequer se entendem quanto a qual dos partidos cabe agora nomear o Provedor.
Situações como esta, que nem sequer é inédita, não recomendam que se equacione novo figurino para o regime de nomeação do Provedor em futura revisão constitucional?
Mais um santo português
É já no próximo dia 26 de Abril que será canonizado, juntamente com quatro beatos italianos fundadores de congregações, D. Nuno Álvares Pereira que há muito é para a Igreja Católica o Beato Nuno de Santa Maria.
Beatificado em 1918 pelo Papa Bento XV, o Santo Condestável (entre nós já o é antes de o ser em Roma) que até deu o nome a uma igreja de Lisboa, teve de esperar por 2004 para que fosse reaberto o seu processo de canonização com a alegada cura milagrosa da cozinheira de Vila Franca de Xira, Guilhermina de Jesus.
O último português a ser canonizado foi S. João de Brito (1647-1693), em 1947 pelo Papa Pio XII.
Como se vê, estamos muito longe do recorde estabelecido por S. Josémaria Escrivá...
Beatificado em 1918 pelo Papa Bento XV, o Santo Condestável (entre nós já o é antes de o ser em Roma) que até deu o nome a uma igreja de Lisboa, teve de esperar por 2004 para que fosse reaberto o seu processo de canonização com a alegada cura milagrosa da cozinheira de Vila Franca de Xira, Guilhermina de Jesus.
O último português a ser canonizado foi S. João de Brito (1647-1693), em 1947 pelo Papa Pio XII.
Como se vê, estamos muito longe do recorde estabelecido por S. Josémaria Escrivá...
Obra plástica de João Rodrigues
Abre hoje às 17h00, ficando patente até dia 8 de Maio.
Fundação Cupertino de Miranda
Praça D. Maria II
Vila Nova de Famalicão
www.fcm.org.pt
Museu do Prado - 1
Anselmo de Andrade, economista, condiscípulo de Antero e de Eça em Coimbra, foi director dos jornais O Correio da Noite e O Dia. Foi preceptor de D. Manuel II e era o ministro da Fazenda à data da proclamação da República.
Na dedicatória à mulher do seu livro Viagem na Espanha, escreveu : «Numas poucas de viagens pela Espanha cursámos juntos todas as suas terras. Nas cidades e nos ermos, nos passeios amenos e nas jornadas penosas, nas planícies risonhas e nas agruras das serranias, nos dias aprazíveis e nas horas enfadonhas, foste tu sempre a minha inseparável companheira.»
Por mim, gosto das cidades espanholas, já não direi o mesmo do campo.
Na dedicatória à mulher do seu livro Viagem na Espanha, escreveu : «Numas poucas de viagens pela Espanha cursámos juntos todas as suas terras. Nas cidades e nos ermos, nos passeios amenos e nas jornadas penosas, nas planícies risonhas e nas agruras das serranias, nos dias aprazíveis e nas horas enfadonhas, foste tu sempre a minha inseparável companheira.»
Por mim, gosto das cidades espanholas, já não direi o mesmo do campo.
Transcrevo desse livro umas impressões sobre o Museu do Prado, inaugurado em 19 de Novembro de 1819.
Veronese - Susana e os Velhos
Madrid, Museu do Prado
«Diz o viajante [Edmundo d']Amicis, no seu excelente livro sobre a Espanha, que o dia em que pela primeira vez se entra no museu de pintura em Madrid, fica sendo uma data histórica na vida de um homem. Para um italiano, que tem na sua pátria dois mundos como o Uffizi e o palácio Pitti, poder dizer isto, é necessário que o museu espanhol assombre realmente toda a gente. A primeira impressão é com efeito a do assombro. Entra-se e fica-se atónito. Anda-se depois ao acaso por aquelas vastas galerias todas cheias de telas. […]
«Um grande número de Ticianos, de Tintoretos, de Verenesos, de Raphaeis, de Sartos, de Corregios, de Guido Renis, de Dominiquinos e de muitos outros representam a Itália. Conhecem-se logo as pátrias e as épocas. Nas telas florentinas desenham-se os tipos musculosos, erectos, nobres, elegantes, de aptidões ginásticas, activos e finos. Nas venezianas pintam-se as formas arredondadas, as carnes brancas, os cabelos louros e as fisionomias sensuais e voluptuosas, tudo em meios exuberantemente coloridos. Principalmente Veroneso é deslumbrante em efeitos luminosos. É o rei da cor. Nem o fausto, nem a decoração, nem a luz, nem o aparato, nem o espectaculoso tiveram ainda melhor pintor. Um quadro de Veroneso é uma festa. […]
Veronese - Moisés salvo das águas, 1580
Madrid, Museu do Prado
«Ticiano, põe exemplo, que é o pintor do ideal antigo, pouco se preocupa […] com a expressão. Desenha com firmeza e cores vivas todas as suas figuras, enche-as de saúde e de serena alegria, mas deixa sempre nelas um notável vazio de sentimento e de paixões.»
Ticiano - Imperatriz Isabel de Portugal, 1548
Madrid, Museu do Prado
Anselmo de Andrade
In: Viagem na Espanha. Lisboa: Typ. Mattos Moreira, 1885, p. 35-36
Veronese - Susana e os Velhos
Madrid, Museu do Prado
«Diz o viajante [Edmundo d']Amicis, no seu excelente livro sobre a Espanha, que o dia em que pela primeira vez se entra no museu de pintura em Madrid, fica sendo uma data histórica na vida de um homem. Para um italiano, que tem na sua pátria dois mundos como o Uffizi e o palácio Pitti, poder dizer isto, é necessário que o museu espanhol assombre realmente toda a gente. A primeira impressão é com efeito a do assombro. Entra-se e fica-se atónito. Anda-se depois ao acaso por aquelas vastas galerias todas cheias de telas. […]
«Um grande número de Ticianos, de Tintoretos, de Verenesos, de Raphaeis, de Sartos, de Corregios, de Guido Renis, de Dominiquinos e de muitos outros representam a Itália. Conhecem-se logo as pátrias e as épocas. Nas telas florentinas desenham-se os tipos musculosos, erectos, nobres, elegantes, de aptidões ginásticas, activos e finos. Nas venezianas pintam-se as formas arredondadas, as carnes brancas, os cabelos louros e as fisionomias sensuais e voluptuosas, tudo em meios exuberantemente coloridos. Principalmente Veroneso é deslumbrante em efeitos luminosos. É o rei da cor. Nem o fausto, nem a decoração, nem a luz, nem o aparato, nem o espectaculoso tiveram ainda melhor pintor. Um quadro de Veroneso é uma festa. […]
Veronese - Moisés salvo das águas, 1580
Madrid, Museu do Prado
«Ticiano, põe exemplo, que é o pintor do ideal antigo, pouco se preocupa […] com a expressão. Desenha com firmeza e cores vivas todas as suas figuras, enche-as de saúde e de serena alegria, mas deixa sempre nelas um notável vazio de sentimento e de paixões.»
Ticiano - Imperatriz Isabel de Portugal, 1548
Madrid, Museu do Prado
Anselmo de Andrade
In: Viagem na Espanha. Lisboa: Typ. Mattos Moreira, 1885, p. 35-36
LORELEI, esculturas de João Cutileiro texto de Miguel Esteves Cardoso
LORELEI
No amor o que se quer é parar o amor. No momento em que mais se ama ou quando não se pode ser amado. “Quero parar aqui”. O tempo mata. O corpo quando se move já está a morrer. A fugir. A passar para outro corpo. “Quero parar-te agora, assim”. O tempo é um movimento dentro das coisas.
(…)
Na escultura e na fotografia mata-se o movimento, impedindo-o de matar o que se vê. Pára-se o amor no momento mais amado. E o amor assim não morre. Contra a pedra e contra a película consegue-se fazer de conta que o coração é como um momento. Na pedra e na película se acha, num momento parado, num tempo trocado, na alma enganada, a pele que se procura.
A vida de perfeito só tem a arte.
Miguel Esteves Cardoso
Cardoso, Miguel Esteves, Lopes, Gérard C. – “As Lorelei de João Cutileiro”, Porto: Editora, Porto, 1989.
Benhard Schlink, "O Leitor" 2
“Uma pérola negra” foi assim intitulado no Expresso - o “Leitor”. No sentido literal, gostava de ter uma pérola negra pendurada ao pescoço como a anunciar a beleza da escrita e os caminhos inexplicáveis do ser humano. Finalizo este tema com o seguinte excerto:
“ (…) voltei a ler A Odisseia, que lera pela primeira vez no liceu e que me ficara na memória como a história de um regresso. Como poderiam os gregos, que sabiam que ninguém se banha duas vezes na mesma água de um rio, acreditar também no seu regresso? Ulisses nunca regressa para ficar, mas para partir de novo. A Odisseia é a história de um movimento, ao mesmo tempo com um fim e sem nenhum, com sucesso e fracassado. E que mais outra coisa se pode dizer da História do Direito?”
Bernhard Schlink, O Leitor, Porto: Asa, 2009 (1ª edição em 1998), p.120
“ (…) voltei a ler A Odisseia, que lera pela primeira vez no liceu e que me ficara na memória como a história de um regresso. Como poderiam os gregos, que sabiam que ninguém se banha duas vezes na mesma água de um rio, acreditar também no seu regresso? Ulisses nunca regressa para ficar, mas para partir de novo. A Odisseia é a história de um movimento, ao mesmo tempo com um fim e sem nenhum, com sucesso e fracassado. E que mais outra coisa se pode dizer da História do Direito?”
Bernhard Schlink, O Leitor, Porto: Asa, 2009 (1ª edição em 1998), p.120
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
"Moonlight Sonata mvt. 1" de Beethoven!
Porque hoje vi a lua "crescente" revelando o seu todo através da luz e da sombra que emana... e a noite tornou-se tranquila.
Wilhelm Kempff toca a "Moonlight Sonata mvt. 1" de Beethoven
Wilhelm Kempff toca a "Moonlight Sonata mvt. 1" de Beethoven
Siza recebe a medalha do RIBA
Siza Vieira recebeu hoje, em Londres, a Medalha de Ouro do Instituto Real dos Arquitectos Britânicos (RIBA), entregue pela rainha Isabel II. Este prémio é o maior galardão da arquitectura britânica e um dos mais representativos a nível mundial.
De realçar que Siza Vieira, que tem obra praticamente em todo o mundo, não tem uma obra de referência em Inglaterra.
Este prémio é atribuído desde 1848 e já distinguiu arquitectos como Le Corbusier (1953), Renzo Piano (1989), Óscar Niemeyer (1998), Frank Gehry (2000), Jean Nouvel (2001) e o britânico Edward Cullinan (2008).
"O Leitor" de Bernhard Schlink!
"A questão era: bastará que o artigo (segundo o qual os guardas e os esbirros dos campos de concentração são condenados) já estivesse inscrito no Código Penal no momento dos seus actos? Ou interessa também o modo como este era interpretado e usado naquele tempo, e, nesse caso, esse artigo não lhes era aplicado? O que é a justiça? É o que está escrito nos códigos, ou aquilo que é verdadeiramente aplicado e seguido na sociedade? Ou a justiça é aquilo que, independentemente de estar ou não estar escrito nos livros, deveria ser aplicado e seguido se todos fizéssemos o que está certo?"
A justiça é, na minha opinião, o que torna a nossa sociedade civilizada, é, ou deveria ser a súmula da moral e ética de um país, é o resultado das acções humanas intelectualizadas e objectivadas para regular o comportamento humano e preservar a democracia. Muito mais poder-se-ia dizer da justiça mas vou ficar por aqui. No entanto este livro: "O Leitor" leva-me a enunciar as seguintes questões:
O que é a justiça?
Como se pode julgar o passado?
Quem é que deve ser julgado?
Para lá da justiça, este livro leva-nos ao relacionamento humano que é um labirinto inexplicável. Procurava respostas mas não as encontro... Michael Berg não foi feliz, viveu num mundo criado pelas memórias e pelos livros.
Uma nova escola poética – o Futurismo
O Futurismo no Jornal de Notícias há 100 anos
«Havia já o Decadentismo, o Simbolismo, o Satanismo, o Naturalismo, para não falarmos de escolas literárias bem distantes ou quase extintas como o Romantismo e mesmo o agonizante Parnasianismo. Hoje aparece-nos uma nova plêiade: a do “Futurismo”.
«O poeta que lança esta nova escola é o director duma revista poética italiana, de Milão: a Poesia. Chama-se Marinetti e tem publicado vários livros de versos em francês e em italiano.
«O título “Futurismo” é bem extraordinário – mas é um título. Não nos agrada sobremaneira, mas é de crer que venha a ter adeptos, como os tem o Naturalismo.
«O chefe da nova escola apresentou já o seu programa.
«Os “futuristas” querem: cantar o amor do perigo, a energia, a temeridade. Os elementos principais da nova escola poética serão a coragem, a audácia e a revolta.
«A literatura até aqui (diz o poeta Marinetti no seu manifesto) tem apenas cantado o êxtase, a imobilidade pensativa, o sono: os “futuristas” querem cantar o salto, a bofetada, o murro, o passo ginástico, o movimento agressivo. Para os novos poetas dessa revolucionária musa do “Futurismo”, um automóvel de corridas vale mais do que as obras-primas do Museu do Louvre ou de Florença ou do Prado.
«Já vêem o que virão a ser os “poemas do futuro”, assinados pelos poetas da novíssima geração!
«Um dos dogmas do novo credo poético do Futurismo é este:
«-Queremos glorificar a guerra, única higiene do mundo – e queremos igualmente glorificar o militarismo, a ideia de pátria, os belos pensamentos, o desprezo pela mulher e, sem esquecer, o gesto destruidor de Ravachol.
«”Queremos destruir pelo fogo todos os museus, todas as bibliotecas, etc.”
«E o manifesto continua no mesmo teor, com os mesmos disparates, fazendo a apologia do crime, da loucura, do bluff, do automobilismo, do jogo de apaches, etc. Ora se isto é a poesia do futuro que nos promete o sr. Marinetti, hão-de convir que antes, mil vezes antes, o mais descabelado romantismo do tempo de Dumas pai, à mistura com Rocambole e outros folhetinistas tétricos.
«Parece-nos que a nova escola poética, o Futurismo, não passa duma blague carnavalesca. Basta ter sido lançada em artigo do Fígaro nas antevésperas de Domingo Gordo*.
Xavier de Carvalho
In: Jornal de Notícias, Porto, 26 Fev. 1909, p. 1
* Em 1909 o Entrudo foi a 23 de Fevereiro. O manifesto saiu no Fígaro a 19 (data de 20) (nota de Pedro da Silveira em O que soubemos logo em 1909 do Futurismo.)
«Havia já o Decadentismo, o Simbolismo, o Satanismo, o Naturalismo, para não falarmos de escolas literárias bem distantes ou quase extintas como o Romantismo e mesmo o agonizante Parnasianismo. Hoje aparece-nos uma nova plêiade: a do “Futurismo”.
«O poeta que lança esta nova escola é o director duma revista poética italiana, de Milão: a Poesia. Chama-se Marinetti e tem publicado vários livros de versos em francês e em italiano.
«O título “Futurismo” é bem extraordinário – mas é um título. Não nos agrada sobremaneira, mas é de crer que venha a ter adeptos, como os tem o Naturalismo.
«O chefe da nova escola apresentou já o seu programa.
«Os “futuristas” querem: cantar o amor do perigo, a energia, a temeridade. Os elementos principais da nova escola poética serão a coragem, a audácia e a revolta.
«A literatura até aqui (diz o poeta Marinetti no seu manifesto) tem apenas cantado o êxtase, a imobilidade pensativa, o sono: os “futuristas” querem cantar o salto, a bofetada, o murro, o passo ginástico, o movimento agressivo. Para os novos poetas dessa revolucionária musa do “Futurismo”, um automóvel de corridas vale mais do que as obras-primas do Museu do Louvre ou de Florença ou do Prado.
«Já vêem o que virão a ser os “poemas do futuro”, assinados pelos poetas da novíssima geração!
«Um dos dogmas do novo credo poético do Futurismo é este:
«-Queremos glorificar a guerra, única higiene do mundo – e queremos igualmente glorificar o militarismo, a ideia de pátria, os belos pensamentos, o desprezo pela mulher e, sem esquecer, o gesto destruidor de Ravachol.
«”Queremos destruir pelo fogo todos os museus, todas as bibliotecas, etc.”
«E o manifesto continua no mesmo teor, com os mesmos disparates, fazendo a apologia do crime, da loucura, do bluff, do automobilismo, do jogo de apaches, etc. Ora se isto é a poesia do futuro que nos promete o sr. Marinetti, hão-de convir que antes, mil vezes antes, o mais descabelado romantismo do tempo de Dumas pai, à mistura com Rocambole e outros folhetinistas tétricos.
«Parece-nos que a nova escola poética, o Futurismo, não passa duma blague carnavalesca. Basta ter sido lançada em artigo do Fígaro nas antevésperas de Domingo Gordo*.
Xavier de Carvalho
In: Jornal de Notícias, Porto, 26 Fev. 1909, p. 1
* Em 1909 o Entrudo foi a 23 de Fevereiro. O manifesto saiu no Fígaro a 19 (data de 20) (nota de Pedro da Silveira em O que soubemos logo em 1909 do Futurismo.)
Dois poetas no olhar de Lagoa Henriques
Estátua de Guerra Junqueiro, inaugurada em 1968.
Encontra-se na Praça de Londres, de frente para a Av. Guerra Junqueiro.
www.lifecooler.com
Monumento a Antero de Quental, pedra e aço,
no Jardim do Príncipe Real em Lisboa, 1991.
http://www.lagoahenriques.com
Veneza de Sophia de Mello Breyner Andresen!
Veneza continua a ser um palco e um cenário mesmo sem o Carnaval
Fotografia de Pedro Chico.
VENEZA
Prólogo de uma peça de teatro
Esta história aconteceu
Num país chamado Itália
Na cidade de Veneza
Que é sobre a água construída
E de noite e dia se mira
Sobre a água reflectida.
Suas ruas são canais
Onde sempre gondoleiros
Vão guiando barcas negras
Em Veneza tudo é belo
Tudo rebrilha e cintila
Há quatro cavalos gregos
Sobre o frontão de S. Marcos
E a ponte do Rialto
Desenha aéreo o seu arco
Em Veneza tudo existe
Pois é senhora do mar
Dos quatro cantos do mundo
Os navios carregados
Desembarcam no seu cais
Sedas tapetes brocados
Pérolas rubis corais
Colares anéis e pulseiras
E perfumes orientais
Cidade é de mercadores
E também de apaixonados
Sempre perdidos de amores
E cada dia ali chegam
Persas judeus e romanos
Franceses e florentinos
Artistas e bailarinos
E ladrões e cavaleiros
Aqui só há uma sombra
As prisões da Signoria
E os esbirros do doge
Que espiam a noite e o dia
De resto em Veneza há só
Dança canções fantasia
Cada ano aqui se tecem
Histórias variadas
Que às vezes até parecem
Aventuras inventadas
Por isso sempre digo
Que Veneza é como aquela
Cidade de Alexandria
Onde há sol à meia-noite
E há lua ao meio-dia *
* Os últimos três versos são de tradição popular.
Sophia de Mello Breyner Andresen, O Búzio de Cós e outros poemas, Lisboa: Caminho, 1997, p.35-36
Honoré de Balzac, Sobre o café, o tabaco e o álcool 3
Honoré de Balzac ainda jovem
III O café
“Rossini experimentou em si próprio os efeitos que eu já tinha observado em mim.
- O café – disse-me ele – é coisa de quinze ou vinte dias; mui felizmente, o tempo de concluir uma ópera.
O facto é verdadeiro. Mas o tempo durante o qual se desfrutam os benefícios do café pode dilatar-se. Esta ciência é muitíssimo necessária a tantas pessoas, que não podemos privar-nos de descrever a forma de colher-lhe os frutos preciosos.
Todos vós, ilustres velas humanas, que vos consumis pela cabeça, acercai-vos e escutai o Evangelho da vigília e do trabalho intelectual".
Honoré de Balzac, Sobre o café, o tabaco e o álcool, Notas do século XIX sobre os pequenos prazeres de ontem e de hoje, Lisboa: Padrões Culturais, 2008, p.28.
“Rossini experimentou em si próprio os efeitos que eu já tinha observado em mim.
- O café – disse-me ele – é coisa de quinze ou vinte dias; mui felizmente, o tempo de concluir uma ópera.
O facto é verdadeiro. Mas o tempo durante o qual se desfrutam os benefícios do café pode dilatar-se. Esta ciência é muitíssimo necessária a tantas pessoas, que não podemos privar-nos de descrever a forma de colher-lhe os frutos preciosos.
Todos vós, ilustres velas humanas, que vos consumis pela cabeça, acercai-vos e escutai o Evangelho da vigília e do trabalho intelectual".
Honoré de Balzac, Sobre o café, o tabaco e o álcool, Notas do século XIX sobre os pequenos prazeres de ontem e de hoje, Lisboa: Padrões Culturais, 2008, p.28.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Ainda demoraram seis anos...
... a apreender o livro Pornocracia, de Catherine Breillat, editado em 2003 pela Teorema, que reproduz na capa o quadro «A origem do mundo», de Gustave Courbet, datado de 1866. Não conheço o livro, mas fiquei com vontade de espreitar. Foi o que aqueles cérebros conseguiram: o livro ainda vai esgotar.
Aproveito para colocar duas pinturas de Courbet. Não A origem do mundo que ainda podem apreender o blogue.
Auto-retrato
Óleo sobre tela, 1844-1845
Jo, la belle irlandaise
(foi possivelmente o modelo de A origem do mundo)
Óleo sobre tela, 1866
Aproveito para colocar duas pinturas de Courbet. Não A origem do mundo que ainda podem apreender o blogue.
Auto-retrato
Óleo sobre tela, 1844-1845
Jo, la belle irlandaise
(foi possivelmente o modelo de A origem do mundo)
Óleo sobre tela, 1866
Moeda de D. Afonso I.
Há uns dias, coloquei uma moeda de 50 cêntimos porque comprei um livro com ela. Hoje, coloco aqui a moeda que se julga ter sido a primeira de D. Afonso I. E coloco-a por dois motivos:
1º Por causa da fotografia da "menina-república", sem provocações (a menina até era uma república sóbria, talvez por ser a preto e branco);
2º Para João Mattos e Silva, pois, aqui tem a que se julga ser a primeira moeda de Rei português.
Esta moeda foi retirada de um site de numismática mas estou a vê-la no livro de J. Ferraro Vaz - Livro das Moedas de Portugal, Braga: impresso nas oficinas da Livraria Cruz, 1970 (bilingue).
Não venho falar deste Rei, apenas digo que as primeiras moedas terão sido fabricadas em Braga e Coimbra, são de bolhão, liga onde predomina o cobre e escasseia a prata. Obviamente, que esta moeda atinge valores elevados devido à sua raridade. As únicas peças conhecidas são os dinheiros e as mealhas ou meios dinheiros, correspondentes aos valores mais baixos usados nos negócios. (p. 55)
Neste livro de Ferraro Vaz, o valor atribuído em 1970, era de 9.000$00. (p.57)
Quanto valerá hoje?
Não sei porque não tenho nenhum livro recente de numismática.
Adorava ter esta moeda mas...!
É uma delícia ler Ferraro Vaz, por causa da linguagem utilizada na História da Numismática de então. (1970).