sábado, 11 de julho de 2009
Aonde o leva o seu imaginário?
Um poema para o entardecer: O Gato!
Estátua de Camões
Passeando por Lisboa encontrei esta estátua de Camões... Terá sido este o primeiro monumento ao nosso poeta?
E onde se encontra hoje?
Parabéns Tozé !
Que tal vamos de Horas?
Miniatura do Livro de Horas de Margarida de Clèves
Holanda, século XV
Lisboa, Museu Calouste Gulbenkian
Um poema ao acaso!
Milão (2007), pormenor de um sarcófago
Atentado
Rasguei o cabelo ao Sol.
Rasguei os ombros à Lua.
Rasguei os dedos aos rios.
Rasguei os lábios às rosas
E rasguei o ventre aos frutos
E a garganta aos rouxinóis.
Mas ninguém (nem mesmo tu!)
Viu que, em tudo, o que eu rasgava
Era a imagem do teu corpo
Branco,
Firme,
Intacto,
Nu.
Pedro Homem de Mello: Poesias escolhidas, Lisboa, INCM, 1983, p. 242
Desejos de Verão - 2
Eterno Roy Orbison
Quanto vale o vento e o vidro da janela do quarto?
O valor do vento
Está hoje um dia de vento e eu gosto do vento
O vento tem entrado nos meus poemas de todas as maneiras e
só entram nos meus versos as coisas de que gosto
O vento das árvores o vento dos cabelos
o vento do inverno o vento do verão
O vento é o melhor veículo que conheço
Só ele traz o perfume das flores só ele traz
a música que jaz à beira-mar em agosto
Mas só hoje soube o verdadeiro valor do vento
O vento actualmente vale oitenta escudos
Partiu-se o vidro grande da janela do meu quarto
Ruy Belo : Orla Marítima e Outros Poemas, Lisboa, Assírio&Alvim, 2008, p. 25
Biografias, autobiografias e afins - 37
Estamos em 1945, e à bela e turbulenta Edda Ciano, outrora poderosa filha de Mussolini e já viúva do conde Galeazzo Ciano ( fuzilado em 1944 ) , é fixada residência em Lipari, pequena ilha ao norte da Sicília.Edda, de 35 anos, apaixona-se pelo jovem Leonida Bongiorno, militante comunista e antigo resistente anti-fascista, que a vai ajudar e proteger durante os meses que se seguem. Uma paixão febril entre duas pessoas que tudo parecia afastar, e que terminará forçosamente com o regresso de Edda a Roma, já em 1946.
Em Roma, Edda não esquece o jovem comunista e continua a escrever-lhe cartas cada vez mais desesperadas, enquanto Leonida se vai afastando e acaba por casar com outra.
É com base nessas cartas de amor, descobertas num armário velho na casa de Edoardo, filho de Leonida, e noutros documentos provenientes de outras fontes, que Marcello Sorgi, com a ajuda do historiador Giovanni Sabbatucci, conseguiu reconstituir em detalhe os meandros desta paixão improvável entre a filha do Duce e o jovem militante comunista.
- Edda Ciano e il comunista. L' inconfessabile passione della figlia del Duce, Marcello Sorgi, Rizzoli, 2009.
Se razões fossem precisas... - 5
Na poesia também acontece isso. A poesia é outro universo.
Tu lês o Mário Cesariny ou o Herberto Helder, ou o João Miguel ou o Joaquim Manuel Magalhães e ficas...
O António Franco Alexandre. O Rui Cinatti. É uma coisa devastadora. Portanto, o problema está resolvido. Pessoa. Camões. Quer dizer, o problema da nossa literatura está resolvido. Não é preciso inventá-la ou reinventá-la. Está escrita.
- Miguel Esteves Cardoso, in Mil razões para ler um livro/3 , Alma Azul, Abril de 2009.
Escanhoando, como ele disse do Cardoso Pires, os excessos e as blagues do MEC, dou por mim a concordar com as suas escolhas poéticas. Qualquer dos poetas que ele invocou é daqueles cujas palavras se cravam em nós. Para o bem e para o mal.
Um já foi
Será que é desta que se desvenda um pequeno mistério de Lisboa? É que nunca foram explorados os 2 túneis que saem da cave do Palácio Braamcamp. Será que vão dar mesmo a S.Bento como alguns olisipógrafos alvitram? Devíamos perguntar à Alutel.
A 22ª Europalia
Comfirmando o cada vez mais importante estatuto internacional da China, é o antigo Império do Meio o país convidado da Europalia 2009/2010, em Bruxelas. Como habitualmente, o programa compreende uma série de concertos, espectáculos, filmes e dezenas de exposições. O Tibete não está incluído, tendo a comissária-geral, Claire Kirschen, explicado que "não estava nas linhas do projecto". Ainda bem. Sempre se poupam polémicas e manifestações...
- Europalia- Chine, de 9 de Outubro de 2009 a 14 de Fevereiro de 2010 ( data do Ano Novo chinês ) .
Para saber mais : http://www.europalia.eu
Roma Virtual
Tal como vários amigos aqui do blogue, sou também um grande admirador de Roma, a actual e a antiga. E foi sobre Roma Antiga que se debruçou durante 10 anos uma equipa de arqueólogos e engenheiros, tendo criado esta espectacular versão tridimensional de Roma no tempo de Constantino ( 320 D.C. ) - Rome Reborn 1.0- com 7000 edifícios recriados. Basta procurar Rome Reborn no Google. E já está em curso uma Rome Reborn 2.0 que nos permite "ver" Roma noutras épocas. Cuidado, que é uma visita "viciante"- queremos ver isto, e mais aquilo, e entretanto passaram horas...
Um quadro por dia - 8
Pintada quando o autor tinha apenas 19 anos, e ainda era aluno de Vernet, esta tela já é bem demonstrativa do génio de Géricault. Pertenceu a Géricault até à sua morte, tendo então sido adquirido no leilão subsequente por um dos seus melhores amigos e também pintor, Ary Scheffer, de quem se falou aqui no blogue recentemente. Passou depois por várias mãos até chegar ao coleccionador anónimo que o colocou à venda na Christie's de Londres.
Foi à praça ontem. Se foi vendido, hoje alguém está mais feliz.
Melody Gardot
O Mercador de Cadáveres...
Joel de Lima, Aventuras Extraordinárias d'um Polícia Secreta: O Mercador de Cadáveres, I, Novela Popular, Coimbra: Campo das Letras, 2004, p.7.
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Sonhar
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Stefano Benni
In ogni libro c' è un segreto.
É un segreto che tiene insieme in modo misterioso l'immaginazione dello scrittore e quella del lettore.
Administrar a tristeza
Feliz aquele que administra sabiamente
a tristeza e aprende a reparti-la pelos dias
Podem passar os meses e os anos nunca lhe faltará
Oh! como é triste envelhecer à porta
entretecer nas mãos um coração tardio
Oh! como é triste arriscar em humanos regressos
o equilíbrio azul das extremas manhãs do verão
ao longo do mar transbordante de nós
no demorado adeus da nossa condição
É triste no jardim a solidão do sol
vê-lo desde o rumor e as casas da cidade
até uma vaga promessa de rio
e a pequenina vida que se concede às unhas
Mais triste é termos de nascer e morrer
e haver árvores ao fim da rua
É triste ir pela vida como quem
regressa e entrar humildemente por engano pela morte dentro
É triste no outono concluir
que era o verão a única estação
Passou o solitário vento e não o conhecemos
e não soubemos ir até ao fundo da verdura
como rios que sabem onde encontrar o mar
e com que pontes com que ruas com que gentes com que montes conviver
através de palavras de uma água para sempre dita
Mas o mais triste é recordar os gestos de amanhã
Triste é comprar castanhas depois da tourada
entre o fumo e o domingo na tarde de novembro
e ter como futuro o asfalto e muita gente
e atrás a vida sem nenhuma infância
revendo tudo isto algum tempo depois
A tarde morre pelos dias fora
É muito triste andar por entre Deus ausente
Mas, ó poeta, administra a tristeza sabiamente.
Ruy Belo: Orla Marítima e outros poemas, Lisboa, Assírio & Alvim, 2008, pp. 7-8
Uma clínica em Zurique
Se razões fossem precisas... - 4
- José Saramago, in Mil razões para ler um livro/3 , Alma Azul, Abril de 2009.
Prosit, Filipe!
Originais e reproduções
Já por várias vezes tem acontecido aqui no blogue termos sensações de dejá-vu relativamente a obras de arte, particularmente no que respeita a esculturas. E a coisa lá se esclarece, porque especialmente no séc.XIX vários grandes escultores produziram reproduções e versões muito próximas tanto no mesmo material do original como noutros ( gesso, etc ) . Mas por vezes temos de agradecer encomiasticamente aos autores de épocas mais recuadas porque é apenas graças a essas reproduções que podemos hoje conhecer as obras.
É o caso de François Girardon, mestre da estatuária decorativa e monumental francesa, com muitas obras no parque de Versalhes. Era de Girardon a monumental estátua equestre de Luís XIV erigida em 1699 na praça Louis-le-Grand, que hoje conhecemos como place Vendôme, em Paris. Esta estátua, que era considerada uma das mais belas do Rei-Sol, foi removida e derretida durante a Revolução Francesa, como muitas outras, mas sobrevive nas várias reproduções em bronze que foram feitas à época, embora em tamanho reduzido - a do Louvre que vemos acima, e mais 3 espalhadas pela Europa ( Ermitage, Windsor e Vaux-le-Vicomte ) . Não nos admiremos portanto se acharmos que já vimos isto nalgum lado...
A sair em Agosto...
Uma das minhas próximas leituras será este livro.
«Yasunari Kawabata, um dos maiores escritores japoneses do século XX, Prémio Nobel em 1968, explora neste romance a força do desejo e do arrependimento, e a sensualidade da nostalgia, numa belíssima história onde cada gesto tem um significado, e onde até o toque mais fugaz ou o comentário mais casual têm o poder de iluminar vidas inteiras... por vezes no mesmo instante em que as destroem.» (da folha de promoção da Dom Quixote)
PENSAMENTO DO DIA
- Pierre Assouline, em entrevista recente a propósito do seu último romance, Les Invités, que parte de uma premissa muito interessante: para evitar que estejam 13 à mesa, a bonne ( árabe, ainda por cima ) é convidada a sentar-se num jantar onde pontifica a gente bem. Mais não digo, para não revelar demais, mas acrescento que devia ser lido por muito boa gente...
Conhece a Cannabia ?
É feita a partir de cânhamo ( Cannabis sativa ) , tem 4,8 graus de teor alcoólico e é uma cerveja biológica de sabor frutado.Aliás, provavelmente já muitos de nós provámos cânhamo sem o sabermos, pois que é usado em rebuçados, chupa-chupas, chocolates, gomas e pastilhas. E a planta continua a ser usada no fabrico de têxteis ( já vi várias peças de roupa com essa indicação ) e de papel.
Voltando à cerveja, ainda só não a experimentei porque não é fácil encontrá-la já que está sobretudo à venda em lojas de produtos biológicos. Mas vou procurá-la.
Cinenovidades - 49 : Arletty
Parabéns Filipe!
Parabéns, Filipe!
Ute Lemper interpreta Die Moritat von Meckie Messer, de Kurt Weill.
Garrett na cozinha e na cultura 1!
Estás quase doutor, meu caro amigo
E em consequência sabichão profundo
Em breve a rubra flutuante borla
Te brilhará na fronte e há-de trazer-te
Pelo menos o jus a deputado
......................................................................
Ficas doutor, que é tudo neste mundo
E enquanto o grande dia do Capelo
Coroado de sorvetes, e de botelhas,
De fiambres, e ovos moles se não chega
Co' a mocetona patuscada ao lado;
Vai debicando, palitando os dentes
Co esse continho, verdadeira história,
E não da carochinha, ou flos sanctorum
In, introdução aos "Contos", dedicada a Joaquim Larcher.
x
Paulino Mota Tavares, Almeida Garrett, Viagens na Cozinha Portuguesa, Sintra: Colares Editora, sd, p. 48
Canções inglesas – 1
Renaissance, um dos grupos de que mais gosto e que mais ouvi nos anos 70, que mistura o rock e o folk, foi formado por dois ex-Yardbirds, Keith Relf e Jim MacCarthy, a que se juntaram mais três elementos.
Feliz dia Filipe! Parabéns.
Uma milésima faceta de um rosto! XI
Suetónio, Os Doze Césares, Livro Oitavo, Lisboa: Assírio e Alvim, 2007, p. 420
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Antoine Wiertz : autoretrato
A arte fotográfica de Júlio de Matos
O prazer da sesta...
Agora que o calor parece ter voltado, é ainda mais apetecível um período de pausa...
Desejos de Verão - 1
Inimigo público - 3
Como devem ter lido ou ouvido ontem, são já dois os estabelecimentos de ensino da Grande Lisboa fechados devido à gripe A. O primeiro deles, e do qual se sabe mais, é o Externato de Pedralvas, Benfica, onde 4 crianças foram infectadas por uma quinta, um menino de 18 meses.
O que é lamentável e altamente reprovável é a atitude dos pais deste menino que foram recentemente de férias para o México com a criança, e regressados a Portugal colocaram a criança no externato quando esta já apresentava uma ligeira febre. Nunca disseram à direcção do Externato que tinham viajado para o México.
Estes pais são pelo menos passíveis de responsabilidade civil, se não mesmo de responsabilidade penal, e demonstram uma falta de civismo intolerável. Se atitudes semelhantes se repetirem, então estamos bonitos...
Entretanto, lá foram medicados os pais das crianças, professores e funcionários que o desejaram, e o externato fechado por duas semanas com os transtornos que se imaginam. Tudo perfeitamente evitável.
Portefolio - 4
Agora é mais fácil ser gato em Miami...
Se razões fossem precisas... - 3
485. Ler uma coisa que me maravilha tanto que penso que nunca chegarei lá.
Sinto isso desde os 16 anos, quando comecei a tentar escrever. Foi o que senti quando li
pela primeira vez Virginia Woolf ou, no caso português, a Maria Gabriela Llansol, a
Agustina Bessa-Luís, e muitos outros. Quando li as suas obras pensei que aquilo era
inultrapassável. E era. E é. Só que há outros caminhos, como a Casa do Senhor que tem
muitas moradas...
- Maria Velho da Costa, Mil razões para ler um livro/3 , Alma Azul , Abril de 2009.
Palavras que deveriam estar gravadas à entrada de uma qualquer sala de escrita criativa, ou em qualquer outro lugar onde se ensine Literatura. Para que o peso dos gigantes que nos precederam não nos iniba a descobrir os outros caminhos de que fala Maria Velho da Costa.
Erotismo medieval no Norte...
Shirley Bassey: There’s no place like London
E por aqui me fico, pelo menos por agora, no respeitante a canções sobre Londres ou que refiram a capital britânica, que são aos montes...
Uma milésima faceta de um rosto! X
"Em tudo o mais, do princípio do seu reinado até ao fim, foi moderado e clemente. Nunca escondeu a sua humilde origem e dela se gloriou muitas vezes."
Suetónio, Os Doze Césares, Livro Oitavo, Lisboa: Assírio e Alvim, 2007, p. 410.
A Carta de Lorde Chandos 2!
"Queria decifrar as fábulas e os mitos que os Antigos nos legaram e nos quais os pintores e os escultores encontraram um prazer sem fim e sem pensamento em decifrá-los como hieróglifos duma sabedoria secreta e inesgotável cujo sopro me parecia por vezes sentir como através de um véu."
Hugo von Hofmannsthal, A Carta de Lorde Chandos ou da incapacidade da linguagem dizer o mundo, Lisboa: Padrões Culturais Editora, 2008, p. 33.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Alain Resnais - Toute la mémoire du monde
Ainda Soares dos Reis: O Desterrado ... e Itália!
Mais uma vez complicações. O Governo não entende a razão da demora. Além do mais é sempre difícil justificar o dinheiro aplicado em artes. Em Março de 1872 a pensão é suspensa. São-lhe enviados 60 mil reis que se destinam ao regresso a Portugal. Soares dos Reis não se intimida. A sua obra está iniciada. O modelo já foi feito. O mármore de Carrara já começou a ser trabalhado. É preciso que o entendam. Não pode regressar agora. O Embaixador Marquês de Tomar toma conhecimento do assunto. Decide investigar conforme lhe pedira o Conde de Samodães, Inspector da Academia Portuense. A resposta irá por carta:
«(...) Em tais circunstâncias proponho a V. Ex.ª, convencido da inteira justiça da pretensão, que se lhe mande pagar a pensão dos quatro meses de Março a Junho. Em Portugal julga-se que uma obra como aquela em que está mostrando o seu talento o artista de que se trata, se pode concluir com perfeição em alguns meses; aqui os melhores artistas não poderão concluir a Estátua em menos de dois anos.
Seja esta ainda mais uma razão para convencer V. Ex.ª da justiça da minha proposta.»
As pensões atrasadas são pagas. Os retoques finais serão dados em Portugal. O modelo feito em gesso é oferecido por Soares dos Reis ao Instituto de Santo António em Roma. Gratidão pela hospedagem. O Desterrado é enviado para o Porto".
Soares dos Reis: Flor Agreste
Novidades - 59 : O fim da trilogia
Será que algum dia teremos acesso ao incompleto quarto volume da série? É que a viúva de Larsson e os outros herdeiros deste, o pai e o irmão, continuam a não se entender.
Em compensação, o primeiro filme está aí a chegar...
- A Rainha no palácio das correntes de ar, Stieg Larsson, Oceanos, Julho de 2009.
P.S. - Como há que manter segredo até a aniversariante o ver, amanhã falarei do outro livro que comprei ontem.
Parabéns !
Biografias, autobiografias e afins - 36
- Les 70 ans de la reine Paola, Vincent Leroy, éditions Imprimages, 280p, 2009, 10€.
Cinenovidades - 48 : Whatever works
Se razões fossem precisas... - 2
Não foi do capote de Gogol que saiu tudo, mas da cabeleira de Jean-Paul. O próprio Freud, furtivamente, foi lá buscar a sua terminologia. O romance nasceu com ele no primeiro dia da Primavera de 1763. Lê-lo produz um choque que vai até ao ciúme mais negro por todos aqueles que o possam ler também...
- Agustina Bessa-Luís, in Mil razões para ler um livro/3 , Alma Azul, Abril de 2009.
Escolhi esta citação de Agustina por duas razões:a primeira, como exemplo de um escritor que foi grande na sua época, com enorme influência sobre as gerações seguintes mas que hoje está praticamente esquecido- quem lê Jean-Paul Richter nos nossos dias, mesmo na Alemanha? A segunda razão, tem a ver com o efeito que alguns escritores causam noutros, o "ciúme mais negro" de que fala Agustina, que é coisa bem diferente do sentimento causado no simples leitor, ainda que este possa ser igualmente forte.
Ler com prazer 4.
Uma milésima faceta de um rosto! IX
Suetónio, Os Doze Césares, Livro Sétimo, Lisboa: Assírio e Alvim, 2007, p. 390
terça-feira, 7 de julho de 2009
O prazer da leitura: os livros russos da avó.1
Chegou a diversas conclusões curiosas. A seu ver, a principal razão de facto consistia menos na impossibilidade material de ocultar o crime, do que na própria impossibilidade material de ocultar o crime, do que na personalidade do criminoso: num grande número de casos este experimentava, na ocasião do crime, uma diminuição da vontade e do entendimento e era por isso que procedia com uma leviandade pueril, uma rapidez extraordinária, quando mais necessárias lhe eram a circunspecção e a prudência.
Raskolnikoff comparava este eclipse das faculdades intelectuais e o desfalecimento da vontade a uma afecção mórbida (…)."
Dostoïewsky, Crime e Castigo, Porto: Editora Livraria Progredior, 1954, vol. I, p.94-95. (tradução A. Augusto dos Santos)
Ainda sobre a Constituição 2.0
Respondendo com maior visibilidade ao "anónimo" comentador, e deixando de lado as suas opiniões sobre o "convencimento" e a "importância" de quem escreve neste blogue, apenas direi que em momento algum se beliscou neste blogue o IDP, promotor da Constituição 2.0, e muito menos S.A.R. , embora este não seja um bloque monárquico, mas antes um blogue onde também escrevem monárquicos. Agora, aquilo de que não prescindimos, e acho mesmo que falo por todos, autores e leitores, é deixar de opinar sobre quaisquer iniciativas concretas, de cariz político ou cultural, provenham estas de instituições pró-monárquicas ou pró-republicanas. Nem podia ser de outra maneira numa sociedade livre e democrática.