sábado, 13 de março de 2010

Alice - 2


Versão port. de Maria das Mercês e Maria Isabel de Mendonça Soares; il. Eric Kincaid (1931-)
Lisboa: Verbo, 1991


«Alice pôs-se de joelhos, espreitou e avistou ao fundo um jardim tão lindo como nunca se vira outro assim.»


«- Se toda a gente se metesse na sua vida - disse a Duquesa, com um grunhido - o Mundo andaria mais depressa do que anda.»


«- Principia pelo princípio - disse o Rei com ar grave - e vai andando até ao fim; nessa altura, pára.»
Para saber mais sobre este ilustrador: http://www.erickincaid.com/

Song to the Siren

Porque consta da banda-sonora de The Lovely Bones ( Visto do Céu ), filme que vi ontem, mas sobretudo porque faz parte da minha adolescência nesta sublime versão dos This Mortal Coil-Cocteau Twins.

Mozart para o Carlos

Este segundo andamento de um dos mais belos concertos de Mozart é para o Carlos Sarmento, que hoje faz anos. Parabéns!

Alice - 1


Alice no País das Maravilhas, com ilustrações de Figueiredo Sobral.
Lisboa: Portugália, 1966
Trad. de Maria de Menezes.


Lisboa: Vega, 2008
Reed. da ed. da Portugália.

A nossa vinheta

Almada Negreiros
Figura de mulher com pandeireta, 1938
Porto, Col. Galeria Nasoni

Para memória futura aqui fica a vinheta que hoje saí e a que entra. Se numa pedia o Sol... a outra é uma flor do Sol que nos tem brindado nos últimos três dias...

Sébastien Le Clerc - Tapisseries du roy, [Augsburg] : Gedruckt daselbst durch Jacob Koppmayer,1690

Triplo retrato (10)

A trindade entronizada (1510-1520)

atribuído ao "Master of James IV of Scotland"
Livro de Horas de Spinola, fl. 10v ("Spinola Hours")
Los Angeles, Getty Center, J. Paul Getty Museum (Ms Ludwig IX 18)

Embora fugindo um pouco ao objectivo inicial (o primeiro, colocado s/n, desta série também fugia) acaba aqui a minha incursão sobre o tríplice retrato. O objectivo foi colocar as três faces da mesma pessoa pintadas numa mesma tela.

Sandra Gamarra, uma pintora peruana!

Sandra Gamarra (1972-) nasceu em Lima, no Perú, mas vive em Madrid. Gosto das suas telas porque as histórias que conta utilizam como cenário o interior de museus onde coloca personagens descontextualizadas.
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Sandra Gamarra, Reflexiones

Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía
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Sandra Gamarra, The New Worshippers, II, 2007


MoMa Collection

Hino às Flores!

Gosto de todas as flores mas as minhas predilectas são os lírios. A história das flores silvestres de Miguel Torga fizeram-me colocar estes lírios (de novo) para agradecer um momento de beleza.
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Vicent Van Gogh, Íris, 1889
Óleo sobre tela, 71 x 93 cm, J. Paul Getty Museum, Los Angeles, California

Obrigada!

A. S.: Escolhas Pessoais XXI

Dois Poemas Emblemáticos


Retrato de Miguel Torga, por Guilherme Filipe

Estamos próximo dos idos de Março, do fim do Inverno, neste ano que tem sido áspero e duro, no país e no mundo. No frio, na chuva, nos cataclismos naturais. Ora, áspero, mas natural, foi também o transmontano Miguel Torga (1907-1995), de seu nome de baptismo: Adolfo Rocha. Que era também portador de uma grande ternura humana, mas selectiva. Um dia, encheu o quarto de estudante de Eugénio de Andrade, de flores silvestres que colhera – quando o visitou, em Coimbra. De outra vez, ainda aluno universitário, num intervalo das aulas, deu uma palmada nas traseiras de uma colega. Como ela protestasse, admitiu: “ É ternura, sua bruta!” Eu não sou um incondicional de Torga e até lhe prefiro a prosa à poesia. No entanto, o autor de “Bichos” tem um poema que é toda uma vida. E vale toda uma obra, para mim, pela sua simplicidade e força naturais.

BUCÓLICA

A vida é feita de nadas:
De grandes serras paradas
À espera de movimento;
De searas onduladas
Pelo vento;
De casas de moradia
Caídas e com sinais
De ninhos que outrora havia
Nos beirais;
De poeira;
De sombra de uma figueira;
De ver esta maravilha:
Meu pai a erguer uma videira
Como uma mãe que faz a trança à filha.


Retrato de Alberto de Lacerda, por Rui Filipe

Por outro lado há, por vezes, poemas que têm um início fulgurante, perfeito e, depois, no final afunilam de uma forma redutora ou banal, o que tinha sido um começo surpreendente e feliz. É o caso, entre muitos outros exemplos que poderia citar, de um poema de Alberto Lacerda (1928-2007) a quem Jorge de Sena chamou “um puro poeta”, aquando da publicação, em Londres, de “77 poemas”. Além de bom poeta, Alberto de Lacerda era, também, um grande “diseur” da sua própria poesia. Nem todos os poetas o são. Tive, aliás, o grato prazer de o ouvir. Ora, o poema de que eu falava acima, tem uma grandeza inspirada inicial que, de algum modo, desaparece no verso final, quase fazendo implodir a obra em si. Mesmo assim consegue, no seu todo, ser um belo poema. Tem por título:

DIOTIMA

És linda como haver Morte
depois da morte dos dias.
Solene timbre do fundo
de outra idade se liberta
nos teus lábios, nos teus gestos.
Quem te criou destruiu
qualquer coisa para sempre,
ó aguda até à luz
sombra do céu e da terra,
libertadora mulher,
amor pressago e terrível,
primavera, primavera!


Sol de Primavera

Nota: Esta será a minha última “Escolha Pessoal”. Que termina, exactamente, cinco meses depois de ter feito a primeira. Pesam-me algumas omissões, neste “Clube de Poetas Mortos”, que são de minha frequente leitura: Sá de Miranda, Pessanha, Cesário, Nemésio, Jorge de Sena, Ruy Belo, para só falar de poetas portugueses. Mas antes que o hábito se transforme em rotina e o gosto em obrigação, é salutar que acabe no limiar da Primavera – que é um tempo propício para viver a Poesia… Laus Deo.

P.S.: A LB, com reconhecimento e estima.

Post de Alberto Soares

Em torno do silêncio! 3

Será que o escritor francês François Mauriac tem razão?
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"O silêncio não existe; viver é mantermo-nos no centro de um fluxo que só a morte interromperá"
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François Mauriac.
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Leituras no Metro - 12


http://media-cdn.tripadvisor.com/media/photo-s/00/19/db/80/rue-cadet-opera-cadet.jpg
Aspecto actual da Rue Cadet.

«Rua Cadet, no fotógrafo. A casa tem uma escada admirável, larga e espaçosa, com ferragens dignas de um palácio. Há muitas casas igualmente belas neste bairro que adoro, porque ele está vivo, e não é pela ornamentação, quase ausente, que estas casas são belas, mas pelas suas proporções, pela altura das janelas e pelo espaço entre as janelas. Perdeu-se a sensibilidade para este tipo de casas.»
Julien Green
In: Paris / trad. Carlos Vaz Marques. Lisboa: Tinta-da-China, 2008, p. 91

sexta-feira, 12 de março de 2010

Boa noite, Mark Linkous!


Soube, na 4.ª feira, no concerto de Bernardo Sassetti, que Mark Linkous, fundador, em 1995, do grupo Sparklehorse, se suicidou no sábado, dia 6.
Neste vídeo, ouve-se «Hundreds of Sparrows» do álbum
Good Morning Spider.

PENSAMENTO(S) - 104

A poesia é o sistema nervoso da humanidade e um animal sem sistema nervoso não resiste muito tempo.

- Ezra Pound (1885-1972)

Sound Of Silence!

Esta canção já foi colocada por MR há uns tempos. Trouxe-a de novo por causa da reflexão sobre o silêncio. Fui uma consumidora atenta desta dupla quando não se falava tanto de consumismo!

Hello, darkness, my old friend
I've come to talk with you again
Because a vision softly creeping
Left its seeds while I was sleeping
And the vision
That was planted in my brain
Still remains
Within the sound of silence

In restless dreams I walked alone
Narrow streets of cobblestone
Beneath the halo of a street lamp
I turned my collar to the cold and damp
When my eyes were stabbed
By the flash of a neon light
That split the night
And touched the sound of silence

And in the naked light I saw
Ten thousand people, maybe more
People talking without speaking
People hearing without listening
People writing songs that voices never share...
And no one dare
Disturb the sound of silence.

"Fools," said I, "you do not know
Silence like a cancer grows."
"Hear my words that I might teach you,
Take my arms that I might reach you."
But my words like silent raindrops fell,
And echoed in the wells of silence.

And the people bowed and prayed
To the neon god they made.
And the sign flashed out its warning
In the words that it was forming.
And the signs said: "The words of the prophets
Are written on the subway walls
And tenement halls,
And whisper'd in the sound of silence."
Simon & Gurfunkel

«Silence is golden»


Como eram...


... e em 2006, talvez 40 anos depois.
Não pude deixar de me lembrar desta canção. Há quantos anos não a ouvia.

Em torno do silêncio! 2

Depois de ter visto O Grande Silêncio tenho-me questionado sobre o que é o silêncio. (?)

"Há algo de ameaçador num silêncio muito prolongado"
Sófocles, in "Antígona"

Matt Lucas

Suspeito que muitos dos espectadores da Alice de Tim Burton não conheçam Matt Lucas, actor que interpreta os gémeos Tweedledee e Tweedledum, e trata-se de um nome que merece ser conhecido. É uma das grandes figuras da comédia britânica da nossa era, designadamente pela criação da notável série Little Britain de que sou verdadeiro devoto. A solo, ou em dupla genial com David Walliams como se pode ver neste sketch, Matt Lucas é fantástico, tanto na representação dos tipos sociais da Velha Inglaterra como em figuras mais contemporâneas como a sua criação Vicky Pollard que aqui trarei de seguida.

Números - 8 : Muitos pela Paz.

- Instituto Nobel de Oslo, com busto de Alfred Nobel à entrada.
237
É um número recorde de candidatos ao Nobel da Paz. Foram apresentadas 237 candidaturas para 2010, entre elas as de 38 organizações,vários dissidentes chineses e os "pais" da Internet.
Muito trabalho este ano para o Comité Nobel Norueguês.

Frase da Semana

Enquanto que a Europa se tem debatido com um Inverno bastante rigoroso, a Venezuela atravessa uma forte seca, já com consequências graves ao nível da produção de electricidade. Foi neste contexto que o inefável presidente Hugo Chávez proferiu a seguinte frase:

" Os esquálidos estão a fazer votos para que não chova, mas vai chover, porque Deus é bolivariano. A natureza está connosco. "

E a minha escolha reside em vários factores: o inusual adjectivo para qualificar os opositores ao regime- esquálidos, a certeza sobre as convicções de Deus ( Deus é bolivariano ) e sobre o apoio da Natureza. Já não se fazem líderes assim...

Biografias, autobiografias e afins - 68





A mais recente obra de Irene Flunser Pimentel é uma biografia do Cardeal Cerejeira, incontornável figura da Igreja Católica Portuguesa durante o século XX e do regime do Estado Novo. O subtítulo do livro está muito certo: O Príncipe da Igreja. Manuel Gonçalves Cerejeira foi realmente o nosso último cardeal-patriarca a incarnar a figura cardinalícia com a pompa de outros tempos, como se vê nestas fotos que encontrei onde está a usar a famosa (e longa) capa magna.
Não me recordo de algum dos seus sucessores alguma vez a ter usado. Et pour cause...
A edição é da Esfera dos Livros.

Happy Birthday Liza Minelli !

Nascida a 12 de Março de 1946, Liza Minelli está hoje de parabéns. E aqui está ela com a sua canção de sempre, composta (Kander&Ebb) para si em 1977: New York, New York. Trata-se de uma já lendária actuação ao vivo em 1986 no concerto que assinalou o fim do restauro da Estátua da Liberdade.


Cinenovidades - 114 : Eclipse

Confirmando que os vampiros estão muito na moda ( até a SIC e a TVI aderiram com séries vampirescas de produção nacional ), o youtube tem recebido milhares de visitas para conhecer o trailer do terceiro filme da série Crepúsculo: Eclipse, a estrear a 30 de Junho.

Quotidiano(s) - 30

Micarême, Nantes, place Graslin (1928)
Jules Ponceau (1881-1961)
Musée d'histoire de Nantes, Château des ducs de Bretagne

Micarême

Só hoje me lembrei que na Quarta-feira, dia 10, foi o principal dia de micarême. Uma festa que nasceu no século XV, em França, e que continua a ser festejada em muitas partes da Europa e em Portugal também. É uma festa de Carnaval (fora da época de carnaval), normalmente acompanhada de baile. Decorre este ano de 8 a 13 de Março (a semana que fica a meio da quaresma). Na minha casa gostava-se muito de fazer um baile temático nesta semana.
Encontrei um convite, com história, para L'Isle-aux-Grues (Québec, Canadá) o que mostra que a tradição continua viva também na América.
"Fête de la Micarême", em França (Rennes), 1910.

Quotidianos - 29


Pehr Hilleström (1732-1816) - Convívio numa casa de camponês
Óleo sobre tela
Suécia, Museu National

Coisas do céu... 19

William Adolphe Bouguereau, A Alma a ser levada para o céu, 1878

Os Instantes Superiores da Alma
Os instantes Superiores da Alma
Acontecem-lhe - na solidão -
Quando o amigo - e a ocasião Terrena
Se retiram para muito longe -

Ou quando - Ela Própria - subiu
A um plano tão alto
Para Reconhecer menos
Do que a sua Omnipotência -

Essa Abolição Mortal
É rara - mas tão bela
Como Aparição - sujeita
A um Ar Absoluto -

Revelação da Eternidade
Aos seus favoritos - bem poucos -
A Gigantesca substância
Da Imortalidade

Emily Dickinson, in "Poemas e Cartas", (Tradução de Nuno Júdice)

Serenata!



"Apenas o silêncio é grande, tudo o mais é debilidade", Alfred de Vigny.

quinta-feira, 11 de março de 2010

True

Aproveitando a onda de revivalismo dos anos 80 também os Spandau Ballet visitam Portugal. Actuam este domingo no Pavilhão Atlântico. E sempre gostei desta True.

Coisas do Inferno ... - 10

- foto Estela Silva/LUSA

Este meu "inventário infernal" prossegue hoje em terras lusas, tendo por protagonista o empresário Carlos Santos, que vemos supra, mais conhecido como O Diabo de Gaia. Desta vez, porém, não se trata de bater em árbitros de futebol mas sim coisas mais graves: Carlos Santos foi um dos 6 detidos anteontem por alegado envolvimento numa rede de contrabando de tabaco, tendo sido apreendidos 30.000 maços de tabaco que escaparam ao pagamento de 85.000 euros de impostos...

Citações - 68 : A crise e os bancos

(...) É incrível: as dívidas externas e os défices públicos da Grécia, Portugal, Espanha e Itália são resultado da salvação dos bancos, cujas malfeitorias causaram a crise. E, agora, estas mesmas instituições fazem fortunas mordendo a mão dos seus salvadores! Mas não devíamos admirar-nos. Não mudaram nem as regras nem as motivações destas instituições. Foi-lhes dado dinheiro barato para fazerem o que queriam, sem limitações, e eles utilizam-no para maximizar os seus lucros, sem se preocuparem com os custos sociais induzidos.

(...) Escrevi Freefall: Free Markets and the Sinking of the Global Economy para sublinhar a responsabilidade primordial dos banqueiros. Não só não fizeram o seu trabalho e destruíram a nossa economia, como fizeram a campanha para atribuir a culpa a outros. Os banqueiros falharam por incompetência e por avidez: puseram em prática um sistema de remunerações que incentiva a assumpção de riscos excessivos e as estratégias a curto prazo. É verdade que os reguladores não impediram os bancos de se portarem mal. Mas quando alguém rouba uma loja, acusamos o ladrão... não a polícia, por não estar no local. E os economistas também tiveram um papel importante, ao legitimarem a ideologia da desregulamentação.

São palavras de Joseph Stiglitz, o sempre lúcido Nobel da Economia de 2001, constantes da entrevista publicada na Visão desta semana.

O SOL É GRANDE

O sol é grande: caem co'a calma as aves,
Do tempo em tal sazão, que sói ser fria.
Esta água que de alto cai acordar-me-ia,
Do sono não, mas de cuidados graves.

Ó cousas todas vãs, todas mudaves,
Qual é tal coração que em vós confia?
Passam os tempos, vai dia trás dia,
Incertos muito mais que ao vento as naves.

Eu vira já aqui sombras, vira flores,
Vi tantas águas, vi tanta verdura,
As aves todas cantavam de amores.

Tudo é seco e mudo; e, de mistura,
Também mudando-me eu fiz doutras cores.
E tudo o mais renova: isto é sem cura!


Sá de Miranda, In Poesias Escolhidas,(Introdução, seleção e crítica de José V. de Pina Martins) Lisboa: Editorial Verbo, 1969.

Para agradecer a APS.

Il Gatto


Pintura de Giovanni Reder (1693-1764 ?)
Roma, Museu di Roma

Este gato serve de enquadramento a um soneto do Abade Bertazzi.

Para ver o quadro completo

Leituras no Metro - 11


Denis-Paul Noyer (1940 –) – Place Furstemberg (Paris)
Litografia

«[…] no ateliê de Delacroix, na praça Furstemberg. Há um encantador jardim, num nível inferior, onde é extremamente agradável sentarmo-nos à sombra das árvores, no silêncio atravessado pela brisa, nesse belo dia de Verão, a dois passos do ruído ensurdecedor do Boulevard Saint-Germain. A toda a volta, velhas casas com as janelas abertas, e todas estas janelas completamente negras. Aguarelas de Delacroix, Huet, Riesener, Hugo, sonhos por todo o lado. Um oásis no nosso século tão tristemente desprovido de poesia. Por cima das nossas cabeças, um céu de um leve azul onde flutuam nuvens que se assemelham a farrapos de vapor.»
Julien Green
In: Paris / trad. Carlos Vaz Marques. Lisboa: Tinta-da-China, 2008, p. 86

Coloquei este excerto apenas por se referir à minha praça de Paris.

Centenário da República: Edições - 2


Lisboa: Gradiva, 2010
€14,00

Os dias decisivos contados passo a passo, acompanhados de uma antologia de textos, de autores tão díspares, como João Chagas ou Carlos Malheiro Dias.

Dois olhares, Semelhanças e Dissemelhanças na arte!2

Depois de saber da exibição de uma tela de John Sargent no Museu do Prado andei a rever algumas das suas pinturas. Encontrei este retrato que me encantou.
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John Singer Sargent, Alice Vanderbilt Shepard, 1888
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Óleo sobre tela, Amon Carter Museum, Fort Worth, Texas

Este retrato fez-me lembrar a Judy Garland quando jovem.

Garland em Till the Clouds Roll By (1946)

quarta-feira, 10 de março de 2010

Antes que o dia acabe gostava de lembrar o lançamento da revista Presença a 10 de Março de 1927!

Não gostava que o dia acabasse sem falar no lançamento da revista Presença a 10 de Março de 1927, em Coimbra. Os escritores e colaboradores que fizeram parte do projecto foram os fundadores Branquinho da Fonseca e José Régio, os colaboradores Adolfo Rocha (Miguel Torga), Vitorino Nemésio, João Gaspar Simões, Edmundo Bethencourt, Adolfo Casais Monteiro, António Botto, Irene Lisboa e Pedro Homem de Mello entre muitos outros. À semelhança da revista Orpheu, esta revista pretendia dar a conhecer uma literatura mais viva em oposição ao academismo.
A Presença caracterizou a segunda fase do Modernismo em Portugal.

A Presença publicou o último número em 1940, e a sua história compõe-se de 54 números .

No Museu do Prado...

O Museu do Prado vai exibir junto às Meninas de Velásquez este quadro de Sargent.
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John Singer Sargent , Las hijas de Edward Darley Boit, 1882.
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Óleo sobre lienzo, 221,93 x 222,57 cm. Boston, Museum of Fine Arts.

"De marzo a mayo de 2010, el Museo ofrecerá al público el privilegio probablemente único e irrepetible de poder contemplar Las hijas de Edward Darley Boit, obra maestra de John Singer Sargent, junto a Las Meninas de Velázquez, su fuente directa de inspiración. El viaje a España de este excepcional retrato familiar constituye un acontecimiento inédito y de singular importancia, ya que la obra apenas ha salido del Museum of Fine Arts de Boston al que fue donada en 1919, siendo esta la primera ocasión en la que se exhibirá en una ciudad europea distinta a Londres, ciudad especialmente vinculada a Sargent por tratarse del lugar en el que se estableció y murió."

Ainda o Haiti, mas na primeira pessoa.

Recebi ontem à noite um telefonema do meu querido amigo Carlos F.T. de quem não tinha notícias há algum tempo:
-Sabes onde acabei de passar um mês?
- Eu não.
- Estive um mês no Haiti.

E o Carlos, que é médico, lá me explicou que está a fazer um mestrado em Medicina de Emergência e de Catástrofes na Faculdade de Medicina de Sevilha e encontrava-se nesta cidade quando teve conhecimento do terrível sismo haitiano. Não hesitou- imediatamente voluntariou-se para ir para o Haiti enquadrado numa missão espanhola. Foi, pois, dos primeiros médicos a chegar.

Relatou-me o cenário encontrado de milhares de cadáveres nas ruas que, mesmo para um médico a fazer o dito mestrado, foi um terrível "baptismo de fogo", bem como as condições em que ele e os colegas tiveram de trabalhar nos primeiros dias: a primeira noite em sacos-cama, dormindo no meio dos escombros, apenas protegidos por uma cerca de lona, e os primeiros duches a partir de baldes de água fornecidos pelas autoridades militares, sendo que faltava tudo a todos, especialmente à população local.

Seguiu-se um mês de trabalho intenso, e depois o necessário descanso na República Dominicana antes de regressar a Portugal e ao hospital algarvio onde presta serviço. Um relato impressionante de coisas vistas e feitas, que não vale a pena aqui reproduzir em pormenor e que a comunicação social foi "filtrando" e se calhar bem, mas que me tirou o sono.

Novidades - 122 : Otto Dix

- Este tríptico Der Krieg ( A Guerra ), 1929-32, Pinacoteca de Dresden, é uma das obras de Dix que mais me impressiona.
Foi recentemente editada a tradução em inglês da monografia que Olaf Peters dedicou ao pintor alemão Otto Dix. São 22o páginas e 200 ilustrações ( 140 a cores ) sobre um pintor incontornável na Alemanha de entre-guerras.
Quem estiver interessado compra este volume a preço mais acessível na Amazon, passe a publicidade ( quase 2o dólares de diferença sobre o preço de capa ).

1979 : Gloria Gaynor

Esta I will survive é sem dúvida uma das canções mais conhecidas da sua época e ganhou com o passar das décadas uma carga simbólica enorme, tendo-se transformado num verdadeiro hino para vários grupos minoritários e causas. Com ela Gloria Gaynor era a rainha dos tops a 10 de Março de 1979. E muitos de nós lembram-se certamente.

Quotidianos - 28


Pehr Hilleström (1732-1816) - Testando os ovos ou
Interior de uma cozinha
Óleo sobre tela
Suécia, Museu Nacional

Henri Rousseau em Basileia

A Fundação Beyeler, em Basileia, expõe obras de Douanier Rousseau, no ano em que passam 100 anos sobre a sua morte. Até 9 de Maio.


Un soir de Carnaval, 1886


Surpris, 1891

Saiba mais em: http://www.beyeler.com/fondation/f/html_11sonderaus/01_aktuelle/intro.htm

Dos almanaques - 13


«Se a tua alma está bem, tens tudo o que é preciso para seres feliz.»
Plauto

terça-feira, 9 de março de 2010

Ainda a propósito de Maria Helena da Rocha Pereira


Lisboa: Museu Nacional de Arqueologia, D.L. 2006

Andava à procura de uns vasos gregos - por uma razão que compreenderão dentro de umas semanas - e dei com este catálogo que desconhecia, que teve Maria Helena da Rocha Pereira como comissária científica.
A exposição, a que se refere o catálogo, reuniu, no Museu Nacional de Arqueologia, em 2007, um notável acervo de vasos gregos. A avaliar pelo magnífico catálogo - o qual termina com um poema de Keats, que a seguir transcrevo -. tenho pena de não ter visto esta mostra.

A UM VASO GREGO

Ó sempre inviolada noiva da quietude!
Ó filha adoptiva do Silêncio e do Tempo lento,
Rústica cantora, que assim sabes contar
Um conto flóreo com mais doçura do que os vossos versos:
Que legenda orlada de folhagem envolve a tua forma
De deidades ou mortais, ou de ambos,
No Tempe ou nos vales da Arcádia?
Que homens ou que deuses são estes? Que virgens relutantes?
Que louca perseguição? Que luta para escapar?
Que flautas e pandeiros? Que êxtase selvático?

Doces são melodias ouvidas, mas as não ouvidas
São inda mais doces; por isso, suaves flautas, continuai a tocar;
Não pra os ouvidos do corpo, mas, mais ternas,
Cantai para o espírito canções sem tom:
Belo efebo, debaixo das árvores, não podes deixar
De cantar, nem essas árvores perder a folhagem;
Amante ousado, nunca, nunca poderás beijar,
Mesmo com o alvo sedutoramente perto mas, não te lamentes,
Que ela não pode murchar; inda que não alcances a ventura,
Para sempre amarás e ela será bela!

Ah! felizes, felizes ramos! que não podeis perder
As vossas folhas, nem dizer nunca adeus à Primavera;
E tu, feliz aulete, infatigável,
Sempre a tocar canções para sempre novas;
Mais feliz amor! mais feliz, feliz amor!
Pra sempre ardente e para ser gozado ainda,
Sempre ofegante e para sempre jovem;
Muito acima do hálito de toda humana paixão
Que deixa o coração tão cheio de tristeza e saciedade,
A fronte febril e a língua ressequida.

Quem são estes que vão pra o sacrifício?
Para que verde altar, ó misterioso sacerdote,
Levas tu a vitela que vai mugindo os céus,
De flancos sedosos todos engrinaldados?
Que vilazinha à beira-rio ou junto ao mar,
Ou assente num monte c’uma acrópole pacífica,
Se esvaziou do seu povo nesta manhã piedosa?
E as tuas ruas, vilazinha, para sempre
Ficarão silenciosas; e nem viv’alma, pra contar
Porque ficaste deserta, pode jamais voltar.

Ó forma ática! Atitude bela! C’uma renda
Bordada de homens e de virgens de mármore,
Com ramos dos bosques e ervas que os pés calcaram;
Tu, forma silenciosa, intrigas e esgotas o nosso pensar
Como o faz a Eternidade: Fria Pastoral!
Quando a velhice tiver consumido esta geração,
Tu continuarás, no meio de outras dores
Que não as nossas, amiga do homem a quem dizes:
“Beleza é verdade, verdade é beleza!”, - e eis tudo
O que se sabe cá na terra, e tudo o que é preciso saber.

John Keats
Trad. Paulo Quintela