sábado, 10 de abril de 2010

Papoilas


Aguarela original de Augusto Machado,
assinado "A.M" e com inscrição "Parabéns / a) Augusto Machado / 19-5-1905".
Lisboa, Colecção O.M.


Aqui fica em homenagem aos lindos dias de Primavera.

Pedras - 1

Se a pedra de Março não me oferecia, por razões óbvias, dificuldades ( há muitos anos que sei tratar-se da água-marinha ), estava, porém, na ignorância relativamente a Abril. Procurando, encontrei- o diamante é a pedra de Abril.
Segundo passo: escolher um espécime. Decidi-me por uma raridade, um diamante verde e entre estes o maior e mais valioso de todos- o Verde de Dresden.
Originário da Índia, foi comprado para o Tesouro Real da Saxónia no séc.XVIII e permaneceu no Castelo de Dresden sem percalços até à Segunda Guerra Mundial, escapando aos terríveis bombardeamentos que assolaram a cidade mercê de ter sido guardado noutra localidade. Os Soviéticos levaram-no como espólio de guerra, devolvendo-o apenas em 1958. Está exposto juntamente com outras preciosidades na Sala Verde do Museu Albertino de Dresden.
Já sabem qual a pedra que devem comprar este mês...

Citações - 79


(...) Quando estiveres a ponto de te preocupar com merdas, os dilemas da poesia portuguesa contemporânea, o IRS, o código do multibanco, os carros que te roubam o estacionamento, a falta de rede no telemóvel, as reuniões de condomínio, o tampo da sanita, lembra-te dos homens que puxam riquexós nas ruas de Deli. É essa a tua obrigação. (...)


- José Luís Peixoto,
na Visão, p.10.

1954 : Perry Como

Esta Wanted dominava os tops a 10 de Abril de 1954.

Uma queijadinha?


Ontem, o primeiro lanche foi aqui.

«Sintra dista 25 quilómetros de Lisboa, e é quase condição forçada de quem lá vai, comprar as queijadas da Sapa.» (João António Peres Abreu - Roteiro do viajante [...]. Coimbra: Imp. da Universidade, 1865, p. 41)

«Fabricam-se como antigamente as queijadas da Sapa, tão gradas ao paladar de Lord Byron.» (Ramalho Ortigão - As Farpas)

«Não esquecerei as queijadas da Sapa.» (Eça de Queirós - Correspondência de Fradique Mendes)

Para o Jad. Para a próxima, proponho: uma paragem aqui e uma visita ao Convento dos Capuchos.

Sintra - evocação do 9 de Abril


Por causa do post evocativo do 9 de Abril, colocado aqui no Prosimetron, passou-se junto do Padrão colocado em Sintra. Aqui fica para memória futura.
Escultor José da Fonseca.

Uma omelete que vale *** Michelin!


http://do.nusd.org/images/2009%20Images/three_stars.gif

Hoje fiz, pela segunda vez, uma omelete tal como o Jad nos indicou aqui, num comentário, há tempos: juntar um pouco de água gaseificada. Fica levíssima, uma delícia! E juntei-lhe hortelã picadinha, tal como APS sugeriu.
Para a próxima tiro uma foto.
Ainda vamos ver o Jad a picar cebola, como a Julie Child. :)

Alô!


Ilustração de Benjamin Rabier para Romance da raposa, de Aquilino Ribeiro.
Depois de ter visitado o ARPOSE.

A primeira papoila do ano


Sintra, 9 Abr. 2010
A primeira papoila que vi este ano. A seguir vi mais duas ou três. (Sou da cidade!)

Sebastião da Gama

Março, 9

O poeta beija tudo, graças a Deus... E aprende com as coisas a sua lição de sinceridade... E diz assim: "É preciso saber olhar..." E pode ser, em qualquer idade, ingénuo como as crianças, entusiasta como os adolescentes e profundo como os homens feitos... E levanta uma pedra escura e áspera para mostrar uma flor que está por detrás... E perde tempo (ganha tempo...) a namorar uma ovelha... E comove-se com cousas de nada: um pássaro que canta, uma mulher bonita que passou, uma menina que lhe sorriu, um pai que olhou desvanecido para o filho pequenino, um bocadinho de Sol depois de um dia chuvoso... E acha que tudo é importante... E pega no braço dos homens que estavam tristes e vai passear com eles para o jardim... E reparou que os homens estavam tristes... E escreveu uns versos que começam desta maneira: "O segredo é amar..."

Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.
Chegamos? Não chegamos?-
Partimos. Vamos. Somos.

Sebastião da Gama
(10 de Abril de 1924- 7 de Fevereiro de 1952)

in Diário

"Reflexos" na Pintura - 3

Paul Signac, Les Andelys; la berge, 1886

Huile sur toile, 65 x 81 cm , Musée D'Orsay, Paris
Gustave Kahn acerca deste quadro de Signac afirma:
"C'est l'éblouissement du soleil de midi qui se fige en ces paysages, de ceux que nous connaissions les plus pénétrés de la joie des choses et illustrés des féeries de la lumière" (La Vie moderne, 9 avril 1887)".

Sol e mais Sol


Nesta tarde de sexta-feira apanhei o primeiro banho de Sol deste Ano. Parece que a Primavera finalmente chegou. E pela primeira vez na minha vida estive no Guincho sem vento! Como o mar estava bonito. Obrigado a quem partilhou o lanche comigo!

Momentos irreflectidos



Todos nós fazemos coisas que não devemos. Todos nós agimos por vezes sem reflectir. Assim aconteceu com Abraão e com o chamado sacrifício de Isaac. Felizmente nesse dia “apareceu”, a tempo, o braço de um “Anjo” que parou e amparou o braço do pai que se preparava para matar o próprio filho. Mas o Anjo só aparece uma única vez. Abraão aprendeu e pediu perdão. Errar é humano. Persistir no erro é ...

Este post está ilustrado com uma escultura, em ouro, que provavelmente nunca existiu; trabalho de 1510.

Para APS

dia 10 de Abril, 11.01, acrescentei: Esta imagem pode ser uma ilustração para a pergunta: o que é a verdade?

Modas de Abril



Desenho de Joseph Christian Leyendecker (1874-1951), ca 1919

Paris, Abr. 1928
Esta revista saiu em Paris entre 1897 e 1934.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

"Vanitas" e a intemporalidade. Vergílio Ferreira, um pensamento.

O que é uma natureza morta?

Esta questão interessa-me como curiosidade, como pessoa não especializada no assunto, enfim, interessa-me para aprender.

Li há uns anos uns livros sobre a Arte e o seu significado, a Arte e as suas fronteiras, não me recordo do autor. Ontem aprendi com comentários interessantes algo mais sobre o assunto. Hoje, trago um excerto de Vergílio Ferreira para se pensar. "Vanitas" ou o lidar com a morte, julgava erradamente que não podia ser natureza morta porque o homem morre mas deixa a memória e se eterniza, por isso, se diz que o homem é um animal racional. No entanto verifiquei que estava errada e aprendi.


Retirei o quadro abaixo do seguinte artigo.

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David Bailly (1584-1657), Auto-retrato com símbolos de Vanitas, 1651.
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Óleo s/madeira de carvalho,89,5x122 cm Stedelijk Museum De Lakenhal, Leyden.

"A opacidade da morte

(...) Para o homem vulgar (para cada um de nós também, quase sempre) a vida resolve-se numa presença em, num ser o mundo que existe como por si mesmo, sem pensar-se que é através de nós, daquilo que somos. E porque a vida é assim, se resolve assim na contrafacção de eternidade, nessa fácil imitação de uma presença divina, nesse inconsciente e ilusório modo de ser-se quotidianamente um deus – por isso, a morte não tem ainda senão um significado de vida: uma presença de nós para lá dela, essa presença que nos inventamos agora, enquanto vivos, como memória, nela, da vida, como é em nós memória, agora, tudo aquilo que já perdemos – a infância, a juventude. Mas a morte é algo absurdo, porque é o nada inimaginável, a impensável destruição do absoluto que conhecemos na irredutível e necessária pessoa eu somos. Pobres palavras vãs: um «nada» imaginamo-lo sempre como algo que é… Mas o nada é a desaparição de nós próprios, a anulação desta evidência que é a pessoa que está em nós, o puro vazio deste quid único, desta realidade que há em nós e nos assusta, porque é terrivelmente viva e verdadeira. A massa de tudo o que nos habita não é um aglomerado de coisas que se dispersem e fiquem como ficam as pedras de um muro que se desmorona: é a totalização de nós próprios incrível individualidade, fulgurante presença, acto puro de ser, absurda necessidade de estar vivo, que é como se fosse maior que nós e nos dominasse e nos vivesse – essa flagrante evidência que nos assusta quando nos olhamos a um espelho (…)"


Vergílio Ferreira, Carta ao Futuro, Lisboa: Bertrand, 1981, p. 62-64.

Como é que deveremos ver este texto de Vergílio Ferreira?

Um especial agradecimento a Margarida Elias que me fez procurar e ir à descoberta.

Shakirin








Shakirin é o nome da mais recente mesquita de Istambul, inaugurada há quase um ano ( 1 de Maio de 2009 ) mas não é apenas mais uma mesquita em Istambul. Foi a primeira desenhada por uma arquitecta muçulmana, Zeynep Fadillioglu. Uma pequena revolução, que não foi nada consensual, mesmo no mais tolerante dos países de maioria muçulmana. Pode ser que da Turquia o exemplo siga para outras latitudes...


Em português - 3

É por isso que se há de entender
Que o amor não é um ócio
E compreender
Que o amor não é um vício
O amor é sacrifício
O amor é sacerdócio.

A bela Viver do Amor, da Ópera do Malandro de Chico Buarque. Aqui pela voz de Andréa Pinheiro.

Um quadro ( e hoje também uma escultura ) por dia - 53

Sousa Lopes (1897-1944), -Funeral do Soldado Desconhecido,4200x2980, 1927, Museu Militar, Lisboa.
O Monumento aos Mortos da Grande Guerra foi elaborado pelos arquitectos Rebelo de Andrade, sendo as esculturas da autoria de Maximiano Alves, e inaugurado finalmente em 1931 na Avenida da Liberdade em Lisboa.
O quadro de Sousa Lopes, uma das sete telas que ele pintou sobre a participação portuguesa na Primeira Guerra Mundial, refere-se como se retira do título à cerimónia do funeral dos dois soldados desconhecidos ( um morto em África, outro na Flandres ) realizada no Mosteiro da Batalha em 1921.
Escolhas incontornáveis neste 9 de Abril de 2010, quando passam 92 anos sobre a data da Batalha de La Lys, um dos mais terríveis dias das armas portuguesas. No meio de tanta desgraça, lembre-se, porque está bastante esquecido, um verdadeiro herói- o famoso Soldado Milhões, único soldado raso português a receber o colar da Torre e Espada ( os mais curiosos podem consultar a Wikipédia onde há um artigo sobre este bravo transmontano).

Novidades - 127 : Thierry Mugler

Tudo sobre as criações de um dos grandes costureiros revelados nos anos 80.

- Thierry Mugler, GALAXIE GLAMOUR, Danièle Bott, Ramsay, €45.

Os meus sítios - 8

O Presseurop existe há um ano, sendo um sítio de informação apoiado financeiramente pela Comissão Europeia. Não se trata de informação institucional, mas antes um noticiário da Europa a 27, com notícias provindas de jornais, revistas e meios electrónicos dos 27 estados membros da União Europeia.
Está aqui http://www.presseurop.eu/pt e passa a estar também na secção Leituras aqui à direita.

Citações - 78



Mentes perturbadas elaboram as suas narrativas inspiradas na actualidade. Já ninguém afirma ser Napoleão Bonaparte, mas é provável que os Obama comecem a surgir num futuro próximo.


- Ricardo Gusmão, professor de Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa.


Pergunto eu: Já haverá por aí "Cavacos" e "Sócrates"?

Free = Preso

Gostava de conhecer o México, mas é país onde não irei sozinho porque pode tornar-se um verdadeiro tormento para um turista incauto. Foi o caso do holandês Free Bronkhorst, que continua preso em Cancun, vítima de um mais corruptos sistemas judiciais do mundo, sendo certo que o sistema prisional também não é dos melhores...
De vítima passou a agressor, acabando preso acusado de agressão a outro jovem, por acaso membro de uma poderosa família política da região...
Há uma campanha de boicote ao turismo no México em razão deste caso, que não é único mas que se tornou exemplar, e um sítio de apoio à libertação do Free onde podem conhecer melhor melhor a história e eventualmente ajudar como a família sugere: http://www.freeingfree.net/

Horowitz para Gastão Cruz que termina assim o seu poema!

Não conheço pessoalmente Gastão Cruz, tenho lido alguma poesia e este poema fez-me viajar até ao instrumento musical que mais me encanta.
Não o quis colocar com a última homenagem do poeta - Arturo Benedetti Michelangeli- por isso aqui estão duas interpretações magníficas!
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Vladimir Horowitz Third movement of Beethoven´s Sonata op 27 Nº2 "Moonlight"


Já tinha colocado esta balada mas é tão bela que a junto para agradecer o Sol que nos acorda!

Vladimir Horowitz, Chopin's Ballade nº 1

Existem músicas que são imortais


Wagner, Lohengrin (prelúdio)
Maestro: Otto Klemperer

Há 54 anos...


Esta revista foi fundada em 1883. Ainda se encontra em publicação.

"Reflexos" na Pintura - 2

Johan Axel Gustav Acke (1859-1924)Water Mirror, Between 1894 and 1908

Oil on canvas, 161 x 202 cm, Musée d'Orsay, Paris.

Aguns Pianistas, 3!

Termina assim este poema de Gastão Cruz que dividi por três etapas cada uma em homenagem ao pianista em causa.
Arturo Benedetti Michelangeli é desta vez o escolhido.

(...)

Arturo Benedetti Michelangeli
vinha segundo a lenda acompanhado
de dois pianos e não agradecia
aplausos:só a música

e os autores dela deveriam
merecer o aplauso que era a escuta
apenas, uma arte tão difícil
e rara de que tanto necessita

também a poesia; a perfeição
parecia o limite inatingível,
por vezes atingível mito fixo
num céu longínquo como a arquetípica

imagem do pianista, este ou outro
dos que cantei ou já cantara quando
os vira como exemplos do domínio
dos braços e da mente sobre o rio

em vertigem,,
do som feito sentido,
assim sobre o teclado as evidentes
mãos de Horowitz

Adagio of Ravel's Piano Concerto. The orchestra is conducted by the famous Sergio Celibidache.

PENSAMENTO(S) - 118

Filippino Lippi, - A Aparição da Virgem a S.Bernardo, 1486, óleo sobre madeira, Igreja de Badia, Florença.

Não é difícil ser humilde numa vida obscura; mas bela e rara virtude é conservar-se tal no meio de honrarias.

- S.Bernardo

Números - 12

- Fornos do Krema I, Auschwitz.

300

Este é o número de teses actualmente em curso nas várias faculdades de História do Irão cujo tema é a refutação do Holocausto/Shoah. O Negacionismo no seu esplendor...

Os meus sítios - 7


Este http://www.thedailyaphorism.com/ está ligado à School of Life, uma espécie de "universidade popular" criada pelo Alain de Botton. E o título diz tudo: um aforismo por dia.

Em português - 2

Carolina
Nos seus olhos tristes
Guarda tanto amor
O amor que já não existe
Eu bem que avisei, vai acabar
De tudo lhe dei para aceitar
Mil versos cantei para lhe agradar
Agora não sei como explicar.

Chico Buarque de Holanda (1944-)


Reflexos na pintura!

Christen Købke (1810–1848), mestre da luz vai estar em exposição na National Gallery até 13 de Junho. Gosto deste pintor .

Christen Købke, Schloß Frederiksborg im Abendlicht, 1835.

Öl auf Leinwand, 69 x 101cm, Hirschsprungske Samling, Kopenhagen

Um momento de nostalgia...


Depois de a ter escutado ontem na voz de Maria de Medeiros.

Te recuerdo, Amanda,
la calle mojada,
corriendo a la fábrica
donde trabajaba Manuel.

La sonrisa ancha,
la lluvia en el pelo,
no importaba nada,
ibas a encontarte con él.
[...]

Letra e música de Victor Jara

Os sete pecados capitais


A Ira é um dos pecados que o ser humano menos sabe dominar. Demonstra-o muito facilmente. Com a Ira faz, num impulso, a primeira coisa que lhe vem à cabeça; não mede consequências. Embora faça o mal pensa sempre que é o outro. E é, desde o Papado de Gregório I (século VI), o terceiro pecado mortal... antes estava a meio da tabela.
Quantos aos Anjos que caíram, a Ira tem como protector Azazel - o Anjo que se revoltou (do Apócrifo Enoque) e ajudou Lúcifer a conseguir o seu poder.

Hoje achei graça a uma das crónicas do Diário de Notícias, assinada por Jorge Fiel Eu pecador me confesso. Remeto o nosso leitor para lá. Os pecados mortais ou capitais andam na ordem do dia.

Natureza Morta ?


Pela nova teoria apresentada na visita guiada da Gulbenkian, este quadro também poderia ser natureza morta. Por isso aqui fica um voto de BOM DIA.

Para os Amantes de Ilustrações...

Para os amantes de ilustrações deixo aqui esta nota: a Galeria Ratton, Rua da Academia de Ciências, apresenta dia 15 de Abril o livro: "A Bela Adormecida - Homenagem a António Rodrigues". Juntamente com a apresentação do livro de António Rodrigues expõe os 36 desenhos de Joana Rosa que fazem parte da nova abordagem da clássica história de Charles Perrault.

Sem Título - 29,7 x 21cm, caneta de feltro e lápis sobre papel

Um quadro por dia - 52

Moritz von Schwind, O Sonho do Prisioneiro, 1836, óleo sobre tela, Galeria Schack, Munique.
Porque hoje sonhei bastante e do que me lembro resulta claramente, como hoje é quase do senso comum, a razão da tese de Freud - o sonho como o território onde os desejos se cumprem. Esta tela de von Schwind é precisamente uma das comentadas por Freud na sua Introdução à Psicanálise- o sonho do prisioneiro é a evasão...

A melhor voz escocesa

Esta Don't Tell Me It's Over é do segundo, recentemente lançado, álbum ( A Curious Thing ) da escocesa Amy Macdonald.

Citações - 77 : Do suicídio

Suicide is the role you write for yourself. You inhabit it and you enact it. All carefully staged-where they will find you and how they will find you. But one performance only.

- Philip Roth, The Humbling, 2009.

Roth é actualmente o romancista americano. Continua a dar-nos, apesar da idade, um livro por ano, sem que a qualidade da sua escrita diminua. Esta frase que enquadra o suicídio como último acto- no sentido teatral da expressão, é lapidar.

Biografias, autobiografias e afins - 70


Nove vidas de "famosos", uns mais do que outros, obcecados com a sua saúde. Uns eram realmente pessoas frágeis, física ou psiquicamente ( o caso de Alice James, irmã de Henry e William, ou de Charlotte Bronte) e pelo menos um tinha realmente um problema grave- Proust e a sua asma. Mas todas estas nove vidas foram bastante condicionadas pela hipocondria- a preocupação patológica com o estado de saúde. Mesmo Proust poderia ter tido outros hábitos de vida apesar da asma. E outros não tinham mesmo nada, desde logo Glenn Gould, genial pianista, que tomava antibióticos "preventivamente", hábito que lhe veio a causar verdadeiros problemas de saúde.
A questão central, para mim, é sempre a mesma, hoje como no séc.XIX: onde acaba uma preocupação razoável com a nossa saúde e começa a hipocondria?
- TORMENTED HOPE-Nine Hypochondriac Lives, Brian Dillon, Penguin.

1978 : Crystal Gayle

Com esta Ready For The Times To Get Better, Crystal Gayle dominava os tops norte-americanos a 8 de Abril de 1978. Um cheirinho a country por uma das suas melhores vozes das últimas décadas.



Maria da Fonte


Revolta da Maria da Fonte, A Ilustração, Lisboa, 1846
Revolta que grassou no Minho em Abril e Maio de 1846, contra o governo de Costa Cabral.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_da_Maria_da_Fonte

Ainda Jean Guitton...

«Socrate - […] si tu [Criton] analyses sincèrement l’amour, tu trouves qu’il vient de ce que tu gardes, chaque fois que tu aimes, un certain sentiment d’insatisfaction. Aussi profond que soit cet amour, il ne te comble pas. Considère le moment du bonheur: toutes les fois que tu as connu ce moment de bonheur, tu as remarqué qu’il retombe en mélancolie. Et lorsque tu as connu en aimant un moment de bonheur, un instant éternel, comme ont dit certains, tu peux distinguer en toi deux états différents. Le premier est l’attitude par laquelle tu jouis; elle est brève. L’autre est celle para laquelle tu désires: elle est longue. Et dans ce désir tu trouveras d’autre désirs, dans cette attente d’autres attentes, dans cet élan d’autres élans, qui font que tu ne pourras jamais t’arrêter à l’intérieur du désir, et que tu es toujours porte à aller plus loin et plus avant. C’est une secousse qui produit d’autres secousses, um vide à l’intérieur duquel se creusent d’autres vides. Telle est l’expérience de la vie humaine tout entière, lorsqu’on connaît non pas ses écumes, masi ces profondeurs. Et c’est dans ces profondeurs que je veux te faire entrer, Citron.
«Si j’avais le style du professeur, je te dirais que dans chaque moment de la vie il y a du fini et de l’infini: du fini, c’est ce que tu crois sentir; de l’infini, c’est ce qui est à l’intérieur et que tu sens sans le sentir, que tu penses sans le penser, que tu veux sans le vouloir.»
Jean Guitton
In: L’absurde et le mystère. Paris: Desclée de Brouwer: Flammarion, 1997, p. 19

Maria de Medeiros


Maria de Medeiros apresentou esta noite o seu novo álbum, Penínsulas e Continentes, que reúne versões de canções de alguns dos seus autores preferidos, como Zeca Afonso, Nino Rota, Victor Jara, Sérgio Godinho e Amélia Muge.
Fomos um bocado às cegas, mas para mim foi uma agradável surpresa.

Um pensamento leva a outro e a outro...

O post de JAD com um dos quadros exposto na Exposição: "A Perspectiva das Coisas / A Natureza-Morta na Europa", a decorrer na Fundação Calouste Gulbenkian, despertou-me curiosidade. Quando vi o post pensei: como é que seria visto o burro, um animal com interpretações tão diversas, na pintura ao longo dos tempos?
Só me lembrava de Goya.
Não tive tempo para fazer uma recolha exaustiva da matéria mas encontrei uma imagem peculiar que deixara no comentário e agora coloco aqui.

Este desenho encontra-se no Museo Palatino, em Roma e representa um burro crucificado.
Ora, foi precisamente esta imagem que gravei.
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Desenho de Alessameno

O desenho tem uma inscrição grega e os especialistas datam-no entre os séculos I e III.

Os arqueólogos chegaram à conclusão que a imagem era anterior ao Concílio de Niceia (325).

A imagem é curiosa porque revela a presença do cristianismo ainda intolerado. Ligando-o ao meu objectivo, o papel desta inscrição é uma"caricatura" depreciativa, o desenho é uma blasfémia. Li que durante a Idade Média e o Renascimento o burro foi usado na pintura em relatos da vida de Jesus, não tendo o sentido pejorativo que muitas vezes lhe atribuímos.

Qual será a simbologia (as) deste animal que agora é tão grato para o homem?

Nota: Na época era comum os criminosos serem condenados à crucificação. Seguindo a ideia dos arqueólogos e estudiosos estamos perante um possível cristão condenado por o ser. Será?

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Os sete pecados capitais


Dizem que os romanos usavam o termo invidia para cobrir o alcance de inveja e ciúme... Quando se esquece o que se tem e se cobiça o que é do próximo. E nos Anjos que caíram em desgraça corresponde ao Leviatã.

Primavera


Frutas da época
Gravura de Robert Furber (1674-1756)

Ainda as vaidades...


«Une affaire superbe: achetez toutes les consciences
au prix qu'elles valent et revendez-les pour ce qu'elles s'estiment.»
Aurélien Scholl (1833-1902)