sábado, 18 de julho de 2009

Walter Cronkite (1916 - 2009)

Uma pequena homenagem a Walter Cronkite, símbolo de qualidade e credibilidade do jornalismo americano. Cronkite apresentou o CBS Evening News entre 1962 e 1981 e informou o mundo de momentos inesquecíveis da História Contemporânea, entre eles, do assassinato de JFK e da chegada do Homem à Lua. Morreu ontem aos 92 anos.

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A fonte

O Jad, como bom scholar, pediu-me a fonte e aqui está ela, para benefício dele e de outros leitores interessados. Foi neste livro do prof. Alfred Pollard, sobre os livros ilustrados dos sécs.XV e XVI, que descobri, na pág.195 e via internet, a referência aos pastores e às respectivas mulheres que aparecem na imagem que o nosso amigo está a estudar, bem como a ligação aos "autos de pastores" franceses onde essas personagens aparecem com os mesmíssimos nomes. Foi também nesse trecho que li a curiosa, para mim que sou completamente leigo nesta matéria, referência que estas "criaturas" só aparecem nos livros do Simon Vostre.

Sou Hamlet, sim, o dinamarquês


Hamlet integra inquestionavelmente o elenco dos ícones supremos do teatro clássico. Habitualmente conotado com um personagem vestido de preto, declamando to be or not to be no terceiro acto e segurando em sua mão uma caveira no quinto, é conhecido e reconhecido em qualquer idioma, em qualquer civilização nos quatro cantos do mundo. Talvez partilhe o estatuto inatingível de um Édipo, Fausto ou Peer Gynt, não tendo, mesmo assim, escapado a múltiplas sátiras ou abordagens cómicas ao longo dos 400 anos da sua existência.

Quem é então este príncipe da Dinamarca? Hamlet permanece um enigma difícil ou impossível de desvendar, independentemente da qualidade interpretativa e da encenação de uma produção. Neste contexto, o público equipara-se com os restantes personagens da peça shakespeariana: criamos a sensação de conhecer Hamlet intimamente no decorrer da narrativa, na incapacidade, porém, de alguma vez poder captar e definir a multiplicidade do protagonista de forma integral e satisfatória. Não é a verdade absoluta sobre o seu carácter que Hamlet nos transmite. Suas palavras proporcionam-nos uma introspectiva que associa os medos mais profundos de Hamlet à questão sobre o sentido e o significado de uma vida humana em geral. Que fazem indivíduos como eu rastejando entre o céu e a terra?
Quer a tentativa de compreender a Humanidade, quer a percepção das virtudes e falhas de cada indivíduo, resultam, no entender de Hamlet, da Providência Divina que o príncipe aceita como poder máximo e absoluto. Conciliar esta providência com o mal da terra, constitui um desafio que Hamlet não encara de ânimo leve. Todavia, o protagonista arrisca deliberadamente “a sua alma”, ao ingressar num percurso vingativo, usurpando assim o direito (exclusivo?) de Deus de castigar e punir o ser humano. A tragédia abunda de incidentes violentos e de motivações contraditórias dos principais personagens.
A presumível loucura em que Hamlet se encontra, é objecto de interrogação constante ao longo da peça, quer por parte de Cláudio, tio (padrasto), e de Gertrud, a mãe, por motivos de auto-defesa, quer por parte do próprio príncipe por motivos de uma auto-descoberta. No entanto, esta auto-descoberta estende-se a todos os protagonistas da peça e, em última análise, a todos nós. No contexto estrito da trama, vivemos o to be or not to be aquando da tentativa de Polónio de entender a veracidade do amor de Hamlet por Ophelia. Mas to be or not to be aplica-se igualmente ao desejo de Cláudio de encontrar, em vão, paz nas suas preces após o crime cometido contra o seu irmão, pai do jovem príncipe. To be or not to be atinge Gertrud por ter colaborado com Cláudio. To be or not to be alastra-se rapidamente aos restantes intervenientes da peça.

To be or not to be explica talvez o sucesso e a actualidade desta obra única ao longo de quatro séculos - a ansiedade da Humanidade de querer entender em pleno a sua existência e a frustração ao reconhecer, mais cedo ou mais tarde, a impossibilidade de tal empresa.

Nota: algumas considerações são da autoria de Russell Jackson, professor de Arte Dramática da Universidade de Birmingham; as imagens mostram Jude Law numa magnífica interpretação de Hamlet, a decorrer no Wyndham’s Theatre de Londres (produção do Donmar Warehouse) até 22 de Agosto. Mas não se entusiasmem: a peça está esgotada há meses.

Infantes Portugueses na colecção da Rainha Victória!

Sou apaixonada por retratos de infantes portugueses. Acho graça observar como eram os reis/ rainhas e irmãos na sua infância.
No desafio que coloquei Jad perguntou-me se conhecia os retratos em miniatura dos infantes que a Rainha Victória possuía e que nós portugueses podemos admirar em Inglaterra. Como não conhecia, Jad teve a gentileza de me enviar e disse para eu os colocar num post. Muito obrigada por esta mais-valia! Os retratos de Faija foram feitos a partir dos desenhos de William Ross.
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"Estes são (quatro) lindas miniaturas encomendadas pela Rainha Vitória. Foram pintados por Guglielmo Faija. São pintados, a óleo, sobre marfim.
22x17 mm, post. 1852." Jad
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D. Augusto, 8º filho de D. Maria II e de D. Fernando Saxe-Coburgo-Gota (1847-1889)


D. Antónia, 6º filho de D. Maria II e de D. Fernando Saxe-Coburgo-Gota (1845-1913)


D. Fernando, 7º filho de D. Maria II e de D. Fernando Saxe-Coburgo-Gota (1846-1861)

D. João, 4º filho de D. Maria II e D. Fernando Saxe-Coburgo-Gota (1841-1862)


As miniaturas são lindas!

Para o Zé

À memória do Zé C. , que nos deixou na passada quarta-feira. Demasiado cedo.

Chitas de Alcobaça




Algodão estampado, século XIX.

Quem me pode ajudar!?

Começo por confessar que conheço muito mal os chamados evangelhos apócrifos ou Proto-evangelhos. E julgo que será lá que está a solução!
Mas também poderá estar num auto de pastores da literatura medieval francesa que também conheço mal... ou nos dois.

Mas como existem muitas estrelas no céu... pode ser que apareça uma ajuda... e se encontre a fonte!

Passei muitas horas, para não dizer dias, tentando estudando a imagem que acompanha a hora chamada de terça no Livro de Horas que ando estudando.

Aqui fica a imagem
("clicando" na mesma ela fica grande)

É feita numa oficina francesa no findar do século XV. Os pastores aparecem com nomes. Duas são mulheres: Alison e Mahauld; quatro são homens: Aloris, Ysanber, Gobin le Gay e le beau Roger .

Pergunta: aonde se foi inspirar o desenhador para atribuir estes nomes aos pastores?

Os pastores fazem oferendas ao Menino, oferendas humildes para fazer contraste com as dos Magos, mas que transmitem uma mensagem!

Alison: oferece maçãs, tem uma na mão direita e outras no regaço.

Mahauld: oferece um cordeiro.

Gobin le Gay: parece oferecer um pão. Será um pão?

Roguer: que oferecerá?... a resposta está de certeza no texto inspirador... parece-me uma flauta. Será?

Aloris: oferece ???? uma lanterna???? ou um vasilhame que transportava vinho??? ou que transporta óleo, bálsamo, azeite???

Ysanber: oferece somente o seu reconhecimento e a sua adoração ou está a oferecer qualquer outra coisa que eu não consigo observar.

Mensagem:
Maçã - Cristo o novo Adão;
Cordeiro - Filho de Deus que se fez homem através da Virgem;
Pão (?): Corpo de Deus;
Vinho (?): sangue de Deus;

ou
Azeite / bálsamo / óleo (?): óleo salvador, presente no baptismo;
Lanterna (?): a nova luz da salvação;

Flauta: a alegria da vida (?)



E qual o simbolismo para a presença do cão... ou será apenas guarda do rebanho...

Quem me pode ajudar?

Quando foi a última vez que olhou para o espelho!


Eduardo Prado Coelho, de quem não era e não sou fã, escreveu um artigo, no jornal O Público (que também nunca foi o meu diário), que uma amiga me reenviou. Pelos motivos indicados desconhecia o ensaio. Gostei de o ler. Aqui fica e já fui olhar para o espelho...
Atenção: Não é a parte referente ao Sócrates e aos outros políticos que me interessa.

Precisa-se de matéria prima para construir um País

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país.

Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro.
Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.

Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos.

Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.

Pertenço a um país:

-Onde a falta de pontualidade é um hábito;
-Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
-Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.
-Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
-Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é 'muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.
-Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.

Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.
-Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.
-Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.
-Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.

Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.

Não. Não. Não. Já basta.

Como 'matéria prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.

Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte...

Fico triste.

Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.

E não poderá fazer nada...

Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.

Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.

Qual é a alternativa ?

Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror ?

Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados... igualmente abusados !

É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...

Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.

Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.

Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.

Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos:

Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez.

Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.

Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.

AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.

E você, o que pensa ?... MEDITE !

Infantes portugueses: D. Antónia e D. Augusto (III)

Para João Mattos e Silva e Jad deixo este presente:
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Desenhos em aguarela de Sir William Ross, de 1852, com os infantes D. Antónia (1845-1913) e D. Augusto (1847-1889), 6º e 8º filhos de D. Maria II

Gostei muito dos desenhos e os infantes são lindos!
D. Maria II foi uma excelente mãe e deve ter sido uma mulher feliz pois, teve 11 filhos.

Eisner Awards 2009


Na próxima sexta-feira serão anunciados os principais prémios da indústria norte-americana de banda desenhada, na abertura do maior evento da indústria, a Comic-Con de San Diego, nos EUA.

Este ano, não há praticamente presença dos títulos e artistas tradicionais nas grandes nomeações: a editora mais nomeada é a Dark Horse Comics (que publica "Hellboy" e "The Umbrella Academy"), com treze nomeações individuais e cinco partilhadas.

Segue-se-lhe a DC Comics (que publica "Superman", "Batman" e "Wonder Woman", entre muitos outros), com dez nomeações individuais e duas partilhadas (incluindo para a sua marca associada, a Vertigo). Títulos nomeados incluem a história reinventada de "All Star Superman" e "Fables", que conta as histórias infantis com uma nova perspectiva, como melhores série em continuidade, e a nova série "Air".

Em terceiro lugar, está a Marvel Comics (de "Homem Aranha", "Capitão América" e "X-Men"), com nove nomeações individuais e duas partilhadas, incluindo "Thor" como melhor série em continuidade.

Vou anexar a lista completa de nomeações nos comentários.

Alcobaça


Maria de Lurdes Resende - Alcobaça, letra de Silva Tavares e música de Belo Marques.

«Quem passa por Alcobaça
Não passa sem lá voltar»

Música dos anos 2000 (3):Placebo - This Picture !

Duas versões, fiquei tão indecisa sobre qual escolher que resolvi colocar as duas.



"Cozinha Arqueológica" ...a cozinha e os escritores 2!


"Platão não duvidou de a equiparar à oratória: e num dos seus diálogos magníficos envolve nos mesmos louvores os que guisam e apresentam bem as ideias e os alimentos. Tal era a cultura, o fino engenho, a influência social dos cozinheiros, que a Grécia, resumindo em símbolos compreensíveis e populares as glórias da sua civilização, celebrou ao lado dos seus sete sábios os seus sete cozinheiros. O maior deles era Aegis, de Rodes, o único mortal que tem sabido assar sublimamente um peixe. Outro era Nereu, de Quio, cuja sopa de congro foi cantada por poetas, e recompensada em toda a Ática com coroas cívicas. Outro ainda, Aftonetes, de Atenas, levantou a tal perfeição a ciência dos molhos que, para o possuir como chefe de cozinha, os reis travaram entre si longas guerras..."

Eça de Queirós, A cozinha Arqueológica, Lisboa: Compendium, (prefácio Manuela Rêgo), 1998, p. 21-22.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Uma abóbada entre portas!

Palácio Nacional da Ajuda, uma abóbada entre portas!
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Do outro lado do espelho.

Só recentemente visitei o Palácio da Ajuda que não conhecia. Gostei imenso de passear pelas salas. Houve duas que me fascinaram, a sala da música e a sala da pintura.... mas a verdadeira surpresa foi quando abriram a porta da sala de jantar (sala dos banquetes?) para espreitar: uau, melhor do que se vê na televisão! Mas o que verdadeiramente me apaixonou foi a biblioteca.

Encompassing The Globe: Portugal e o Mundo nos Séculos XVI e XVII!

Saiu no Expresso no dia 10 de Julho a publicidade a esta exposição fantástica que dá relevo ao papel dos Portugueses no Mundo:
Encompassing the Globe, Portugal e o Mundo nos séculos XVI e XVII.
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Sinto-me orgulhosa e irei visitar esta exposição ao Museu Nacional de Arte Antiga que a inaugurou no dia 15 de Julho. A exposição está patente ao público até 11 de Outubro.

Novidades - 61 : Morrer como um filósofo...

Simon Critchley, filósofo britânico, recolheu quase duzentas histórias sobre a morte de filósofos e pensadores célebres, da Grécia Antiga à China, do mundo islâmico às Luzes. E apesar da morte ser um tema filosófico por excelência, muitos filósofos não tiveram mortes "filosóficas" como a de um dos pais da disciplina, o grego Sócrates como todos aprendemos e recordamos.
Há de tudo: por exemplo, a de La Mettrie que morreu comendo patê trufado, o grande Kant cuja última palavra proferida foi sufficit ( já chega ) sem que a assistência tivesse percebido se se referia à vida ou ao copo de água que acabara de poisar, ou Hegel que furioso dizia- " Um só homem me compreendeu e mesmo ele não me compreendeu"...

- The Book of Dead Philosophers, Simon Critchley, Vintage Books, 2009. ( Está à venda na Fnac, passe a publicidade ) .

As redes sociais - 2

Depois do metrosexual e do ubersexual, temos uma nova categoria : o retrosexual. Pois é, graças ao Facebook e a outras redes sociais da Internet, milhares de pessoas estão a voltar para os braços ou pelo menos a matar saudades de antigos namorados(as) de escola, de faculdade, do primeiro emprego etc. Como é diferente o amor na Internet...

Um quadro por dia - 10

- La mangeuse d' huîtres, Jan Steen, Mauritshuis, Haia.


Hoje é dia delas.

Arte Tribal Africana

Tal como acontece com muitos outros artistas plásticos, José de Guimarães também colecciona arte, e um dos seus interesses é a arte tribal africana, tendo reunido uma valiosa e impressionante colecção que depois de ter estado exposta no Brasil e em Espanha está agora em Lisboa, no Pátio da Galé, ao Terreiro do Paço.
Apesar das polémicas já suscitadas, parece-me que é de visitar este acervo, que estará patente até final de Setembro. A seguir, vai para Roma.

- África, Diálogo Mestiço, Pátio da Galé, Lisboa, até final de Setembro. Encerra à segunda.

Biografias, autobiografias e afins - 40

Irene Flunser Pimentel biografou José Afonso, e o livro foi lançado há dois dias na Casa da Imprensa, integrado na colecção Biografias do séc.XX dirigida por Joaquim Vieira, e como habitualmente é publicado pelo Círculo de Leitores e pela Temas e Debates.

- Será que Miss Tolstoi já o tem?

NOITE DAS ESTRELAS

- Tapada da Ajuda, Lisboa.

Amanhã não reclamem quando virem os monumentos mais emblemáticos de Lisboa, Porto e outras cidades do país às escuras. Não é forretice nem calotice das respectivas câmaras, mas sim a iniciativa Noite das Estrelas, inserida no Ano Internacional da Astronomia, e as luzes serão apagadas durante a noite para se medir os níveis de poluição luminosa e ao mesmo tempo sensibilizar os cidadãos para os perigos do excessos de utilização da luz.
Em Lisboa as medições vão decorrer, a partir das 21.30h, junto à Torre de Belém e na Tapada da Ajuda, e estarão presentes equipas do Observatório Astronómico e da Associação Portuguesa de Astrónomos Amadores para ajudar o público a utilizar os telescópios disponibilizados.

Para os amigos de Baco ...

Os amigos de Baco não devem perder amanhã a 3ª edição da Revista DiVinum com o Jornal Público.


Aqui ficam os destaques:

- Conversas com:
Rui Moreira

- A enologia no Feminino
Eng. Filipa Tomaz da Costa (Bacalhôa Vinhos de Portugal);
Eng. Sandra Tavares da Silva (Wine and Soul / Quinta do Vale D. Maria)
Eng. Ana Urbano (Caves Messias)

- Adegas com estilo
Vale D'Algares

- Artigos Quintas
Aveleda
Quinta da Massôrra
Quinta da Lixa

- Concurso para o melhor rótulo (Wine Design – 3ª fase)

- Espaço Blogger

- Painel de Prova
Vinhos Brancos

- Enoturismo

- Vinhos do Mundo
Vinhos de Israel

- Restauração

- Gourmet
Chef Vitor Sobral












Canções inglesas - 6

The trees they grow so high

Uma balada inglesa, interpretada por Joan Baez.

As Pontes...quando a prosa é poesia!


AS PONTES

Céus de cristal cinzento. Um bizarro traçado de pontes, bombeadas, umas, outras, rectilíneas, outras descendo e obliquando em arco sobre as primeiras, e multiplicando-se todas estas linhas pelos outros circuitos do canal, tão longas todas e aeroladas, que as margens, repletas de cúpulas, se afundam e minimizam. Algumas destas pontes ainda ostentam ruínas. Outras suportam mastros, sinais, frágeis parapeitos. Acordes menores cruzam-se e desaparecem: sobem cordas pelas ribanceiras. Distingue-se um fato vermelho, talvez outras roupas e instrumentos de música. São canções populares, restos de concertos senhoriais, reminiscências de hinos?
A água é cinzenta e azul, larga como um braço de mar.
Um raio branco, tombando do alto do céu, aniquila esta comédia.

Jean –Arthur Rimbaud, Iluminações – Uma Cerveja no Inferno (tradução de Mário Cesariny), Lisboa: Assírio & Alvim, p.45

Será que também tem uma ponte preferida?

A minha é a de Sant'Angelo, Roma.

Ainda a cozinha e os escritores...tive uma verdadeira surpresa!


Ontem passei numa feira do livro e encontrei este livro do Eça de Queirós que não conhecia... Foi uma verdadeira surpresa...e eu julgava que conhecia todos! Em Coimbra houve uma série de restaurantes que aliaram à cozinha quatro escritores que passaram pela Universidade de Coimbra. Foram lidos vários excertos de várias obras acompanhados com os respectivos pratos. Este livro não aparecia na lista e é verdadeiramente fantástico. Adorei-o!


Cozinha Arqueológica

Há dias folheando os três pesados tomos de Ateneu, pensava eu quanto – através desta nobre, piedosa e filial curiosidade, que nos leva a esquadrinhar toda a civilização antiga a greco-latina, em cada uma das suas manifestações, desde a religião até à jardinagem – tem sido esquecida, ou menos atendida, uma das mais interessantes dessas manifestações, justamente uma das que melhor revelam o génio da raça. A cozinha!
Ateneu, que assim me fez lembrar esta injustiça da erudição arqueológica do nosso século, era um tremendo roedor de livros, que, sob Marco Aurélio e Séptimo Severo, se aplicou a vulgarizar toda a sorte de noções miúdas, e mesmo caturras, sobre boas letras, história, desporto, gramática, etiqueta, comestíveis, etc., numa vasta obra intitulada Deipnosophistae ou Doutores Jantando. Estes doutores, que jantam, vão, ao mesmo tempo, conversando, com gravidade romana e volubilidade grega, sobre toda a coisa sabível, desde as magnificências de Homero até às propriedades da abóbora.

Eça de Queirós, A cozinha Arqueológica, Lisboa: Compendium, (prefácio Manuela Rêgo), 1998, p. 17-18

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Prémio da União Europeia para a Literatura 2009

 

Este livro da escritora Dulce Maria Cardoso ganhou o Prémio da União Europeia para a Literatura, atribuído a mais onze livros provenientes da Áustria, Croácia, França, Hungria, Irlanda, Itália, Lituânia, Noruega, Polónia, Eslováquia e Suécia. Os meus sentimentos é, nas palavras da autora, «um romance sobre a memória» que cobre um período de mais de 50 anos, desde o nascimento da protagonista, Violeta, até à atualidade. Dulce Maria Cardoso é também autora do romance Campo de sangue. Nunca li nenhum destes livros e desconhecia até a autora.

Uma queridice de livro


Livre d’heures à l’usage d’Amiens
Picardie, XVe siècle
BnF, Manuscrits occidentaux, latin 10536

«Le petit livre d’heures amiénois de Nicolas Blairié, soigneusement écrit sur une fine réglure rose, mais modestement orné de quelques initiales dessinées à l’encre (folio 29), a la forme curieuse d’une amande lorsqu’il est fermé. Quand on l’ouvre, les deux moitiés de l’amande s’épanouissent pour épouser les contours d’un cœur, évocation concrète du cœur de l’orant qui s’ouvre à la prière.» (BnF)

O homem sonha e a obra nasce 16-20 Julho 1969

Quarenta anos passam sobre uma das datas da minha vida.
Lembro-me de estar "preso" em frente do televisor, não neste dia, mas no dia 20 de Julho de 1969, depois de ter regressado das aulas.
Mas a grande aventura começava a ter alma neste momento, que aqui fica para recordar...

Um mundo sem regras - 2

«Hoje, esquecemos facilmente que, nas primeiras décadas do século XX, importantes países árabes ou muçulmanos tinham uma vida parlamentar animada, uma imprensa livre e eleições relativamente honestas pelas quais os povos se apaixonavam. Foi o caso não só da Turquia ou do Líbano, mas também do Egipto, da Síria, do Iraque e do Irão, não sendo inelutável que todos eles resvalassem para regimes tirânicos ou autoritários.»
Amin Maalouf
In: Um mundo sem regras. Lisboa: Difel, 2009, p. 122

O herdeiro e o cognome

Na única monarquia absoluta da Ásia, já foi designado oficialmente o "herdeiro". Quem está mais atento à política internacional, já percebeu que falo naturalmente da Coreia do Norte e do terceiro filho do actual senhor do país, o jovem Kim Jong-un, de 19 anos, filho mais novo de Kim Jong-il.
E ficou-se também a ser qual o cognome escolhido para Kim Jong-un : O Brilhante Camarada. Como se sabe, o do ainda líder e aparentemente doente de cancro Kim Jong-il é O Querido Líder.
Para quem estranhar a foto, desde já esclareço que é a única de que se tem certeza ser mesmo de Kim Jong-un, tirada quando este tinha 11 anos.

Banho de lua

" (...) Um cabeleireiro aqui perto tem escrito na montra um resumo dos seus serviços, que inclui unhas de gel, drenagem linfática e banho de lua. Banho de lua é quase tão notável como cri cri cri foguete. Fui perguntar: consiste em pôr a pessoa toda loira, do cocoruto até aos pés, só não compreendo lá muito bem o que tem isso a ver com banho e com lua.
Se um dia destes cruzarem um sujeito amarelo-maçaneta sou eu. (...) "

É um excerto de mais uma notável crónica de António Lobo Antunes. Está na Visão de hoje.

O Califado e a Reconquista...

Aqui está mais uma "provocação" da minha parte, desta vez suscitada por um comentário de ontem. Quem teme os avanços do Islamismo na Europa, não se deve preocupar por aí além: já temos exército para "eles". Graças à parte, penso que é legítimo e nem sequer ofensivo, ver movimentos como os estudados neste livro: Opus Dei, Legionários de Cristo e Tradicionalistas como a "guarda avançada" do Catolicismo, tanto na frente interna como na externa. Se João Paulo II favoreceu os dois primeiros, Bento XVI assumidamente tem simpatia pelos seguidores do Arcebispo Lefébvre, e só recuou um pouco na escandalosa "reconciliação" quando até uma parte do clero católico, alto e baixo, achou que estava a ser demais. Mas se há uma coisa que tenho a certeza, é que neste pontificado estes excomungados por João Paulo II irão voltar, ainda que sorrateiramente e sem grande contrição- e isto é que é deplorável.
Bem sei que em termos numéricos, já que são vocacionados e formados pelas elites e para as elites, não são significativos no seio do Catolicismo Universal, mas a verdade é que têm uma influência considerável na Cúria Romana, não podendo ser negligenciados de forma alguma.
E é este mesmo o assunto deste livro das politólogas Caroline Fourest e Fiammetta Venner, onde se faz a história destes movimentos e se analisa a sua concepção dogmática da Igreja Católica, concluindo as autoras que o Vaticano II está definitivamente esquecido e enterrado.

- Les nouveaux soldats du Pape, Caroline Fourest e Fiammetta Venner, Panama, 316p, 20€, 2008.

Inspiração clássica - 2

- John Currin, Nice' n Easy, 1999, óleo sobre tela, col.particular


Escolhi este quadro, pintado há dez anos por John Currin, pois quando o vi recentemente logo me lembrei da inspiração renascentista de que há uns meses aqui se falou a propósito de um quadro de Barahona Possolo. Quadro de Possolo inspirado assumidamente no famoso retrato de Gabrielle d' Estrées e sua irmã, também já aqui reproduzido no blogue. Gosto deste tema das associações e inspirações entre o que se fez e o que se vai fazendo.

1909 : Carmen Miranda

Associo-me à M.R. na evocação da grande Carmen Miranda, com este The South American Way, um dos seus temas mais célebres. É do filme Serenata Tropical, de 1940.

Caça às perdizes ou a um poeta... ou a uma pessoa



Foto roubada


Recebi, de um poeta amigo, um e-mail. Aqui fica a sua transcrição para todos. Em nome do Prosimetron obrigado pela colaboração.

Muito embora a época das perdizes ainda venha longe,aqui vai uma "pérola" do Abade de Jazente,"parente" do O'Neill :

Eu bem as vi, mas foi, Rocha erudito,
Arrotar tão de chofre d'entre o mato,
Que o Caçador um pouco estupefacto,
Em lugar de atirar-lhes, deu um grito.

Passaram-se depois a tal Distrito,
Donde apenas trepar pudera um gato;
Sem falar no desconto de um regato,
Que resiste ainda aos saltos de um cabrito.

Nisto chegou a noite e ao outro dia,
Ou porque o cão levava maus narizes,
Ou porque alguma velha nos benzia,

Corremos sem topá-las mil Países;
Bem sei que isto ao primor me não desvia
Mas esta é toda a história das perdizes.




Com votos de uma boa noite,
Alberto Soares.

O Percurso Diário...Um poema por noite !

Hoje a um poema por noite associo outro do mesmo autor!
http://2.bp.blogspot.com/_muNcEhHAFJM/SVjnIkMZJLI



O PERCURSO DIÁRIO

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Eu vou por este sol além
e ele é quotidiano até ao fim
como se até hoje ninguém
tivesse sol e fora do sol também
morrido a morte para mim

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Ruy Belo, Todos os Poemas, in Poemário 2009, Lisboa: Assírio & Alvim, 2009

O prazer da leitura: os livros russos da avó 2!

Anton Tchekhov

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O BEIJO

"Em cima no salão do andar nobre, os convidados foram recebidos por uma anciã alta e esbelta, de rosto oval e sobrancelhas muito negras, muito parecida com a imperatriz Eugénia. Sorria de maneira amável e majestosa, dizia estar muito contente por ver em sua casa aqueles hóspedes e, tal como o marido, lamentava-se de não poder pedir aos senhores oficiais que passassem a noite em sua casa. O seu belo e distinto sorriso, que, logo que afastava o rosto dos seus convidados, apagava-se instantaneamente, revelava que durante a sua vida vira muitos senhores oficiais, mas que já não estava agora para isso, e, portanto, se os convidara e proferia aquelas frases, era simplesmente porque assim o exigiam a educação e a sua classe no grande mundo social."

Anton Tchekhov, O Beijo, "Contos", Lisboa: Amigos do Livro, sd. p.210

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Charles Aznavour - QUE C´EST TRISTE VENISE !

Hoje houve um lutador que partiu e muitos outros já partiram. Não sei explicar porque me lembrei desta música... talvez por ser triste!

Britten: Lacrimosa


de War Requiem; soprano: Makvala Kasrashvili; tenor: Anthony Rolfe Johnson.

Jogo de espelhos


Imagem colhida em: projetogrifos.wordpress.com.

Um amigo comentou hoje comigo ao telefone: Miss Tolstoi pode ser um jogo de espelhos. Pode estar a dar muitas pistas para nos levar para sinais contrários.

Será um jogo de espelhos?

Houve um filme que não vi, mas se calhar gostaria de ver... ou não.

Horas ... horas ... e mais horas


Ando atrasado com as minha Horas. Nunca mais consigo acertar o compasso. Qualquer dia ao lerem o que ando a escrever, não aqui mas na introdução ao Livro de Horas, alguns vão jurar que o Jad tem uma dupla personalidade... ou que está na sua estrada de Damasco, como já foi colocado num comentário.
O mesmo se diz de um poeta só porque escreveu que o seu coração repousava na mão de Deus.

Abertura de L'Olimpiade (1784)


Mestro: Andrea Marcon; Orchestra Barocca di Venezia (2001)

Ainda da igualdade...

Enviaram-me esta informação sobre a edição do livro de Ana de Castro Osório: " As Mulheres Portuguesas". (Desta edição fez-se um exemplar único para ser vendido conjuntamente com o original que serviu de base ao fac-símile e vinte exemplares numerados e autenticados pela Editora).
Achei graça porque recebi isto ontem e aqui no blogue comemorou-se o acontecimento histórico da Revolução Francesa que assenta nos pilares da: liberdade, igualdade e fraternidade.
O livro custo 16 euros.

Ana de Castro Osório lutou pelos direitos das mulheres e escreveu e traduziu livros para crianças. Talvez um dia destes fale disso...

Pancho Guedes


Está patente no Museu Colecção Berardo a exposição Pancho Guedes- Vitruvius Mozambicanus, sobre a vida e a obra daquele que é um dos grandes arquitectos portugueses do séc.XX, Amâncio d' Alpoim Miranda Guedes, conhecido como Pancho Guedes, que embora tenha nascido em Lisboa, viveu quase toda a sua vida adulta em África ( São Tomé, África do Sul e Moçambique ) só regressando definitivamente a Portugal em 1988. Além da extensa obra arquitectónica, pouco conhecida entre nós, também pintou, esculpiu e desenhou com grande qualidade, tendo sido também um grande pedagogo. E não pára- é ele o arquitecto do edifício em construção que vai a ser a sede da Fundação Malangatana em Maputo, ou não tivesse sido ele também professor do jovem Malangatana.
Pancho Guedes-Vitruvius Mozambicanus, Museu Colecção Berardo, até 16 de Agosto.