OS CÃES DO MAR
Dizem que há ondas de dez metros e eu venho
a um paredão da costa para olhá-las
Venho para ver a precipitação do mar e como seu fundo mais idêntico
nós a passarmos,
nós na teimosia de sermos de passarmos como os cães marítimos,
um pouco alheadamente, tresmalhados, e muito sem um aceno, um pacto;
Nós a passarmos em frente às grandes paredes maciças e moventes
surpresos, suspensos, presos à linha da sentença que se move,
precipita
Nós sem podermos ceder a atenção a mais
que a este medo, ou à espécie de júbilo que nos tresmalha
como aos tais cães do mar
Maria Andresen, na Relâmpago Nº25, Outubro de 2009
2 comentários:
O mar deve ser "genético" nos Andresen. A qualidade da Poesia é que não.
Mas a fasquia maternal é muito alta...
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