Prosimetron

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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Papel de carta

Encontrei em arrumações um conjunto de papel de cartas para escrever que a minha madrinha me ofereceu há uns anos largos, trazido de Madrid. Então lembrei-me de Pessoa.





[Carta a Ophélia Queiroz - 17 Jun. 1920 ]


Meu Bebezinho:

Duas palavras só, porque não tenho tempo para mais; é só para te explicar a minha ausência.
Está em organização uma das empresas de que te falei há dias. Não tenho tido mãos a medir com o trabalho que me está dando. Claro que nem por sombras me tem sido possível aparecer em Belém; e quanto a escrever, mais impossível ainda.
Alem disto, ao tratar de todos estes assuntos ando doente, de modo que o cansaço ainda é maior.
Só apareço depois de amanhã , melhor 19 em Belém à hora do costume.
Desculpa-me, e ao papel em que te estou escrevendo.
Muitos beijos, muitos do teu

Fernando
17/6/1920


Fernando Pessoa, Cartas de Amor (Organização, posfácio e notas de David Mourão Ferreira. Preâmbulo e estabelecimento do texto de Maria da Graça Queiroz.) Lisboa: Ática, 1978 (3ª ed. 1994), p. 28.

3 comentários:

Cláudia Ribeiro disse...

Ana,
Existem papéis de carta muito bonitos. Ou melhor, talvez seja existiam, pois hoje em dia talvez não seja fácil encontrá-los. Lembro-me que na minha adolescência era o que usava para escrever.
As arrumações têm esse lado bom, é que encontramos coisas que estavam esquecidas e que nos continuam a encantar!

Um beijinho amigo

ana disse...

Cláudia,
Fiquei feliz por encontrar um presente longínquo e associei à carta de Fernando Pessoa e ao pedido de desculpa pelo papel utilizado, que devia ser bem sóbrio ao contrário deste.

Já viu o que era escrever agora neste papel que encontrei?
Um beijinho amigo!

Miss Tolstoi disse...

Também tive umas cartas e uns envelopes com uns bonecos para escrever em criança. Acho que ainda há umas quantas escritas, dispersas pela família, que as guardou.